Há
já muito que devo um artigo a Eduardo Coelho, porque estamos a falar de um dos
vultos maiores do pensamento tunante em Portugal e um dos mais ilustres e
reputados tunos da nossa praça.
Poderia
alguém interpor que há falta de isenção no critério de escolha, por se tratar
de um amigo.
Eu
responderia que não se trata apenas de um amigo, mas de um grande e fraterno
amigo e, contudo, independentemente disso, continuaria a ser um vulto maior da
Tuna em Portugal.
Prestar-lhe
este justo reconhecimento é não apenas tardio como justíssimo.
O
Eduardo começa a sua aventura tuneril em 1987, quando passa a integrar a Tuna
Universitária do Porto, da qual se torna director musical e Magister entre 1988
e 1993 (altura em que a TUP se torna a primeira tuna portuguesa a vencer um
festival fora de Portugal).
Autor
e compositor, o seu nome aparece associado às “Ondas do Douro”, tema que se
elevou à categoria de hino na academia portuense, consagrado no LP “Acordes,
harpejos… tainadas e beijos” (1991), participando igualmente nos CD “Tuna
Universitária do Porto — Um Percurso” e “Academia”. Ainda como integrante da
TUP, recebe informalmente a beca da Tun’América (Porto Rico).
Só
isso já é, está bom de ver, algo que ilustra um percurso notável.
Retirado
da vida activa da TUP, é co-fundador da
Tuna Veterana do Porto, em 1999, sendo um dos seus directores artísticos.
Tem
integrado o júri de diversos festivais, nomeadamente o do FITU “Cidade do
Porto”, ao qual já teve a honra de presidir, e em cuja organização esteve envolvido
desde as primeiras edições.
Eduardo
Coelho é um nome indissociável da comunidade tunante, reforçando tal como
pensador e estudioso destas matérias, com intervenções de aquilatado recorte literário que fez
durante anos no fórum do PortugalTunas, sob o cognome de "o
Conquistador". Natural, por isso, encontrá-lo entre os co-autores da
primeira obra sobre a Tuna em Portugal, "Qvid Tvnae? A Tuna estudantil emPortugal".
Porque
um reputado conhecedor da res tvnae, participa no IV e VIII ENT (Encontro Nacional
de Tunos), como orador, sendo um dos autores do Manifestvm Tvnae.
É
membro colaborador do Museo Internacional del Estudiante e do Tvnae Mvndi,
ultrapassando assim o reconhecimento das suas qualidades além fronteiras.
O
currículo do Eduardo não se esgota no âmbito tuneril, porque também muito
haveria a descrever e referir no âmbito do fado académico, da Praxe e Tradições
Académicas, no OUP, entre outros. Mas ficando a coisa só no contexto da Tuna,
basta para atestar o que acima disse: estamos perante um tuno com um percurso
de referência.
Foi
no contexto do "Qvid Tvnae?" que o conheci pessoalmente, o que veio
reforçar ainda mais a admiração e estima por tão insigne pessoa.
Um
mestre cujo conhecimento é proporcional à sua enorme humildade, um homem que sabe
estabelecer pontes, um vulto ímpar a quem muito deve a comunidade tunante.
A
sua clarividência, a sua enorme bagagem intelectual, o rigor, a capacidade de
escutar, mas também a firmeza da sua verticalidade e uma incomum capacidade
argumentativa, baseada no seu vasto repertório de experiência e estudo apurada, são traços que não deixam indiferente quem com ele cruza dois dedos de
conversa, especialmente quando o assunto são tunas ou tradições académicas. E
quando abre a boca, faz jus aos seus cabelos brancos e é um deleite ouvi-lo (como recentemente no TUNx) ou ler o que redige.
Contas
feita, apesar de o ter conhecido apenas há coisa de uns 10 anos, é como se
fosse, já, um daqueles amigos de sempre, de infância, fazendo parte daquela
família que escolhemos, daquele restrito grupo de pessoas que passam a
fronteira de conhecidos ou colegas: os amigos de/para sempre.
Presto
essa singela homenagem, porque elas se fazem em vida, ainda no seu vigor todo,
num tempo onde se tornou (mau) hábito só fazer o reconhecimento devido depois
de partirem.
Obrigado,
Eduardo, por aquilo que és e pela amizade dispensada e por aquilo que também contigo aprendi, e aprendo.
1 comentário:
Bem... nem sei que dizer... senão que me sinto sensibilizado por tão grande manifestação de afecto. Sinceramente, não me revejo nas capacidades que me são atribuídas no artigo. Agradeço e retribuo a amizade, esforçando-me todos os dias para a merecer. Por favor, não me coloquem mais peso, que os meus pobres pés de barro mal aguentam o que já têm...
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