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terça-feira, 24 de junho de 2025

Luso Can Tuna...uma argolada!

 Estamos em 2025 e já não há desculpa, nem mesmo sendo um grupo da diáspora.

Pede-se mais rigor e exigência em quem cursa Ensino Superior e pretende dar continuidade a uma tradição secular.

Conhecer aquilo de que se faz parte é o mínimo que se pede, sobretudo quando é para exposição pública/publicada.

Isto, para lá do facto de não explicar as imagens apresentadas no início do vídeo (contexto histórico) nem citar qualquer fonte onde as mesmas foram obtidas.



Por mais simpatia que nos mereça a Luso Can Tuna, não se pode aceitar que ainda se repita a falsa narrativa da Tuna com origens medievais, como está patente no vídeo colocado no Youtube, quando está mais que comprovado que é um fenómeno com raízes no séc. XIX sem nenhuma relação com qualquer época anterior.

Quando se pesquisa sobre algo, com vista a criar um conteúdo que se pretende tornar público, então deve haver o consequente esforço de produzir algo que não comporte erros grosseiros.
Estamos certos que os estudantes em causa, quando o lhes pede (ou pedia, para aqueles que já se formaram) um trabalho académico, não fazem pesquisas e se detêm na primeira ocorrência que lhes surge na web. Muito menos, estamos em crer, quando se trata de algo que é muito próprio da tradição ibero-americana, não fazem essa pesquisa em inglês, mas alteram as buscas para que estas se façam em português/espanhol e se centrem em resultados obtidos nessas líguas e países.

Será que convivem e conhecem o que se faz deste lado do Atlântico? Conhecem o PortugalTunas (com site, FB, Instagram) e o PortugalTunas TV
(com os seus programas informativos e formativos constantes no Youtube), o grupo de FB "Tunas&Tunos", a AHT -Academia de História da Tuna (também com canal de Youtube), os ENT (Encontro Nacional de Tunos), o MFT (Museu Fonográfico Tuneril), os blogues dedicados como "Além Tunas", "As Minhas Aventuras na Tunolândia", "Portus Cale Tunae", "Memorabilia Tuneril Portuguesa", para além da Revista "Legajos de Tuna" (que possui um grupo no FB) ou mesmo da associação "Tunae Mundi"... e ainda o novel programa "PodcasTuna".

Será que conhecem a bibliografia editada, grande parte dela disponível online e publicitada na maioria do grupos/iniciativas acima mencionadas?

Seria de esperar que sim, tratando-se de uma Tuna com ligações a Portugal e, portanto, à nossa comunidade tuneril.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Fake Reels sobre Tunas no The Portuguese Dictionary

Infelizmente, o advento das redes sociais permitiram que o idiota da aldeia pudesse ter voz e espalhasse as suas idiotices. O pior é haver quem coma gato por lebre.

Não custava assim tanto pesquisar, sobretudo perante a responsabilidade de pretender publica e credivelmente ensinar ou informar. Ora, diz o ditado que "quem não tem competência, não se estabelece!
O que é dito sobre as Tunas, por parte desta página auto-intitulada de "The Portuguese Dictionary" (presente no Instagram e FB) é mais um hino à mediocridade e com a agravante de viralizar junto de pessoas pouco avisadas.
Pois nós republicamos o vídeo com alguns comentários nossos.




sábado, 19 de outubro de 2024

IA (Inteligência Artificial) e a Tuna

 

Estamos ainda longe, de podermos considerar a IA (inteligência Artificial) como uma ferramenta credível para trabalhos académicos.

E porque sabemos que no Ensino Superior são vários os alunos que, ao longo dos anos, fizeram trabalhos, teses e artigos sobre Tunas (de forma mais ou menos indirecta)… e porque certamente continuarão a ser produzidos tais trabalhos é que quisemos, de forma sucinta e sem recorrer a versões profissionais pagas, saber se as ferramentas gratuitas de IA eram uma mais-valia para fazer trabalhos sobre Tunas sem ler ou estudar patavina do assunto.



E porque qualquer trabalho que aborde tunas tem sempre uma contextualização histórica e explicativa das origens é que questionámos 2 serviços dos mais conhecidos.

A pergunta era simples: “Trace a origem e história das Tunas Académicas [recorrendo a fontes credíveis consultáveis online].”


No ChatGPT, quase nada corresponde aos factos históricos. Depois diz que é preciso fazer consultas adicionais, mas não fornece qualquer orientação digna desse nome.

Nesta outra versão do ChatGPT, o resultado é quase idêntico, com excepção das fontes que não pedimos. É uma sucessão de erros e falsidades históricas em que, ainda hoje, muitos caem por militante ignorância e economia de intelecto.

Os resultados foram simplesmente decepcionantes. Salvo o caso do Gemini, que ainda conseguiu ir buscar alguma coisa à Wikipédia (de que parte do texto foi por nós actualizado) e ao site da Estudantina de Castelo Branco (a um texto já antigo, da lavra do Ricardo Tavares) que, ainda assim, estão algo desactualizados, o resto é a pobreza “franciscana” nas fontes. O texto do Gemini é, ainda assim, o melhorizinho dentro do mau que é produzido artificial e incompetentemente, mas nem esse escapa a uma avaliação negativa.


Embora com menos erros, afirmar que a 1.ª tuna académica foi a TAUC (e 1888 é quando nasce a Estudantina de Coimbra) e que só a partir daí nascem as demais é falso. Tunas Académicas já as havia. A TAUC será a primeira tuna de feição universitária (a actual TUP é fundada em 1890, mas ainda não havia Universidade no Porto)

Já antes tínhamos colocado uma pergunta mais simples e genérica, "O que são Tunas?", com os mesmos resultados medíocres e erróneos.


Tendo em conta que a maioria dos livros mais recentes e credíveis estão em “Open Space”, nomeadamente nos livros da Google, no Academia.edu ou no Issu.com (entre outros), não se percebe a “inteligência” desta IA que parece o paradigma da preguiça e ineficiência.

Esqueçam o ChatGPT e quejandos! 

Na hora de fazerem trabalho científicos para a escola/faculdade, esqueçam a inteligência que não seja a inteligência natural, a inteligência humana optimizada pelo estudo e leitura, pelo espírito crítico e empirismo isento.

Lembrem-se: mesmo depois da chegada do aspirador, a vassoura continua por cá e é muito mais utilizada e fiável.


NOTA: Não usámos versões pagas, provavelmente com melhores ferramentas e capacidades. Sabemos igualmente que a IA dá bons resultados em áreas muitos comuns e generalizadas e terá mais dificuldade em assuntos mais restritos e especializados. Seja como for, critica-se o facto desta ferramenta, supostamente inteligente, mostrar tão pouca na hora de seleccionar fontes (omitindo informação existente e acessível na própria Net).


Lista de Fontes acessíveis online:

1- COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA, João Paulo - QVID TUNAE? A Tuna Estudantil em Portugal. CoSaGaPe, 2011-12.

2- SILVA, Jean-Pierre - A Grande Tuna Feminina de Alfredo Mântua - Breve Contributo Documental (1907-1913). CoSaGaPe, Lisboa, 2018.

3- SILVA, Jean-Pierre & COELHO, Eduardo - QVOT TVNAS? Censo de Tunas Académicas em Portugal, 1983-2016. CoSaGaPe, Lisboa, 2019.

4- SILVA, Jean-Pierre - A França das Estudiantinas - Francofonia de um fenómeno nos séc. XIX e XX. CoSaGaPe, Lisboa, 2019. 

7- SILVA, Jean-Pierre - A Estudiantina Fígaro em Portugal (1878) e no Brasil (1885 e 1888). CoSaGaPe, Lisboa, 2023.

8- SILVA, Jean-Pierre - Portugal, Um Museu vivo da tradição tunantesca - Legajos de Tuna, n.º 1 - Revista, Ano 1, de Junho de 2017, pp. 35-39.

9- SILVA, Jean-Pierre - Museu Fonográfico Tuneril de Portugal. Legajos de Tuna n.º 2 - Revista, Ano 1, de Dezembro de 2017, pp. 51-55.

10- SILVA, Jean-Pierre - De Estudiantina a Tuna - Breves apuntes de una Historia lusitana. Legajos de Tuna n.º 4 - Revista, Ano 2, de Dezembro de 2018, pp. 6-13.

13- MARQUES, Rui Filipe Duarte - TUNAS EM PORTUGAL, ESPAÇOS DE CONSTRUÇÃO, NEGOCIAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA MÚSICA. Um estudo sobre a Tuna Souselense. Universidade de Aveiro, 2019.

14- ASENCIO GONZÁLEZ, Rafael - Las Estudiantinas del Antiguo Carnaval Alicantino - Origen, contenido lírico y actividad benéfica (1860-1936). Cátedra Arzobispo Loazes, Universidad de Alicante, 2013.

15- MARTÍNEZ DEL RIO, Roberto; ASENCIO, Rafael [et al.] – Tradiciones en la antigua Universidad: Estudiantes, matraquistas y tunos. Alicante: Ediciones Universidad de Alicante, 2004.

16- RAMÓN RICART, Andreu – Estudiantinas Chilenas. Origen, desarrollo y vigencia (1884 1955). Santiago de Chile: Ed. Fondart, 1995.

17- RENDÓN MARIN, Hector – De liras a cuerdas. Una historia social de la música através de las estudiantinas, 1940 1980. Medellín: Universidad Nacional de Colombia, 2009.


20- SÁRRAGA, Félix O. Martin - Mitos y evidencia histórica sobre las Tunas y Estudiantinas. TVNAE MVNDI, Cauces Editores. Lima, Perú, 2016.

21- TRUJILLO, José Carlos Belmonte - Los Sones de la Estudiantina. Universidad de Extremadura. Cáceres, 2022.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Cronologia da Tuna em Guimarães - da década de 1880 à de 1920

Uma rápida passagem, em jeito de cronologia, pelo fenómeno tunante em Guimarães, cidade berço da nacionalidade, durante o que se pode considerar de 1.º boom de tunas em Portugal.

Em 1886, temos a Estudantina de João Maria dos Anjos a actuar no salão da Associação Artística Vimaranense.[1]

No ano de 1888, temos a Tuna Vimaranense a dar serenatas pelas ruas da cidade[2] e a participar no sarau comemorativo do 3.ºaniversário do Club Commercial Vimaranense[3].

Reencontramos a Tuna Vimaranense em 1890, a dar concerto no Teatro D. Afonso Henriques (e vestida de tunos espanhóis) e, depois, a dar serenatas pela cidade [4]; em 1892, nos festejos do Dia de Reis[5]; em 1893, em que se diz que tenciona ir em viagem de recreio à Penha. Finalmente, em 1894, também a encontramos em viagem de recreio[6].

Nesse ano de 1894, temos referência à Tuna Artística Vimaranense, a qual festeja o aniversário da sua instalação com desfile pelas ruas da cidade, serenata e ceia[7] (não se podendo afiançar, com total certeza, tratar-se da Tuna Vimaranense, já citada). Dizer que voltaremos a ter notícia de uma Tuna Artística, mas no ano de 1932[8], bem como, outra, em 1947[9] e 1949.

Nesse mesmo ano, em Dezembro, a Estudantina do Colégio de São Dâmaso actua no dia do seu patrono (dia 11) e, depois (dia 21), sob direção do sr. Martinó, em Sessão Solene da Associação São Luís.[10]

Em 1895, a Estudantina do Colégio de São Dâmaso abrilhanta (a 3 de Março) mais uma Sessão Solene promovida pela Associação São Luís[11] e, em Junho, temos a Tuna dos Cegos de Guimarães nas festas de S. João[12].

Em 1897, temos nova referência à Tuna Vimaranense, dizendo-se da mesma que iria dar concerto a Vila Real[13].

Em 1899, há nova referência à Estudantina do Colégio de S. Dâmaso[14], a qual continua dirigida pelo sr. Martinó[15].

No ano de 1900, a Estudantina [académica[16]] Vimaranense (do colégio S. Dâmaso) participa no cortejo cívico da "Festas Sarmentinas"[17].

Algumas tunas vimaranenses.

Em Março de 1903, temos a Tuna do Círculo Cathólico de S. José e S. Dâmaso, participando das festividades ao patrono da agremiação, S. José[18] e, mais tarde, em Dezembro, temos a Troupe Musical Artística Vimaranense, sob a batuta do sr. Cypriano, a percorrer as ruas da cidade nas comemorações do 1.º de Dezembro[19].

Em Fevereiro de 1904, temos a Tuna do Círculo Cathólico de S. José e S. Dâmaso, no sarau de carnaval promovido por aquela agremiação[20] e, em Março, temos a Tuna da Nova Filarmónica Vimaranense[21], a actuar no final da conferência da Associação de Classe dos Empregados de Comércio de Guimarães[22]. Nesse mesmo ano, em Agosto, a Tuna do Círculo Cathólico Operário participa da romaria à Virgem de Lourdes, na Penha[23]. Para terminar, no mês de Outubro, a dita foi a Vizela, onde percorreu as ruas e tocou no coreto local[24].

Em 1905, a Tuna do Círculo Católico foi cantar os Reis a casa de alguns benfeitores, sendo que a receita originada seria para aquisição da bandeira da tuna e de novos instrumentos[25]. Depois, em Junho, actua nas comemorações do 3.º aniversário daquela instituição[26] e, depois, reencontramo-la, em Dezembro, a actuar na sua sede[27].

Em 1906, temos a Tuna 26 de Janeiro, que se associa aos festejos do 3.º aniversário da Nova Filarmónica Vimaranense[28]. Nesse mesmo ano, em Novembro, a Tuna do Círculo Católico, sob regência do sr. Dantas, actua, na sua sede, na conferência lá realizada, para, em Dezembro,  se associar aos festejos do 1.º de Dezembro, organizados pela academia vimaranense[29] e, depois, dar concerto na sua sede em honra do seu patrono[30].

Em Março de 1907 anuncia-se que em breve estará formada a Tuna Académica, sob regência do sr. Soares (mestre da Banda Regimental de Infantaria 20), tendo já sido composto um hino[31] para a nova tuna pelo sr. Annibal Vasco Leão[32]. Em Abril a Tuna do Círculo Católico participa em sarau, na sede da colectividade[33].

Em 1909, em Maio, temos referência à recepção festiva feita aos excursionistas da Póvoa do Varzim, estando diversas agremiações vimaranenses, entre as quais a dos Empregados de Comércio e a respectiva Tuna (Tuna dos Empregados de Comércio - que, no ano seguinte, mudará de nome).[34]

Em 1910, mais precisamente em Junho, anuncia-se que a Tuna  do Grupo "Por Guimarães", tenciona ir a Fafe, para se dar em concerto no teatro local[35]. Desse mesmo ano há referência à Tuna dos Caixeiros de Guimarães[36].

No ano de 1913, em Dezembro (dia 21), estreia-se a Tuna da Juventude Católica de Guimarães, sob regência do Sr. José Gnise, encerrando uma conferência realizada na sede daquela colectividade[37].

Em Abril de 1914, a Tuna da Juventude Católica actua em sessão solene daquele centro associativo[38]. Mais tarde, em Maio, essa mesma tuna volta a actuar em sessão solene, na sua sede, repetindo-se esse tipo de concertos em Junho (por 2 vezes) e em Dezembro[39].

Em 1915, em Março, a Tuna da Juventude Católica dá concerto, na sua sede, na festa da inauguração e bênção da bandeira daquela agremiação e, depois novo concerto, à noite, no Teatro D. Afonso Henriques[40]. Mais no final desse ano, em Novembro, participa no sarau organizado pelo grupo cénico daquela associação, seguindo-se, dias depois, récita em benefício a Cruz Vermelha de Gondomar, para compra de ambulância[41].

Em Maio de 1916, prevê-se festa do 1.º aniversário do Grupo Cénico da Juventude Católica, com participação da Tuna[42] - a qual, em Junho, actua no Teatro S. Geraldo, em Braga[43], para, no mês seguinte, actuar  no 3.º aniversário da Juventude Católica de Guimarães[44].

Tuna (e grupo cénico) da Juventude Católica de Guimarães (em Braga)
 - Illustração Catholica, Ano IV, N.º 157, de 01 de Julho de 1916, p. 7.

Em Janeiro de 1917, a festa prevista no Teatro D. Afonso Henriques, promovida pela Juventude Católica, foi impedida, com a entrada na sala do vice-presidente da Câmara, José Rodrigues Leite e Silva, acompanhado da polícia, impedindo o espectáculo de continuar, estava a Tuna da Juventude Católica em palco e, prestes a iniciar a sua actuação. O periódico refere o facciosismo e autoritarismo dos republicanos e a suas manifestações anti-clericais[45]. Depois, em Junho, a referida Tuna actua em espectáculo organizado por aquele centro católico[46].

Em 1918, a Tuna da Juventude Católica vai de passeio à Serra da Penha[47].

Em Abril de 1922, voltamos a ter notícia da Tuna da Juventude Católica de Guimarães, actuando em conferência organizada por aquele círculo[48].

 

Tunas vimaranenses

É uma breve cronologia, carente de mais aturados trabalhos de investigação (sobretudo da década de 1920 em diante). Apesar de possuirmos dados posteriores, cremos que, os aqui apresentados,, já permitem ter uma ideia clara que Guimarães também inscreve o seu nome na história tuneril portuguesa.

Não referimos as visitas de várias tunas à cidade, para não alongar, mas Guimarães também foi espaço que acolheu, dentro da cronologia anteriormente apresentada, a visita de inúmeras tunas, especialmente de Braga, Porto e Coimbra.

 

Obviamente que a Tuna de cariz académico surge em Guimarães pela mão de alunos do colégio São Dâmaso. Já os alunos do Liceu, fundado em 1890[49] e confirmado por decreto em  1896, apesar da tentativa de formação de uma tuna em inícios do séc. XX,  parecem não ter conseguido formar um grupo estável. Com efeito, não foi possível, à data, rastrear a Tuna Académica que se iria, supostamente, formar em 1907. Se é que se chegou a formar, terá tido efémera existência (não é referida, por exemplo, nos espectáculos estudantis do 1.º de Dezembro, nos anos de 1907, 1908 ou 1909), mas certamente existirão dados à espera de serem trazidos a lume.

Nota: os dados apresentados foram investigados no âmbito da revisão à obra "Qvid Tvnae?" (com vista a uma nova edição revista e aumentada) e foram coligidos até Maio de 2020.

 

 

Uma referência, já agora, "en passant" sobre a pretensa e errónea ideia de ter havido Ensino Superior em Guimarães, em tempos mais recuados.

Com efeito, encontramos alguns artigos publicados na web[50] que falam do Colégio das Artes e Humanidades da Costa, no séc. XVI, como, porventura, equiparado a Universidade.

Tal é falacioso e carece de prova documental. O dito colégio, como outros que existiam, era, de facto, um espaço de ensino, mas dedicado a clérigos e nobres, mas não se conhece qualquer documento, à data, que demonstre que, em 1539, foi autorizado pelo Papa Paulo III a atribuir os graus de bacharel, licenciado e mestre, com equiparação aos que eram concedidos pela Universidade de Coimbra. Se existem, estranha-se que não sejam devidamente referenciados ou mesmo colocada imagem dessa mesma documentação.

Convirá não se confundir os colégios (Colégio das Hortas, de São Dâmaso, de São Nicolau...) com Estudos Gerais/Universidade. Os estudos preparatórios que as várias instituições de ensino ministravam, e que existiram em Guimarães e pelo país, não se equiparavam aos graus só conferidos pela Universidade de Coimbra, a única em Portugal[51] até 1911. Aliás, os preparatórios serviam precisamente de antecâmara à candidatura à Universidade.

Uma questão que fica em aberto, à espera de dados mais concretos e acompanhados de prova documental.



[8] Referente à Tuna Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense - Notícias de Guimarães, N.º 47, de 04 de Dezembro de 1932, p. 1.

[9] No Notícias de Guimarães, 16.º Ano, N.º 789, de 16 de Março de 1947, p. 4 e N.º 803, de 22 de Junho de 1947, p. 2, refere-se a Tuna Artística Vimaranense, criada no seio da respectiva Associação Artística, a qual é dirigida pelo sr. José da Costa Pacheco (também presidente da AG da colectividade). Nos artigos, respectivamente, dá-se conta da formação dos corpos sociais e organização interna, bem como da sua estreia, em 28 de Junho, com descriptivo do repertório executado.

[14] Estabelecimento fundado em 1889, e que funcionou no antigo convento da Costa.

[16] No artigo, não se precisa exactamente de que instituição é, pois vai englobada no grupo de Escolas de Guimarães. Intuimos que seja do colégio, já que dirigida por Arlindo Martinó (precisamente o responsável pela Tuna do Colégio de S. Dâmaso).

[21] A Nova Filarmónica foi fundada em 1903.

[31] O qual será efectivamente estreado no sarau estudantil do 1.º de Dezembro, só não sendo claro se o foi pela tuna, pois o periódico não o refere expressamente. Vd. Independente, 7.º Ano, N.º 312, de 23 de Novembro de 1907,  p. 3N.º 313, de 30 de Novembro de 1907, p. 3.

[34] O Comercio da Póvoa do Varzim, Ano VI, N.º 26, de 28 de Maio de 1909, p. 1.

[36] Jornal Flor do Tâmega, de 27 de Novembro de 1910, citado. por Sardinha, 2005,p.66.

[49] Inicialmente como Seminário-Liceu para, em 1911, se tornar Liceu Nacional (com extinção do curso teológico) e, em 1917, se passar a denominar de Liceu Central.

[50] DURAND, Jean-Yves et al - As Festas Nicolinas, em Guimarães: tempo, solenidade e riso. CMG, 2020 e Nicolinos. pt, consultados a 21-06-2022.

[51] Com o parêntesis de Évora.