domingo, 28 de março de 2010

No VIII Estudantino


Gostei. Um bom ambiente e rever muitos amigos.

















domingo, 7 de março de 2010

Tunas, Bandeira(s) / Estandarte(s)

Assunto bastante esmiuçado no fórum do PortugalTunas, ainda não tinha sobre ele discorrido neste espaço. Assim sendo, cá vão uns considerandos.


Todos estão familiarizados com a nova moda de bandeiras a metro e a rebaldaria que se verifica na hora de destrinçar o que é estandarte/bandeira da Tuna dos pseudo-estandartes e pseudo-bandeiras com que nos prendam certas tunas em palco.

A confusão é natural, dado que, demasiadas vezes, a catadupa e quantidade de panos a esvoaçar nos coloca a difícil tarefa de perceber onde está o estandarte (ou bandeira) oficial da Tuna e onde começa o circo.

O Estandarte ou Bandeira da Tuna é só um(a). Sempre assim o foi, historicamente.
Esse símbolo sempre foi tido como o mais importante de cada agremiação (e não só em tunas), merecedor de toda a reverência e respeito.
Antigamente, nomeadamente nas tunas do séc. XIX e XX (até ao boom), o estandarte da Tuna existia como sinal maior e congregador. Com efeito, era nele que se colocavam fitas de homenagem, de reconhecimento e agradecimento (um pouco como ainda vemos no caso dos ranchos).

Ao estandarte se prestava como que um culto de respeito e orgulho, estimando-o e adulando o seu valor representativo, aliás como sempre foi tradição, ao longo da história, com as bandeiras (fossem elas nacionais, de regimento, corporação etc.).
Nos campos de batalha, contava-se vitória pelo n.º de estandartes retirados ao inimigo, daí que a protecção à bandeira era alvo dos maiores cuidados - o mesmo se passando na conquistas de praças fortificadas ou cidades: a conquista do estandarte inimigo significava a derrota ou capitulação do mesmo.

Hoje em dia, parece que esse reconhecimento e valoração passou para 2.º plano.

Este fim de semana assisti à actuação de uma tuna de que registei o seguinte:

1º Apresentava diversas bandeiras do seu município, com as quais fez os malabarismos costumeiros (ficando algumas no chão, enquanto as demais estavam a rodopiar);
2º Das bandeiras apresentadas, uma era, pasme-se, da Junta de Freguesia;
3º Algumas bandeiras do município, artilhadas com efeitos pirotécnicos, apresentavam-se rotas, com buracos de queimaduras que mais não traduzem  que a falta de respeito perante um símbolo que, não sendo da Tuna, merece ainda maior respeito pela natureza do mesmo. Uma bandeira é para ser estimada e não assim vulgarizada e reduzida a adereço cénico de qualquer show de saltimbancos;
4º Depois, apareceram as "bandeiras de sinalização", um subtipo de bandeira (configuradas em bandeira de mão) sem qualquer logótipo ou desenho identificativo, meros panos de cor. Neste caso, eram 4, duas em cada mão. Pensei estar a tratar-se da aterragem de algum avião ou antigo método de comunicação medieval;
5º, e não menos importante, a dita Tuna não apresentava nenhum estandarte ou bandeira da Tuna.

Com isto dizer que seria bom que as tunas não confundissem circo e tunas. Nos tempo sidos, os espectáculos das tunas comportavam representações dramáticas, declamação de poemas, solos musicais, fados, a par com a própria parte orquestral (da tuna propriamente dita), mas não consta que houvesse número de circo, malabarismos e "bandeiradas".

Tradicionalmente, o estandarte não era para ser bailado, até pela reverência e importância do mesmo. Mais tarde, com o precedente criado, e copiado, do país vizinho, emanado dos tempos do S.E.U. (Sindicato Universitário Espanhol), começaram os estandartes DE TUNA a serem bailados ou, então, a aparecer uma bandeira com o logótipo da tuna, propositadamente feita para ser bailada - assumindo-se "versão bailável" do próprio estandarte (o qual ficava quietinho, continuando a assumir o seu papel de sempre - e bem - de identificar e representar a Tuna).

Não eram nem 2, nem 3 nem 4 bandeiras. Não se clonavam bandeiras para obedecer a meras lógicas de espectáculo cénico, ele próprio subordinado à lógica do "vale tudo" para se conseguir um prémio (e recordamos a "festivalite aguda" que descaracterizou e travestiu muito boa tuna neste país).

É de perguntar onde está a coerência destas "bandeiradas". Onde está o nexo de uma tuna, neste caso, não se apresentar sequer com o seu próprio estandarte ou bandeira, mas empregar outras, as quais apresenta em estado lastimável e, pior ainda, apresentando bandeirolas, lembrando aquela versão olímpica da ginástica rítmica com fitas.

Não vou entrar em moralismos quanto ao uso, nem sempre feito com critério, de bandeiras de município (ou mesmo da bandeira nacional), embora me pareça que muitas vezes se acaba por vulgarizar a importância desse símbolo, transformado em mero adereço cénico (pessoalmente, creio ser abuso brincar com tais símbolos).

Já o que acho sem nexo algum é a dança de bandeiras, que, na verdade, nem bandeiras são (porque não representam nada, não são bandeira de nada), não passam de meros panos de cor. E muito menos percebo que qualquer jurado considere e avalie tal.
E quando, num mesmo espectáculo, bailam, alternada ou concomitantemente, bandeiras de município, bandeira nacional, bandeira de tuna............ não apenas se promove a confusão como se equipara tudo por uma bitola pouco consentânea, onde o valor de um paninho a esvoaçar tem a mesmíssima valoração  de uma  bandeira/estandarte da tuna (com a sua heráldica, significado e simbologia).


Demasiado show-off é o que temos, ao qual se soma o bailar da capa, à moda tauromáquica (modalidade sem qualquer fundamento histórico ou lógico em Tunas - qualquer dia bailam batinas ou temos número de sapateado), perguntando-me o que se ganha com isso senão o destrato de uma peça que merecia outro respeito.

Nada contra o bailar do estandarte/bandeira da Tuna (conquanto não se deixe cair ou se arrume no chão), porque, com graciosidade (e sem exageros), dá beleza ao espectáculo. O que creio ser importante é não transformar essa prestação num vale tudo onde a função essencial e primária do estandarte acaba menorizada ou mesmo pervertida.

Mais cuidado, critério e bom-senso é o que se pede. 

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Tema Ressaca.


Na noite do passado sábado, em Viseu, durante o jantar do PortugalTunas - que decorreu nas instalações da UCP, estava um alegre grupo a cantar e a tocar quando, de repente, ouço uma melodia que pensava já apagada pelo tempo: Ressaca.

Primeiro, julguei tratar-se de algum grupo pertencente a alguma tuna viseense, porventura conhecedora, mesmo que de forma indirecta, mas não.
Tratava-se da "Tu Na D'Estes".
Foi enorme a minha surpresa perante uma composição que há já tanto ano não era ouvida (pelo menos por mim), e tendo em conta que a Tuna a quem pertence já se extinguira há mais de 1 década: a Tuna Académica da Associação Académica de Viseu da UCP (Fundada em 1992, e de que guardo gratas memórias).

Obviamente que me apressei a perguntar como tinham aprendido, ou de onde tinham obtido, o tema. Mas não sabiam (fazendo lembrar as centenas de temas antigos cujo o autor foi ignorado/esquecido e que hoje surgem com o epíteto de: "popular").
Não deixei de salientar a enorme coincidência de estarem a cantar esse tema, precisamente na instituição cuja tuna era autora do mesmo.

Hoje, ao lembrar-me do facto, fiz uma pesquisa no youtube e lá encontrei o tema, pela mesma tuna (em 2 videos), embora em versões diferentes do original:







Com isto dizer que se por um lado é bom que existam temas que vão perdurando (seja pela sua qualidade musical, seja pelo seu carácter sui generis - que é o caso), não deixa de ser algo injusto que certas composições percam a sua referêcia e passem a não ter filiação.

O tema tem autor e está registado em CD.O tema em causa, Ressaca, tem música de Jorge Menino e letra de vários (eu participei nela), embora não tenha à mão os dados que me indiquem em que nome ficou registada a letra (no meu não ficou, estou certo disso); mas penso ser do Jorge Moreira, sem certezas (a memória escapa-me e o CD tem a enorme lacuna, para não dizer estupidez, de nem sequer referir os respectivos autores dos temas na contra-capa do disco).
O CD em causa foi lançado em 1995, sob o nome "Viseu, aqui eu te canto", com edição de Fortes&Rangel Ldª (Porto).


Abertura

01. Quando a Tuna chega
02. A Tuna a serenar
03. Dançamos na Eira
04. Acorda Donzela
05. Eu não me caso
06. Caloirinha
07. Saudade errante
08. Ao romper da bela aurora
09. Vodka Sostrova
10. Ressaca
11. Pranto Beirão
12. Viseu, senhora da Beira
13. Boémia sentida
14. F.R.A.
Final


Tal como em outros casos que aqui enunciei, seria de bom tom que as nossas tunas tivessem a educação, excelência e carácter de, pelo menos ao publicar os temas que executa, colocar a fonte/autoria desses mesmos temas.
A Tuna em causa lançou recentemente um trabalho discográfico, que ainda não tive oportunidade de adquirir e ouvir. Não sei se o Ressaca consta desse CD (e se sim, se foi salvaguardada a questão dos direitos autorais), mas aparece no cancioneiro da dita Tuna com a letra correcta (sinal de que não terá sido uma recolha meramente oral).


Bem sabemos que o mau costume do copy-paste se regista tanto nos liceus como na faculdade (a era da internet não trouxe só coisas boas, temos de convir), mas, neste caso, porque inter-pares, seria de bom tom algum cuidado porque "A César o que é de César (...)."
De resto, que se cante, e cante muito, pois contribui para a memória da Tuna em geral.