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domingo, 28 de abril de 2024

Aos 25 Anos da Tuna Veterana do Porto

 Dia de festa e de festa rija!

São 25 anos da mais antiga tuna de veteranos em Portugal.

Fundada a 8 de Janeiro de 1999, a Tuna Veterana do Porto surgiu por vontade de antigos tunos integrantes da Tuna Universitária do Porto que integraram o Orfeão Universitário do Porto[1].

Só agora evocamos esta jubilosa efeméride, pois a TVP decidiu assinalar o seu aniversário apenas em Abril, com um espectáculo comemorativo no auditório Horácio Marçal[2].



Recordemos que é a estes jovens cinquentões e sessentões[3] que devemos uma das mais belas páginas da história da Tuna portuguesa contemporânea, já que a eles devemos o ressurgimento das tunas no Porto e o 1.º Festival de Tunas Universitárias em Portugal, quando militavam, na altura, na Tuna Universitária do Porto.

São um património vivo da tradição com quem, rapidamente, entre 2 copos e dois dedos de conversa, somos transportados para as “Ondas do Douro”, para o disco “Acordes, harpejos... tainadas e beijos” (1991), para o 1.º certame ganho por uma tuna lusa em Espanha, para o I Conclave Tvnae[4], para o Cibertunas[5], ou para o inolvidável programa/concurso Efe-Erre-Á (na RTP)… e para tantas histórias que protagonizaram e que polvilham a nossa memória colectiva (pelo menos nós, os mais velhos).

Estes garbosos moços, cuja idade é currículo, continuam a mostrar-nos que “velhos são os trapos” e a encantar-nos com a sua mestria artística, porque quem sabe não esquece e tudo se aprimora ao longo deste anos de maturação, para nos prendar com o deleitoso vintage que é a Tuna Veterana do Porto.


Sou suspeito, bem sei porque tenho lá amigos, mas apenas sublinho o óbvio, o factual, o que salta à vista de todos: estamos perante um grupo que espalha emoção, que nos faz vibrar e que merece que se lhe tire o chapéu por tudo quanto representam e são para os que gostam de tunas, de boas e respeitáveis tunas.

À Tuna Veterana do Porto um grande bem-haja, a minha fraterna estima e  um sentido abraço de parabéns por estes 25 anos a brilhar.

Nota: imagens do artigo actualizadas em Novembro 2024.



[1] Orfeão Universitário do Porto: Agremiação sócio-cultural, centenária, integrada por alunos de todas as faculdades (cursos) da Universidade do Porto. No seu seio acolhe: música Coral (clássica e popular), Etnografia (danças e cantares) e Música de cariz académico (Fado e Tuna).

[2] Na Junta de Freguesia de Paranhos.

[3] Também com trintões e quarentões, naturalmente, que entretanto vão ingressando, depois de deixarem a TUP/OUP.

[4] Bem como o 2.º.

[5] A 2.ª edição contou com 52 Tunas, que se traduziu em cerca de 530 tunos, reunidos num palco gigante na Praia da Madalena.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Lapsus Tunae


Isto de historiar tunas, mesmo que a própria, é um caminho sinuoso, nem sempre devidamente pavimentado e nem sempre acompanhado de sinalética correcta, levando, por vezes, a enganos.

Em 2012, surge, na página de Facebook da TUP (Tuna Universitária do Porto), uma publicação que apresenta uma foto, pretensamente do grupo (a acompanhar um pequeno texto a situar as origens da Tuna - 1890), mas que, na verdade, correspondia à Tuna da Escola Politécnica de Lisboa em 1903-04 (imagem de um postal ilustrado que se pode encontrar na BNP[1]).



Após N chamadas de atenção (iniciadas em 2013), foi finalmente eliminada a publicação no ano passado.
Essa foto, erradamente identificada como sendo a TUP já fora, em 2001, colocada no livreto do CD "Concerto de Apresentação da Queima das Fitas de 2000", acompanhada de um pequeno texto histórico também com erros (fala que datam de 1864 as notícias de agrupamentos do género no Porto, mas sem haver qualquer prova documental; refere 1891 como ano da deslocação a Salamanca e Madrid, quando foi no ano anterior, em 1890) .

Zoom à página 8 do livreto do CD "Concerto de Apresentação da Queima das Fitas de 2000".

Se é certo que tal imagem jamais poderia provir do arquivo do OUP/TUP, onde foi encontrada e o que terá levado a pensar tratar-se da TUP? Em que se baseou o autor do texto do livreto para fazer afirmações tão taxativas? Quem foi o "expert" que estampou "ad aeternum" essa fake news?

Nem sempre é fácil o rigor, quando não se usam as devida cautelas e algum critério de exigência.
Veja-se, por exemplo, que na Wikipédia se afirma que a TUP é a mais antiga tuna académica do país, remetendo as suas origens para 1888 e justificando tal com uma referência bibliográfica (mal feita, diga-se, pois nem menciona a autoria) para um documento que não suporta sequer tal afirmação.

Página da Wikipédia (Janeiro de 2020). Verifica-se que a fonte mencionada está mal referenciada, apenas constando o título do documento (com link para a página que o apresenta)

O documento referenciado foi utilizado no II Congresso Ibero-Americano de Tunas (Múrcia, 2014), para a palestra subordinada ao tema "As origens da Tuna em Portugal (Séc. XIX e XX)" e, na página 4, fala em Tuna/Estudantina do Porto, mas não especificamente em Tuna/Estudantina Académica do Porto. 
Há uma grande diferença, pois estudantinas (tunas) não são (como nunca foram) forçosamente de cariz estudantil. Nada há, à data, que estabeleça relação entre essa estudantina portuense em 1888 com a TUP. Aliás, os dados mais recentes deixam claro que a Tuna/Estudantina Académica do Porto (Portuense)  nasce em 1890[2], fruto da fusão de 3 grupos tuneris pré-existentes (e nem sequer com a designação "tuna" ou "académica").
Seja como for, as origens da TUP datam de 1890, e não antes.

Avançar que é a Tuna[3] mais antiga poderá ser imprudente, dado que há muitas variáveis a ter em conta - desde logo a questão da actividade ininterrupta. O que se pode dizer com segurança é que é das mais antigas, não mais que isso.

No mesmo artigo da Wikipédia também se avança que a tuna académica feminina mais antiga do país é a Tuna Feminina do OUP.
Uma vez mais, convirá procurar um maior rigor, dado que tal afirmação é errónea.
A Tuna Feminina do OUP é, sim, a tuna Universitária feminina em actividade (sim, porque as Garotas de Coimbra também nasceram nesse ano) mais antiga do país (fundada em 1988), mas recordemos que tunas académicas já as havia nos liceus, colégios e escolas superiores desde o séc. XIX e que parece haver registo de um grupo (mesmo que efémero) feminino académico nos anos 60[4].
Uma linguagem menos rigorosa facilmente induz em erro e o termo "Académico/a" não é, como nunca foi, exclusivo de Universidade. Lamentavelmente, as fake news são amplamente disseminadas nas redes sociais e ganham vida própria, muitas vezes por omissão de quem tinha obrigação de maior responsabilidade na info que emite.

Use-se de muitas cautelas antes de se avançarem afirmações absolutas como "a/o mais antiga/o", sem antes haver preocupação em documentar-se devidamente e substituir a ânsia de primazias e pedestais por prudência e consulta de terceiros (pessoas que andem mais por dentro destas coisas da investigação tuneril).
Algumas falhas, por pequenas que sejam, especialmente se ligadas à imagem institucional, são pouco condizentes com o contexto de literacia e busca de rigor científico-histórico expectável no meio universitário.

Tal evitaria, também a título de exemplo, a publicação de obras com informações que relevam mais de bazófia que de objectividade (e que não se corrigem com a mesma facilidade de um Facebook ou quejandos), como afirmar que o FITU é o mais antigo festival de tunas ininterrupto do mundo (e de que demos nota em artigo de Março 2019), algo sem fundamentação alguma. 

Capa e página 32 do livro FITU "cidade do Porto", 30 Anosde História, 2019.


O Festival mais antigo ininterrupto é o Certame de Tunas do Distrito Universitário de Sevilha, criado em 1970, que vai para a sua 46.ª edição ininterrupta[5], seguindo-se outros[6].

Todos somos passíveis de erros e lapsos.
Procure-se, ainda assim, tanto quanto possível (em publicações ao grande público, sobretudo), a revisão e consulta de conteúdos junto de terceiros[7] que tenham algum conhecimento na área, além do imperativo basilar no que à referenciação das fontes diz respeito, sobretudo quando se utiliza o trabalho e material de outrém.

Fica a reflexão.






[1] E publicada, em 2011-12, na obra QVID TVNAE?, p. 207.
[2] Com a designação Estudantina Portuense, ainda sem a referência "Académica" no nome.
[3] Falamos em Tuna, mas, nessa altura, a designação mais corrente era "estudantina".
[4] Vd. SILVA, Jean-Pierre - Tuna Feminina do Liceu de Santarém? Uma imagem a que faltam palavras. Blogue Além Tunas, artigo de 02-02-2017 e A Grande Tuna Feminina de Alfredo Mântua - Breve Contributo Documental (1907-1913). CoSaGaPe, Lisboa, 2018, p. 53.
[5] Vd. PortugalTunas   - Sabias que..., artigo de 19 de Março de 2019.
[6] - Certamen de Tunas UPM, que vai para a sua XXXVII edição (criado em 1983); Certamen Provincial de Tunas de Málaga, que vai para a sua XXXV edição (criado en 1985); Certamen Nacional de Tunas de Magisterio (Burgos), que vai para a sua XXXV edição (criado en 1985); Certamen de Tunas y Estudiantinas de Iquique (Chile), que vai para a sua XXXV edição (criado em 1985); Certamen de Económicas, que vai para sua XXXIV edição (criado em 1986); Certamen Nacional de Tunas Empresariales, Económicas, Comércio Y Turismo (Jerez), vai para a sua XXXIV edição (creado en1986).
[7] E critério na escolha de quem assume certas tarefas.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Panegírico a Eduardo Coelho

Há já muito que devo um artigo a Eduardo Coelho, porque estamos a falar de um dos vultos maiores do pensamento tunante em Portugal e um dos mais ilustres e reputados tunos da nossa praça.
Poderia alguém interpor que há falta de isenção no critério de escolha, por se tratar de um amigo.

Eu responderia que não se trata apenas de um amigo, mas de um grande e fraterno amigo e, contudo, independentemente disso, continuaria a ser um vulto maior da Tuna em Portugal.
Prestar-lhe este justo reconhecimento é não apenas tardio como justíssimo.

O Eduardo começa a sua aventura tuneril em 1987, quando passa a integrar a Tuna Universitária do Porto, da qual se torna director musical e Magister entre 1988 e 1993 (altura em que a TUP se torna a primeira tuna portuguesa a vencer um festival fora de Portugal).

Autor e compositor, o seu nome aparece associado às “Ondas do Douro”, tema que se elevou à categoria de hino na academia portuense, consagrado no LP “Acordes, harpejos… tainadas e beijos” (1991), participando igualmente nos CD “Tuna Universitária do Porto — Um Percurso” e “Academia”. Ainda como integrante da TUP, recebe informalmente a beca da Tun’América (Porto Rico).
Só isso já é, está bom de ver, algo que ilustra um percurso notável.
Retirado da vida activa da TUP, é co-fundador  da Tuna Veterana do Porto, em 1999, sendo um dos seus directores artísticos.
Tem integrado o júri de diversos festivais, nomeadamente o do FITU “Cidade do Porto”, ao qual já teve a honra de presidir, e em cuja organização esteve envolvido desde as primeiras edições.
Eduardo Coelho é um nome indissociável da comunidade tunante, reforçando tal como pensador e estudioso destas matérias, com intervenções de aquilatado recorte literário que fez durante anos no fórum do PortugalTunas, sob o cognome de "o Conquistador". Natural, por isso, encontrá-lo entre os co-autores da primeira obra sobre a Tuna em Portugal, "Qvid Tvnae? A Tuna estudantil emPortugal".

Porque um reputado conhecedor da res tvnae, participa no IV e VIII ENT (Encontro Nacional de Tunos), como orador, sendo um dos autores do Manifestvm Tvnae.
É membro colaborador do Museo Internacional del Estudiante e do Tvnae Mvndi, ultrapassando assim o reconhecimento das suas qualidades além fronteiras.
O currículo do Eduardo não se esgota no âmbito tuneril, porque também muito haveria a descrever e referir no âmbito do fado académico, da Praxe e Tradições Académicas, no OUP, entre outros. Mas ficando a coisa só no contexto da Tuna, basta para atestar o que acima disse: estamos perante um tuno com um percurso de referência.

Foi no contexto do "Qvid Tvnae?" que o conheci pessoalmente, o que veio reforçar ainda mais a admiração e estima por tão insigne pessoa.
Um mestre cujo conhecimento é proporcional à sua enorme humildade, um homem que sabe estabelecer pontes, um vulto ímpar a quem muito deve a comunidade tunante.
A sua clarividência, a sua enorme bagagem intelectual, o rigor, a capacidade de escutar, mas também a firmeza da sua verticalidade e uma incomum capacidade argumentativa, baseada no seu vasto repertório de experiência e estudo apurada, são traços que não deixam indiferente quem com ele cruza dois dedos de conversa, especialmente quando o assunto são tunas ou tradições académicas. E quando abre a boca, faz jus aos seus cabelos brancos e é um deleite ouvi-lo (como recentemente no TUNx) ou ler o que redige.




Contas feita, apesar de o ter conhecido apenas há coisa de uns 10 anos, é como se fosse, já, um daqueles amigos de sempre, de infância, fazendo parte daquela família que escolhemos, daquele restrito grupo de pessoas que passam a fronteira de conhecidos ou colegas: os amigos de/para sempre.
Presto essa singela homenagem, porque elas se fazem em vida, ainda no seu vigor todo, num tempo onde se tornou (mau) hábito só fazer o reconhecimento devido depois de partirem.
Obrigado, Eduardo, por aquilo que és e pela amizade dispensada e por aquilo que também contigo aprendi, e aprendo.



sábado, 3 de maio de 2014

Sem FITAs, mas com CARTOLAS






Depois de mais umas argoladas promovidas pelo MCV do Porto, perante a inoperância e cumplicidade abjecta da FAP, resulando em mais umas quantas tunas desconvidadas, à última hora, do FITA, um conjunto de Tunas (de facto), decidiram dizer basta" e pensar de facto nos finalistas da academia portuense, ao invés de lógicas pouco transparentes.

Surge assim o CARTOLAS, que visa devolver ao Porto um evento tunante feito por estudantes e para estudantes, sem intervenção de pessoas que, ao longo dos últimos anos, apenas parasitaram a academiaa Praxe e as Tunas, coisa que o designado FITA há muito deixou de ser.

Uma louvável iniciativa, levada a cabo, e participada, por Tunas que decidiram sê-lo inequivocamente, em contraponto às que ainda vestem a pele, de "trupes musicais".

Um "duche" frio que há muito tardava, para limpar maus cheiros e sujidades que se avolumavam há tempo demais.