Diz um ditado árabe que "Para sustentar uma mentira são necessárias muitas outras" e nada mais adequado neste caso.
Em pleno séc. XXI, e já com tantas obras e artigos de investigação produzidos, nomeadamente, nas últimas 2 décadas, só mesmo alguém muito desatento ou por má fé pode continuar a acreditar e professar que a Tuna é uma tradição com origem na idade média, nos goliardos, trovadores ou sopistas.
Com efeito, nada disso corresponde à verdade e aos factos.
Não, a Tuna não tem 8 séculos de história (não tem sequer 2, ainda, já que as primeiras estudiantinas de estudantes surgem a partir de ca. 1840-50 e a introdução do termo "Tuna" para as designar é um processo que apenas começa a partir de 1870).
Aliás, nenhum dos que ainda vivem nessa ilusão consegue provar tal, se fizer o esforço de, com seriedade, comprovar documentalmente o que afirma.
Confundir o "correr la tuna" (mendigar) com Tunas é exercício intelectual inaceitável numa classe supostamente letrada, já que o "correr la tuna" nem sequer era um exclusivo dos estudantes, e muito menos estava relacionado com grupos musicais.
Confrontando a publicação feita no FB de Tuna España, com o site da Universidade de Salamanca(entre outros), fica claro que os factos não correspondem à verdade. |
Afirmar a existência de supostos documentos (que nunca ninguém viu nem apresentou publicamente) que provam a suposta existência de uma Tuna de um "Colegio Mayor"[1] de San Bartolomé, no séc. XIII, quando esse colégio só foi fundado no séc. XV (em 1401) é simplesmente ridículo.
Até uma criança sabe mentir melhor.
E quando isso é feito por gente adulta, com curso superior, só podemos dizer que até na mentira são incompetentes, o que se torna uma verdadeira estupidez.
Portanto, confirma-se o ditado que uma mentira nunca gera verdade, mas antes alimenta uma narrativa de "fake news", criada por mitómanos.
E nesse texto, excluindo o facto da notícia da infeliz da perda de um ser humano, tudo o resto ("La Tuna Universitaria de Salamanca es considerada la heredera de aquellos primeiros tunos bartolómicos") merece a mesma credibilidade, ou seja nenhuma.
Uma mentira repetida mil vezes pode levar muita gente a acreditar nela, mas nunca será verdade.
Nestas questões da história e evolução da Tuna, é preciso muito cuidado com o que ouvimos e lemos. Há mentiras cativantes e verdades monótonas, o que costuma confundir a razão.
Por esse motivo é que viver sem ler (ler o que é produzido por quem investiga) é perigoso, pois nos obriga a acreditar apenas no que ouvimos de pessoas sem qualquer credibilidade e sem obra que as credibilize, pessoas que, na hora de provar documentalmente o que afirmam, se remetem ao ensurdecedor silêncio que as compromete.
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