sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Lapsus Tunae


Isto de historiar tunas, mesmo que a própria, é um caminho sinuoso, nem sempre devidamente pavimentado e nem sempre acompanhado de sinalética correcta, levando, por vezes, a enganos.

Em 2012, surge, na página de Facebook da TUP (Tuna Universitária do Porto), uma publicação que apresenta uma foto, pretensamente do grupo (a acompanhar um pequeno texto a situar as origens da Tuna - 1890), mas que, na verdade, correspondia à Tuna da Escola Politécnica de Lisboa em 1903-04 (imagem de um postal ilustrado que se pode encontrar na BNP[1]).



Após N chamadas de atenção (iniciadas em 2013), foi finalmente eliminada a publicação no ano passado.
Essa foto, erradamente identificada como sendo a TUP já fora, em 2001, colocada no livreto do CD "Concerto de Apresentação da Queima das Fitas de 2000", acompanhada de um pequeno texto histórico também com erros (fala que datam de 1864 as notícias de agrupamentos do género no Porto, mas sem haver qualquer prova documental; refere 1891 como ano da deslocação a Salamanca e Madrid, quando foi no ano anterior, em 1890) .

Zoom à página 8 do livreto do CD "Concerto de Apresentação da Queima das Fitas de 2000".

Se é certo que tal imagem jamais poderia provir do arquivo do OUP/TUP, onde foi encontrada e o que terá levado a pensar tratar-se da TUP? Em que se baseou o autor do texto do livreto para fazer afirmações tão taxativas? Quem foi o "expert" que estampou "ad aeternum" essa fake news?

Nem sempre é fácil o rigor, quando não se usam as devida cautelas e algum critério de exigência.
Veja-se, por exemplo, que na Wikipédia se afirma que a TUP é a mais antiga tuna académica do país, remetendo as suas origens para 1888 e justificando tal com uma referência bibliográfica (mal feita, diga-se, pois nem menciona a autoria) para um documento que não suporta sequer tal afirmação.

Página da Wikipédia (Janeiro de 2020). Verifica-se que a fonte mencionada está mal referenciada, apenas constando o título do documento (com link para a página que o apresenta)

O documento referenciado foi utilizado no II Congresso Ibero-Americano de Tunas (Múrcia, 2014), para a palestra subordinada ao tema "As origens da Tuna em Portugal (Séc. XIX e XX)" e, na página 4, fala em Tuna/Estudantina do Porto, mas não especificamente em Tuna/Estudantina Académica do Porto. 
Há uma grande diferença, pois estudantinas (tunas) não são (como nunca foram) forçosamente de cariz estudantil. Nada há, à data, que estabeleça relação entre essa estudantina portuense em 1888 com a TUP. Aliás, os dados mais recentes deixam claro que a Tuna/Estudantina Académica do Porto (Portuense)  nasce em 1890[2], fruto da fusão de 3 grupos tuneris pré-existentes (e nem sequer com a designação "tuna" ou "académica").
Seja como for, as origens da TUP datam de 1890, e não antes.

Avançar que é a Tuna[3] mais antiga poderá ser imprudente, dado que há muitas variáveis a ter em conta - desde logo a questão da actividade ininterrupta. O que se pode dizer com segurança é que é das mais antigas, não mais que isso.

No mesmo artigo da Wikipédia também se avança que a tuna académica feminina mais antiga do país é a Tuna Feminina do OUP.
Uma vez mais, convirá procurar um maior rigor, dado que tal afirmação é errónea.
A Tuna Feminina do OUP é, sim, a tuna Universitária feminina em actividade (sim, porque as Garotas de Coimbra também nasceram nesse ano) mais antiga do país (fundada em 1988), mas recordemos que tunas académicas já as havia nos liceus, colégios e escolas superiores desde o séc. XIX e que parece haver registo de um grupo (mesmo que efémero) feminino académico nos anos 60[4].
Uma linguagem menos rigorosa facilmente induz em erro e o termo "Académico/a" não é, como nunca foi, exclusivo de Universidade. Lamentavelmente, as fake news são amplamente disseminadas nas redes sociais e ganham vida própria, muitas vezes por omissão de quem tinha obrigação de maior responsabilidade na info que emite.

Use-se de muitas cautelas antes de se avançarem afirmações absolutas como "a/o mais antiga/o", sem antes haver preocupação em documentar-se devidamente e substituir a ânsia de primazias e pedestais por prudência e consulta de terceiros (pessoas que andem mais por dentro destas coisas da investigação tuneril).
Algumas falhas, por pequenas que sejam, especialmente se ligadas à imagem institucional, são pouco condizentes com o contexto de literacia e busca de rigor científico-histórico expectável no meio universitário.

Tal evitaria, também a título de exemplo, a publicação de obras com informações que relevam mais de bazófia que de objectividade (e que não se corrigem com a mesma facilidade de um Facebook ou quejandos), como afirmar que o FITU é o mais antigo festival de tunas ininterrupto do mundo (e de que demos nota em artigo de Março 2019), algo sem fundamentação alguma. 

Capa e página 32 do livro FITU "cidade do Porto", 30 Anosde História, 2019.


O Festival mais antigo ininterrupto é o Certame de Tunas do Distrito Universitário de Sevilha, criado em 1970, que vai para a sua 46.ª edição ininterrupta[5], seguindo-se outros[6].

Todos somos passíveis de erros e lapsos.
Procure-se, ainda assim, tanto quanto possível (em publicações ao grande público, sobretudo), a revisão e consulta de conteúdos junto de terceiros[7] que tenham algum conhecimento na área, além do imperativo basilar no que à referenciação das fontes diz respeito, sobretudo quando se utiliza o trabalho e material de outrém.

Fica a reflexão.






[1] E publicada, em 2011-12, na obra QVID TVNAE?, p. 207.
[2] Com a designação Estudantina Portuense, ainda sem a referência "Académica" no nome.
[3] Falamos em Tuna, mas, nessa altura, a designação mais corrente era "estudantina".
[4] Vd. SILVA, Jean-Pierre - Tuna Feminina do Liceu de Santarém? Uma imagem a que faltam palavras. Blogue Além Tunas, artigo de 02-02-2017 e A Grande Tuna Feminina de Alfredo Mântua - Breve Contributo Documental (1907-1913). CoSaGaPe, Lisboa, 2018, p. 53.
[5] Vd. PortugalTunas   - Sabias que..., artigo de 19 de Março de 2019.
[6] - Certamen de Tunas UPM, que vai para a sua XXXVII edição (criado em 1983); Certamen Provincial de Tunas de Málaga, que vai para a sua XXXV edição (criado en 1985); Certamen Nacional de Tunas de Magisterio (Burgos), que vai para a sua XXXV edição (criado en 1985); Certamen de Tunas y Estudiantinas de Iquique (Chile), que vai para a sua XXXV edição (criado em 1985); Certamen de Económicas, que vai para sua XXXIV edição (criado em 1986); Certamen Nacional de Tunas Empresariales, Económicas, Comércio Y Turismo (Jerez), vai para a sua XXXIV edição (creado en1986).
[7] E critério na escolha de quem assume certas tarefas.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Certamen de Tunas em Coimbra, 1908


Não é inédito termos notícia de certames de tunas em Portugal, em inícios do séc. XX (QVID TVNAE, 2011-12). O que é de facto inédito é termos dados sobre o regulamento de um deles.
Foi o que fomos descobrir num periódico conimbricense de 1908, o qual relata a organização de um "Certamen de tunas", organizado pelo "Coimbra-Club", inserido nas Festas da Rainha Santa (Festas da Cidade de Coimbra).

Até à data, e dessa época, só conhecíamos regulamentos de certames em França, Itália, Bélgica...[1], sendo que este tem muitas similitudes.
Atente-se ao pormenor curioso na preocupação em garantir equidade entre tunas concorrentes, só permitindo, por exemplo, que na peça escolhida pelo júri, apenas possam tocar os instrumentos indicados na partitura fornecida.

Resistência (Coimbra), Ano XIV, N.º 1349, de 08 de Outubro de 1908, p.1.

Não foi possível apurar  quais as tunas que participaram neste certame em particular (já que, em anos anteriores, encontrámos tunas populares da região de Coimbra e, sobretudo, da região de Anadia e Mealhada, a participarem).


[1] Vd. SILVA, Jean-Pierre - A França das Estudiantinas -Francofonia de um fenómeno nos séc. XIX e XX. CoSaGaPe, Lisboa, 2019.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

ENTretanto, fala-se numa edição em 2020


Fala-se, ainda quase como que "boato", do regresso do ENT (Encontro Nacional de Tunos) para este ano de 2020, ainda sem saber quando nem onde.
O ENT, como sabemos, teve a sua primeira edição em Évora, em 2003 e, daí em diante, outras 8 edições tiveram lugar, tendo a última sido o IX ENT, em Vila Real, em 2013.

O ENT, salvo o ano de 2008 e 2012 (em que não houve edição), foi anual, tendo percorrido quase todo o território continental (e com duas edições sucessivas, em 2010 e 2011, em Bragança), de norte a sul e do litoral para o interior.
Mas ficaram algumas academias de relevo sem serem visitadas (o caso mais evidente será o Porto).
De 2013 até agora passaram-se 7 anos sem qualquer edição (algumas boas intenções houve, mas que não passaram disso).

Se agora teremos uma edição, é de se louvar. Louvar a coragem e o empreendedorismo de quem decide prestar este verdadeiro serviço público à comunidade, mesmo se a larga maioria da mesma passa ao lado.


Razões haverá para que este não seja um evento muito participado nem algo que as tunas mostrem especial vontade em organizar. Bem sabemos que não dá prémios e bem sabemos que a busca por informação e formação é ainda cultura muito pouco desenvolvida. E, para debater, a maioria prefere passar adiante ou ficar-se pelo cómodo teclado de casa. É a costumeira "Lei de Murphy". O ENT nunca foi para massas, mas para quem de facto quer pensar, quer saber e reconhece o valor da reflexão crítica daquilo que se faz.

Ao longo das 9 edições do ENT, pouco ou nada ficou por discutir, sendo que uma das enormes virtudes do ENT foi precisamente acompanhar a actualidade (trazendo para o debate o que estava na ordem do dia das preocupações da comunidade - como o caso das praxes Vs Tunas, por exemplo) e permitir o estabelecer de contactos e a partilha de experiências que enriqueceram quem esteve.

Passados todos estes anos, o que há, afinal, para preencher um programa de um ENT em 2020?



Nem que seja de cor, creio que todos podemos dizer que, em 7 anos, há certamente muita coisa que aconteceu e merece análise, debate, partilha, reflexão.

Assim que me lembre (e a maioria a serem tratados por 2, 3 intervenientes ao mesmo tempo, em jeito de conversa, evitando, tanto quanto possível, palestras a solo):

- A Tuna na Web (Plataformas informativas e formativas[1], as páginas de FB das Tunas, a qualidade do que é posto no youtube[2], o streaming de festivais, as tendências e hábitos da comunidade na web);

- A investigação e o conhecimento (o estado da investigação/conhecimento, o que tem sido publicado, as dificuldades, o feed-back do que é publicado[3]....);

- A produção fonográfica (aproveitando, por exemplo, o trabalho do Museu Fonográfico Tuneril), evolução, problemas encontrados, divulgação, preservação da memória....;

- O estado da nação tuneril em termos estatísticos/sociais (aproveitando a obra Qvot Tvnas e o II Censo do PortugalTunas), desde o "boom" dos anos 1980 (tipologia dos grupos, vigência, dificuldades que hoje se apresentam...).

Mas outras questões prementes merecem igualmente atenção (englobando algumas das supra-referidas) que se prendem, por exemplo, com a imagem da Tuna (e do que é) que hoje temos:

- Identidade "Tuna", como questão da definição balizadora que, depois, infere em critérios musicais nos certames, em cartazes de festivais onde se vai perdendo a iconografia identitária, o desconhecimento/receio que leva à ausência de um pequeno historial do fenómeno nas páginas das tunas (antes existia, mas cheios de erros; agora há alguns, mas em páginas que nem sequer são de tunas - e também com erros)[4], a instrumentação utilizada (os abusos/desvios).
A ainda existente relação entre algumas tunas e as praxes (que levam a questões de nomenclatura, de praxes internas e, até, de traje - proibidos a caloiros, que ou originam problemas graves ou levam os grupos a práticas pouco consentâneas[5]);


Claro está que o leitor atento e informado logo pensará que um dos problemas inerentes ao ENT é que grande parte da produção de conteúdos, sobre os quais assenta este tipo de eventos, sai da lavra "sempre dos mesmos", mas é algo que não pode ser imputada a esses mesmos "de sempre" se, afinal, são os poucos que se dedicam a outras vertentes do mester tuneril.
Não há lugares reservados para quem quer trabalhar. Portanto, quem não se chega, não pode depois queixar-se de quem o faz. Ainda assim, há sempre gente nova que aparece com bons contributos (lembro-me, assim, de repente, do Daniel Sousa e do Rui Marques, com trabalhos académicos sobre Tunas) e a quem deve ser dada a oportunidade de partilhar e enriquecer-nos.


Volto a reiterar, na minha óptica, que é de se evitar palestras a solo (salvo se excepcionalmente pertinente), mas antes optar por um modelo  em jeito de painel, pois é muito mais interessante para o público seguir uma conversa onde a diversidade  e os ritmos de vários interlocutores evitam a monotonia e garante não se colocar sempre o tom em monocórdicas exposições.

Outra questão muito debatida, noutros tempos, era a pertinência dos "ateliers", que acabaram sendo considerados, e bem a meu ver, como algo de que pouco se retirava, sendo antes preferível o convívio tertuliar que prolongava os temas das palestras para fora do auditório (e não se confinava a ser mero pretexto para uma "borga" descomprometida).

E sublinho, para terminar, essa mais-valia do convívio que o ENT também proporciona(ava), muito para além do imediatismo de beber uns copos e tocar informalmente umas modas (para festinhas não há pachorra).
Se num certame não temos como escolher as pessoas com quem vamos estar (porque cada organização convida as tunas que bem quer), já o ENT permite uma maior escolha e disponibilidade para estarmos com as pessoas, sem stress de ter de afinar, de reunir Magister(s), de fazer check-sound, de ensaiar uma última vez........
O ENT não dá prémios (que são vaidades efémeras), mas dá outras coisas porventura bem mais importantes e perenes.






[1] O PortugalTunas, os blogues, sites dedicados à informação/formação - o que oferecem, as dificuldades, as críticas, o trabalho por detrás dessas páginas.....
[2] Que pode abordar o estado qualitativo do que se faz nas Tunas.
[3] Não apenas livros, mas também teses de mestrado e doutoramento.
[4] Significa que os protagonistas, também com dever de promoção e defesa da identidade, se demitem dessa tarefa
[5] Equivocadas sobre o que é Tradição, o que é próprio, resultante de desconhecerem o porquê das coisas (em matéria de praxe como de Tuna).

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Estudantina de Coimbra em Salamanca em 1891

Como é apanágio de qualquer honesto investigador, sempre que novas descobertas venham contradizer algo já avançado, é dever dar à estampa essas mesma novidades.

Em artigo publicado há uns anos, aqui neste blogue, no qual se adiantava que a Estudantina de Coimbra fora extinta em 1890, também se avançava, e segundo a obra dos Irmãos Nascimento (2010, p.41), que, em 1891, houvera a tentativa de Jayme Leal em formar uma tuna composta exclusivamente de estudantes.
A falta de dados sobre essa tentativa sugeria que não dera frutos.
Afinal, temos constância de que a "Estudiantina de Coimbra " (não sabemos se exactamente com esse nome ou com a designação "Tuna", já que, em Espanha, nessa época, os periódicos apelidam "estudiantina" qualquer estudantina ou tuna portuguesa) esteve em Salamanca em Abril de 1891, dirigida por Simões Barbas, dando 2 concertos no teatro do liceu local.

Significa, portanto, que o hiato de inactividade tuneril que inicialmente se julgava ser entre finais de junho de 1890 e abril de 1894, afinal é mais curto.

El Adelanto, Ano VII, N.º 1360, de 03 de Abril de 1891, p.3.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Tuna Escolar Matritense em Lisboa, 1889

Diz-se ser uma tuna de Madrid, composta de 35 estudantes que, a caminho de Londres e Paris, se apresentou em Lisboa.

 Jornal da Noite, 19.º Ano, N.º 5765, de 21 de Julho de 1889, p.1.

Tuna de Malfeitores em Coimbra, 1889.

Uma notícias assaz estranha sobre um grupo de estudantes conimbricenses que escolheu a designação "Tuna" para a sua sociedade secreta e cujo objectivo não era produzir música, mas malfeitorias.

Jornal da Noite, 19.º Ano, N.º 5759, de 15 de Julho de 1889, p.1



A Estudiantina do Sr. Más em Lisboa, 1886.

Esta famosa orquestra tanto é designada por "orquestra de bandurras" ou "de bandurras y guitarras", tratando-se, em termos de tipologia, de uma "estudiantina".

Este agrupamento já não nos era desconhecido (SÁRRAGA, 2019) , mas este dado sim.
Temos agora prova documental da sua presença em Portugal, no ano de 1886.

Jornal da Noite, 16.º Ano,N.º 4690, de 4 e 5 de Junho de 1886, p.2.

Estudiantina Española de Paris, anuncia memórias (1878)

Alguns dados interessantes onde se lê que se pretende publicar as memórias dessa mítica deslocação a Paris.


Jornal da Noite, 8.º Ano, N.º 2176, de 16 e 17 de Março de 1878, p.3.

domingo, 29 de dezembro de 2019

Uma Estudantina/Tuna popular no Minho, em 1900

Foto de 1900 que retrata um grupo de romeiros, organizados em estudantina/tuna, com bandeira e os instrumentos próprios a este tipo de agrupamento.


Almanach Illustrado do Brasil Portugal, 1.º Ano. Lisboa, 1900, p.133.

domingo, 1 de dezembro de 2019

O 1.º de Dezembro e as Tunas

As celebrações do 1.º de Dezembro eram, a par com as festividades de final de ano (com saraus e récitas), as festividades mais importantes das comunidades escolares, sobretudo colégios e liceus.
A partir, principalmente, da década de 1880 em diante, temos diversas notícias dessas festividades relativas à restauração da independência organizadas pela associações estudantis e pelas instituições, tornando-se, não poucas vezes, uma forma de congregar e promover o espírito de pertença, o sentido de corporação.

As tunas dos colégios e liceus tinham nos festejos do 1.º de Dezembro um dos pontos altos da sua actividade.


A diferença das festividades do 1.º de Dezembro, nos colégios e liceus, com as demais, é que a escola saía à rua. Era festejos partilhados com a população e não apenas actividades intra-muros, restritas à comunidade escolar.

As tunas que existiam nesses colégios e liceus eram quase sempre o ponto alto das récitas organizadas e das arruadas, constituindo-se como estandarte da própria escola.

Estranhamente, no que toca aos grupos universitários, a data não colhe a mesma importância, pelo que raras ou inexistentes as festividades em que se associam as poucas tunas académicas do ensino superior (não sendo comum sequer as universidades  ou associações estudantis promoverem festejos).

Com o quase desaparecimento das tunas de colégios e liceus, as festividades do 1.º de Dezembro ficaram órfãs das tunas, sendo já poucas as que ainda procuram evocar essa data e a centenária ligação que a mesma tinha com a tuna estudantil, mantendo uma réstia de tradição.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

O falso alfobre tunante que foi o Estudantino Café de Viseu

 Não irei lá por 25 caminhos diferentes. O Estudantino Café (que existiu entre Fevereiro de 2007 e Setembro de 2018) nunca foi alfobre de nascimento das primeiras tunas, pois nem sequer existia nessa altura. Aliás, salvo erro, todas as tunas fundadas na cidade (mesmo as que já se extinguiram, como é o caso da feminina "Meninas e Senhoras da Beira) foram fundadas antes mesmo do dito espaço abrir portas.

As primeiras tunas académicas em Viseu (se exceptuarmos os finais do séc. XIX e inícios do XX) datam de inícios dos anos 1990, com a fundação da Infantuna, Polituna do IPV, Tuna da UCP, Real Tunel Académico e Profituna de Torredeita.

Nem sequer há qualquer indício do Estudantino Café ter sido berço do nascimento de qualquer Tuna. Este texto (de que já só se consegue este acesso indirecto da publicação original) enferma, por isso, um embuste, uma mentira! É facto que serviu de sede à Estudantina Universitária de Viseu, mas esta foi inicialmente fundada em 2005 (com a designação "Estudantina de Viseu", não sendo exclusivamente composta de estudantes), quando o estabelecimento comercial em causa abriu portas apenas em 2007.

É muito giro vir com estórias destas, mas o único estabelecimento que se pode orgulhar de ser alfobre de uma Tuna é o "Bóquinhas", na Rua Escura, que viu nascer o Real Tunel Académico - Tuna Universitária de Viseu.

Portanto é falsa a afirmação feita e que mais não é do que tentar fazer falsa propaganda para enganar as pessoas. A história tuneril viseense de essa época está, aliás, bem documentada (ver AQUI).

Se é verdade que o Estudantino Café foi lugar de encontro de muitos estudantes (quase exclusivamente do Instituto Superior Politécnico) e espaço que acolheu a malta em diversos festivais de tunas, nem sequer existia aquando da primeira tuna do ISPV (a Polituna, nascida da ESEV), ou da tentativa de criação da 1.ª TunaDão (1994) - que não passou da fase de ensaios; nem sequer da ElectroTuna (nascida na ESTV). 
O dito estabelecimento não assistiu, na verdade, ao nascimento de nenhuma tuna viseense, porque nenhuma foi fundada enquanto existiu (e as que existem ou existiram já tinha nascido bem antes).

A mentira tem perna curta!

sábado, 23 de novembro de 2019

As Tunas e Estudantinas mais antigas do mundo.

Já em 2017 tinha sido apresentada, na revista Legajos de Tuna, n.º1, uma relação das mais antigas tunas/estudantinas em actividade, no mundo.

Ficava provado que Portugal é um museu vivo da tradição tuneril, com a mais longa tradição ininterrupta de grupos em actividade, fosse no meio civil ou académico.
Por mais que isso melindrasse um certo tunamundista de pacovia, a verdade é quem quiser encontrar evidência histórica e exemplos de tradição mais genuína, era em Portugal que tal se podia contemplar.


Mais recentemente, tal lista foi actualizada, na obra "A França das Estudiantinas" e, uma vez mais, se confirma que, apesar da tradição ter nascido em Espanha, o estudo do fenómeno não pode omitir nem fazer-se sem passar pela evidência de que é fora de Espanha e do arco hispano-americano que parte essencial da investigação e da construção da narrativa se faz - e que conceitos tuneris não podem edificar-se passando ao lado de tal património e de uma legitimidade atestada(e incontestável, sublinhe-se), como sucede com Portugal, França, Suíça, Bélgica ou mesmo a Itália, muito menos por parte de pseudo-organismos que ostentam a designação "Mvndi", mas apenas elegem o mundo que lhes convém.

A Tuna/Estudiantina não se resume ao contexto hispano-americano, nem sequer ao ibero-americano.
E muitos menos se resume e diz respeito apenas ao foro académico - e ainda menos ao universitário (ao contrário do que dizem certos puristas tunomundeiros).
A Tuna nasceu no contexto popular. Foi com as "estudiantinas", essas comparsas carnavalescas, que tudo começou.
Foram, de facto, os estudantes que catapultaram o fenómeno, mas a reboque; e não são nem os seus donos e muito menos os proprietários exclusivos da res tvnae.
Não, a Tuna não é um fenómeno exclusivamente estudantil, e muito menos universitário.
A documentação histórica prova-o cabalmente. E mais do que a documentação, as provas vivas de tunas/estudantinas centenárias  (civis e académicas) atestam isso. E contra factos, não há argumentos.

Nota: existe um lapso no que se refere à Tuna Académica do Lice de ´vora, cuja fundação é de 1900.

In SILVA, Jean-Pierre -  "A França das Estudiantinas, Francofonia de um fenómeno nos séc. XIX e XX". CoSaGaPe, 2019, pp. 191-192.



quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Cartazes sem Tuna



O título é provocador, mas a intenção é precisamente essa: pôr as pessoas a criticamente reflectir.
É uma opinião, e vale o que vale; mas assenta na constatação.

Quem prestar alguma atenção à iconografia presente nos cartazes de encontros/festivais/certames de Tunas em Portugal, certamente que já se terá deparado com uma imagética cuja qualidade é indesmentível do ponto de vista do design e do trabalho por detrás da concepção desses mesmos cartazes.

Está na moda, de há uns larguíssimos anos a esta parte, criar cartazes baseados em trabalhos que são alterações a cartazes de filmes, séries e afins.
Também está na moda pôr em evidência temáticas diversas, através das imagens/desenhos de vária índole (locais emblemáticos, referências históricas....), procurando "tunalizá-las" (ou, pelo menos, usá-las em benefício do "marketing tuneril" - nem sempre alinhadas com as comuns regras publicitárias).
São evidências.

Mas, no meio disto, há um enorme senão.
Passando o olhos por muitos desses cartazes (belíssimos trabalhos do ponto de vista do design e mestria na área do desenho e modulação de imagens), algo salta imediatamente à vista: pouco ou nada (quase sempre nada) referente à Tuna em cada vez mais cartazes que se vão produzindo.
Há cartazes que se não tivessem escrito "Festival/Encontro de Tunas" e tivessem a info escrita das tunas participantes, em nada situariam o evento no mundo tuneril.
De tanto se querer "inovar", chega-se ao ponto de despir o cartaz da iconografia essencial: a Tuna.
Do ponto de vista das regras publicitárias, poderíamos dizer que tal retira eficácia. Do ponto de vista estritamente tuneril....... porventura também.

E, verdade seja dita, tal só nos empobrece.
São cada vez menos os cartazes cuja imagem, cuja iconografia remete directamente para Tunas.
Tirem a componente escrita e o cartaz deveria, ainda assim, passar a mensagem de que se trata de Tunas. Mas a verdade é que, quase sempre, o que fica, retirado o "lettering", é algo sem sentido algum neste contexto, sem qualquer identificação à res tvnae.

E independentemente do facto do certame possuir uma designação própria (referente a uma cidade, uma personagem histórica...), a iconografia deveria sempre ter a Tuna em destaque, porque o desenho não é cartaz do posto de turismo, produto de uma empresa qualquer, headline de bilheteira de cinema ou associação de defesa do património.
De tanto se querer inovar, a Tuna é muitas (demasiadas) vezes omitida, como se ao serviço avulso de um conceito subliminar.

E quando não temos imagens totalmente despropositadas com o mundo tuneril, temos muitas outras a centrar-se em generalidades que também não são inequívocas (desenhos com guitarra ou notas de música, com imagens de fado/fadistas, estudantes trajados), porque servem igualmente a outros (fado, tradições académicas/Praxe, Música/grupos musicais de todo o tipo....), pese embora mais próximas (e melhor que o "nada a ver" que cada vez mais vemos).

Claro que ainda vamos tendo cartazes com imagens (fotos) de tunas em destaque, e ainda (mas já mais raros, com desenhos alusivos directamente à Tuna/Tuno). Valha-nos isso!
Mas são cada vez mais os cartazes onde nada, mesmo nada, remete para aquilo que estão a promover e o contexto em que se situam.
Não apenas do ponto de vista formal, em termos publicitários, deixa a desejar, mas pouco contribui para a promoção da comunidade, creio.



Em Espanha, os cartazes de eventos tuneris primam por pôr em evidência, na sua iconograifa, o universo tuneril; e o desenho/pintura ainda é uma arte muito acarinhada para representar o mester tunante (sendo algumas peças verdadeiras obras de arte).


O que tem vindo a desaparecer é o desenho propriamente dito, criado expressamente para o efeito.Desenho de tunas, de tunos. Ainda os há, mas parecem em extinção. E não é por falta de talento, estou seguro.
São opções. Mas são opções benéficas? O leitor que ajuíze.

Por oposto, no país vizinho (e não só), há uma aposta forte no desenho, 
 sinal de que ele ainda tem a sua importância - e com maior probabilidade de sobreviver no tempo (e se tornarem peças de referência e de colecção).

Depois dos atropelos cada vez mais constantes no que respeita aos instrumentos próprios à Tuna, parece que o tema do cartazes evidencia, também ele, um sintoma de que algo precisa de ser repensado, creio, face ao que, em muitos casos, consubstancia um afastamento cada vez maior da Tuna em relação a si mesma, correndo o risco de desenraizar a sua identidade, diluindo-a em sofismas evolutivo-coiso por força de modas que a Tuna tem, supostamente, de acompanhar e responder.

O risco é que possamos  ter cada vez mais "Tunas de lettering", cuja imagem e o que delas se observa, de facto, se distancia cada vez mais da matriz que as enquadra, legitima e alimenta.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Livro- X Anos da RaussTuna de Bragança


Foi recentemente publicado uma autobiografia da RaussTuna a propósito dos seus 10 anos de história.



Uma obra que se saúda, pois contribui, também ela, para a memória da comunidade.
Com a designação "A Tuna - Uma Década de Histórias", a obra foi lançada a par com um CD também ele com o mesmo título, contendo 10 temas do grupo.

Esta monografia, da lavra de Bruno Miguel F. Gonçalves, retrata o percurso, histórias e episódios que a  RaussTuna vivenciou desde a sua fundação até aos dias de hoje.


Como se organiza, os seus protagonistas, as suas indiossincrasias, trabalhos discográficos, temas e actuações, são assuntos abordados num livro com pouco mais de 400 páginas em formato A5.

Se alguma crítica pudéssemos apontar é para uma obra excessivamente volumosa (há livros com narrativas tunantes de mais de um século, como a TALE, a TAUC ou próprio Qvid Tvnae) que não têm essa quantidade de páginas), mas ficam narrados, de maneira mais pormenorizada e exaustiva, o que foram estes 10 anos de  rica actividade.
E o livro não desilude, quando toca a narrar essa viagem pela sua década de existência.

Se algo gostaríamos de ter encontrado, era um intróito ao contexto tuneril em que a RaussTuna nasceu, procurando retraçar o meio/panorama tuneril local em que surgiu, e, eventualmente, ter até ido mais longe, tentando, do arquivo/hermeroteca municipal, trazer à liça  alguns dados históricos sobre a tradição tuneril de Bragança (ligada aos liceus e colégios locais e da região[1]), como sucedeu com o livro "10 Anos de Infantuna"[2].

Seja como for, é um livro que enriquece o património bibliográfico da tuna portuguesa e pelo qual está de parabéns a RaussTuna, um jovem tuna com 10 anos, mas já com muito andamento.

NOTA:  Um agradecimento à RaussTuna pelo envio generoso de um exemplar da obra e CD evocativos da efeméride do seu X aniversário.




[1] Em Torre de Moncorvo, em inícios dos séc. XX, há uma estudantina/tuna do Colégio de Santo António. Vd. SOUSA, Fernando - Moncorvo. Da Tradição à Modernidade. Edições Afrontamento. Porto, 2009, p.54.
[2] SOUSA, João Paulo - 10 Anos de Infantuna.  Palimage, 2002.


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Livro - A França das Estudiantinas


Uma obra publicada em Outubro deste ano de 2019, e que aborda uma realidade até agora inexplorada, ao longo de mais de 200 páginas em formato A4.
O fenómeno das estudiantinas no território francês, mas igualmente nas suas antigas colónia e na francofonia.

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Mais de meio milhar de grupos detectados só em França (fora os demais países), com cerca de 300 documentos iconográficos a acompanhar, este é um livro inédito que revela um pouco mais sobre o amplo movimento que constituíram as orquestras de plectro com a designação "estudiantina" (que não se confinou à esfera Ibero-Americana nem sequer ao meio estudantil) em todo o mundo.

Feita breve nota à origem das estudiantinas, inicia o percurso pela presença (numa listagem por anos e locais visitados) da presença de estudiantinas españolas em França (trabalho pioneiro nesse capítulo), seguindo depois pelos primórdios dos grupos e apresentando o conceito musical que cedo balizou o significado de "estudiantina" como grupo musical com características próprias e como tipologia objectivamente circunscrita.


 

Posteriormente (e após abordar as muitas centenas de festivais musicais locais, nacionais e internacionais de/ com estudiantinas), apresenta, naquilo que será um segundo grande capítulo, a lista de evidências, por anos, encontradas de grupos com a designação "estudiantina" (desde a década de 1880 até finais do séc. XX).
Ainda neste grande capítulo, o tema do reportório e da discografia.

Uma terceira parte poderá englobar o caso das antigas colónias (especialmente do Magreb, embora chegue até ao Vietnam ou mesmo ao Canadá), o que alarga os horizonte e as balizas do que, até agora, se pensava ser o alcance do fenómeno.


O epílogo faz um súmula e apresenta números, por países, a par com alguns outros dados estatísticos (que não enfadam), e estabelece a ligação existente entre grupos apelidados de "estudiantina" e outros que, apesar de terem outras designações, fazem
parte da mesma família (tratando-se do mesmo embora com nomes diferentes).
Importante, também a lista que elenca, até inícios do séc. XX, os mais antigos grupos (Estudiantinas/Tunas) ainda em actividade - onde claramente se verifica que Portugal e França apresentam a mais antiga tradição ininterrupta.











terça-feira, 29 de outubro de 2019

Falar e fazer - Nos antípodas de uma concepção.


Não, não se trata de uma apologia do ego, nem pouco que se pareça.
Mas importa que seja dado o seu a seu dono, sem penachos, sem "folie des grandeurs", mas sendo, acima de tudo, honesto.
Todos temos direito a envaidecer-nos com o trabalho bem feito. Qualquer pessoa normal sente gosto e orgulho de um trabalho bem feito que é reconhecido, mesmo que com lapsos aqui, acolá.

Mas, volta e meia,  aparecem ressabiados a criticar o que é feito, dizendo que os tempos são outros - incompatíveis com a oferta que é produzida porque, pasme-se, a linguagem é jurássica e a malta "de agora" quer é outras formas de partilha de informação, outras plataformas, outros modos de fazer.

Outros modos de fazer... não fazendo coisa nenhuma, diga-se.

Murphy bem pode criar uma nova lei: "São sempre os mesmos a criticar sem fazer, e sempre os mesmos a fazer e a serem criticados por isso". 


 "Nunca serás criticado por alguém que esteja a fazer mais do que tu; antes serás criticado por alguém que esteja a fazer menos que tu". Nesta citação, atribuída a Steve Jobs, nem sequer podemos falar em "fazer menos", pois que, em boa verdade, os críticos que se manifestam (honra lhes seja dada, porque dão a cara - contrariamente a outros que "mordem pela calada"), achando que o que é feito nunca satisfaz, são pessoas sem qualquer obra feita.
Atiram postas de pescada, mas fazer...está quieto!

A verdade, e é uma infeliz realidade, é que são sempre os mesmos que encontramos a fazer, a apresentar, a criar conteúdos, a apresentar materiais, dados, informações.
A produção informativa e formativa que existe concentra o mesmo grupo restrito de pessoas, as quais não têm culpa da inércia de terceiros.
São sempre os mesmos que encontramos e a culpa não é deles; antes pelo contrário, ainda bem que há quem faça. Pena é não haver mais. Mas esses "mais" teimam em não aparecer (apenas uns "menos", armados em "mais").
Sempre os mesmos que encontramos a investigar, criar e/ou dinamizar portais, blogues, publicação de livros, criação de grupos e fóruns, páginas diversas, a produzirem conteúdos, artigos de investigação, a participarem em encontros, palestras, conferências, que encontramos como colaboradores de diversas entidades.... a custo zero para quem usufrui desse labor.

Quem faz não está isento de reparo, mas é estranho que essas críticas sejam atiradas por quem não possui qualquer credibilidade. Palavras sem obras são tiros sem balas. Muito barulho, muito fumo e, depois, desvanecida a névoa, ficam os mesmos de sempre porque os delatores, esses...rabinho entre as pernas.
Depois vêm as fáceis e costumeiras acusações de sobranceria de quem mais não tem do que acusar, agarrando-se a apreciações de forma e a fulanizações néscias, numa vitimização que procura apoios que escondam a sua própria insuficiência.

Acusados de "velhos do Restelo", muitas vezes em surdina, como pessoas que não compreendem o tempo actual (como se estivessem mortos), pretendendo que o que viveram nada tem a ver com o que é hoje a Tuna. Tudo artifícios estéreis, ignorando ou omitindo um facto: conhecem (porque estão e porque estiveram). Viveram como protagonistas (ensaiando, organizando certames, compondo temas, participando, liderando estruturas.....), mas também observam, estudam, contactam... com um mundo que ajudaram a edificar (no alvores do "boom") e que continua sendo o mesmo, apenas com mais e novos protagonistas, atravessando modas, tendências, altos e baixos.
Fazem sombra? Não. Nem fazem nem nunca estiveram à sombra, contrariamente a quem lá vegeta e se lembra, quando o rei faz anos, de deitar a cabeça de fora e piar.

Mas não é nada de novo. Há tempos foi publicado um artigo (por um desses que estão sempre e tem currículo para falar de cátedra) que abordava precisamente esta questão.

Há pessoas que, de umbigos desmesurados, ainda não perceberam que não existe monopólio sobre obra feita. O que existe são os que falam e, do outro lado, os que fazem (e podem falar com alguma propriedade).
Todos têm direito à sua opinião. Mas opinar para pôr em causa o trabalho meritório feito, carece de algo mais e terá credibilidade na exacta medida que vem acompanhada de obra feita.





Ora, argumentar com quem só manda bitaites é conversa estéril.
Como dizia um amigo (também daqueles que pode falar de cátedra), "Só há discussão quando ambos os lados estão em paridade (...) Opiniões, toda a gente tem; Infelizmente toda a gente as dá. E é por isso mesmo que raramente há discussão: quando só um dos lados apresenta factos (obra)...".

Por isso, quando aparecem os arautos dos novos tempos, pensando descobrir a pólvora, cheios de alternativas, de planos, de projectos...para "modernizar", trazer a Tuna ao séc. XXI - por contraposição com o que consideram "démodé" ou "obsoleto", só temos a dizer: "Força! Façam, apresentem, criem!".
Só que, quando a isso desafiados, quando se diz "Então façam!", fazem lembrar a história bíblica dos apedrejadores que começaram a sair um por um.
É que não basta clamar por novos design, novas plataformas, novas funcionalidades, novos layout, como se tudo se resumisse a trabalho de cosmética. É preciso ter conteúdos.
E para criar conteúdos é preciso queimar a pestana: ler, estudar, conhecer, investigar, comparar, escrever....fazer.

Concede-se que nem todos estão vocacionados, nem todos possuem disponibilidade, que outros não dispõe de "Know how" ou de interesse. Mas, pelo menos, e são a maioria, é pessoal que não se atira a disparar por invejoso belicismo.
Usualmente é malta que reconhece, como é devido, o trabalho feito, o mérito, esforço e procura enriquecer-se desse mesmo labor.
Outros criticam - muitos sem sequer aferir do trabalho.... muitos sem abrir uma página.

Falar é fácil. Sempre foi.
Mas a caravana passa, como sempre passou, porque, contas feitas, seremos pesados pelo que fizemos, sendo as boas intenções de boca atiradas para o esquecimento e os contestatários avulso enterrados sem lápide.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Comunidado de Apoio a um Investigador da Tuna

Terça-feira, 03-09-2019.

COMUNICADO DE APOIO A UM INVESTIGADOR DA TUNA:

Nos últimos dias, tivemos conhecimento de um conjunto de factos lamentáveis que merecem todo o nosso repúdio. O protesto legítimo perante uma situação injusta, feito em privado, por parte de um dos mais antigos e prestigiados investigadores da História da Tuna, e a exigência que fez de que lhe fosse apresentado um pedido de desculpas público deram lugar a uma grotesca campanha de assédio ao investigador visado através das redes sociais.

Ao publicar no Facebook um texto no qual se esquiva às responsabilidades e, portanto, sem apresentar as desculpas devidas, a outra parte implicada – a saber, Félix O. Martín Sárraga – deu origem a que mais de uma dezena de indivíduos tenham enviado mensagens insultuosas ao agravado.

Assim, nós, os investigadores abaixo assinados, manifestamos por este meio o nosso apoio ao nosso companheiro, assim como o nosso repúdio à forma de actuar do Presidente de Tvnae Mvndi ao longo do tempo, neste e noutros casos, nos quais distorce a verdade a seu favor, sem reconhecer os seus muitos e reincidentes erros de forma e conteúdo.

Assinado:
Ramón Andreu Ricart
José Carlos Belmonte Trujillo
Eduardo Coelho
Juan Antonio Díaz Sánchez
Fernando Fernández Martín
Jean Pierre Silva
João Paulo Sousa
Ricardo Tavares
Héctor Valle Marcelino