terça-feira, 29 de outubro de 2019

Falar e fazer - Nos antípodas de uma concepção.


Não, não se trata de uma apologia do ego, nem pouco que se pareça.
Mas importa que seja dado o seu a seu dono, sem penachos, sem "folie des grandeurs", mas sendo, acima de tudo, honesto.
Todos temos direito a envaidecer-nos com o trabalho bem feito. Qualquer pessoa normal sente gosto e orgulho de um trabalho bem feito que é reconhecido, mesmo que com lapsos aqui, acolá.

Mas, volta e meia,  aparecem ressabiados a criticar o que é feito, dizendo que os tempos são outros - incompatíveis com a oferta que é produzida porque, pasme-se, a linguagem é jurássica e a malta "de agora" quer é outras formas de partilha de informação, outras plataformas, outros modos de fazer.

Outros modos de fazer... não fazendo coisa nenhuma, diga-se.

Murphy bem pode criar uma nova lei: "São sempre os mesmos a criticar sem fazer, e sempre os mesmos a fazer e a serem criticados por isso". 


 "Nunca serás criticado por alguém que esteja a fazer mais do que tu; antes serás criticado por alguém que esteja a fazer menos que tu". Nesta citação, atribuída a Steve Jobs, nem sequer podemos falar em "fazer menos", pois que, em boa verdade, os críticos que se manifestam (honra lhes seja dada, porque dão a cara - contrariamente a outros que "mordem pela calada"), achando que o que é feito nunca satisfaz, são pessoas sem qualquer obra feita.
Atiram postas de pescada, mas fazer...está quieto!

A verdade, e é uma infeliz realidade, é que são sempre os mesmos que encontramos a fazer, a apresentar, a criar conteúdos, a apresentar materiais, dados, informações.
A produção informativa e formativa que existe concentra o mesmo grupo restrito de pessoas, as quais não têm culpa da inércia de terceiros.
São sempre os mesmos que encontramos e a culpa não é deles; antes pelo contrário, ainda bem que há quem faça. Pena é não haver mais. Mas esses "mais" teimam em não aparecer (apenas uns "menos", armados em "mais").
Sempre os mesmos que encontramos a investigar, criar e/ou dinamizar portais, blogues, publicação de livros, criação de grupos e fóruns, páginas diversas, a produzirem conteúdos, artigos de investigação, a participarem em encontros, palestras, conferências, que encontramos como colaboradores de diversas entidades.... a custo zero para quem usufrui desse labor.

Quem faz não está isento de reparo, mas é estranho que essas críticas sejam atiradas por quem não possui qualquer credibilidade. Palavras sem obras são tiros sem balas. Muito barulho, muito fumo e, depois, desvanecida a névoa, ficam os mesmos de sempre porque os delatores, esses...rabinho entre as pernas.
Depois vêm as fáceis e costumeiras acusações de sobranceria de quem mais não tem do que acusar, agarrando-se a apreciações de forma e a fulanizações néscias, numa vitimização que procura apoios que escondam a sua própria insuficiência.

Acusados de "velhos do Restelo", muitas vezes em surdina, como pessoas que não compreendem o tempo actual (como se estivessem mortos), pretendendo que o que viveram nada tem a ver com o que é hoje a Tuna. Tudo artifícios estéreis, ignorando ou omitindo um facto: conhecem (porque estão e porque estiveram). Viveram como protagonistas (ensaiando, organizando certames, compondo temas, participando, liderando estruturas.....), mas também observam, estudam, contactam... com um mundo que ajudaram a edificar (no alvores do "boom") e que continua sendo o mesmo, apenas com mais e novos protagonistas, atravessando modas, tendências, altos e baixos.
Fazem sombra? Não. Nem fazem nem nunca estiveram à sombra, contrariamente a quem lá vegeta e se lembra, quando o rei faz anos, de deitar a cabeça de fora e piar.

Mas não é nada de novo. Há tempos foi publicado um artigo (por um desses que estão sempre e tem currículo para falar de cátedra) que abordava precisamente esta questão.

Há pessoas que, de umbigos desmesurados, ainda não perceberam que não existe monopólio sobre obra feita. O que existe são os que falam e, do outro lado, os que fazem (e podem falar com alguma propriedade).
Todos têm direito à sua opinião. Mas opinar para pôr em causa o trabalho meritório feito, carece de algo mais e terá credibilidade na exacta medida que vem acompanhada de obra feita.





Ora, argumentar com quem só manda bitaites é conversa estéril.
Como dizia um amigo (também daqueles que pode falar de cátedra), "Só há discussão quando ambos os lados estão em paridade (...) Opiniões, toda a gente tem; Infelizmente toda a gente as dá. E é por isso mesmo que raramente há discussão: quando só um dos lados apresenta factos (obra)...".

Por isso, quando aparecem os arautos dos novos tempos, pensando descobrir a pólvora, cheios de alternativas, de planos, de projectos...para "modernizar", trazer a Tuna ao séc. XXI - por contraposição com o que consideram "démodé" ou "obsoleto", só temos a dizer: "Força! Façam, apresentem, criem!".
Só que, quando a isso desafiados, quando se diz "Então façam!", fazem lembrar a história bíblica dos apedrejadores que começaram a sair um por um.
É que não basta clamar por novos design, novas plataformas, novas funcionalidades, novos layout, como se tudo se resumisse a trabalho de cosmética. É preciso ter conteúdos.
E para criar conteúdos é preciso queimar a pestana: ler, estudar, conhecer, investigar, comparar, escrever....fazer.

Concede-se que nem todos estão vocacionados, nem todos possuem disponibilidade, que outros não dispõe de "Know how" ou de interesse. Mas, pelo menos, e são a maioria, é pessoal que não se atira a disparar por invejoso belicismo.
Usualmente é malta que reconhece, como é devido, o trabalho feito, o mérito, esforço e procura enriquecer-se desse mesmo labor.
Outros criticam - muitos sem sequer aferir do trabalho.... muitos sem abrir uma página.

Falar é fácil. Sempre foi.
Mas a caravana passa, como sempre passou, porque, contas feitas, seremos pesados pelo que fizemos, sendo as boas intenções de boca atiradas para o esquecimento e os contestatários avulso enterrados sem lápide.