Uma
breve intervenção para uma dura crítica à entrevista dada por João Barbosa (Magister
da TUM) ao site "leve-se" (ver AQUI),
no rescaldo do XXVIII FITU Bracara Augvsvta.
Nessa entrevista, saltam imediatamente aos olhos uma sucessão de falsidades e erros que, já mesmo em 2018, são inaceitáveis (dado estarmos a falar de tunos que frequentam/frequentaram cursos superiores e que, sobre a sua actividade, têm obrigação de estar melhor informados).
O
entrevistado afirma que a origem das tunas está mal documentada, algo que é
totalmente falso, além de absurdo de se afirmar. Pelo menos em Portugal, desde o
lançamento da obra "QVID
TVNAE? A Tuna Estudantil em Portugal", publicada em 2011-12 que há
factos documentados (para não ir a publicações espanholas). Mas também na web
existe informação suficiente (nomeadamente no portal "PortugalTunas", nos blogues "Notas
e Melodias" (Notas Históricas - A Tuna em Portugal - I,
II
e III),
"Além Tunas", "As Minhas Aventuras
na Tunolândia", no site "Tvnae
Mvndi", na revista "Legajos
de Tuna", nas muitas informações veiculadas nos ENT (Encontro Nacional de Tunos)
ou, até, na página de FB "Tunos&Tunas" que deveriam permitir, até
ao mais leigo, evitar dar tão monumentais calinadas (ainda mais superlativas
quando é um responsável de uma tuna de referência a propalá-las em 2018).
Depois,
o entrevistado afirma que as tunas surgiram nos séc. XVIII e XIX em Espanha,
algo que é falso, pois o fenómeno apenas se inicia a partir de meados do séc.
XIX.
Mas
pior ainda é vir com a conversa que os primórdios da tuna remontam aos séc. XI
e XIII ligada aos sopistas, fazendo prova de uma inegável capacidade de copiar narrativas
ficcionadas ouvidas a outros tantos ignorantes.
É
de ficar de boca aberta com a facilidade com que as pessoas falam daquilo que
desconhecem, contribuindo para mais "fake news" e a continuidade de
mitos sem qualquer fundamentação.
Na página de FB do "Leve-se", um título enganoso a que se soma um erro de português de palmatória (não se escreve "tá", mas "está" - do verbo estar). |
Obviamente que o próprio entrevistado nem sequer sabe o que são sopistas, ao caracterizá-los como "estudantes que escapavam dos internatos à noite para irem às tabernas".
Pena
que a ignorância não doa, pois que qualquer pessoa minimamente culta sabe que
sopistas não eram apenas estudantes e que essa coisa de escapar de internatos
não tem pés nem cabeça (e que os sopistas nada têm a ver com Tunas).
Afirmar que tunas são pequenas famílias que procuram algo mais que aulas e completar um curso é prova de quem não tem, de facto, um conhecimento mínimo para abordar estes temas, pelo que deveria ter-se abstido de sobre eles se pronunciar.
Ainda
uma referência (embora não directamente do âmbito tuneril) para a falácia do
traje Tricórnio, também ele uma fabulação total, alicerçado sobre uma narrativa
ficcionada que foi fazendo caminho, de tal forma que é quase como vender gato
por lebre.
Quem
sabe ler o artigo do historiador e maior especialista em trajes e protocolo
académicos (Prof. Dr. António Nunes), sob o título de "Notas
ao Tricórnio ficcionado", abra alguns horizontes críticos, contrapondo
a razão à barbárie da ignorância militante que, acriticamente, é absorvida e
repetida.
Termino
como comecei.
Não
é admissível que, em 2018, se digam tantos disparates sobre a origem e história
da Tuna, sobretudo quando se é tuno (e ainda mais quando se ocupa um cargo de
relevo), face á quantidade de informação disponível.
Se
há preguiça em consultar, em ir à net saber sobre tunas (sobre o que os
investigadores/especialistas fazem e publicam), então haja a mesma coerência e
use-se da mesma preguiça para não responder ao que não se sabe nem quis saber.