Não dá para ir por 4 caminhos, o que aqui se ouve/vê é verdadeiramente inesperado!
Que um qualquer "transeunte" diga que a Tuna é de origem medieval (alguns mais afoitos até a colocarão no período helénico ou, porventura, no Cretáceo Superior), dá-se de barato, mas isto ser propalado por um tuno...
Surpreende porque não se esperaria tal de alguém que, para todos os efeitos, tem formação académica, sendo detentor de um doutoramento (e prefere exibir-se como "Professor universitário" - ao invés de, por exemplo, se apresentar, com simplicidade, como maestro da tuna - condição na qual ali está) e, por isso, sabendo que as informações veiculadas devem ser suportadas por investigação documentada, factual e inequívoca.
O emissor, em 2008, lançou um livrinho (pequeno em dimensão e conteúdo), sob a designação de "Tunos e Tunas - Uma realidade histórica e historicamente determinada" cujo intuito era demonstrar a importância da Tuna. O problema é que, num exercício superfial e sem o rigor que se exigia, cai na esparrela de repetir clichés (tipo "copy-paste") da Tuna fundada em tempos medievos e coisa e tal.
Só que, entretanto, realizaram-se vários ENT, temos o site Tvnae Mvndi, o Museo Internacional del Estudiante, o grupo FB "Tunas&Tunos", o PortugalTunas e, note-se, foi publicada, em 2011-12 a obra "Qvid Tvnae" que desmonta, inapelavelmente, o mito a Tuna fundada no séc. XII ou XIII, que desmente a ligação a goliardos, sopistas e quejandos!
Uma obra, essa sim, suportada em investigação séria, documentada, comprovada e baseada em evidência; e a qual demonstra que a Tuna surge apenas no séc. XIX sob a designação de "estudiantina".
Ora, não é, de todo, expectável, que, em 2015 (e tendo sido remetido um exemplar ao tuno em questão), voltemos a narrativas ficcionadas, pejadas de erros e imprecisões científicas/históricas.
Só não reconhece o erro quem lida mal com o contraditório ou se acha imune à ignorância. Em ambos os casos, nada disso abona favoravelmente. "Vanitas vanitatum..." diz o chavão.
E uma coisa são conversas de café, mas outra é dar entrevista para a comunicação social. O grau de responsabilidade por aquilo que se diz é totalmente diferente.
A Tuna não tem nada a ver com Goliardos (que nem terão tido expressão na Península Ibérica) Trovadores, Jograis ou Carmina Burrana (que, já agora, é uma colectânea de textos em latim, latim macarrónico, versos em alemão vernacular com vestígios de proto-francês - nada de inglês, portanto). Recuar, então, ao séc. IX (em que nem universidades existiam sequer, nem tão pouco goliardos. ..) é totalmente fantasioso.
Termina-se como se começou, com surpresa e incredibilidade pelas declarações feitas.
Adenda de 28 Setembro de 2016: foi, entretanto, endereçado um exemplar do Qvid Tvnae ao autor das afirmações.
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