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segunda-feira, 17 de março de 2025

Os 40 Anos da EUC - Estudantina Universitária de Coimbra

Serve este artigo para assinalar os 40 anos da EUC – Estudantina Universitária de Coimbra, fundada em 16 de Março de 1985, entre “copos e pevides”, e cujo alcance e importância, sobretudo na época do denominado “boom”, não tiveram igual.



É óbvio que sou obrigado a destacar alguns nomes que me são mais próximos, mas que são incontornáveis na história da EUC e aos ombros dos quais ela se alicerçou: António Vicente, o grande criativo e a quem se devem os temas mais famosos do grupo e Paulo Cunha Martins[1], uma figura que, até ao seu desaparecimento, foi transversal a várias gerações, mas sem esquecer, ainda, o António Manuel d’Oliveira e o meu dilecto João Paulo Sousa, a que acrescento também (embora de uma geração bem posterior) o António Neto.

São 40 anos de bem fazer e de um percurso semeado de sucessos, espalhados por cerca de 30 países em 4 continentes, seja pela televisão, rádio ou na sua discografia (7 discos e um DVD) e, especialmente, nos corações de quem gosta de boa música revestida de capa e batina.

Parabéns e obrigado, Estudantina Universitária de Coimbra, por 4 décadas inspiradoras e ricas, com votos de que venham muitas mais.



[1] Que colaborou com o MFT – Museu Fonográfico Tuneril.

domingo, 30 de agosto de 2015

Panegírico a João Paulo Sousa

Hoje o meu panegírico destaca o João Paulo Sousa, conhecido no meio tunante viseense por "o mestre" e que, na verdade, dispensa grandes apresentações públicas, porque um dos nomes cimeiros do fenómeno tunante em Portugal e porventura o maior na cidade de Viriato.

Em 1888, integra a Secção de Fados da AAC e ingressa na E.U.C (Estudantina Universitária de Coimbra) em 1989, com a qual grava os discos “Estudantina Passa” (1989) e “Canto da Noite” (1992).
Em 1991, é fundador da Infantuna de Viseu, e membro do Conselho Artístico até 1995, onde é também Presidente da Assembleia Geral.

Autor e compositor, encontramos os seus temas no “Indo Eu”, disco editado pela Infantuna em 1995 (e onde encontramos a sua voz de solista nos conhecidos temas "Ai, Viseu" ou "A Tua Canção"), bem como  nos CD editados pelo Grupo de Fados, “Toada Coimbrã”, onde se destaca o tema “Balada do 5.º Ano Jurídico de 89”, sucesso maior das baladas de despedida, que eleva o seu nome ao Olimpo do imaginário académico.
É Membro de Honra da Tuna de Arquitectura de Valhadolid e foi membro da administração do portal PortugalTunas.
Membro colaborador do Museo Internacional del Estudiante, foi orador no II, III, IV ENT - coordenando a organização deste último -  bem como na V e VIII edições.
Em 2002, lança o Livro “10 Anos de Infantuna” onde ensaia os primeiros estudos sobre o fenómeno tunante.
Tem integrado diversos júris em certames por todo país, sendo presidente do Júri do FITUV, em cuja organização participa desde início.
Natural, por isso, encontrar o seu nome entre os autores do "Qvid Tvnae? A Tuna Estudantil em Portugal", primeira obra nacional sobre o fenómeno, história e evolução das Tunas em Portugal.

Muito mais haveria certamente para dizer, da sua rica e diversificada actividade artística e cultural fora do âmbito das tunas, mas o leitor fica já com uma ideia de estarmos perante outro incontornável da história tunante em Portugal dos últimos 30 anos.

Daria para vários parágrafos contextualizar e explicar o como e quando nos conhecemos. Vai para mais de 2 décadas e atalharia dizendo que, durante longo tempo, éramos algo como "o cão e o gato".
Com efeito, fruto das rivalidades tuneris locais e dos juízos de valor feitos mais na base do "dizem que" ou "parece que", ambos ressentíamos uma certa urticária um para com o outro, isto apesar de, factualmente, nunca termos, nesses tempos idos dos anos 90, privado um com o outro de modo a descartar quaisquer mal entendidos que houvesse.
As rivalidades acirradas entre grupos (ele na Infantuna e eu na Tuna da UCP e Real Tunel) promoveram sempre, deste lado de cá, a ideia de um João Paulo como sendo um sobranceiro "lobo mau" e, certamente, do lado de lá, a ideia de outro sobranceiro garnizé.

Estranho, portanto, que após anos de soslaios juízos mútuos e de, a priori, estarmos irremediavelmente votados a militar em campos opostos (por vezes antagónicos) de actividade tunantesca, viéssemos a firmar uma amizade acima das iniciais e infantis querelas que se alimentavam, no despontar do fenómeno tuneril em Viseu ainda muito imaturo.
Estranho, fundamentalmente, em alguns sectores dos nossos respectivos círculos de amigos e grupos tunantes, onde cada um estava já devidamente rotulado e catalogado. Mas a verdade é que o tempo e a maturidade adquiridas trocaram as emancipações pueris por uma visão mais ecuménica, levando a uma paulatina aproximação entre "facções", dos nossos grupos, sobrepondo-se as amizades que existiam, e eram comuns, às desconfianças e rótulos precipitados ou inadequadamente atribuídos.


E essa aproximação, iniciada nos ENT, teve como epílogo o contexto do "Qvid Tvnae?", quando, com o Ricardo Tavares, e sem hesitar sequer, apontámos, cada qual, a pessoa que melhor completaria a equipa para a aventura de investigar e publicar um livro sobre a origem e evolução da Tuna; o Ricardo com o nome do Eduardo Coelho e, da minha parte o João Paulo.

Uma amizade que traz em si uma importantíssima lição de vida, quanto a emitir juízos de valor dogmáticos sobre outrem, sem o conhecer pessoalmente (coisa que implica tempo, contacto e convívio regulares). Se muitas vezes as primeiras impressões são acertadas, muitas outras são passíveis de redundar em erro. Foi o caso. Ainda bem, contudo, que tal lapso foi remediado e que tenho a honra, privilégio e alegria de ter o João Paulo como um grande amigo; uma amizade forjada a ferro e fogo, e de que muito me orgulho. Por vezes é mesmo bom realizarmos que estávamos errados e espero poder continuamente compensar a nossa amizade por anos de pueril desperdício.




João Paulo Sousa nunca foi uma pessoa consensual, fruto da sua inquebrantável firmeza de convicções, da sua coerência e da sua desarmante  frontalidade (num tempo onde se troca tão facilmente isso por hipócritas meias tintas). Há quem não goste dessa verticalidade, mas muitos, como eu, admiram esses traços de carácter e preferem a honesta franqueza a camaleónicas prestações teatrais, independentemente da forma.
E os grandes homens dificilmente são consensuais; conheço poucos, aliás. E os grandes não têm de ser perfeitos, mas as suas virtudes e qualidade superarem, de longe, as suas imperfeições, como é o caso.

Este meu encómio ao JPS é igualmente um tributo à amizade que se conquista, o reconhecimento do seu percurso como Tuno (quando tal nem sempre é assim visto por outros mais devedores), como figura de proa do negro magistério e um agradecimento muito pessoal por aquilo que também sou, graças a ele.





terça-feira, 2 de julho de 2013

Panegírico a António Vicente



ANTONIO JOSE JACINTO POCINHO VICENTE

É, sem qualquer sombra de dúvida, uma das figuras mais proeminentes do fenómeno tunante , nomeadamente da sua primeira década, desde o "boom tunante" ocorrido nos anos 80 do século passado.

Jurista de profissão, é na guitarra, no fado/canção de Coimbra que encontra o seu alfobre, no qual espelha todo o seu virtuosismo lírico e poético, compondo temas de ímpar beleza que podemos deleitar-nos a ouvir nos vários trabalhos editados no âmbito do prestigiado grupo Toada Coimbrã (a que já fiz referência neste blogue).

Se nele reconhecemos, nomeadamente nestes últimos 25 anos um dos expoentes maiores do fado de Coimbra (como autor/compositor), é no âmbito tunante que o seu nome é projectado exponencialmente.

António Vicente é um dos fundadores da E.U.C., cujos temas, constantes no seu CD "Estudantina Passa", correm o imaginário tunante nacional, foram precursores e impulsionadores do boom das tunas, servindo de modelo musical para muito do que se viria a fazer posteriormente.

Muitos dos temas (a esmagadora maioria) saíram da sua inesgotável inspiração e capacidade criativa (só ao alcance de um "fora de série"), tendo feito parte, em determinada altura, do repertório de quase todoas as tunas, senão todas, do país, e não só. Quem nunca tocou o Afonso, Assim mesmo é que é (a "Rapariga"), Nostalgia, entre outros?


Mas se os temas do primeiro trabalho discográfico da Estudantina de Coimbra são património histórico das tunas, não é menos verdade que o seu 2º CD, "Canto da Noite", também popularizou outros tantos temas, onde o nome António Vicente aparece incontornavelmente (como o caso da Tentação, para só citar um).

Pessoa afável e simples, de uma alegria e boa disposição sui generis, tem nos seu cabelos já mais brancos que grisalhos o testemunho de muitas histórias que dariam, certamente, muitos argumentos para uma redacção auto-biográfica (fica o desafio).
Quem o pôde ouvir no IV ENT de Viseu, certamente que terá gostado do seu modo denotativo, claro e objectivo de percepcionar a Tuna, algo que os "adeptos das modernices tunantes" terão, em breve, oportunidade de reflectir nas actas desse congresso (que estão, segundo sei, quase a chegar-nos às mãos).

Nós, por cá, continuamos a estimar o legado e património que nos vai deixando, gratos por tudo quanto tem dado à arte e à música estudantil.

António Vicente é um dos grandes da galeria de ilustres tunos da nossa praça, com uma obra que perdurará, com certeza, para além das nossas breves existências.


Eis, aqui, apenas alguns temas (pois são muitos mais) da sua autoria:


AFONSO
AGUAS DO DAO
AMOR A COIMBRA
ASSIM MESMO E QUE E
BALADA DA DESPEDIDA RECITA DE QUINTANIST
BALADA DE MAIO
BALADA DESPEDIDA DO 5 ANO JURIDICO 1990
BOEMIA
CANTAR AO DESAFIO
DEDICACAO
ESTUDANTINA PASSA
FADO DO ADEUS (PENEDO)
FEIRA DE SAO MATEUS
NOSTALGIA
NOSTALGIA



Obrigado Vicente por tudo quanto deste e, pelo teu exemplo, nos fizeste dar.