Começa
logo mal ao caracterizar a Tuna como um estilo musical. Além de ser uma heresia
científica (devem bradar aos céus os musicólogos e etnomusicólogos), é uma
afirmação que não encontra suporte em nenhum estudo.
Tuna é uma tipologia orquestral definida em função dos instrumentos utilizados, pertencendo à grande família das orquestras de plectro.
Não sendo um estilo musical, também não existe “música de Tuna”, mas uma
sonoridade própria, decorrente quer do leque instrumental usado quer de uma
tradição existente no meio tunante que cultiva mais certos géneros musicais em
detrimento de outros (mas sem fronteiras dogmáticas).
Com efeito, e são informações
públicas e acessíveis na Web, Tuna é uma tipologia orquestral definida pelo
leque dos instrumentos que a compõem, dentro daquilo a que se designam de
orquestras de plectro, e não em função da música tocada.
Depois, essa afirmação tão incauta de
caracterizar as Tunas como grupos que tocam canções populares de inspiração dos
cancioneiros regionais, do fado e (mais recentemente) da música contemporânea.
É uma afirmação redutora e que
evidencia aquilo a que se chama “falar de cor”. É que nem sequer balizam a cronologia a que se reportam.
A Tuna/Estudantina, desde o séc. XIX,
toca o que está na moda, sendo que durante bem um século, é a música erudita (música
clássica, excertos de ópera...), polkas, habaneras, mazurcas, jotas, “aires populares”... e composições próprias, que são
o centro do repertório, numa configuração quase exclusivamente instrumental.
Na nossa época tuneril contemporânea, há música popular de cancioneiros regionais? Há, especialmente nas Tunas
populares, mas muito menos presentes nas Tunas académicas. Há fado? Há, mas
também em proporções limitadas (com mais enfoque em algumas, poucas, Tunas, como a
TUIST, no virar do séc. XX para o XXI). Há música contemporânea? Há, mas
conviria precisar exactamente de que se está a falar.
O que foi omitido foi o grande
mergulho na denominada música ligeira portuguesa, a par da importação de temas
latino-americanos.
Não basta citar a obra QVID TVNAE na
bibliografia, quando é para tecer considerações que a própria obra não permite
(ou não foi lida ou não foi devidamente compreendida), pelo que sugerimos a (re)leitura das páginas 249-259
e 301-306.
Depois apenas algumas
inconsistências, quando se refere que se pode adaptar uma música sobre a vida
no campo e colocá-la a versar sobre a experiência de estudar numa universidade,
dando como exemplo o “Sempre Bragança” e “Coração de Estudante”, apresentados
como originais da RaussTuna. Se é uma adaptação, como pode ser dado como sendo um
tema original?
Por fim, afirma-se que uma das formas
de preservar e divulgar a música tradicional transmontana pode passar por
introduzir novos elementos e estilos, mantendo a sua essência original. Ora não
se percebe esta confusão, pois se são introduzidos novos elementos e estilos,
como é que isso é preservar um tema tradicional? Não é preciso ser musicólogo
para perceber a incoerência do que é afirmado.
2- O painel/poster seguinte é denominado de “As
Tunas Portuguesas e Sul Americanas: aspetos culturais diferenciadores”.
Aqui não se percebe a afirmação de
incluir o Canadá como um dos países com maior tradição tuneril, pois, na verdade,
e sobretudo em termos escolares, não possui tradição alguma.
Aliás, também é de questionar a
inserção do Peru na lista (com quase nenhuma tradição, face a muitas outras de esse continente), em detrimento, por exemplo, da Colômbia. Mas lá
está, quando se fala de cor e daquilo que não se domina….
Mas o que é verdadeiramente inaudito
é a pretensão do título do painel, pois pegar em 2 tunas (uma portuguesa e
outra do Peru), pode até ser interessante para estabelecer diferenças e
similitudes entre essas duas, mas nunca para passar a ideia que serve para
estabelecer aspectos culturais diferenciadores entre tunas portuguesas e tunas sul-americanas.
O título do painel é, pois, enganador, e nem mesmo no conteúdo específico
cumpre, já que, até na realidade peruana, há aspectos que nem sequer foram
referidos.
Não é, aliás, a primeira vez que, neste tipo de jornadas, são apresentados painéis
a procurar caracterizar a Tuna como fenómeno, partindo apenas do exemplo de uma
tuna (e sempre a da casa, note-se).
Para quem pretende que um evento
deste tipo se revista de cariz académico-científico, deixa muito a desejar a
falta de rigor dos intervenientes deste tipo de painéis e a “metodologia
científica” utilizada, sendo que não passa despercebida a ausência de bibliografia
e fontes credíveis.
Afinal existia um júri e um "comité científico" para quê?
3- O painel seguinte tem por título “Tuna
Porquê? A origem do nome Tuna!”.
É uma salganhada completa.
Nota-se uma tentativa de resumir o
que está na obra QVID
TVNAE (pp. 65-84), mas lacónica ao não conseguir explicar que há teorias
totalmente descabidas e que apenas uma tem suporte filológico, linguístico e
histórico (Thune – mas sem explicar o fio condutor para chegar a Tuna). Chega, até, a citar mal Bluteau,
no seu Vocabulario Portuguez e Latino, pois nesse dicionário não
existe nenhum termo “correr la tuna”, mas apenas “Tuna” (com o significado de
andar à tuna, andar manganeando, manganear, tonante).
Aliás, não apenas faz erradamente essa referência como cita esse dicionário, na
bibliografia, de forma incompleta (o que deixa claramente perceber que não
foi lido, apesar de se incluir para parecer bonito).
Algo bem feito começaria desde logo
por tentar explicar que o termo Tuna é repescado em finais do séc. XIX, para
denominar as estudiantinas compostas exclusivamente por estudantes (algo
que, como sabemos, acabou por não resultar e ser igualmente adoptado pelas
estudantinas civis).
Teria sido pertinente explicar que o
termo Tuna não é do foro exclusivamente escolar e que a sua escolha teve
como intuito não apenas distinguir estudantinas escolares das demais, como colar
à Tuna um pedigree de qualidades romanceadas, essas sim, ligadas ao “correr la
tuna” (correr atrás de esmola), de forma a vincar ainda mais a diferença dos
grupos estudantis (que, na verdade, em nada se assemelhavam, no modus vivendi/procendi,
aos que “corriam a tuna”).
As Tunas não têm origem nem filiação
histórica na palavra Tuna nem no “correr la tuna”, mas nas estudiantinas.
Pegaram numa designação que ainda povoava o imaginário popular (onde a figura
do estudante, pelo seu prestígio e foro próprio, assomava acima dos demais
pícaros e desgraçados que andavam à cata de esmola), para "re-baptizar as suas estudiantinas.
A busca desenfreada por procurar tunas, como grupos musicais, na literatura de antanho, partiu da premissa errada de que havia de factos tunas antes do século XIX, no fundo como quem procura encontrar um automóvel no séc. XIII, considerando válido encontrar-se carroças puxada por bois como antepassado de uma viatura movida autonomamente (a vapor, primeiro, e com motor a combustão, depois).
O que se passou, sobretudo por influência
do regime franquista, em Espanha, foi a imposição de uma narrativa brasonada,
para conferir antiguidade a uma das formas culturais (a par com o folclore) que
a ditadura queria que servisse de propaganda pró-regime (e quanto mais antiga,
mais respeitável). A ideia dos tunos em peditórios de rua (o “parche”) ou
cultivando ideias romanceadas da hidalga e romântica Espanha de capa e espada, favoreceu a
criação de mitos, como os dos 8 séculos de tradição.
4- O painel/poster que se segue apresenta-se
com o título “A Importância e imagem das tunas na comunidade do IPB”.
Sobre o tema em si, nada temos a
apontar, pois é uma realidade que certamente quem tratou do tema conhece bem
melhor que nós.
O que aqui se aponta é apenas o
descarado plágio à obra QVID
TVNAE (p.84).
Não basta colocar a obra na bibliografia,
quando o que temos pela frente é uma transcrição directa, sem começar, por
exemplo, “segundo/de acordo com QVID TVUNAE….” ou algo do género, e colocando o
excerto entre aspas (como mandam as mais elementares regras).
Estamos a falar de alunos
universitários, caneco! É uma falha que nem a alunos mais pequenos se admite,
quanto mais a quem cursa o ensino superior.
Onde estava o dito júri, o "comité científico" ou a organização, ao permitirem a publicação nestes termos?
5- Segue-se o painel/poster chamado “A
Integração das tunas no tecido institucional e socia das regiões”.
Um tema pertinente onde quem assina
este painel começa por afirmar que a integração das Tunas nas regiões e
localidades tem sido um processo gradual. Ainda neste tema (e cujas partes em
análise estão a laranja), traçam por objectivo o de enumerar alguns desafios
que se colocam a essa integração, pegando numa tuna, a RaussTuna, como exemplo
para demonstrar que os resultados obtidos permitem concluir que as Tunas têm
adquirido maior conhecimento e aceitação a nível social e se regista um aumento
do interesse da população pelas tradições e cultura portuguesas.
Uma vez mais, estamos aqui perante
algo inconsistente. Então, pega-se numa tuna e generaliza-se o seu contexto ao
resto do país? Nem que pegassem numa tuna com 30 anos conseguiriam essa transposição, quanto mais!
Mais uma vez o erro já apontado no
passado: pretender caracterizar a Tuna a partir de um exemplo local.
Nenhum académico no seu juízo
perfeito, nem qualquer pessoa com dois pingos de senso, pode dar crédito e este tipo de metodologia primária e conclusões
enviesadas daí decorrentes.
A economia intelectual dá nisto.
Que se queira tirar conclusões de um
estudo local, para caracterizar um objecto concreto de esse mesmo contexto geográfico,
muito bem. Que se tenha a presunção de dar a conhecer a Tuna portuguesa a
partir de um exemplo apenas, num universo actual de cerca de 300 tunas académicas e
quase uma centena de civis……
a sério, isto só a brincar!
Já agora, até mesmo as conclusões são
altamente questionáveis sobre a dita aceitação das Tunas. Quem viveu e conheceu
o fenómeno, e o tem acompanhado, diria até o contrário, face ao que foi a
preponderância social da Tuna nos ano 90 do séc. XX
(para não falar no 1.º boom de tunas do virar do séc. XIX para o XX), mas que
foi perdendo nos anos seguintes.
O outro ponto em questão, assinalado
a vermelho, prende-se com esta afirmação de que as Tunas surgiram como grupos
de estudantes universitários que se reuniram para tocar música tradicional
portuguesa e outros originais das mesmas.
Bem… a primeira coisa que nos merece
perguntar é como é que, sendo quase todos (senão todos) os palestrantes
(autores destes painéis que aqui analisamos) elementos da mesma academia tunante, surgem definições tão díspares sobre o que é uma Tuna e quais as suas origens
históricas? O "comité científico" estava a dormir, ao aceitar formulações científicas diferentes, sobre algo que não é passível de tal, num mesmo evento em que, supostamente, deve analisar com rigor o que dele vai ser publicado?
Com que então as Tunas surgiram como
grupos de estudantes universitários!?
Não, isso é absolutamente falso!
Desde logo, tudo começa nas estudiantinas,
um dos vários tipos de comparsas que se constituíam para as festas de máscaras,
e apenas no foro civil (só mais tarde os estudantes aderem).
Depois, nem sequer eram exclusivamente universitários (como nunca foram – nem sequer
quando passam essas estudantinas a chamar-se de Tuna). Em Portugal, as
primeiras Estudantinas e as primeiras Tunas nem sequer são universitárias, nem
sequer escolares.
E quando aparecem não é a tocar música
tradicional portuguesa (nem sequer as tunas populares).
A única coisa que se "safa" na frase é
a parte em que se fala em originais feitas pelas próprias (neste caso pelos
maestros das mesmas, havia que precisar).
Lamentável que este tipo de
afirmações apareça ainda em trabalhos académicos (só isso levaria qualquer
professor a dar zero sem ler o resto), sobretudo quando, no ano passado, nessas
mesmas jornadas foi, por nós, apresentada uma
comunicação sobre o tema.
Parece que, de umas jornadas para outras (ou dentro da mesma), é aceitável que uns defendam cientificamente que a terra é redonda e, depois, outras defendam que é plana, e outros, ainda, que é semi-redonda, com igual "laissez faire, laissez passer".
Para um evento que se propõe a ser "científico", algo ficou pelo caminho.
6- O painel/poster seguinte versa sobre “Música
Tunae: o que a caracteriza”
Tal como referimos no painel n.º 3,
não existe música de Tuna. Existe sim, sonoridade própria à Tuna, em função do
leque que a define enquanto orquestra de plectro.
Mas o que se torna grave é a
afirmação de que se pode estabelecer relação entre a música de Tuna e a música
folclórica que se originou nas Universidades de Salamanca e Alcalá de Henares.
Qualquer musicólogo ou etnomusicólogo
ficaria com suores frios só de ler esta heresia.
Música folclórica com origem na
Universidade?
Sabem os autores desta barbaridade
que se há figura ausente do folclore e etnografia é precisamente a figura do
estudante?
Não, meus caros, não apenas não há relação nenhuma com o repertório
usado pelas estudantinas/tunas de antanho como não assenta no folclore, e muito
menos em suposta música feita em universidades.
Fica a curiosidade em saber de onde
vem a referência a Alcalá de Henares, quando as primeiras estudantinas/tunas a
surgir em Espanha nem sequer aí se encontram.
Portanto, afirmar que as músicas têm
por base progressões de acordes utilizados no folclore tradicional é uma
aberração absoluta.
Do mesmo modo que pretender que há
ligação a “vilancicos” é mesmo de quem fala sem saber, sem nenhum suporte que o
corrobore (com efeito, é mais um painel sem qualquer referência a fontes
bibliográficas).
Dizer que o estilo evoluiu para
reflectir a cultura e tradições únicas dos estudantes universitários é outra “broma”
sem nexo, até face o que se conhece do repertório executado ao longo de mais de
um século; e nem mesmo na actualidade se pode fazer tão peremptória afirmação, já
que mesmo os temas cuja letra versa a vida estudantil (que aparecem sobretudo a
partir dos anos 1960, em Espanha, e dos anos 1980, em Portugal), não são
maioritários e não possuem nenhum estilo musical próprio (são marchas, valsas…).
Outra falácia é afirmar-se que as
tonalidades mais usadas nas Tunas são Dó, Ré e Lam. Foram estudados e analisados
todos os temas tocados pelas Tunas, desde há mais de um século (ou mesmo só nos últimos 40 anos), para se chegar
a tão catedrática certeza? Obviamente que não! Pode até ser verdade (pelo menos
desde o “boom” do séc. XX, a nível universitário), mas carece de prova. O “penso
que” e o “achismo” não podem caber num trabalho académico e muito menos pegar
numa pequena amostra para generalizar (pecado recorrente nas comunicações por
painel, em todas as edições destas jornadas).
Estranha-se a alusão a baladas de
despedida como correntes no repertório das Tunas, o que não corresponde, de
todo, aos factos.
Muita verborreia, mas nenhuma
substância, com a complacência do júri e do "comité científico".
7- Vamos ao último painel/poster em análise,
sob o título de “Das arruadas pelas
vielas até aos grandes palcos”.
Começa mal, muito mal.
Com que propriedade os autores afirmam que o conceito de Tuna evoluiu ao longo das décadas? Com base em quê, com que
suporte bibliográfico ou fontes credíveis? Nenhuma, está visto, até porque nem
sequer apresenta qualquer referência bibliográfica.
Continuamos, portanto, na lógica do “acho
que”. Espera-se que sejam mais prudentes e rigorosos quando subscreverem
trabalhos para as cadeiras que cursam, porque duvido que qualquer docente
aceitasse tal.
Dizem os autores deste painel que o
conceito de Tuna evoluiu e se fixou, nos anos 1980, como um grupo musical composto
por estudantes universitários.
Desde logo, nem mesmo os dicionários
correntes sustêm tal afirmação e, depois, bem gostaríamos de saber como
chegaram a essa definição. É que nem sequer explicam a diferença entre definição e conceito.
Nada há, portanto, que suporte documentalmente a ideia de que conceito de Tuna/Estudantina mudou.
O que houve, sabemos, foi uma apreensão diferenciada do que era
uma Tuna, em função das narrativas franquistas que defendiam Tuna como grupo de
cariz iniciático, composto de varões universitários (noção que ainda alguns
ignaros defendem em Espanha). O que houve, por exemplo, em muitos países da
América latina, onde o termo Tuna só chega nos anos 1960(antes só havia estudiantinas),
por via de Tunas espanholas, foi a ideia que esse termo era exclusivo de
universitários homens, pelo que todos os demais grupos deviam ter outra
designação (contágio da narrativa promovida fortemente no tempo do S.E.U.).
Significa isso que o significado musicológico
de Tuna se alterou? Não.
Como os autores não explicam isso de “evolução
do conceito”… ficamos em águas de bacalhau.
Depois, essa coisa genial de afirmar
que a pesquisa feita em periódicos e arquivos permitiu identificar dezenas de
tunas fundadas entre finais do séc. XIX e meados do séc. XX. Pesquisa feita por
quem? Não foram certamente os autores do painel! E como não foram, seria de
esperar mais honestidade intelectual, introduzindo nota de rodapé com as
respectivas referências bibliográficas.
Uma vez mais, nem sequer bibliografia apresentam.
É fácil parecer grande aos ombros de outrem!
E temos novamente de fazer vincado
reparo ao plágio!
É que, desta vez, nem sequer a obra
plagiada aparece referida na bibliografia (inexistente neste painel), ou seja o
QVID TVNAE (pp. 273-274).
Partes extraídas tal qual, sem aspas,
sem remeter para o original de onde se copiou, sendo o resto um “dizer por
outras palavras” aquilo que consta de essa obra.
Em estudantes universitários é
simplesmente inadmissível, passível, até, de queixa criminal por usurpação de
direitos de autor.
Sim, porque ao não referir a fonte
devidamente, é como se o conteúdo fosse da lavra dos autores deste painel!
Autores que, depois, têm a distincta lata de fazer afirmações destas, e passamos
a citar: “As tunas documentadas neste estudo…” e “Na verdade, e como no decorrer desta
investigação será desenvolvido…”.
Mas qual investigação? Plagiar e
aproveitar-se do trabalho alheio para reivindicar autoria? Isso é não apenas
ridículo como vergonhoso!
Onde estava a organização, o júri e o "comité científico" na hora de verificar algo tão óbvio?
Haveria mais a dissecar, mas
ficamo-nos por aqui.
Conclusão
Ver um documento
destes produzido por quem pretende realizar Jornadas sobre Tuna, revestidas
de carácter científico-académico e, ainda por cima, abrigado no site de uma
instituição de Ensino Superior, deveria fazer corar de vergonha qualquer um. E se o que consta do documento é já uma escolha dos melhores painéis/posters ..... nem queremos imaginar o que ficou de fora.
Já tínhamos feito um leve
reparo no ano passado, mas parece que ou foi ignorado ou não chegou ao
conhecimento (o que é estranho, pois foi até partilhado no grupo de FB “Tunos e Tunas”).
Fica esta chamada de atenção mais veemente, de
modo a que a organização possa rectificar a metodologia e primar para que os
trabalhos se revistam de rigor e sejam, antecipadamente, filtrados por quem tenha dois pingos de competência e conhecimento do assunto. Ter um grupos de jurados e um "comité científico" a apreciar estas comunicações, para depois sair isto... é algo simplesmente inconcebível.
Retirar todos os documentos produzidos pela JiT, e alojados no site do IPB, deveria ser o primeiro passo, pois não abona a favor de quem produziu e quem aceitou tal.
Só assim se credibilizam jornadas sobre
Tunas e quem nelas participa.
Aqui se deixa o link para
bibliografia de referência sobre Tunas, de modo a que os futuros intervenientes
de painéis, possam, com tempo, preparar-se.
MARCELINO, Héctor Valle - Evolución
del repertorio de las Estudiantinas gaditanas. Tvnae Mvndi,
2016; Los
Discos de Tuna de los años 30. Legajos de Tuna N.º
2, Diciembre 2017. / SÁRRAGA, Félix O - Géneros
musicales interpretados por las Estudiantinas y Tunas (siglo XIX a 1958).
Tvnae Mvndi, 2017 / ALCALÁ, José Emilio Oliva – Los primeiros vinilos
de Tuna. Legajos de Tuna N.º
1, Junio 2017 / TRUJILLO, José Carlos Belmonte - Evolución organológica y de repertorio en la Estudiantina o Tuna en
España desde el fin de la Guerra Civil española. La influencia de 'uda y
vuelta' entre España y Latinoamérica - Tese de
Doutoramento na Universidade da Extremadura, 2015 / RENDÓN MARIN, Hector – De liras a cuerdas. Una historia social de la música através de las
estudiantinas, 1940 1980. Medellín: Universidad Nacional de
Colombia, 2009 / ASENCIO GONZÁLEZ, Rafael - Las Estudiantinas del Antiguo Carnaval Alicantino - Origen, contenido
lírico y actividad benéfica (1860-1936).
Cátedra Arzobispo Loazes, Universidad de Alicante, 2013 / MARQUES, Rui Filipe Duarte - TUNAS EM PORTUGAL, ESPAÇOS DE CONSTRUÇÃO,
NEGOCIAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA MÚSICA. Um estudo sobre a Tuna
Souselense. Universidade de Aveiro, 2019 / SARDINHA, José Alberto - Tunas
do Marão. Tradisom, 2005 / SILVA, Jean-Pierre - A Estudiantina Fígaro em Portugal (1878)
e no Brasil (1885 e 1888). CoSaGaPe, Lisboa, 2023, pp. 113-116; A França das Estudiantinas - Francofonia de um
fenómeno nos séc. XIX e XX. CoSaGaPe, Lisboa, 2019, pp. 72-82
A mero título de exemplo, temos o
caso de supostos
dados que suportariam a tese da fundação da Tuna
Universitária del Colegio Mayor San Bartolomé no séc. XIII, ou seja no
século anterior à própria fundação desse mesmo colégio, provando-se como é
fácil desmascarar mentiras, quando se quer trabalho rigoroso de investigação.
Convida-se a ler: SÁRRAGA, Félix O. Martin - Mitos y evidencia histórica sobre las Tunas y Estudiantinas.
TVNAE MVNDI, Cauces Editores. Lima, Perú, 2016.