sexta-feira, 30 de maio de 2025

PodcasTuna - um programa fora da caixa.

Estreou há 2 semanas um podcast único e inédito no mundo. Será , ao que tudo indica, o 1.º podcast produzido inteiramente por IA (Inteligência Artificial). Neste caso, um podcast em português (mas com legendas noutros idiomas) todo ele dedicado às Tunas/Estudantinas.

PodcasTuna é o seu nome e, pela amostra, está feito com critério e rigor (certamente fruto da utilização de programas que usam fontes fechadas e criteriosamente seleccionadas).


Uma emissão semanal (de curtíssima duração) que é transmitida exclusivamente no Youtube, todos os domingos às 15h00.

Cremos mesmo que podemos dizer que é um daqueles programas a não perder!

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Recordando o blogue TÚNICAS

 Não é de agora que alerto para o quão efémera é a informação na web e a necessidade de fazer memória, guardar informação e, se possível, partilhar.
Hoje venho recordar algo que, para muitos, será um feliz reavivar de memória; algo que "já nem lembrava"!

Falo do blogue TÙNICAS que, entre 2007 e 2013 nos encantou e animou com a dedicação e paixão tuneris que caracterizavam as suas duas administradoras, a Carolina Mendonça e a Gabriela Dias.
Durante esses 6 anos de intensa actividade, o blogue trouxe-nos notícias e impressões sobre o agitado mundo dos festivais de tunas, com reportagens e crónicas pormenorizadas que nos transportavam para os teatros, auditórios e palcos onde decorriam os certames tuneris.
Os artigos eram acompanhadas de fotos, a cargo do Bruno "Bakano" (hoje marido da nossa estimada Carolina).

Imagem do blogue, do 1.º artigo publicado (21 de Maio de 2007) e da equipa do Túnicas.


Mudanças de vida (pessoal/profissional) impediram a equipa de dar continuidade ao projecto e o blogue congelou em Maio de 2013, perdendo-se uma iniciativa que já tinha entrado no quotidiano da comunidade tuneril e colhido unânime carinho e aceitação.

Importava recordar aqui a Carolina, a Gabi e o Bruno, porque faz precisamente 18 anos que o blogue nasceu (e 12 que fechou portas) e havia que reconhecer o mérito e importância que a sua curta, mas marcante, existência significou para todos.

Obrigado pelo contributo e um abreijo amigo e saudoso.


segunda-feira, 5 de maio de 2025

25 Anos da Tuna Templária de Tomar

 Aquela que é conhecida por "Tuna Templária" (Tuna do Instituto Politécnico de Tomar) nasceu, como muitas outras, de uma soma de vontades e experiências em outras agremiações, já lá vão 25 anos.

Um grupo com alfobre no grupo de serenatas "Rosas Negras", e com o apoio da Tasca Cem Soldos[1], deu ao mundo uma das mais conhecidas e simpáticas tunas da nossa comunidade e cuja efeméride celebrou em gala evocativa, no passado dia 3 de Maio.


Dinamismo, saber fazer e saber estar são alguns dos atributos da Tuna Templária de Tomar, a qual certamente muitos já viram ao vivo ou mesmo na televisão (com aparições, por exemplo, nos programas da manhã), seja na festa de aldeia seja em certames pelo país (ou naquele que organiza anualmente desde 2003) ou conheceram através de um dos 3 CD que já editou[2].

A boa música e alegria contagiante são uma constante, assim como a sua figura maior que é o José Rosado, um dos seus fundadores, mas igualmente figura incontornável do panorama tunante, tendo, no passado, animado um espaço totalmente dedicado a tunas, na Rádio Cidade de Tomar (com o seu programa “Capas Negras”) e, desde 2003, sendo, a par de Ricardo Tavares, responsável pelo portal PortugalTunas (e seu canal de TV), cujo labor e importância dispensam adjectivos, para lá da sua participação nos ENT e como jurado em dezenas de festivais. É, sem sombra de dúvida, o embaixador, por excelência, da Templária.

Parabéns, pois, à Tuna Templária de Tomar, pelo quarto de século agora completado e votos de outros tantos anos assim: repletos de sucessos; e um bem-haja por tudo quanto deram e dão, sempre sob o lema  "Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini Tuo ad Gloriam"[3].



[1] Tasca que se situa na aldeia de Cem Soldos (freguesia da Madalena).

[2] E que estão repertoriados na página de FB do  MFT (Museu Fonográfico Tuneril).

[3] "Não para nós, Senhor, não para nós, mas para Glória de Teu Nome" - Salmo bíblico do rei de David e que constituía lema dos Templários.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Pouca Inteligência e muita parvoíce artificial

 Não há outra forma de o dizer.
Não bastava, já, termos  pacóvios encartados a derramar disparates sobre Tunas em Jornadas, sites e quejandos, que, agora, temos aquilo que seria um avanço científico ímpar a mostrar ser ainda mais idiota que aqueles que se acham suficientemente empossados para falar de Tunas com base em 3 cliques.


Como é possível tal regressão? Digo já, prefiro humanos ignorantes que se acham sábios do que humanos que acham sábios os resultados de uma inteligência ignorante.

Recordemos: Estud(i)antina é o termo pelo qual se conheciam os grupos populares (comparsas) que, no Carnaval, se disfarçavam de estudantes; grupos que, progressivamente, se converteram em pequenas orquestras.
Quando estas "comparsas" começaram a incluir estudantes, ganharam em prestígio.
Os estudantes, por sua vez, queriam distinguir as suas estud(i)antinas das demais poopulares e, por isso, começaram (alguns), a partir da década de 1870, a chamar-lhes também "Tuna". Durante largo tempo ambos os termso conviveram em simultâneo "Estudantina-Tuna de..." e foi preciso, em Espanha, esperar até depois da Guerra Civil para o termo Tuna ficar quase circunscrito a grupos escolares.
Mas a verdade é que o povo sempre adoptou o que achava mais em voga e, pro isso, rapidamente também começou a chamar de "Tuna" as suas pequenas orquestras de cordofones (fenómeno que se alastra e implanta mais rapidamente em Portugal).
Na verdade são termos sinónimos que dizem respeito ao mesmo.
Por isso NÃO! Tuna não é designação mais do âmbito popular e estudantina não é mais do âmbito escolar. Seria, até, precisamente o contrário [mesmo se o termo "Estud(i)antina" se refira naturalmente ao meio estudantil e aos estudantes].
As Estudantinas têm origem no foro popular e as Tunas começaram por ser estudantinas só de estudantes (pelo menos era essa a intenção).

Esta IA  parece-me ser mais um zurrado IÓ. 

Mas não fica por aqui. Quando se pede ao ChatGPT (versão gratuita) para elencar as obras e autores de referência sobre Tunas, chega a dar-nos um conjunto de títulos e nomes que nem sequer existem!
Fizemos essa experiência com outras IA e isso voltou a acontecer. Já não basta a IA não distinguir fontes credíveis que agora inventa obras e autores.


Entrando na "brincadeira", pediu-se que fornecesse mais títulos e respectivos autores. O resultado repetiu-se, com nomes fictícios.


Estão tramados os jovens estudantes que pretendam fazer trabalhos sobre tunas. 

Mas há esperança: a IA da Microsoft, a "Copilot" conseguiu apresentar muitos resultados correctos, embora inicialmente tenha também caído no erro de fornecer obras e autores inexistentes.


quinta-feira, 10 de abril de 2025

Tuna Universitária do Porto - um programa de 1937-38

 Há já algum tempo que tencionava aqui partilhar este livrinho que encontrei há alguns anos, nas minhas deambulações investigativas pela BNP (Biblioteca Nacional de Portugal) e que pode ser encontrado na secção reservada à música.
É um documento histórico de que só haverá cópia pública consultável nos arquivos do OUP e/ou Biblioteca Municipal do Porto.










quinta-feira, 3 de abril de 2025

Jornadas sobre tunas: a tradição do erro e falta de rigor.

 Não há como dizer de outro modo: repete-se o erro e a mediocridade nessas Jornadas que tinham tudo para serem uma referência, mas perderam toda a credibilidade.

E não é com um rodízio de nomes (37) para encher a pseudo "Comissão Científica" que isso é garante. Alguns poucos (nem meia dúzia) são estudiosos reconhecidos e com obra publicada, mas o resto não tem qualquer pergaminho na investigação sobre Tunas. Mais: de fonte segura se sabe que nenhuma comunicação ou apresentação  foi revista por essa "comissão" antes de ser publicada.



Isso é tanto verdade pelo simples factos de se repetirem erros grosseiros, como o de afirmar que as Tunas surgiram na idade média nas universidade de Coimbra e Salamanca. Uma afirmação falsa e sem sustento que é contradita por tunólogos que fazem parte dessa lista de nomes da "Comissão Científica", como Félix O. Sárraga (por exemplo na sua obra "Mitos y evidencia histórica sobre las tunas y estudiantinas", 2017), José Carlos Belmonte Trujillo (por exemplo na sua obra "Los Sones de la Estudiantina", 2022) ou Rui Filipe Marques (com "Tunas em Portugal - Espaços de construção, negociação e transformação social através da música", 2019).

Depois achar que as tunas "mantêm elementos históricos como hierarquias e rituais tradicionais" é falacioso, tendo em conta que a hierarquia centenária apenas existia na relação entre maestro e tunos (relação de trabalho) e, de forma colegial, com a existência de uma direcção (presidente, secretário, tesoureiro). Não existia qualquer outra hierarquia nem praxis nem rituais. Isso é coisa que surge em Espanha a partir dos anos 1950-60 e em Portugal a partir de finai sda década de 1980.
Afirmar que essa organização está frequentemente associada a valores de respeito é "de la Palisse", pois a relação de respeito sempre ocorreu na relação entre o maestro e os executantes (tunos) e com os cargos administrativos e não é um exclusivo de tunas.

Outra falácia e mentira é afirmar-se que a inclusão da mulher na Tuna (algo que sempre se registou desde o séc. XIX) promoveu a diversidade musical, como se fosse possível distinguir música feita por mulheres ou por homens! Diversidade tímbrica e alteração do objecto amado de mulher para homem é diferente de diversidade musical. Mais: afirma-se que a mulher na Tuna (ainda não perceberam que a Tuna não é uma realidade exclusiva do meio escolar) trouxe inovação... é só mesmo para engalar e "encher chouriços", porque não trouxe inovação alguma.

Mas quem não tem que dizer costuma gostar de "regar".

Interessante, igualmente, é a bibliografia do artigo (escolhemos apenas um) que, salvo prova em contrário, nem sequer existe:

Cáceres, M. T. (1999). La Tuna: Tradición y Cultura Universitaria. Madrid: Ediciones Akal. Nada se encontra na Net nem no site das edições Akal (nem mesmo no elenco de livros de Tunae Mundi)

Pereira, J. L. (2005). As Tunas Académicas em Portugal: História e Identidade Cultural. Coimbra: Almedina. Nada se encontra na Net nem sequer na BNP.

Silva, R. T. (2012). "Música, Tradição e Género: A Transformação das Tunas Académicas". Nada se encontra na Net nem sequer na BNP.

Revista Portuguesa de Musicologia, 7(2), 115-134. Nada se encontra na Net nem sequer no site da própria revista (pode apenas existir em versão em papel)

González, F. (2010). Tradiciones Académicas: La Tuna y sus Transformaciones Contemporáneas. Salamanca: Ediciones Universidad. Nada se encontra na Net nem no elenco de livros de Tunae Mundi)


Aliás é ver os temas apresentados e tratados nestas jornadas, ao longo destes anos para se perceber que se discute o "sexo dos anjos". Só falta falar da importância da roupa interior e da cor para uma boa actuação, o impacto do preço dos combustíveis no desempenho da tuna e outras ridículas temáticas.

Este é o 3.º artigo que se dedica a estas jornadas (depois de um em 2022 e outro em 2023). Optou-se por nada dizer em 2024, mas afirmar-se, em 2025, que as tunas nascem na idade média em Coimbra e Salamanca é vergonhoso e indigno de quem frequenta o Ensino Superior, ignorando as fontes e investigações mais recentes e disponíveis.
Infelizmente, é provável que mais artigos surjam, à velocidade com que nestas jornadas se debitam e valorizam disparates e fake news.


terça-feira, 18 de março de 2025

Recordando o blogue Tunos&Tunas

 Certamente que alguns recordar-se-ão, ainda, de um blogue cuja passagem meteórica pelo tempo não passou, contudo, despercebida.

Trata-se do blogue "TUNOS&TUNAS" (não confundir com o FB Tunas&Tunos), cuja actividade se iniciou em Março de 2008 e se findou em finais de 2010. 

O blogue "Tunos&Tunas" atribuía, semanalmente,
a distinção "Posta de Semana", a artigos publicados na web.

Um blogue cujo teor se caracterizava pelo humor, a ironia, a caricatura... num olhar sempre assertivo sobre a realidade e comunidade tuneril da época, pela mão do Tiago Alegre, Marcelo Trintão e Romeu Sereno.

Com humor (que alternava entre o soft e o negro), passava em revista o quotidiano e idiossincrasias da Tuna portuguesa, não esquecendo de esmiuçar e pronunciar-se, igualmente, sobre o que era produzido na web especializada (PortugalTunas e blogues que tratavam o fenómeno, entre outros).

Durou pouco, mas valeu o tempo que durou!

segunda-feira, 17 de março de 2025

Os 40 Anos da EUC - Estudantina Universitária de Coimbra

Serve este artigo para assinalar os 40 anos da EUC – Estudantina Universitária de Coimbra, fundada em 16 de Março de 1985, entre “copos e pevides”, e cujo alcance e importância, sobretudo na época do denominado “boom”, não tiveram igual.



É óbvio que sou obrigado a destacar alguns nomes que me são mais próximos, mas que são incontornáveis na história da EUC e aos ombros dos quais ela se alicerçou: António Vicente, o grande criativo e a quem se devem os temas mais famosos do grupo, e Paulo Cunha Martins[1], uma figura que, até ao seu desaparecimento, foi transversal a várias gerações, mas sem esquecer, ainda, o António Manuel d’Oliveira e o meu dilecto João Paulo Sousa, a que acrescento também (embora de uma geração bem posterior) o António Neto.

São 40 anos de bem fazer e de um percurso semeado de sucessos, espalhados por cerca de 30 países em 4 continentes, seja pela televisão, rádio ou na sua discografia (7 discos e um DVD) e, especialmente, nos corações de quem gosta de boa música revestida de capa e batina.

Parabéns e obrigado, Estudantina Universitária de Coimbra, por 4 décadas inspiradoras e ricas, com votos de que venham muitas mais.

sexta-feira, 14 de março de 2025

O direito à opinião não é respeitar-se a mesma ou quem a emite.

 Em matéria de factos investigados e estudados, a opinião que um qualquer arrivista dá não tem de ser respeitada nem sequer se tem de tolerar uma argumentação pejada de ignorância, erros e imprecisões. O "achismo" não é opinião, mas apenas verborreia escatológica.

Opinião válida será sempre aquela que se baseia em factos investigados, em fontes credíveis e com primazia para aqueles que produziram essas mesma investigação ou assentam o discurso nessas mesmas fontes.

Não merece qualquer respeito uma opinião discordante dos factos investigados, sem apresentação documentada e rigorosa do contraditório. Factos são passíveis de ser actualizados apenas mediante novos factos cientifica e historicamente comprovados.



A única coisa que deve ser respeitado é o direito que qualquer um tem de ter opinião e de a emitir. Infelizmente, com o advento das redes sociais, até o tolo da aldeia tem voz (como dizia Umberto Eco),quando antes era logo remetido á sua insignificância académica. É a credibilidade do emissor  e/ou do conteúdo suportado em factos reais que confere razão e fiabilidade na opinião dada.

Portanto, NÃO! A OPINIÃO DE OUTRÉM NÃO É ALGO QUE SE TEM NECESSARIAMENTE DE RESPEITAR!

Muito menos temos de respeitar quem a emite, se essa pessoa o faz assente em falácias, militante ignorância, evidente incompetência, e teimando em não considerar aquilo que assenta na verdade.

A única coisa a respeitar é o direito a ter-se opinião. Cada um tem o direito de achar a Terra plana; não pode é pretender fazer disso um facto científico e espalhar mentiras como sendo ciência e facto.

E já que se falou em verdade, dizer que também é falácia dizer-se que ninguém tem a verdade, pois cada um tem "a sua". É cliché bonito, mas falso!

O que é facto é que a verdade não tem dono, mas verdade há só uma, quando respeita a factos e a matéria objectiva.

Defender a verdade não é defender o que achamos, mas promover e zelar para que o que é factual assim seja considerado e preservado, independentemente de isso não nos agradar  ou colidir com as nossas crenças, valores, cultura, etc.

A verdade dos factos não é passível de interpretações que a deturpem. A verdade não se interpreta: constata-se.
O que se interpreta e tenta compreender é o contexto, as razões, contornos e consequências de essa verdade factual, mas jamais se pode, nem deve, distorcer - precisamente porque não somos donos da verdade; não nos é lícito outra postura que não seja apresentá-la ipsis verbis, tal qual.

Conhecer a verdade deve obrigar cada um a partilhá-la e a lutar por ela contra a "fake new", por questão de moral, de civismo, de honestidade.

Os que investigam estão mais perto dos factos, da verdade dos factos. Os demais ou confiam nos que estudam ou devem eles próprios aferir com rigor o que é dito pelos estudiosos. Quem prefere narrativas ficcionadas e vive do "diz que disse", é precisamente o idiota da aldeia que se alimenta de teorias conspirativas, de mitos e se acha talhado e com propriedade para ter uma opinião que deva ser ouvida!

Só que não! São precisamente esses a quem se deve dizer" Pára de regar e vai estudar!".

Outro problema é o que surge como consequência da propagação de mitos, imprecisões e falsidades, produzidas por imbecis encartados que se acham com propriedade para emitir opinião (por vezes em jeito de facto - sobretudo com o argumento do "certos estudos dizem" ou "segundo certos estudiosos", mas que nunca são apresentados) e se elevarem à condição de gurus, de opinion makers...de influencers, como se diz hoje.
Outros, igualmente desconhecedores são circunstancialmente colocados perante a necessidade de fornecer informações/opinião (nomeadamente em entrevistas) e não são capazes de recusar 5 min de fama, aproveitando esse tempo para derramar equívos, imprecisões, erros.

O grosso da comunidade estudantil/tunante segue que tipo de informação, que tipo de fontes? A mais fácil de consumir (tipo "Big Brother" tuneril), a mais fácil de reproduzir (o boato, o cliché...) ou faz por fazer escolhas mais criteriosas?

A resposta todos a conhecemos... é factual (note-se)!

domingo, 9 de março de 2025

O que é o CoSaGaPe ?

 O CoSaGaPe foi criado em 2003, como já pudemos AQUI retratar, em artigo dedicado de 2007, a sua génese.

É um grupo de investigadores portugueses e simultaneamente a editora pela qual publicam as suas obras e investigações.



É um grupo que, directamente (como colectivo) ou indirectamente (através de parte dos seus elementos) está hoje associado a diversas iniciativas e publicações:



BIBLIOGRAFIA




INSTITUIÇÕES / INICIATIVAS 


Os membros do CoSaGaPe protagonizam, colaboram ou estiveram associados a diversas iniciativas (para lá de conferências e palestras), de que se destacam as seguintes:

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

É o que temos - Emissão com alusão aos 20 anos do blogue

 Para quem gostar do tema Tunas e tiver uma horita para gastar.....







domingo, 9 de fevereiro de 2025

Da noção de "Tradição Tuneril" e do que é próprio à Tuna Universitária

 



Um breve artigo suscitado pela leitura de um regulamento de certame a realizar brevemente e a que tivemos acesso. Fixámo-nos num excerto específico que nos causou apreensão.

Fique claro que cada qual é livre de definir as regras do evento que organiza, mas do mesmo modo também se sujeita ao escrutínio de quem o lê.

Neste caso, são mais dúvidas e perguntas retóricas.

Comecemos, pois, pelo início.

Onde é que está provado  e documentado que a Serenata é a expressão máxima de uma Tuna Universitária? Na verdade, releva mais da narrativa ficcionada do “boom” de finais do século passado (o XX), e de uma mimetização importada de Coimbra (sobretudo das Serenatas de feição fadista (Serenatas Monumentais).

Depois, perguntar qual o sentido de desvalorizar um grupo que usa e abusa de instrumentos que não são próprios à Tuna ao invés de simplesmente dar zero. É que entra-se claramente no domínio do “acho que”, pois a desvalorização quantifica-se como? No código da estrada, a infração por pisar um traço contínuo é igual quer se pise ao de leve, parte, todo ou mesmo se passe o mesmo. Haja pois, coerência e verticalidade para assumir-se uma de duas opções: seguir a tradição quanto à instrumentação ou borrifar-se olimpicamente para a mesma. Encher a boca de "tradiçao tuneril" para depois fechar os olhos àquilo que a a infringe objectiva e dolosamente é qu enão!

Como hoje em dia quase ninguém quer saber de tradição para nada e só fica bem falar-se nisso para inglês ver ou para constar de regulamentos….. estamos conversados.

E nem de propósito a questão da "tradição".

Alguém pode explicar o que é isso de "respeitar o traje envergado no cumprimento da tradição tunante"? Qual tradição?

É que com a diversidade de trajes académicos existentes[1], a par com trajes próprio que algumas tunas possuem…. fica difícil saber o que a tradição tunante diz sobre Traje. É que não existe nada escrito nem definido sequer. Uma coisa é cada tuna respeitar a etiqueta académica (vulgo Praxe) quanto ao uso do traje (seja a definida pela instituição a que pertence seja a definida pela própria tuna quando o traje é próprio) e outra é supostamente haver uma qualquer norma oral/escrita sobre o tema que possa ser transversal a todos os trajes existentes.

Se querem tradição tuneril quanto a traje.... então voltem as tunas todas a usar o Traje Nacional e haverá um ponto comum a partir do qual se poderá encetar uma amena conversa e, até, desmascarar a multitude de regas sem fundamento histórico nenhum  que enchem  códigozecos de praxe de norte a sul do país (e que nem para limpar o rabo servem)!

Também se desconhece a associação entre originalidade e “Tradição Tuneril”, nem se percebe sequer o que isso quer dizer. Há graus ou limites à originalidade para caberem ou não na Tradição Tuneril? Se sim, quais? Onde é que é próprio da dita “tradição tuneril” e onde é que ultrapassa esse suposto âmbito? Ou afinal é só uma maneira bonita de embelezar o texto e no fundo acabar por ser como os jurados acharem?

Também não se percebe muito bem a questão da “correta distribuição da Tuna em palco” como característica inata à Tuna Universitária. O que é uma incorrecta distribuição, no entender deste regulamento? É que as tunas que vão a esse festival deveria saber para poder ajustar-se. Mas afinal….é coisa dúbia! Recordemos que há uns anos, uma tuna foi desclassificada (off the record) por ter "ousado" tocar com a primeira fila sentada. Ao que parece, no entendimento dos jurados de então, era uma distribuição/colocação incorrecta e contra a tradição (quando afinal nem era - e sobre o tema pode ler-se AQUI). Se, de repente, tocarem todos sentados, como foi norma, por cá, até á década de 1980? E se, por exemplo, decidirem dispor-se sem ser em filas? Creio que o leitor percebeu já o quão dúbia se torna a questão.

Como dúbia é a questão do cuidado visual. Isso traduz-se em quê exactamente? Se é para dizer que devem estar todos uniformemente trajados, que não devem apresentar-se de forma andrajosa, desrespeitosa… então sejam claros e explicitem-no, ao invés de remeter para o destinatário o dever de intuir o que significa, pois o que é lícito e normal para uns pode não ser para outros. E, uma vez mais, como se ajuíza isso? Pelos vistos….conforme cada jurado “achar”.

Haja maior cuidado na adopção de regulamentos escritos há muitos anos [e que deveriam merecer reflexão e actualização antes de ser adaptados - eventualmente com ajuda do(s) autor(es)], procurando que essas normas sejam claras para quem participa, sem espaço para demasiada subjetividade, como a que acaba por se criar quando se fala em conceitos como “Tradição Tuneril” sem que os próprios saibam bem em que consiste ou explicitem objectivamente o que entendem por isso. 

É que, se há 30 anos, havia uma certa uniformidade quanto ao entendimento daquilo que cabia na res tvnae (sabia-se, grosso modo o que era próprio à Tuna e à sua "tradição" e respeitavam-se limites consuetudinários), mesmo que com (muitas) imprecisões históricas, daí para cá a coisa tendeu a esfarelar-se e diluir-se num "no man's land" onde as coisas se fazem a "olhómetro" e os regulamentos são quase sempre ignorados (sobretudo por serem demasiado extensos e, em muitos casos, dúbios).

Fica o reparo.

 



[1] Nem vamos aqui voltar a referir o erro crasso de todos os trajes académicos inventados nos anos 90.


terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Centenário da Tuna de Perosinho (V.N. Gaia)

 Cumpriu 1 século a Tuna de Perosinho, inserida no denominado Grupo Musical da Mocidade Perosinhense.

Fundada em 1925, continua a apresentar uma enorme vitalidade, sendo a sua escola de música uma referência na região.

Como nunca é demais referir, Portugal é o alfobre das mais antigas tunas do mundo com actividade ininterrupta, sejam elas académicas sejam civis.


Foto do concerto realizado na  Casa da Música do Porto pela comemoração do Centenário da Tuna de Perosinho e dos 25 Anos da sua Escola de Música.


Foto do concerto realizado na  Casa da Música do Porto pela comemoração do Centenário da Tuna de Perosinho e dos 25 Anos da sua Escola de Música.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Estudiantina El Cid - Calexico Riverside City College /Calexico High School - Califórnia (EUA).

 Dois discos editados nos anos 1970 (não conseguimos apurar o ano exacto de cada um deles) por parte desta Estudantina "El Cid" fundada no ano de 1969 no liceu Calexico de Riverside (Califórnia).

Uma descoberta feita no eBay, espaço onde se vão descobrindo pequenos tesouros históricos sobre a diáspora do fenómeno tuneril.





sábado, 14 de dezembro de 2024

O Ano Tuneril de 2024

 Se tivesse de classificar o ano tuneril de 2024, diria que, de certa forma, foi um Annus Horribilis, dado que foram 5 as perdas ocorridas nas nossas fileiras tunantes.

Mas vamos à rápida crónica cronológica do ano de 2024[1].

O  primeiro destaque, logo em Janeiro, vai para o 20.º aniversário deste blogue, que começou por se chamar “Tunices”. São 20 anos de partilha de informações, investigações e opiniões sobre o fenómeno tunante a nível global. Outra efeméride do mês foram os 30 anos da VicenTuna.

O segundo destaque, já em Fevereiro, vai para o jantar anual do PortugalTunas, iniciativa que, desta vez, teve lugar na Covilhã, a assinalar mais um ano de existência e trabalho exemplar em prol da comunidade tunante. Merece igual atenção o 20.º aniversário da Tuna de Veteranos de Viana do Castelo, celebrados com pompa e circunstância[2]. Com mais 2 certames ficou o mês de Fevereiro arrumado.

Seguiu-se o mês de Março, onde, para além de certames já com mais de duas décadas, tivemos, logo nos primeiros dias, mais um edição das JIT (Jornada Internacionais de Tunas) e que, como infelizmente tem sido apanágio, pouco ofereceu em termos substantivos, dado o déficit qualitativo e de rigor científico, contribuindo, até, para a disseminação de informações falsas[3]. O grande destaque vai, naturalmente, para o lançamento de mais um CD, por parte da Estudantina Universitária de Coimbra, sob o título de “Mais Além”. Nunca época onde lançar um trabalho discográfico é já tão raro, há ainda quem agite positivamente as águas. Uma menção, ainda, ao 30.º aniversário da Tunapapasmisto do Instituto Politécnico de Portalegre



Abril, por sua vez, é mesmo de “festivais mil”, mas destacaremos 2 acontecimentos: a partida precoce do André Oliveira “Vegeta” (da Hinoportuna) e o concerto comemorativo dos 25 anos da Tuna Veterana do Porto[4]. Uma referência ainda ao FITUA que já vai na sua 32.ª edição.

Maio teve como destaque o 30.º aniversário da TFISEL, mas foi um mês ensombrado para a Hinoportuna que viu partir mais um dos seus elementos, com o falecimento do João Tiago Matos “Ervilha”. Um Annus Horribilis para os amigos de Viana, não haja dúvida.

Passadas as queimas, chegou Junho e com mais um acontecimento triste, já que partia mais um membro da nossa comunidade, o Celso Ribeiro “Trinca-Violas”, da Azeituna. O mês ainda viu a realização do III EITA (Encontro Ibero-Americano de Tunas Académicas), realizado em Guimarães[5]. Um ou outro certame mais e entrávamos em Julho com uma novidade relevante: o lançamento do livro “Os amigos da Tuna” da autoria do  João Velez e do João Correia, um livro infantil que também fará as delícias dos graúdos.

Agosto, mês de férias no mundo escolar, viu sinalizar-se o centenário da Tuna Musical de Anta, uma das mais antigas, em actividade, no mundo.

Setembro é sinónimo de regresso ao trabalho e reinício do ano lectivo. Um mês de que não teremos, certamente, saudades nenhumas. Apesar de se assinalar o centenário da Tuna Musical de Santa Marinha (Vila Nova de Gaia), sendo mais um exemplar das tunas mais antigas existentes, e de mais alguns certames, bem como o lançamento do CD da Cientuna - Tuna Feminina de Ciências do Porto, foi a partida inesperada e chocante do Afonso Gonçalves, um jovem tuno da anTUNia, de apenas 21 anos, filho do nosso conhecido tuno veterano Paulo Saraiva Gonçalves, da Tuna Veterana da Universidade Portucalense.

Se a partida de jovens tunos quarentões e cinquentões é sempre uma grande perda, quando isso acontece com a segunda geração, ou seja os nossos filhos, é catastrófico. Bastaria a partida do Afonso para o ano ser magnum horribilis, porque efectivamente na flor da idade, com uma vida promissora pela frente, porque tão injusta (como é sempre) a morte de alguém tão jovem.

Mudando um pouco a conversa, e para fazer de separador neutro na cronologia, mencionar a nova temporada do programa “Estrelas ao Sábado” (uma miséria “franciscana”) no qual as nossas tunas têm continuado a desfilar sem grande brilho (e sem noção desse impacto), diga-se. Mas o que creio muito pouco prestigiante e digno é andarem nas redes sociais a pedinchar televotos; até porque nem parece surtir grande efeito, como é um pouco caricato. É de perguntar se quem ali vai quer ser apurado por mérito artístico ou por populismo de likes[6].

Mas adiante.

Outubro chegou e com algumas novidades. Desde logo a criação do CITÂNIA, um novo circuito ibérico de tunas veteranas, destinado aos grupos do noroeste peninsular. Conquanto não constitua uma forma de apartheid, será mais uma iniciativa positiva. O tempo dirá das motivações e solidez da coisa.

Mas o grande destaque vai mesmo para a digressão conjunta da TUIST & Azeituna ao Brasil, quer pela dimensão do projecto quer pelo facto de suceder com dois grupos com nenhuma afinidade geográfica (Lisboa/Braga), prova de que o mundo tunante é capaz de calcorrear fronteiras e encurtar distâncias, quando não anda a morder a própria cauda. Também uma nota para os 114 anos da Tuna de São Paio de Oleiros, mais uma centenária instituição a provar que “velhos são os trapos”.

 De Novembro temos a lamentar mais uma perda, desta feita da Inês R. Muacho, antiga pandeireta da TAFUÉ, elevando para 5 as perdas sofridas pela comunidade tuneril portuguesa.  O mês viu ainda comemoradas a efeméride dos 30 anos da TunaMaria, da Tuna Afonsina, da Tuna Iscalina e da TFIST. Ainda a referir, com grande sublinhado, o XXVII Certamen Internacional de Cuarentunas, realizado em León, dada a sua dimensão incomum (24 tunas e cerca de 600 tunos participantes)[7] e porque parece ser cada vez mais importante dar a conhecer à nossa comunidade, sobretudo ao já considerável contingente acima dos 40, que é possível viver a Tuna sem ser apenas na tuna de origem (havendo formatos criados, precisamente, para uma vida menos disponível e com objectivos díspares dos grupos estudantis mais juvenis). O mês encerrou-se com a digressão ao Peru da Tuna da Universidade Lusíada do Porto e os 25 anos da TUALLE.

Dezembro trouxe-nos uma prenda de Natal agarrada às comemorações dos 30 anos dos GaTunos, com o lançamento do seu CD “A Fuga”.

No que concerne à (in)formação, não houve, este ano, publicação de livros/trabalhos de investigação por cá (mas houve um aqui ao lado[8], embora seja uma obra que vale apenas pelos dados mais contemporâneos que traz) e apenas a actividade do PortugalTunas, dos blogues do costume e do grupo “Tunas&Tunos” no Facebook foram garantindo algo mais, num mundo de posts efémeros, tão instagramáveis quanto voláteis (e, por isso, inúteis) . É mais um ano sem ENT[9] onde nem mesmo a realização de pseudo-iniciativas similares[10]  chegou para suprir esse hiato. Mais um ano onde reaparecem casos de praxismos, com Tunas desavindas com o organismo praxista lá do bairro e se vai constatando a enorme perversidade que se se regista, de norte a sul do país, na mistura de duas realidades não apenas díspares, mas funcionalmente incompatíveis e ridículas.

Não foi ano de boa memória, há que convir, e esperamos sinceramente, que o ano de 2025 possa trazer mais, sobretudo em qualidade e diversidade, e menos tragédias.

 

 


[1] E perdoar-me-ão, certamente, se omiti algo importante; que poderão, contudo, apontar, para atualização do artigo.

[2] Embora fundada em 2023, a sua 1.ª actuação ocorreu em 2024.

[3] Como aliás é possível confirmar em pesquisas na net sobre origem das Tunas, nomeadamente no Google Escolar, onde surge uma sucessão de artigos alojados no site do IPB que estão pejados de erros científicos e históricos graves (alguns dos quais já AQUI assinalámos)

[4] Oficialmente fundada em Janeiro de 1999.

[5] Onde o rico programa acaba por ser menos brilhante na parte das “jornadas culturais”.

[6] Quando a avaliação se baseia em quantos amigos se conseguem mobilizar para votar, tenham ou não visto a emissão e tenha a prestação sido boa ou medíocre… está tudo visto. O acto de andar a pedinchar votos é, a todos os títulos, ridículo, a meu ver e não beneficia a imagem pública da Tuna.

[7] É preciso recuar algumas décadas para encontrarmos eventos destes com tantos participantes.

[8]  O lançamento, durante o XXVII Certamen Internacional de Cuarentunas de León, do livro Ronda la Tuna – Estudiantinas y Rondallas leonesas, de Fernando Castañón Garcia.

[9] E talvez não fosse mal pensada uma edição online.

[10] Jornadas Internacionais em Bragança ou Jornadas Culturais em Guimarães.