quarta-feira, 13 de julho de 2016

Estudantina Portuense (civil), 1888, em O Comércio do Porto


Alguns documentos sobre a existência de uma estudantina portuense, de cariz popular (ao que tudo indica), também apelidada de "Estudantina dos Irmãos Antunes".
Investigação pessoal, no âmbito do CoSaGaPe.

Estudantina dos irmãos Antunes,
O Comércio do Porto 01 Março 1888 p.2

Estudantina Portuense no Príncipe Real,
O Comércio do Porto 07 Março 1888 p. 3

Estudantina Portuense no Teatro Príncipe Real,
O Comércio do Porto 09 Março 1888 p. 3

Estudantina Portuense dos irmãos Antunes,
O Comércio do Porto 11 Março 1888 p. 2

Estudantina Portuense,
O Comércio do Porto 13 Março 1888 p. 2

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Teimar no erro como virtude

Caricato o tipo de explicações que a teimosia dá, para consagrar como virtude um erro.

"Está errado, sabemos que está errado, mas gostamos porque tem significado histórico para nós", nisso se resume a posição da Tuna Médica de Lisboa.

A questão prende-se com o "lema" que consta do listel do logótipo "Vinum et Musica Lastificant Cor", para significar que o vinho e a música alegram o coração. Contudo contém um erro, na palavra "lastificant".

Pode parecer de somenos, mas de "lastificant" para "laetificant" (alegram) vai um enorme fosso, desde logo porque "lastificant" nem existe.
Que seja um lapso inicial, concedemos. Que conhecendo o mesmo nada se faça, parece-me incoerente.




Um erro que facilmente seria corrigido, mas parece estranhamente difícil. 
Incompreensível, portanto que uma classe médica, tão conhecida pela exigência e rigor, conviva tão facilmente com o erro e, até, o queira transformar em virtude por força de explicativos tão mediocremente esgrimidos.




Tunas Populares - Um fenómeno pouco valorizado



O fenómeno das estudantinas/tunas de cariz popular está, como as suas congéneres estudantis, inserido no amplo fenómeno das orquestras de plectro que se difundiram por toda a Europa e pelo mundo, a partir do primeiro quartel do séc. XIX.
São, no nosso país (pelo menos), o mais importante fenómeno de democratização da música erudita e do acesso aos instrumentos antes reservados a bolsas mais fartas e a quem tivesse sustento para estudar música.
A obra de referência sobre tunas populares
Salvo poucos etnomusicólogos, como José Alberto Sardinha, a larga maioria dos sociólogos  e musicólogos ignorou olimpicamente este facto e o impacto que as tunas tiveram, no seu papel cultural, social e musical em Portugal.
Como refere J. A. Sardinha (2005), citado em "Qvid Tunae?" (2011), «...estas formações foram porta de entrada de repertório erudito na tradição oral popular portuguesa[1]

Não há como negar a importância destas orquestras de plectro, de cariz popular, rural e urbano, cuja existência se conta às centenas por todo o país (não havendo quase aldeia ou vila que não tivesse a sua, chegando a haver tunas rivais numa mesma aldeia) e que impulsionaram e representaram um movimento musical ímpar que nem mesmo o fenómeno das filarmónicas terá suplantado.
E foi desse processo de aculturação que se desenvolve aquilo a que se acabará por chamar de "música popular" (tantas vezes, por ignorância, colocado no campo oposto à música dita "erudita" ou "clássica"):


"Durante esse processo, estes agrupamentos foram‑se metamorfoseando em, cruzando com, influenciando e sendo influenciadas por grupos congéneres, como as tocatas dos ranchos folclóricos, acolhendo no seu seio instrumentos estranhos ao modelo original, nomeadamente as violas de arame[2], cavaquinhos e guitarras portuguesas, e, bem assim, toda uma panóplia de instrumentos de percussão regional – sarroncas, púcaros, bombos, tarolas, tamboris, castanholas, adufes, reco‑recos, triângulos, etc.

Por outro lado, os bandolins começaram a aparecer nas tocatas ao lado dos instrumentos tradicionais. A este fenómeno de entrecruzamento não é alheio o facto de quase sempre os executantes da tocata darem uma mãozinha à tuna, e vice‑versa. Assim, tanto o repertório tradicional passou para as tunas como o contrário: os corridinhos começam a ser tocados como «chotiças»[3]; as chulas, como valsas; aparecem os «viras‑valseados», as contradanças e os «balancés», as quadrilhas, os dobrados (pasodobles) e toda uma série de ritmos «novos», que rapidamente ganham foro de «tradicionais» sendo incorporados no fundo musical dito «popular». " [4]

Aqui se deixam algumas imagens e fotos de tunas de cariz popular rural e urbano de finais do séc. XIX e inícios do XX (sem repetir as que já publicadas no artigo dedicado a pré-existências populares).



Bilhete Postal - Tuna Comercial de Lisboa, 1903-04
Publicado na Ilustração Portuguesa Is25, p. 13, de 25 de Abril de 1904 e citado em Qvid Tvnae?, p. 208

Tuna Travanquense, fundada em finais do séc. XIX, aqui em 1909
(Publicado por João Duarte no blogue travancacomhistoria.blogspot.pt)

Bilhete Postal - Tuna Comercial de Lisboa, ed. 1911
Foto publicada também no jornal O Século, de 14 de Outubro de 1906, p. 12,
e em QVID TVNAE?, p. 209

Estudantina Nicolino Milano (disfarçados de tunos espanhóis) no Carnaval de Lisboa,
Ilustração Portugueza, 1ª Ano, Nº 71, de 13 de Março de 1905, p. 294
(Hemeroteca Municipal de Lisboa). B

Grupo Manuel Passos Freitas, Funchal (Madeira), 1918.
(Acervo do Museu de Etnologia de Lisboa)

Grupo musical de amadores apresenta em Cuba, Alentejo, uma tuna masculina de inspiração estudantil.
(Ilustração Portuguesa n.º 698, de Julho de 1919, p. 15)

Postal Ilustrado Nº 17- Serenata Thomarense, junto à porta do Convento de Cristo
(Collecção da Havaneza de Thomar, ca. 1905)

Tuna Amadores de Música Passos de Freitas,
Illustração Portugueza, II Série, Nº 678, de 17 Fevereiro de 1919, p. 138
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Associação de Empregados Comércio de Santarém,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 414, de 26 Janeiro de 1914, p.127
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Cartaxerse (Cartaxo),
 Illustração Portugueza, II Série, Nº 600, de 20 Agosto de 1917, p. 159
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna da Associação dos Caixeiros Leirienses,
 Ilustração Portugueza, 2ª série, Nº 907, de 07 Julho de 1923, p.12
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna de Alfaiates, durante a 1ª guerra mundial, ca. 1918
(In hblogue valadodosfradesfotos.blogspot)
publicado em QVID TVNAE?, p. 241 

Tuna de Aradas (Aveiro), ca. 1910 (Acervo de David Paiva Martins)

Tuna de Bandolins da Casa do Povo da Camacha 1947
 (In site bandolins-madeira.net) publicado em QVID TVNAE?, p. 242

Tuna de bandolins do Laranjal, Santo António do Funchal (Madeira), 1938
(Photographia – Museu Vicentes, in bandolins-madeira.net)

Tuna de Benfica do Ribatejo,  1915
(in blogue benficadoribatejo.blogspot.pt)

Tuna de Benfica do Ribatejo, ca 1920
(in blogue benficadoribatejo.blogspot.pt)


Tuna de Empregados do Comércio de Beja, 1906
(Jornal O Século, 10 de Dezembro, p.5 - Arquivo Nacional Torre do Tombo)
publicado em QVID TVNAE?, p. 240

Tuna Peroselo (Penafiel), ca. 1910

Tuna de Redondo, 1903 (Coleção particular Luís Mocho)

Tuna do Atheneu Commercial de Lisboa,
 Ilustração Portugueza, II Ano, Nº 85, de 19 de Junho de 1905, p.523
(Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Tuna do Club Ginástico Portuguez do Rio de Janeiro,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 429, de 11 Maio de 1914, p.598
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna dos Caixeiros de Guimarães, c. 1900
(Recolha de Manuel Soares)

Tuna Empregados Comércio Penamacor (ca. 1919)

Tuna Empregados de Comércio de Loanda,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 445, de 31 Agosto de 1914, p.269
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Louletana,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 388, de 28 Julho de 1913, p.127
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Riomaiorense (Rio Maior), ca. 1920
(Fernando Duarte in "História de Rio Maior")


Tuna Orfeão de Silvalde (São Tiago de Silvalde - Aveiro), ca. 1920

Troupe Freitas Gazul, 1893
(Revista - O António Maria Vol. IX, de 23Fevereiro)
publicado em QVID TVNAE?, p. 205

Troupe Gounod, 1894
(O António Maria, 28 Dezembro, p.174)
publicado em QVID TVNAE?, p. 205

Tuna do Ateneu Comercial, 1905, Someiro,
Revista Occidente,  Vol. 28, nº 960, p. 189
(Hemeroteca Municipal de Lisboa).
publicado em QVID TVNAE?, p. 209

Tuna do Atheneu Comercial de Lisboa, 1906
(Brasil-Portugal - Lisboa - A. 8, vol. 8, nº 190, 16 Dez., p. 344)
publicado em QVID TVNAE?, p. 210

Tuna Orquestra da União dos Empregados de Comércio do Porto, ca. 1912
(O Tripeiro nº 6, Ano XI de Outubro 1955 p. 172).

Tuna Orquestra da União dos Empregados do Comércio do Porto, 1912
 Illustração Portugueza Nº 330, 17 Junho, p. 785
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)
publicado em QVID TVNAE?, p. 226

Tuna de senhoras, 1907, com cliché de P. Marinho
(Brasil-Portugal. - Lisboa. - A. 9, vol. 9, nº 194, 16 Fev., p. 28-29)
publicado em QVID TVNAE?, p. 211

Investigação pessoal, 2016




[1] José Alberto Sardinha, em entrevista a João Pedro Oliveira, DN (12 de Setembro de 2005).
[2] Nas suas múltiplas designações regionais: braguesas, amarantinas, campaniças, toeiras, beiroas, bandurras, da terra, etc.
[3] Corruptela popular de schottische (escocesa).
[4] COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA João Paulo - QVID TVNAE? A Tuna estudantil em Portugal - Euedito, 2011, pp.301-302.

sábado, 9 de julho de 2016

Actriz morre em palco perante Estudantina de Salamanca (Porto, 1908)

Em festival promovido pelo centro académico do Porto em honra da Estudantina de Salamanca, a actriz (já retirada) Emília Eduarda (muito consagrada na época) falece repentinamente, mal acabara de declamar uma poesia, perante a estupefacção dos estudantes portuenses e espanhóis e de todo o público ali presente.

O Século, 01 de Março de 1908 (ANTT)

Origem das Tunas em diário viseense de 1888

Origem da Tuna,
in A Liberdade, 02 Março 1888, 17 Anno, Nº 900 b

Uma Estudiantina Española em Roma (Itália), 1879

Não se trata da Estudiantina Española que esteve no Carnaval de Paris, em 1878.
Tão pouco parece ser a Fígaro, dado que, se assim fosse, o artigo mencioná-lo-ia. 
Trata-se, porventura, de uma estudantina composta de estudantes de Madrid.

Journal des débats politiques et littéraires , 30 Março 1879, p.3 (BNF - Gallica)




La Presse, 44.º Ano, de 26 de Março de 1879, p.2.

















































sexta-feira, 8 de julho de 2016

Tuna Compostelana em Lisboa - 1888

Um grande artigo na primeira página do Diário Illustrado, cheio de ricos pormenores e uma imagem do principal responsável daquela Tuna.
Recordemos que foi a visita da Tuna Compostelana a Portugal (Coimbra, Porto e Lisboa) que marca o início da institucionalização da tuna estudantil no nosso país.


Tuna Compostela em Lisboa (Grande reportagem),
Diário Illustrado, 17.º anno, Nº 5340, de 21 Fevereiro de 1888, p.1

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Panegírico a Eduardo Coelho

Há já muito que devo um artigo a Eduardo Coelho, porque estamos a falar de um dos vultos maiores do pensamento tunante em Portugal e um dos mais ilustres e reputados tunos da nossa praça.
Poderia alguém interpor que há falta de isenção no critério de escolha, por se tratar de um amigo.

Eu responderia que não se trata apenas de um amigo, mas de um grande e fraterno amigo e, contudo, independentemente disso, continuaria a ser um vulto maior da Tuna em Portugal.
Prestar-lhe este justo reconhecimento é não apenas tardio como justíssimo.

O Eduardo começa a sua aventura tuneril em 1987, quando passa a integrar a Tuna Universitária do Porto, da qual se torna director musical e Magister entre 1988 e 1993 (altura em que a TUP se torna a primeira tuna portuguesa a vencer um festival fora de Portugal).

Autor e compositor, o seu nome aparece associado às “Ondas do Douro”, tema que se elevou à categoria de hino na academia portuense, consagrado no LP “Acordes, harpejos… tainadas e beijos” (1991), participando igualmente nos CD “Tuna Universitária do Porto — Um Percurso” e “Academia”. Ainda como integrante da TUP, recebe informalmente a beca da Tun’América (Porto Rico).
Só isso já é, está bom de ver, algo que ilustra um percurso notável.
Retirado da vida activa da TUP, é co-fundador  da Tuna Veterana do Porto, em 1999, sendo um dos seus directores artísticos.
Tem integrado o júri de diversos festivais, nomeadamente o do FITU “Cidade do Porto”, ao qual já teve a honra de presidir, e em cuja organização esteve envolvido desde as primeiras edições.
Eduardo Coelho é um nome indissociável da comunidade tunante, reforçando tal como pensador e estudioso destas matérias, com intervenções de aquilatado recorte literário que fez durante anos no fórum do PortugalTunas, sob o cognome de "o Conquistador". Natural, por isso, encontrá-lo entre os co-autores da primeira obra sobre a Tuna em Portugal, "Qvid Tvnae? A Tuna estudantil emPortugal".

Porque um reputado conhecedor da res tvnae, participa no IV e VIII ENT (Encontro Nacional de Tunos), como orador, sendo um dos autores do Manifestvm Tvnae.
É membro colaborador do Museo Internacional del Estudiante e do Tvnae Mvndi, ultrapassando assim o reconhecimento das suas qualidades além fronteiras.
O currículo do Eduardo não se esgota no âmbito tuneril, porque também muito haveria a descrever e referir no âmbito do fado académico, da Praxe e Tradições Académicas, no OUP, entre outros. Mas ficando a coisa só no contexto da Tuna, basta para atestar o que acima disse: estamos perante um tuno com um percurso de referência.

Foi no contexto do "Qvid Tvnae?" que o conheci pessoalmente, o que veio reforçar ainda mais a admiração e estima por tão insigne pessoa.
Um mestre cujo conhecimento é proporcional à sua enorme humildade, um homem que sabe estabelecer pontes, um vulto ímpar a quem muito deve a comunidade tunante.
A sua clarividência, a sua enorme bagagem intelectual, o rigor, a capacidade de escutar, mas também a firmeza da sua verticalidade e uma incomum capacidade argumentativa, baseada no seu vasto repertório de experiência e estudo apurada, são traços que não deixam indiferente quem com ele cruza dois dedos de conversa, especialmente quando o assunto são tunas ou tradições académicas. E quando abre a boca, faz jus aos seus cabelos brancos e é um deleite ouvi-lo (como recentemente no TUNx) ou ler o que redige.




Contas feita, apesar de o ter conhecido apenas há coisa de uns 10 anos, é como se fosse, já, um daqueles amigos de sempre, de infância, fazendo parte daquela família que escolhemos, daquele restrito grupo de pessoas que passam a fronteira de conhecidos ou colegas: os amigos de/para sempre.
Presto essa singela homenagem, porque elas se fazem em vida, ainda no seu vigor todo, num tempo onde se tornou (mau) hábito só fazer o reconhecimento devido depois de partirem.
Obrigado, Eduardo, por aquilo que és e pela amizade dispensada e por aquilo que também contigo aprendi, e aprendo.



quarta-feira, 6 de julho de 2016

Editorial do PortugalTunas - Napo partiu (Julho 2016)


Um artigo tocante que aplaudo, tal como aplaudo a memória do Napo, o seu exemplo de vida como Tuno.

 
Clique abaixo, para aceder ao artigo
http://www.portugaltunas.com/artigos/id=4169/