sábado, 30 de novembro de 2024

Ronda la Tuna: muitas páginas, pouco livro!

 A expectativa era grande, no sentido em que se anunciava uma obra que retrataria a história e evolução da Tuna na região de Léon. 

Comecemos por dizer que é o mais volumoso livro sobre Tunas de que se conhece a existência (são 613 páginas em tamanho A4), ultrapassando a "Historia Completa de las Tunas u Estudiantinas de Cataluña - siglos IXI y XX", de José "Pepe" Mateo Ycardo e Rafael Asencio González (com 609 páginas, mas em tamanho A5), sendo da lavra de Fernando Castañón Garcia; um livro que teve o seu grande lançamento aquando do XXVII Certamen Internacional de Cuarentunas de Léon, que ocorreu há 2 semanas.

Estava à espera de um trabalho rigoroso que fosse às origens, mas evidências do séc. XIX são poucas e muito "en passant", depois de uma contextualização do fenómeno que mais não é do que cópia de infos publicadas por Tvnae Mvndi - infos, essas, cheias de imprecisões e erros (como é apanágio daquela "organização"), nomeadamente na ideia de que Tunas são estritamente organizações estudantis universitárias.

Aborda vários aspectos sem utilidade alguma (porque sobejamente tratados), como é o caso do traje de Tuna, dos instrumentos de Tuna (e mesmo aí, comete o erro de inserir instrumentos sul-americanos) e das já conhecidas práticas tuneris do "parche", dos "brindis", das "Rondas", etc.

Mas o livro tem virtudes? Tem!

Se for para retratar o fenómeno e evidências do mesmo a partir dos anos 1940 em diante, então, sim, já tem mais sumo, já tem mais matéria de interesse.

Estranhamente, a partir de determinada altura insere também, tudo quanto são Rondallas; que são uma forma de Tuna (mas com outro nome), contudo em franco contraste com o início da obra onde só apresenta grupos estudantis, omitindo as demais estudiantinas/tunas civis.

O final da obra entra por caminhos alheios ao título, tratando, para lá dos "Monumentos ao Tuno/à Tuna" espalhados por Espanha, de associações de tunos e antigos tunos (Cuarentunas e outras organizações) como justificativo para destacar "Tuna España" e, também, fazer uma cronologia detalhadas de todos os certames de Tunas da cidade de Léon e abarcar outros certames de Cuarentunas /Tunas de veteranos, para lá de outros temas avulso.

São muitas páginas, mas pouco livro. Uma amálgama confusa, uma manta de retalhos onde parece que o autor quis tratar de tudo um pouco, acabando por apenas tratar, com alguma propriedade, dos grupos existentes entre 1940 e 1980 (com extensões pontuais até finais do séc. XX) e dando pinceladas avulsas a aspectos conexos nem sempre pertinentes e, muitas vezes, "para encher chouriços".

Se for pelo tamanho, fica no lugar cimeiro do pódio. Pelo todo.... é obesidade mórbida pouco amiga do ambiente.

Um livro grande, mas que não é grande livro!



sábado, 16 de novembro de 2024

Praxe, praxismos e Tunas

 Não é de agora. São já muitos os casos repertoriados de problemas resultantes da tentativa de conjugar Tuna e Praxe, onde, na maioria dos casos, as tunas são colocadas numa relação de subordinação ao código de Praxe e organismo de Praxe da instituição a que pertencem ou, então, numa suposta "colaboração" respeitosa.

Está mais que estudado (e aflorado na obra Qvid Tvnae? bem como na emissão Tuna Portugal da PTV) o facto de os protagonistas do ressurgimento das tradições académicas (na década de 1980-90) e das Tunas terem sido quase sempre os mesmos, misturando/inventando à falta de conhecimentos mais alicerçados sobre o assunto.

Os factos têm demonstrado, passados todos estes anos, que, quando as comadres se zangam.... "Aqui del-Rei, que estão a atacar a nossa Tuna!" e, nessa altura, os grupos acordam da letargia da sua ignorância e cegueira, para perceberem que algo não bate certo!

Casos desses têm sido, volta e meia, relatados aqui neste blogue (em 200720082012 e 2020, para só citar estes), no PortugalTunas e na emissão Tunices, no blogue As Minhas Aventuras na Tunolândia (com N artigos a abordar a questão) ou no grupo Tunas&Tunas do Facebook, com as tunas ultrajadas a publicarem longas cartas de protesto e longos comunicados de agravo e indignação (onde a história é sempre a mesma: abuso de poder da Praxe sobre a Tuna).

Eis alguns casos: TeSuna - Tuna Feminina da Escola Superior de Saúde (em 2017 e agora em 2024), Miniatuna do ISAG (2024), Tuna Académica de Ciências da Saúde Norte (em 2016), a Xelb Tuna -Tuna Mista da Escola Superior de Saúde Jean Piaget - Silves (em 2020), Barítuna - Tuna Feminina da Fac. de Direito da UL (em 2015), Tuna Femina da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto (em 2015), Tuna Musicatta Contractile da Fac. de Desporto da UP (em 2014), TAB - Tuna Académica de Biomédicas do Porto (em 2014), Tuna TS -  Tuna de Tecnologia da Saúde do Porto (em 2013), OUP - Orfeão Universitário do Porto (em 2014), Hinoportuna - Tuna Académica do IPVC (em 2014), Tufes- Tuna Feminina Scalabitana (em 2015), CUCA - Tuna da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (em 2014).

Portanto, perante mais um caso, a primeira coisa que nos vem à cabeça é dizer "Bem feito, ninguém vos manda serem tótós!" ou "Não foi por falta de aviso!". Afinal, há já muito que se tem procurado esclarecer que Praxe e Tunas são aspectos díspares (quer nos sites acima mencionados quer no próprio Notas&Melodias, espaço de referência nacional em matéria de praxe e Tradições Académicas) e, de certa forma, incompatíveis, independentemente de terem, muitas vezes, em comum o uso do traje académico.

Continua, por isso, válido o Manifestvm Tvnae - (Manifesto pela salvaguarda da independência histórica das Tunas/Estudantinas), infelizmente pouco lido e pouco divulgado.

Uma vez mais reiteramos que quem mistura Praxe e Tunas, quem mete tunas nos seus códigos e quem acha que a a sua Tuna deve contas a organismos de Praxe não apenas não entende de Praxe como não percebe nada de Tunas. 

Estaremos sempre do lado das Tunas, de todas as que acordarem do seu longo sono encapsulado, tipo Neo no filme Matrix; e estaremos sempre dispostos a esclarecer, sem demonizar os organismos de Praxe que, grosso modo, costumam ser constituídos por malta porreira e voluntariosa, mas totalmente incompetente e ignorante em matéria de Praxe.

Contrariando tudo quanto é da Praxe e tudo quanto é tradição tuneril, 
ainda há quem exija que os candidatos à tuna tenham de ter sido previamente praxados.


E como a ignorância é a mãe de todos os erros... ainda vamos vendo, em pleno 2024, tunas, como a Sal&Tuna da ESDRM - Escola Superior de Desporto de Rio Maior – Politécnico de Santarém (instituição cujos alunos promovem uma "praxe" conhecida pela sua falta de credibilidade), a promover estas heresias praxeiras, vestindo-se de trupe musical e despindo-se moralmente de Tuna.

Meter Praxe e Tunas (assim como caloiros) no mesmo saco, seja de serapilheira, sarja ou quejandos... dá asneira.  É que "quem não quer ser lobo... não lhe veste a pele", já diz o ditado.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Tuna de Perosinho - uma instituição ao serviço da cultura e da educação

 Um livro, com 263 páginas que retrata quase um século (que se cumpre para o ano) de actividade ininterrupta da Tuna de Perosinho (V.N. de Gaia), pela mão de Francisco Barbosa da Costa.

Mais uma centenária tuna portuguesa a mostrar a vitalidade do movimento cá por estas bandas.






quarta-feira, 30 de outubro de 2024

XXVII Certamen Internacional de Cuarentunas de León

Merece especial destaque este certame tendo em conta a sua dimensão incomum nos tempos que correm.

24 tunas participantes (sendo duas delas mexicanas e outra portuguesa), rondando os cerca de 600 participantes é algo já pouco comum e seria preciso recuar uns anos bem valentes para reencontrar um festival com tantos tunos e tunas.

O circuito de quarentunas, sob alçada da Federación Internacional de Cuarentunas, está de boa saúde e recomenda-se, contando com a participação da Tuna de Veteranos de Viana do Castelo, como representante lusa e grande embaixadora da nossa comunidade.

O evento contará ainda com a apresentação do livro "Ronda la Tuna", de Fernando Castañón Garcia, que constitui o primeiro estudo sobre as tunas e rondallas da província de León.

Aupa Tuna!

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Estudiantina Hispano-Americana (México) em 1898

 No México, a Estudiantina Hispano-Americana desfilando nas ruas da cidade.

Tratar-se-á, com toda a certeza, de um grupo de emigrantes espanhóis que normalmente se agrupavam em "Casinos" (associações).





sexta-feira, 25 de outubro de 2024

20 anos de Além Tunas

E passaram 20 anos. E foi por esquecimento que este artigo ficou por lavrar, já que a efeméride é de Janeiro.

Começou por se chamar "Tunices" e pretendia ser espaço de partilha pessoal de ideias e experiências sobre a Tuna.


Acabou por ser bem mais que isso e, depois de passar a usar a actual designação, assumiu-se como meio de divulgação de trabalhos de investigação tuneris, a par dos artigos de opinião, notícias, crónicas  e curiosidades, sobre o amplo fenómenos das Tunas (e inúmeras vezes referenciado em trabalhos científicos sobre o tema).
Sem pompa, ficam aqui assinaladas as 2 décadas do blogue, criado em Janeiro de 2004.

sábado, 19 de outubro de 2024

IA (Inteligência Artificial) e a Tuna

 

Estamos ainda longe, de podermos considerar a IA (inteligência Artificial) como uma ferramenta credível para trabalhos académicos.

E porque sabemos que no Ensino Superior são vários os alunos que, ao longo dos anos, fizeram trabalhos, teses e artigos sobre Tunas (de forma mais ou menos indirecta)… e porque certamente continuarão a ser produzidos tais trabalhos é que quisemos, de forma sucinta e sem recorrer a versões profissionais pagas, saber se as ferramentas gratuitas de IA eram uma mais-valia para fazer trabalhos sobre Tunas sem ler ou estudar patavina do assunto.



E porque qualquer trabalho que aborde tunas tem sempre uma contextualização histórica e explicativa das origens é que questionámos 2 serviços dos mais conhecidos.

A pergunta era simples: “Trace a origem e história das Tunas Académicas [recorrendo a fontes credíveis consultáveis online].”


No ChatGPT, quase nada corresponde aos factos históricos. Depois diz que é preciso fazer consultas adicionais, mas não fornece qualquer orientação digna desse nome.

Nesta outra versão do ChatGPT, o resultado é quase idêntico, com excepção das fontes que não pedimos. É uma sucessão de erros e falsidades históricas em que, ainda hoje, muitos caem por militante ignorância e economia de intelecto.

Os resultados foram simplesmente decepcionantes. Salvo o caso do Gemini, que ainda conseguiu ir buscar alguma coisa à Wikipédia (de que parte do texto foi por nós actualizado) e ao site da Estudantina de Castelo Branco (a um texto já antigo, da lavra do Ricardo Tavares) que, ainda assim, estão algo desactualizados, o resto é a pobreza “franciscana” nas fontes. O texto do Gemini é, ainda assim, o melhorizinho dentro do mau que é produzido artificial e incompetentemente, mas nem esse escapa a uma avaliação negativa.


Embora com menos erros, afirmar que a 1.ª tuna académica foi a TAUC (e 1888 é quando nasce a Estudantina de Coimbra) e que só a partir daí nascem as demais é falso. Tunas Académicas já as havia. A TAUC será a primeira tuna de feição universitária (a actual TUP é fundada em 1890, mas ainda não havia Universidade no Porto)

Já antes tínhamos colocado uma pergunta mais simples e genérica, "O que são Tunas?", com os mesmos resultados medíocres e erróneos.


Tendo em conta que a maioria dos livros mais recentes e credíveis estão em “Open Space”, nomeadamente nos livros da Google, no Academia.edu ou no Issu.com (entre outros), não se percebe a “inteligência” desta IA que parece o paradigma da preguiça e ineficiência.

Esqueçam o ChatGPT e quejandos! 

Na hora de fazerem trabalho científicos para a escola/faculdade, esqueçam a inteligência que não seja a inteligência natural, a inteligência humana optimizada pelo estudo e leitura, pelo espírito crítico e empirismo isento.

Lembrem-se: mesmo depois da chegada do aspirador, a vassoura continua por cá e é muito mais utilizada e fiável.


NOTA: Não usámos versões pagas, provavelmente com melhores ferramentas e capacidades. Sabemos igualmente que a IA dá bons resultados em áreas muitos comuns e generalizadas e terá mais dificuldade em assuntos mais restritos e especializados. Seja como for, critica-se o facto desta ferramenta, supostamente inteligente, mostrar tão pouca na hora de seleccionar fontes (omitindo informação existente e acessível na própria Net).


Lista de Fontes acessíveis online:

1- COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA, João Paulo - QVID TUNAE? A Tuna Estudantil em Portugal. CoSaGaPe, 2011-12.

2- SILVA, Jean-Pierre - A Grande Tuna Feminina de Alfredo Mântua - Breve Contributo Documental (1907-1913). CoSaGaPe, Lisboa, 2018.

3- SILVA, Jean-Pierre & COELHO, Eduardo - QVOT TVNAS? Censo de Tunas Académicas em Portugal, 1983-2016. CoSaGaPe, Lisboa, 2019.

4- SILVA, Jean-Pierre - A França das Estudiantinas - Francofonia de um fenómeno nos séc. XIX e XX. CoSaGaPe, Lisboa, 2019. 

7- SILVA, Jean-Pierre - A Estudiantina Fígaro em Portugal (1878) e no Brasil (1885 e 1888). CoSaGaPe, Lisboa, 2023.

8- SILVA, Jean-Pierre - Portugal, Um Museu vivo da tradição tunantesca - Legajos de Tuna, n.º 1 - Revista, Ano 1, de Junho de 2017, pp. 35-39.

9- SILVA, Jean-Pierre - Museu Fonográfico Tuneril de Portugal. Legajos de Tuna n.º 2 - Revista, Ano 1, de Dezembro de 2017, pp. 51-55.

10- SILVA, Jean-Pierre - De Estudiantina a Tuna - Breves apuntes de una Historia lusitana. Legajos de Tuna n.º 4 - Revista, Ano 2, de Dezembro de 2018, pp. 6-13.

13- MARQUES, Rui Filipe Duarte - TUNAS EM PORTUGAL, ESPAÇOS DE CONSTRUÇÃO, NEGOCIAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA MÚSICA. Um estudo sobre a Tuna Souselense. Universidade de Aveiro, 2019.

14- ASENCIO GONZÁLEZ, Rafael - Las Estudiantinas del Antiguo Carnaval Alicantino - Origen, contenido lírico y actividad benéfica (1860-1936). Cátedra Arzobispo Loazes, Universidad de Alicante, 2013.

15- MARTÍNEZ DEL RIO, Roberto; ASENCIO, Rafael [et al.] – Tradiciones en la antigua Universidad: Estudiantes, matraquistas y tunos. Alicante: Ediciones Universidad de Alicante, 2004.

16- RAMÓN RICART, Andreu – Estudiantinas Chilenas. Origen, desarrollo y vigencia (1884 1955). Santiago de Chile: Ed. Fondart, 1995.

17- RENDÓN MARIN, Hector – De liras a cuerdas. Una historia social de la música através de las estudiantinas, 1940 1980. Medellín: Universidad Nacional de Colombia, 2009.


20- SÁRRAGA, Félix O. Martin - Mitos y evidencia histórica sobre las Tunas y Estudiantinas. TVNAE MVNDI, Cauces Editores. Lima, Perú, 2016.

21- TRUJILLO, José Carlos Belmonte - Los Sones de la Estudiantina. Universidad de Extremadura. Cáceres, 2022.

sábado, 5 de outubro de 2024

114 Anos da Tuna de São Paio de Oleiros

 Fundada precisamente no dia da Implantação da República em Portugal, eis mais uma centenária instituição a mostrar vitalidade e a provar que "velhos são os trapos".


Parabéns!

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Centenário da Tuna Musical de Santa Marinha (V.N. de Gaia) 1924-2024

Mais uma efeméride em destaque, desta feita com o centenário da Tuna Musical de Santa Marinha (Vila Nova de Gaia).

Outra tuna centenária com actividade ininterrupta a merecer palmas e parabéns!






sábado, 24 de agosto de 2024

Boas-vindas para inglês ver.

 É cíclico que, mal saiam as colocações para o Ensino Superior, as tunas comecem logo a animar as suas páginas de Facebook com boas-vindas aos novos alunos.

É uma forma de dar vida às suas páginas latentes, mesmo se, na prática, é dar tiros de pólvora seca, sejamos honestos.

Acham mesmo que os alunos recém colocados vão ver a página de FB da tuna da sua instituição nesta altura? A maioria nem depois de inscritos!


quarta-feira, 26 de junho de 2024

Centenário da Tuna Musical da Anta (Espinho) 1924-2024

 Merece destaque esta tuna agora centenária. 

Portugal é o país onde mais tunas centenárias existem e onde encontramos os exemplares mais antigos com actividade continuada no mundo, sejam grupos civis ou estudantis (e sejam de liceu ou universitárias). Um museu vivo da arte tunantesca.
Parabéns à Tuna da Anta pelo seu 100º aniversário!



terça-feira, 30 de abril de 2024

Tuna Académica do Liceu Paulo Dias Novais (Angola) - Um disco com 50 anos.

 50 anos tem este disco, de cuja tuna, pertencente ao grupo de teatro do Liceu Paulo Dias Novais (Luanda - Angola), nada se sabe mais, à data.




Este e outros discos (bem como K7, CD e DVD) podem ser consultados no Museu Fonográfico Tuneril (ver  o separador "Albúns).

domingo, 28 de abril de 2024

Aos 25 Anos da Tuna Veterana do Porto

 Dia de festa e de festa rija!

São 25 anos da mais antiga tuna de veteranos em Portugal.

Fundada a 8 de Janeiro de 1999, a Tuna Veterana do Porto surgiu por vontade de antigos tunos integrantes da Tuna Universitária do Porto que integraram o Orfeão Universitário do Porto[1].

Só agora evocamos esta jubilosa efeméride, pois a TVP decidiu assinalar o seu aniversário apenas em Abril, com um espectáculo comemorativo no auditório Horácio Marçal[2].



Recordemos que é a estes jovens cinquentões e sessentões[3] que devemos uma das mais belas páginas da história da Tuna portuguesa contemporânea, já que a eles devemos o ressurgimento das tunas no Porto e o 1.º Festival de Tunas Universitárias em Portugal, quando militavam, na altura, na Tuna Universitária do Porto.

São um património vivo da tradição com quem, rapidamente, entre 2 copos e dois dedos de conversa, somos transportados para as “Ondas do Douro”, para o disco “Acordes, harpejos... tainadas e beijos” (1991), para o 1.º certame ganho por uma tuna lusa em Espanha, para o I Conclave Tvnae[4], para o Cibertunas[5], ou para o inolvidável programa/concurso Efe-Erre-Á (na RTP)… e para tantas histórias que protagonizaram e que polvilham a nossa memória colectiva (pelo menos nós, os mais velhos).

Estes garbosos moços, cuja idade é currículo, continuam a mostrar-nos que “velhos são os trapos” e a encantar-nos com a sua mestria artística, porque quem sabe não esquece e tudo se aprimora ao longo deste anos de maturação, para nos prendar com o deleitoso vintage que é a Tuna Veterana do Porto.


Sou suspeito, bem sei porque tenho lá amigos, mas apenas sublinho o óbvio, o factual, o que salta à vista de todos: estamos perante um grupo que espalha emoção, que nos faz vibrar e que merece que se lhe tire o chapéu por tudo quanto representam e são para os que gostam de tunas, de boas e respeitáveis tunas.

À Tuna Veterana do Porto um grande bem-haja, a minha fraterna estima e  um sentido abraço de parabéns por estes 25 anos a brilhar.

Nota: imagens do artigo actualizadas em Novembro 2024.



[1] Orfeão Universitário do Porto: Agremiação sócio-cultural, centenária, integrada por alunos de todas as faculdades (cursos) da Universidade do Porto. No seu seio acolhe: música Coral (clássica e popular), Etnografia (danças e cantares) e Música de cariz académico (Fado e Tuna).

[2] Na Junta de Freguesia de Paranhos.

[3] Também com trintões e quarentões, naturalmente, que entretanto vão ingressando, depois de deixarem a TUP/OUP.

[4] Bem como o 2.º.

[5] A 2.ª edição contou com 52 Tunas, que se traduziu em cerca de 530 tunos, reunidos num palco gigante na Praia da Madalena.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Estudantina Madrilena em Lisboa - Há 100 anos.

 Efeméride histórica sobre a presença, faz hoje 100 anos, da Estudantina Madrilena em Lisboa.


Ilustração Portuguesa, N.º 942, de 08 de Março de 1924, p. 306.

Ilustração Portuguesa, N.º 942, de 08 de Março de 1924, p. 336.

Ilustração Portuguesa, N.º 942, de 08 de Março de 1924, p. 373.

Ilustração Portuguesa, N.º 942, de 08 de Março de 1924, pp. 374-375.

Arquivo Nacional - PT-TT-EPJS-SF-008-00083_m0001


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

20 Anos de Tuna de Veteranos em Viana (2003-2023)

  Hoje é dia de falar de uma das mais antigas Tunas de Veteranos/Quarentunas portuguesas, a Tuna de Veteranos de Viana do Castelo, celebrando a efeméride do seu 20.º aniversário.

Há já muito que não escrevia sobre Tunas de Veteranos/Quarentunas, sendo este o meu 3.º artigo sobre o tema, datando o primeiro de 2007. Parece-me que as duas décadas de existências deste grupo justifica-o plenamente. Faço-o apenas agora, depois dos festejos oficiais já realizados, tomando como referência o aniversário da sua primeira actuação (o que, assim, faz festa a dobrar).

Fundada 2003, e com a sua primeira actuação em Fevereiro de 2004, a Tuna de Veteranos de Viana do Castelo reúne antigos tunos de diversas academias (Univ. do Minho, Univ. Fernando Pessoa, Univ. Católica Portuguesa, Fac. Engenharia do Porto, Univ. Lusíada, Univ. Coimbra, Inst. Politécnio de Viana do Castelo…) que quiseram continuar a viver a res tunae mais de acordo com a sua nova situação pessoal e profissional, mais ao ritmo dos seus componentes, numa soma de sinergias e experiência que só a veterania possibilita.



Reconheço que, quando este grupo surgiu, algumas reticências se me colocaram (e mantenho), e sobre isso escrevi em 2009 (e falei, no VI ENT de Castelo Branco), quanto a esta ideia de jovens adultos mal saídos da suas tunas de origem (na altura fora assim), se averbarem o estatuto de “veterano”, sobretudo quando essa designação, no meio tuneril, se quer equivalente a “quarentuna”.  Mas adiante.

Que dizer sobre este garboso conjunto de talentos?

Da minha parte, a firme convicção que estamos perante uma soma de talentos invulgar e a mais activa tuna do género em Portugal. Uma tuna que integra a Federación Internacional de Cuarentunas, bem como o circuito português de tunas deste tipo[1], e tem mostrado uma vitalidade ímpar. Não os conhecendo pessoalmente, é daqueles grupos que parecem adentrar-nos casa adentro e fazer festa connosco, como se fôssemos amigos de longa data. É o que sinto, sempre que os vejo em streaming ou vejo as suas publicações nas redes sociais.

Poderia tratar-se de uma tuna de “vencidos da vida” a “tocar umas coisas”, mas revelam um cuidado, rigor, empenho, jovialidade, alegria e qualidade que são invulgares mesmo em grupos estudantis (estando acima da maioria deles, até). Seria de esperar um grupo mais modesto em termos de aposta musical (arranjos instrumentais e vocais, grau de dificuldade…), tendo em conta que já não andam naquela cega corrida aos prémios, contudo é daqueles grupos que dá enorme gosto ver e ouvir, porque não são mais do mesmo. Até no que concerne à forma como tratam os temas do nossos folclore, mostram que são sérios, não folclorizando nem se desleixando na exigência.

 


Reconheço ser erro meu nunca ter privado de perto com este grupo, mas acredito que haverá maré para tal; um grupo que, mais do que embaixada do Alto Minho, é representante aquilatada da Tuna Portuguesa, do seu legado, da sua idiossincrasia e da sua incomparável e genuína riqueza e diversidade. 

Para já, um enorme bem-haja pelo que têm feito, e continuam a fazer, em prol da comunidade, cultura e fenómeno tuneril português.

 

Parabéns!



[1] Que inclui a Tuna Veterana do Porto (1999, a mais antiga, em Portugal), a Tuna Veterana da Univ. Portucalense (2008), Quarentuna de Coimbra (2009) e Tuna Veterana de Aveiro (2014?).

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

O Ano Tuneril de 2023

Falar de 2023 em termos tunantes é, uma vez mais e grosso modo, “vira o disco e toca o mesmo”, tendo em conta que a esmagadora maioria da actividade registada se resume a festivais e a “dar de comer” às respetivas páginas virtuais.

Ainda assim, houve algumas novidades e efemérides que merecem destaque e constituem, portanto, uma pedrada no “mais do mesmo” a que parece votada  uma comunidade que pouco ou nada aprendeu/aproveitou da experiência da pandemia, tão pouco habituada está a pensar e a  pensar-se em rede[1].

Eis alguns desses momentos:

O grande destaque é necessariamente dado ao 20.º aniversário do PortugalTunas, o qual estreou um novo layout e comemorou essa data, em Fevereiro, com um animado jantar em Braga.

Nesse mês, ainda, uma nota pata a Tuna Mouronhense que lança o seu CD Viva Mouronho.

Em Março, é lançado o livro A Estudiantina Fígaro em Portugal (1878) e no Brasil (1885 e 1888), um obra de investigação, de acesso gratuito, com dezenas de imagens e mais de 100 páginas que nos contam a fundação e estreia da Estudiantina Fígaro em Portugal e as suas visitas, anos mais tarde, ao Brasil.


No final do mês realizaram-se as  JiT’s 23 (III Jornadas  Internacionais de Tunas), em Bragança, iniciativa bem intencionada, mas que, e apesar (este ano) da presença de um ou outro investigador de renome, continuou órfã dos necessários critérios de rigor científico, tema sobre o qual já
aqui falámos perdendo em credibilidade.

Em Junho, estreia-se a Tuna Antiga Vimaranense, durante o II Encontro Ibero-Americano de Tunas Académicas.

Em Setembro, tiveram lugar, em Guimarães, as Jornadas Culturais integradas na II Convenção Mundial TUDI, iniciativa meritória, mais pelo convívio proporcionado do que pelo sumo das tertúlias organizadas.

Em final de Outubro, cumpriram-se 20 anos sobre a realização do I ENT (Encontro Nacional de Tunantes - como era então designado), realizado em Évora, com organização da TAUÉ. Uma iniciativa cuja última edição remonta a 2013 (há 10 anos, portanto), quando teve lugar em Vila Real, e que deixa a preocupante e cada vez mais certeza do alheamento e um certo acomodar à mediocridade da iliteracia tuneril.

Em Novembro, a TUNAFE - Tuna Feminina de Engenharia da Universidade do Porto lança o seu 3.º disco, As Muitas Que Sou.

Em Dezembro, para além das novas entradas no MFT (Museu Fonográfico Tuneril) assinalou-se o 30.º aniversário a TAUA - Tuna Académica da Universidade dos Açores, a qual lançou um livro evocativo da sua história.

Também nesse mês a Estudantina Académica de Castelo Branco lançava, no spotify, o seu albúm “FITU, sendo de registar não existir, infelizmente, uma versão física em CD.

Ainda uma nota à participação de diversas tunas no programa "Estrelas ao Sábado", na RTP1, e que mereceria alguma reflexão, face à medíocre qualidade que por lá se tem visto.

Anda a dança ao sabor de quem toca e a cigarra segue feliz.

Bom ano de 2024!

 



[1] A pouca participação no grupo de FB Tunas&Tunos ou a incapacidade de dar relevo à organização de um novo ENT (Encontro Nacional de Tunos) é disso um sintoma claro.



quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Quando fala sobre Tunas quem pouco percebe do assunto.

Esta nova geração tuneril do séc. XXI sofre, claramente, de um problema: todos querem ser influencers e experts só porque sim. E pior: convencem-se que têm propriedade para discorrer sobre assuntos que não dominam.

Dizia o Eduardo Coelho que opinião todos têm, mas que, infelizmente, também todos a dão, na senda de Umberto Eco que dizia que, graças às redes sociais, o idiota lá da aldeia (cujas ideias não tinham eco nem palco, porque as pessoas sérias não lhe ligavam) fora promovido a douto "expert".

É o caso aqui, em que alguém, com 3 anos de vida académica e de Tuna, acha ter conhecimento e propriedade para falar sobre Tunas, sua origem, evolução, características identitárias, cultura..., num espaço (Podcast Universitário) já com algum relevo, apesar de liderado por alguém que também tem a mania de falar sobre aspectos que não domina de todos (como sucede com Tradições Académicas e Praxe).

Por que razão esta gente não se fica apenas por partilhar a sua experiência (gostou, não gostou, o que viu, o que fez...), furtando-se a ir além da sua ignorância?


Não, caro Luís, as Tunas não são grupos académicos...ou melhor: não são apenas grupos académicos (e muitos menos exclusivamente universitários sequer). Tunas são uma tipologia orquestral, assente no leque instrumental em uso, e que tem expressão tanto no foro estudantil como no popular (civil).

Não, caro Luís, não tocam apenas música popular portuguesa ou estrangeira ou de artistas conhecidos do mundo da música tradicional, como refere. As tunas, desde sempre, executam música clássica, música ligeira ... abrange tanto a música dita "popular" como a erudita, não tendo outro limite que não seja o da criatividade e do virtuosismo, dentro dos limites (esses, sim, existentes) dos instrumentos próprios à Tuna.

Alguma humildade deve presidir a quem se vai expor publicamente, de modo a que isso leve a prévia preparação, a documentar-se, informar-se..., até porque o que não falta em 2023 são obras em português (sobre a tuna portuguesa), vídeos youtube do PortugalTunas (e não só), blogues, portal.... tudo de acesso gratuito e online.

Não é por se escrever e falar português que se é diplomado/especialista em língua portuguesa, literatura, linguística, fonética .... e isso aplica-se ao pertencer a uma Tuna. Há malta que era bem melhor ficar-se por tocar e cantar. Fazendo-o bem, já prestam um enorme serviço à comunidade.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Livro: A Tuna de São Paio de Ansiães, 2023

 Dar conta de um novo livro do reputado etnomusicólogo José A. Sardinha, um amigo cujo labor por diversas vezes citámos e com quem tivemos já o o privilégio de nos cruzarmos (no IV ENT de Viseu, em 2006).

SARDINHA, José Alberto - A Tuna de São Paio de Oleiros. Tradisom, 2023.
(Fonte: BNP)

Especialista do fenómeno da música em ambiente rural, especialmente das suas tunas, eis que agora sai mais um livro nesse âmbito, dedicado, desta feita, a à Tuna de São Paio de Ansiães (Amarante), editado pela Tradisom (que já o publica há décadas).

Apenas mereceria elogios, não fosse enfermar um erro que já não cremos aceitável em 2023: a ideia de que as tunas têm remotas origens em goliardos e afins ou a ligação do termo "Tuna" ao termo peixe em latim.

SARDINHA, José Alberto - A Tuna de São Paio de Oleiros. Tradisom, 2023.
(Fonte: BNP)

Se essa fora a linha de raciocínio derramada na sua grande obra "Tunas do Marão" (2005), ela foi prontamente desmentida na obra "Qvid Tvnae" (2011-20132) e em muitas outras investigações, também elas públicas e publicadas.

SARDINHA, José Alberto - A Tuna de São Paio de Oleiros. Tradisom, 2023.
(Fonte: BNP)

É pena que, por vezes, os grandes especialistas vivam em circuito fechado e não se dêem ao trabalho de se actualizarem, pois numa comunidade tão pequena de etnomusicólogos e tunólogos em Portugal, seria de esperar maior interesse em saber e conhecer o trabalho uns dos outros (especialmente quando é de acesso gratuito).