quarta-feira, 9 de julho de 2025

Instrumentos de Tuna, a definição de Tuna.

Mais uma vez a conversa dos instrumentos de Tuna[1] e do que é uma Tuna.

Parecia que, depois de muitos anos de  labuta a esclarecer, a fornecer informação pelos mais diversos meios (no PortugalTunas, pela PTV, em blogues, através de livros gratuitamente partilhados online, via redes sociais...), se tinha chegado a um consenso basilar e transversal sobre o que era uma Tuna e o que a definia como tal ou seja o seu leque instrumental. Um consenso que não foi imposto, mas que foi aceite em razão da mera observação de factos documentados ao longo de mais de um século de prática (em Portugal e no mundo).

Uma definição que ficou catalogada (ver AQUI) e amplamente reconhecida.

Mas parece que tem vindo a crescer, em gerações mais recentes, um desinteresse por conhecer e, em virtude disso, um regresso ao ignorar da res tvnae e ao desvirtuar daquilo que é cerne identitário.

Não nos vamos referir ao abjecto caso de quem acha que um grupo que só canta é uma Tuna, pois de nada vale tentar trazer à razão quem é militantemente estúpido[2].

O que está em causa são os que, algumas vezes sem má intenção e por desconhecimento, acham lícito e adequado contaminar o leque instrumental da Tuna com aquilo que lhe é alheio e  descaracteriza.


Tal como já se fazia referência em obras literárias e artigos, dizer que não é o uso pontual de um instrumento (um trompete ou quejandos) num tema onde é essencial (porque assim o é na versão original, por exemplo) com o seu uso constante[3].

E não, não é questão de “evolução”, sobretudo quando colide com uma pedra basilar que define a Tuna: tradição.

Publicado no contexto do blogue Notas&Melodias, relativo à Tradição Académica/Praxe,
este texto, do Eduardo Coelho, adequa-se perfeitamente à Tuna.

Mas não é apenas ver em palco instrumentos alheios à Tuna (o que por si só não apenas desvirtua mas também, de certo modo, discrimina) usado abusivamente e sem restrição alguma, mas começar a ver cartazes (que publicitam actividades, por exemplo) onde desaparecem os instrumentos próprios e identificativos de Tuna para se colocar tunos a tocar saxofone, trombone, bombardino ou quejandos. O grave é que se perverte a imagem identitária da Tuna e se passa, para o público menos conhecedor, uma ideia errada.

Já não bastando o cliché de que tunas são apenas grupos universitários (varrendo, dolosamente, as tunas dos demais graus de ensino e as tunas populares), surge agora esta situação gráfica que só vem contribuir para confundir e difundir “fake news”.

Esta despreocupação, este “qual é o mal?” é apenas indício de uma geração que chegou mais recentemente à Tuna sem qualquer background e, pior, sem qualquer hábito ou preocupação em saber, em se inteirar, tentar compreender o fenómeno. Mesmo se damos de barato que, durante alguns anos, a comunidade viveu “apavorada” com o que se previa ser a redução drástica no recrutamento e desinteresse pela Tuna, levando, porventura, a apertar menos nos critérios de selecção/formação, há também que reconhecer que é uma marca dos tempos. De facto, esta nova geração vive de redes sociais e de consumos rápidos, efusivos e efémeros, que não exigem tempo, esforço e, em suma,  preocupação (compromisso, legado, rigor…) com quem vem a seguir e aquilo que é deixado.

Tínhamos saído de um tempo de “a minha noção de tuna” resultante dos mitos que subsistiam e da falta de informação documentalmente credível (mas numa geração que, geralmente, não virava a cara a provas e factos), para “a minha noção de tuna” que resulta do desinteresse, do não querer saber (numa geração que, geralmente, não tem qualquer contacto com conhecimento académico/livresco sobre a tradição que vivencia e é muito pouco exigente com a pouca informação que encontra/procura[4]).

Quando não se sabe o que é uma Tuna (mas se acha saber só porque se faz parte de uma), quando se tem a presunção de considerar “a minha noção/conceito/ideia de tuna é” como válido[5]… abre-se a porta ao regresso do obscurantismo tuneril, à diabolização do conhecimento e de quem o transmite. 

 



[1] Vd O Alfabeto das Tunas, artigo de 03-12-2016.

[2] Vd Ricardo Tavares -  A Aventura Instrumentalmente Natural. Blogue As Minhas Aventuras na Tunolândia, artigo de 08-04-2025.

[3] Que parte normalmente do desejo que fulano ou sicrano que toca X ou Y instrumento alheio integre a Tuna (ou porque é um tipo porreiro ou porque há falta de instrumentos e não se quer esperar que alguém aprenda os que fazem falta).

[4] Tanto mais grave quando se traduz em apresentações/artigos medíocres e pejados de erros científicos, em “jornadas” sobre Tunas ou em outras intervenções publicadas online.

[5] Vale a pena (re)ler Ricardo Tavares, no blogue  As Minhas Aventuras na Tunolândia -  A Aventura do "Eu-É-Que-Sou-O-Plesidente-Da-Junta!", artigo de 25-05-2017 e A Aventura Dunning-Kruger, artigo de 24-03-2021.

 

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terça-feira, 24 de junho de 2025

Luso Can Tuna...uma argolada!

 Estamos em 2025 e já não há desculpa, nem mesmo sendo um grupo da diáspora.

Pede-se mais rigor e exigência em quem cursa Ensino Superior e pretende dar continuidade a uma tradição secular.

Conhecer aquilo de que se faz parte é o mínimo que se pede, sobretudo quando é para exposição pública/publicada.

Isto, para lá do facto de não explicar as imagens apresentadas no início do vídeo (contexto histórico) nem citar qualquer fonte onde as mesmas foram obtidas.



Por mais simpatia que nos mereça a Luso Can Tuna, não se pode aceitar que ainda se repita a falsa narrativa da Tuna com origens medievais, como está patente no vídeo colocado no Youtube, quando está mais que comprovado que é um fenómeno com raízes no séc. XIX sem nenhuma relação com qualquer época anterior.

Quando se pesquisa sobre algo, com vista a criar um conteúdo que se pretende tornar público, então deve haver o consequente esforço de produzir algo que não comporte erros grosseiros.
Estamos certos que os estudantes em causa, quando o lhes pede (ou pedia, para aqueles que já se formaram) um trabalho académico, não fazem pesquisas e se detêm na primeira ocorrência que lhes surge na web. Muito menos, estamos em crer, quando se trata de algo que é muito próprio da tradição ibero-americana, não fazem essa pesquisa em inglês, mas alteram as buscas para que estas se façam em português/espanhol e se centrem em resultados obtidos nessas líguas e países.

Será que convivem e conhecem o que se faz deste lado do Atlântico? Conhecem o PortugalTunas (com site, FB, Instagram) e o PortugalTunas TV
(com os seus programas informativos e formativos constantes no Youtube), o grupo de FB "Tunas&Tunos", a AHT -Academia de História da Tuna (também com canal de Youtube), os ENT (Encontro Nacional de Tunos), o MFT (Museu Fonográfico Tuneril), os blogues dedicados como "Além Tunas", "As Minhas Aventuras na Tunolândia", "Portus Cale Tunae", "Memorabilia Tuneril Portuguesa", para além da Revista "Legajos de Tuna" (que possui um grupo no FB) ou mesmo da associação "Tunae Mundi"... e ainda o novel programa "PodcasTuna".

Será que conhecem a bibliografia editada, grande parte dela disponível online e publicitada na maioria do grupos/iniciativas acima mencionadas?

Seria de esperar que sim, tratando-se de uma Tuna com ligações a Portugal e, portanto, à nossa comunidade tuneril.


sábado, 14 de junho de 2025

A Tuna a Património Cultural Imaterial de Espanha

A Tuna Espanhola merece, sem dúvida, ser reconhecida como Património Cultural Imaterial de Espanha, e é nesse sentido que o processo foi agora iniciado formalmente, mas é lamentável que isso seja feito à custa de mentiras históricas. Não há fundamento para afirmar que a Tuna seja produto de sopistas e trovadores, muito menos que seja tão antiga quanto as universidades em Espanha e que a Tuna tenha existido antes do século XIX.

Ver documento completo AQUI.


É triste e lamentável que os mais importantes investigadores hispano-americanos do fenómeno tuneril tenham sido totalmente ignorados, simplesmente para deturpar os factos e distorcer a verdade histórica da Tuna. A Tuna Espanhola só surgiu no século XIX, mas teimam em querer viver na fantasia e na mentira.

Não havia necessidade de falsificar a história para tentar alcançar o reconhecimento desejado, mas, vindo de quem veio, nada mais se poderia esperar. 

Algumas fontes essenciais e primárias sobre a investigação da Tuna foram deliberadamente omitidas (e aqui só mencionamos as que estão acessíveis na web sobre as falsas origens da Tuna):

Roberto Martínez, Rafael Asencio, Raimundo Gomez e Enrique Pérez - Tradiciones en la Antigua Universidade; Estudiantes, matraquistas ytunos. Univerisdad de Alicante, 2004.

COELHO, Eduardo; SILVA, Jean-Pierre, SOUSA, João Paulo e TAVARES, Ricardo - QVID TUNAE?, A Tuna Estudantil em Portugal. CoSaGaPe, 2011-12.

Félix O. Martín Sarraga - Mitos y evidencia históricasobre las Tunas y Estudiantinas. Tvnae Mvndi, 2017.

Rafael Asencio González - Las Estudiantinas del AntiguoCarnaval Alicantino; Origén, contenido y actividad benéfica (1860-1936). Universidad de Alicante, 2013.

Los escolares en las Partidas de Alfonso X. RevistaLegajos de Tuna, n.º 2, de Diciembre de 2017.

La Sopa Boba y los Sopistas (I). Revista Legajos de Tuna,n.º 3, de Junio de 2018

La Sopa Boba y los Sopistas (II). Revista Legajos de Tuna,n.º 4, de Diciembre de 2018

EL ORIGEN DE LAS TUNAS Y ESTUDIANTINAS I

EL ORIGEN DE LAS TUNAS Y ESTUDIANTINAS II

Estudantinas/Tunas em Espanha - 1.ª parte.

Estudantinas/Tunas em Espanha - 2.ª parte.


Além disso, algumas instituições de investigação tunante, com as quais os principais tunólogos do mundo colaboram, foram propositadamente ignoradas:

Nenhuma de essas três instituições  de referência subscreve as mentiras expressas no capítulo sobre "origens documentadas". Essas origens não estão documentadas e baseiam-se em distorções e interpretações abusivas das fontes. Mais grave ainda: o Museu Internacional de Estudantes é mencionado para engalanar, embora não apoie a narrativa fictícia e falsa de que a Tuna tem origens medievais ou é tão antiga quanto as universidades espanholas.

As demais explicações apresentadas estão repletas de imprecisões e erros, e não há fontes fiáveis conhecidas que sustentem muitas das afirmações constantes.

Fala-se de cerca de 260 tunas na Espanha, mas nenhum censo ou estudo exaustivo e rigoroso foi jamais realizado sobre o assunto (nem há qualquer fonte fiável que o ateste). [1]Pasme-se que é tão ridículo o número que essa afirmação faz de Portugal o país com mais tunas no mundo.

Fala-se "tanto da historiografia quanto de vários autores clássicos", mas sem mencionar  as obras e quais os ditos autores; e sem fazer nenhum trabalho real para distinguir o que é narrativa ficcional do que é pesquisa e factos objetivamente documentados e comprovados pelos investigadores mais conceituados. 

Estranhamente, ignoraram, até, o único documento sobre historiografia tunante: uma palestra dada online (para o grande auditório de TUDI - Tunos Decanos de Iberoamérica) para todos os países ibero-americanos, pelo historiador/tuno Héctor Valle Marcelino (ver AQUI). 

E, já agora, sublinhar que se é facto que a Tuna tem expressão fora de Espanha, é quase só em Portugal (que, pelas contas que eles fizeram, até terá mais Tunas que Espanha) e América Latina. Em França só existe a Tuna de Pau, no Canadá só há a Luso-Can Tuna (de matriz portuguesa) e nos Países Baixos algumas tunas (quase só só resistindo a de Eindhoven). Não existem tunas na Bélgica, Alemanha, China ou Japão, como falsamente referido no capítulo da "Dimensão Internacional" (e estranhamente nem referem a Suíça, onde existe a Tuna Herlvética - também de feição lusitana). Existiram Estudiantinas em várias partes do mundo e subsistem algumas, mas não são de cariz universitário nem o conceito de Tuna defendido pelos proponentes é compatível com considerar esses grupos como Tunas - caso contrário teriam de englobar as suas próprias orquestras de "pulso y púa" (e a proposta fala apenas, recordemos, de Tunas Universitárias, deixando de fora todas as demais escolares e todas as civis). Enfim, um rodilho de incoerências fruto da incompetência do(s) proponente(s).

Aqueles que prometeram que a Tuna seria considerada Património Imaterial da HUMANIDADE (pela UNESCO) terão ainda terão de cumprir a sua promessa, propalada “urbi et orbi” de fazer da Tuna património mundial[2]. O ridículo é esta candidatura continuar a receber o apoio dos mesmos que foram postos fora da equação, as mesmas pessoas que achavam que a candidatura iria englobar os seus próprios países e tunas (foram bem comidos), quando é simplesmente impossível englobar tantos países.
Outra coisa importante: se, e quando, a declaração vier a ser promulgada, ela só vinculará Espanha. Tuna Portuguesa, Tuna Chilena, Tuna Mexicana... ou Tuna "francesa" não estarão englobadas (e muito menos vinculadas). E seria preciso que em cada país onde há tunas houvesse o mesmo processo de reconhecimento da Tuna como património cultural imaterial, para, remotamente, ser possível falar-se na candidatura da Tuna como Património da UNESCO. O que os tótós ainda não perceberam é que há muito mais probabilidade de a Tuna Espanhola vir a ser, uninominalmente. Património da UNESCO do que a Tuna no seu conceito mundial (englobando os demais países). E esse reconhecimento, a acontecer, não é extensível a terceiros mas exclusivo de um só país!

É uma boa notícia que a Tuna possa vir a ser considerada património cultural imaterial da Espanha? Sim, mas não à custa da verdade e certamente não para promover mentiras e o seu promotor.

Esperemos que, a partir de agora, haja mais rigor na análise das fake news que constam da candidatura e que não seja tudo resumida ao factor  “cunha”, onde valem mais as “connections” e conhecimentos pessoais do que o real rigor do conteúdo. Esperemos que não se repita o chauvinismo do franquismo onde o que importava era enaltecer e valorizar a cultura espanhola de qualquer jeito (e a qualquer custo), mesmo que cavalgando mitos, narrativas ficcionadas e promovendo mentiras absolutas. Mas duvido que, face à tentação do facilitismo e do ganho "nacionalista", haja resistência; acredito mais que muitos olhos se fechem. Afinal, uma mentira bonita sempre é mais interessante que uma verdade aborrecida.

Tenho, pois, sérias dúvidas que sejam colocados entraves de cariz científico, face ao sentimento nacionalista que estas coisas suscitam nos decisores políticos. Continua a valer mais a fantasia que engana os crédulos e preguiçosos do que a história real que exige verticalidade e honestidade intelectual.

Por princípio, todos os tunos apoiam a candidatura (sejam espanhóis ou não).
Por honestidade, todos deveriam criticar os fundamentos em que a mesma assenta e recusar a mesma nestes moldes envoltos em "fake news"! Questão de honestidade intelectual e valores(conquanto as pessoas estejam informadas e não vivam ainda em novelas medievais).

Alguns virão com o argumento que se está a menorizar quem fez e que quem nada fez critica. Mas não basta "fazer", se é para fazer mal, quando todo documento e pressupostos assentam em erros científicos clamorosos, falsidades e mentiras históricas lamentáveis.
Todos certamente apoiamos o resultado final de a Tuna Espanhola vir a ser Património Imaterial de Espanha (desengana-se quem acha que vai estender-se a outros países), mas não vale tudo!
Os fins não justificam nunca os meios. A falta de honestidade intelectual, o falsear factos e introduzir dados inventados (como o n.º de tunas existentes) é uma metodologia inaceitável num contexto de Ensino Superior. 
Para fazer mal feito, qualquer um faz! E se deste lado há crítica, bastaria, apenas e só, comparar o que já foi feito pro quem "critica" e o nada que foi feito por quem quer agora destaque sem pergaminho algum nestas matérias! É essa a diferença! 


[1] Só Portugal o fez, à data.

[2] E até alvo de alguns alertas feitos no PortugalTunas: Do Fracasso de uma Proto-Candidatura à UNESCO (26-09-2019), Sobre uma qualquer propositura à UNESCO (27-07-2021).

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Tuna Universitária de Toulouse (França) em 2 discos de vinil

 Eis um dado que ficou por detectar a tempo da obra "A França das Estudiantinas" e que é, a todos os títulos, surpreendente.

Já conhecíamos todos a Tuna de Letras de Pau (um grupo já com mais de 3 décadas, com discografia editada e baseado na matriz espanhol), mas esta agremiação universitária é uma novidade.

Não foi possível conseguir dados mais apurados, porque inexistentes na web, à data, daí que a única referência existente sejam dois discos em vinil (dois EP) de finais do anos 1960 (por volta de 1968).



Fica aberta a investigação.


terça-feira, 10 de junho de 2025

Por Salamanca, continua a ridícula narrativa dos mitos.

 Não há outro modo de o dizer: é falso, é mentira e é de uma falta de honestidade intelectual que ultrapassa o bom-senso.

Apesar de, por diversas vezes alertados, de confrontados com factos, e com a ausência de prova documental sobre as afirmações qu efazem, continuam a colocar a origem e antecedentes das Tunas na idade média, nos trovadores, nos sopistas, goliardos e quejandos!

Infelizmente, a ignorância não dói. Mas pior: é propalado por universitários e outros já formados. A fake news não é um exclusivo de gente iletrada, como se comprova!


Ficam aqui apenas alguns dados de mais rápido acesso (porque online) que desmontam por completo essas teorias romantizadas, que ecoam do franquismo e do SEU (Sindicato Español Universitario).
Não, a
 Tuna não tem 8 séculos! Não nasceu na idade média nem os sopistas, trovadores ou goliardos são predecessores das Tunas! Isso é falso!


Algumas referências que pessoas mal intencionadas, ignorantes militantes e alguns com falta de honestidade intelectual omitem:

Roberto Martínez, Rafael Asencio, Raimundo Gomez e Enrique Pérez - Tradiciones en la Antigua Universidade; Estudiantes, matraquistas y tunos. Univerisdad de Alicante, 2004. 

COELHO, Eduardo; SILVA, Jean-Pierre, SOUSA, João Paulo e TAVARES, Ricardo - QVID TUNAE?, A Tuna Estudantil em Portugal. CoSaGaPe, 2011-12. 

Félix O. Martín Sarraga - Mitos y evidencia histórica sobre las Tunas y Estudiantinas. Tvnae Mvndi, 2017. 

Rafael Asencio González - Las Estudiantinas del Antiguo Carnaval Alicantino; Origén, contenido y actividad benéfica (1860-1936). Universidad de Alicante, 2013.

Los escolares en las Partidas de Alfonso X. Revista Legajos de Tuna, n.º 2, de Diciembre de 2017

La Sopa Boba y los Sopistas (I). Revista Legajos de Tuna, n.º 3, de Junio de 2018

La Sopa Boba y los Sopistas (II). Revista Legajos de Tuna, n.º 4, de Diciembre de 2018

 E recordemos a argolada monumental, já produzida em Salamanca, com a ridícula "estória" do Colégio de São Bartolomeu (Salamanca) e da sua Tuna criada no séc. XIII, ou seja 2 séculos antes da fundação do próprio colégio e que AQUI denunciámos!
Mas a burrice não tem noção, pelos vistos.
 
E recordamos o seguinte:




Acrescentaríamos, ainda, como documento comprovativo, a seguinte palestra (dada pelo mais reputado tunólogo hispano-americano):

- EL ORIGEN DE LAS TUNAS Y ESTUDIANTINAS I

- EL ORIGEN DE LAS TUNAS Y ESTUDIANTINAS II


Só persevera na ignorância quem quer!




sexta-feira, 30 de maio de 2025

PodcasTuna - um programa fora da caixa.

Estreou há 2 semanas um podcast único e inédito no mundo. Será , ao que tudo indica, o 1.º podcast produzido inteiramente por IA (Inteligência Artificial). Neste caso, um podcast em português (mas com legendas noutros idiomas) todo ele dedicado às Tunas/Estudantinas.

PodcasTuna é o seu nome e, pela amostra, está feito com critério e rigor (certamente fruto da utilização de programas que usam fontes fechadas e criteriosamente seleccionadas).


Uma emissão semanal (de curtíssima duração) que é transmitida exclusivamente no Youtube, todos os domingos às 15h00.

Cremos mesmo que podemos dizer que é um daqueles programas a não perder!

segunda-feira, 5 de maio de 2025

25 Anos da Tuna Templária de Tomar

 Aquela que é conhecida por "Tuna Templária" (Tuna do Instituto Politécnico de Tomar) nasceu, como muitas outras, de uma soma de vontades e experiências em outras agremiações, já lá vão 25 anos.

Um grupo com alfobre no grupo de serenatas "Rosas Negras", e com o apoio da Tasca Cem Soldos[1], deu ao mundo uma das mais conhecidas e simpáticas tunas da nossa comunidade e cuja efeméride celebrou em gala evocativa, no passado dia 3 de Maio.


Dinamismo, saber fazer e saber estar são alguns dos atributos da Tuna Templária de Tomar, a qual certamente muitos já viram ao vivo ou mesmo na televisão (com aparições, por exemplo, nos programas da manhã), seja na festa de aldeia seja em certames pelo país (ou naquele que organiza anualmente desde 2003) ou conheceram através de um dos 3 CD que já editou[2].

A boa música e alegria contagiante são uma constante, assim como a sua figura maior que é o José Rosado, um dos seus fundadores, mas igualmente figura incontornável do panorama tunante, tendo, no passado, animado um espaço totalmente dedicado a tunas, na Rádio Cidade de Tomar (com o seu programa “Capas Negras”) e, desde 2003, sendo, a par de Ricardo Tavares, responsável pelo portal PortugalTunas (e seu canal de TV), cujo labor e importância dispensam adjectivos, para lá da sua participação nos ENT e como jurado em dezenas de festivais. É, sem sombra de dúvida, o embaixador, por excelência, da Templária.

Parabéns, pois, à Tuna Templária de Tomar, pelo quarto de século agora completado e votos de outros tantos anos assim: repletos de sucessos; e um bem-haja por tudo quanto deram e dão, sempre sob o lema  "Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini Tuo ad Gloriam"[3].



[1] Tasca que se situa na aldeia de Cem Soldos (freguesia da Madalena).

[2] E que estão repertoriados na página de FB do  MFT (Museu Fonográfico Tuneril).

[3] "Não para nós, Senhor, não para nós, mas para Glória de Teu Nome" - Salmo bíblico do rei de David e que constituía lema dos Templários.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Pouca Inteligência e muita parvoíce artificial

 Não há outra forma de o dizer.
Não bastava, já, termos  pacóvios encartados a derramar disparates sobre Tunas em Jornadas, sites e quejandos, que, agora, temos aquilo que seria um avanço científico ímpar a mostrar ser ainda mais idiota que aqueles que se acham suficientemente empossados para falar de Tunas com base em 3 cliques.


Como é possível tal regressão? Digo já, prefiro humanos ignorantes que se acham sábios do que humanos que acham sábios os resultados de uma inteligência ignorante.

Recordemos: Estud(i)antina é o termo pelo qual se conheciam os grupos populares (comparsas) que, no Carnaval, se disfarçavam de estudantes; grupos que, progressivamente, se converteram em pequenas orquestras.
Quando estas "comparsas" começaram a incluir estudantes, ganharam em prestígio.
Os estudantes, por sua vez, queriam distinguir as suas estud(i)antinas das demais poopulares e, por isso, começaram (alguns), a partir da década de 1870, a chamar-lhes também "Tuna". Durante largo tempo ambos os termso conviveram em simultâneo "Estudantina-Tuna de..." e foi preciso, em Espanha, esperar até depois da Guerra Civil para o termo Tuna ficar quase circunscrito a grupos escolares.
Mas a verdade é que o povo sempre adoptou o que achava mais em voga e, pro isso, rapidamente também começou a chamar de "Tuna" as suas pequenas orquestras de cordofones (fenómeno que se alastra e implanta mais rapidamente em Portugal).
Na verdade são termos sinónimos que dizem respeito ao mesmo.
Por isso NÃO! Tuna não é designação mais do âmbito popular e estudantina não é mais do âmbito escolar. Seria, até, precisamente o contrário [mesmo se o termo "Estud(i)antina" se refira naturalmente ao meio estudantil e aos estudantes].
As Estudantinas têm origem no foro popular e as Tunas começaram por ser estudantinas só de estudantes (pelo menos era essa a intenção).

Esta IA  parece-me ser mais um zurrado IÓ. 

Mas não fica por aqui. Quando se pede ao ChatGPT (versão gratuita) para elencar as obras e autores de referência sobre Tunas, chega a dar-nos um conjunto de títulos e nomes que nem sequer existem!
Fizemos essa experiência com outras IA e isso voltou a acontecer. Já não basta a IA não distinguir fontes credíveis que agora inventa obras e autores.


Entrando na "brincadeira", pediu-se que fornecesse mais títulos e respectivos autores. O resultado repetiu-se, com nomes fictícios.


Estão tramados os jovens estudantes que pretendam fazer trabalhos sobre tunas. 

Mas há esperança: a IA da Microsoft, a "Copilot" conseguiu apresentar muitos resultados correctos, embora inicialmente tenha também caído no erro de fornecer obras e autores inexistentes.


quinta-feira, 10 de abril de 2025

Tuna Universitária do Porto - um programa de 1937-38

 Há já algum tempo que tencionava aqui partilhar este livrinho que encontrei há alguns anos, nas minhas deambulações investigativas pela BNP (Biblioteca Nacional de Portugal) e que pode ser encontrado na secção reservada à música.
É um documento histórico de que só haverá cópia pública consultável nos arquivos do OUP e/ou Biblioteca Municipal do Porto.










quinta-feira, 3 de abril de 2025

Jornadas sobre tunas: a tradição do erro e falta de rigor.

 Não há como dizer de outro modo: repete-se o erro e a mediocridade nessas Jornadas que tinham tudo para serem uma referência, mas perderam toda a credibilidade.

E não é com um rodízio de nomes (37) para encher a pseudo "Comissão Científica" que isso é garante. Alguns poucos (nem meia dúzia) são estudiosos reconhecidos e com obra publicada, mas o resto não tem qualquer pergaminho na investigação sobre Tunas. Mais: de fonte segura se sabe que nenhuma comunicação ou apresentação  foi revista por essa "comissão" antes de ser publicada.



Isso é tanto verdade pelo simples factos de se repetirem erros grosseiros, como o de afirmar que as Tunas surgiram na idade média nas universidade de Coimbra e Salamanca. Uma afirmação falsa e sem sustento que é contradita por tunólogos que fazem parte dessa lista de nomes da "Comissão Científica", como Félix O. Sárraga (por exemplo na sua obra "Mitos y evidencia histórica sobre las tunas y estudiantinas", 2017), José Carlos Belmonte Trujillo (por exemplo na sua obra "Los Sones de la Estudiantina", 2022) ou Rui Filipe Marques (com "Tunas em Portugal - Espaços de construção, negociação e transformação social através da música", 2019).

Depois achar que as tunas "mantêm elementos históricos como hierarquias e rituais tradicionais" é falacioso, tendo em conta que a hierarquia centenária apenas existia na relação entre maestro e tunos (relação de trabalho) e, de forma colegial, com a existência de uma direcção (presidente, secretário, tesoureiro). Não existia qualquer outra hierarquia nem praxis nem rituais. Isso é coisa que surge em Espanha a partir dos anos 1950-60 e em Portugal a partir de finai sda década de 1980.
Afirmar que essa organização está frequentemente associada a valores de respeito é "de la Palisse", pois a relação de respeito sempre ocorreu na relação entre o maestro e os executantes (tunos) e com os cargos administrativos e não é um exclusivo de tunas.

Outra falácia e mentira é afirmar-se que a inclusão da mulher na Tuna (algo que sempre se registou desde o séc. XIX) promoveu a diversidade musical, como se fosse possível distinguir música feita por mulheres ou por homens! Diversidade tímbrica e alteração do objecto amado de mulher para homem é diferente de diversidade musical. Mais: afirma-se que a mulher na Tuna (ainda não perceberam que a Tuna não é uma realidade exclusiva do meio escolar) trouxe inovação... é só mesmo para engalar e "encher chouriços", porque não trouxe inovação alguma.

Mas quem não tem que dizer costuma gostar de "regar".

Interessante, igualmente, é a bibliografia do artigo (escolhemos apenas um) que, salvo prova em contrário, nem sequer existe:

Cáceres, M. T. (1999). La Tuna: Tradición y Cultura Universitaria. Madrid: Ediciones Akal. Nada se encontra na Net nem no site das edições Akal (nem mesmo no elenco de livros de Tunae Mundi)

Pereira, J. L. (2005). As Tunas Académicas em Portugal: História e Identidade Cultural. Coimbra: Almedina. Nada se encontra na Net nem sequer na BNP.

Silva, R. T. (2012). "Música, Tradição e Género: A Transformação das Tunas Académicas". Nada se encontra na Net nem sequer na BNP.

Revista Portuguesa de Musicologia, 7(2), 115-134. Nada se encontra na Net nem sequer no site da própria revista (pode apenas existir em versão em papel)

González, F. (2010). Tradiciones Académicas: La Tuna y sus Transformaciones Contemporáneas. Salamanca: Ediciones Universidad. Nada se encontra na Net nem no elenco de livros de Tunae Mundi)


Aliás é ver os temas apresentados e tratados nestas jornadas, ao longo destes anos para se perceber que se discute o "sexo dos anjos". Só falta falar da importância da roupa interior e da cor para uma boa actuação, o impacto do preço dos combustíveis no desempenho da tuna e outras ridículas temáticas.

Este é o 3.º artigo que se dedica a estas jornadas (depois de um em 2022 e outro em 2023). Optou-se por nada dizer em 2024, mas afirmar-se, em 2025, que as tunas nascem na idade média em Coimbra e Salamanca é vergonhoso e indigno de quem frequenta o Ensino Superior, ignorando as fontes e investigações mais recentes e disponíveis.
Infelizmente, é provável que mais artigos surjam, à velocidade com que nestas jornadas se debitam e valorizam disparates e fake news.


segunda-feira, 17 de março de 2025

Os 40 Anos da EUC - Estudantina Universitária de Coimbra

Serve este artigo para assinalar os 40 anos da EUC – Estudantina Universitária de Coimbra, fundada em 16 de Março de 1985, entre “copos e pevides”, e cujo alcance e importância, sobretudo na época do denominado “boom”, não tiveram igual.



É óbvio que sou obrigado a destacar alguns nomes que me são mais próximos, mas que são incontornáveis na história da EUC e aos ombros dos quais ela se alicerçou: António Vicente, o grande criativo e a quem se devem os temas mais famosos do grupo e Paulo Cunha Martins[1], uma figura que, até ao seu desaparecimento, foi transversal a várias gerações, mas sem esquecer, ainda, o António Manuel d’Oliveira e o meu dilecto João Paulo Sousa, a que acrescento também (embora de uma geração bem posterior) o António Neto.

São 40 anos de bem fazer e de um percurso semeado de sucessos, espalhados por cerca de 30 países em 4 continentes, seja pela televisão, rádio ou na sua discografia (7 discos e um DVD) e, especialmente, nos corações de quem gosta de boa música revestida de capa e batina.

Parabéns e obrigado, Estudantina Universitária de Coimbra, por 4 décadas inspiradoras e ricas, com votos de que venham muitas mais.



[1] Que colaborou com o MFT – Museu Fonográfico Tuneril.

sexta-feira, 14 de março de 2025

O direito à opinião não é respeitar-se a mesma ou quem a emite.

 Em matéria de factos investigados e estudados, a opinião que um qualquer arrivista dá não tem de ser respeitada nem sequer se tem de tolerar uma argumentação pejada de ignorância, erros e imprecisões. O "achismo" não é opinião, mas apenas verborreia escatológica.

Opinião válida será sempre aquela que se baseia em factos investigados, em fontes credíveis e com primazia para aqueles que produziram essas mesma investigação ou assentam o discurso nessas mesmas fontes.

Não merece qualquer respeito uma opinião discordante dos factos investigados, sem apresentação documentada e rigorosa do contraditório. Factos são passíveis de ser actualizados apenas mediante novos factos cientifica e historicamente comprovados.



A única coisa que deve ser respeitado é o direito que qualquer um tem de ter opinião e de a emitir. Infelizmente, com o advento das redes sociais, até o tolo da aldeia tem voz (como dizia Umberto Eco),quando antes era logo remetido á sua insignificância académica. É a credibilidade do emissor  e/ou do conteúdo suportado em factos reais que confere razão e fiabilidade na opinião dada.

Portanto, NÃO! A OPINIÃO DE OUTRÉM NÃO É ALGO QUE SE TEM NECESSARIAMENTE DE RESPEITAR!

Muito menos temos de respeitar quem a emite, se essa pessoa o faz assente em falácias, militante ignorância, evidente incompetência, e teimando em não considerar aquilo que assenta na verdade.

A única coisa a respeitar é o direito a ter-se opinião. Cada um tem o direito de achar a Terra plana; não pode é pretender fazer disso um facto científico e espalhar mentiras como sendo ciência e facto.

E já que se falou em verdade, dizer que também é falácia dizer-se que ninguém tem a verdade, pois cada um tem "a sua". É cliché bonito, mas falso!

O que é facto é que a verdade não tem dono, mas verdade há só uma, quando respeita a factos e a matéria objectiva.

Defender a verdade não é defender o que achamos, mas promover e zelar para que o que é factual assim seja considerado e preservado, independentemente de isso não nos agradar  ou colidir com as nossas crenças, valores, cultura, etc.

A verdade dos factos não é passível de interpretações que a deturpem. A verdade não se interpreta: constata-se.
O que se interpreta e tenta compreender é o contexto, as razões, contornos e consequências de essa verdade factual, mas jamais se pode, nem deve, distorcer - precisamente porque não somos donos da verdade; não nos é lícito outra postura que não seja apresentá-la ipsis verbis, tal qual.

Conhecer a verdade deve obrigar cada um a partilhá-la e a lutar por ela contra a "fake new", por questão de moral, de civismo, de honestidade.

Os que investigam estão mais perto dos factos, da verdade dos factos. Os demais ou confiam nos que estudam ou devem eles próprios aferir com rigor o que é dito pelos estudiosos. Quem prefere narrativas ficcionadas e vive do "diz que disse", é precisamente o idiota da aldeia que se alimenta de teorias conspirativas, de mitos e se acha talhado e com propriedade para ter uma opinião que deva ser ouvida!

Só que não! São precisamente esses a quem se deve dizer" Pára de regar e vai estudar!".

Outro problema é o que surge como consequência da propagação de mitos, imprecisões e falsidades, produzidas por imbecis encartados que se acham com propriedade para emitir opinião (por vezes em jeito de facto - sobretudo com o argumento do "certos estudos dizem" ou "segundo certos estudiosos", mas que nunca são apresentados) e se elevarem à condição de gurus, de opinion makers...de influencers, como se diz hoje.
Outros, igualmente desconhecedores são circunstancialmente colocados perante a necessidade de fornecer informações/opinião (nomeadamente em entrevistas) e não são capazes de recusar 5 min de fama, aproveitando esse tempo para derramar equívos, imprecisões, erros.

O grosso da comunidade estudantil/tunante segue que tipo de informação, que tipo de fontes? A mais fácil de consumir (tipo "Big Brother" tuneril), a mais fácil de reproduzir (o boato, o cliché...) ou faz por fazer escolhas mais criteriosas?

A resposta todos a conhecemos... é factual (note-se)!

domingo, 9 de março de 2025

O que é o CoSaGaPe ?

 O CoSaGaPe foi criado em 2003, como já pudemos AQUI retratar, em artigo dedicado de 2007, a sua génese.

É um grupo de investigadores portugueses e simultaneamente a editora pela qual publicam as suas obras e investigações.



É um grupo que, directamente (como colectivo) ou indirectamente (através de parte dos seus elementos) está hoje associado a diversas iniciativas e publicações:



BIBLIOGRAFIA




INSTITUIÇÕES / INICIATIVAS 


Os membros do CoSaGaPe protagonizam, colaboram ou estiveram associados a diversas iniciativas (para lá de conferências e palestras), de que se destacam as seguintes: