quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Argolada de cátedra sobe a origem das Tunas.

Não dá para ir por 4 caminhos, o que aqui se ouve/vê é verdadeiramente inesperado!

Que um qualquer "transeunte" diga que a Tuna é de origem medieval (alguns mais afoitos até a colocarão no período helénico ou, porventura, no Cretáceo Superior), dá-se de barato, mas isto ser propalado por um tuno... 

                  Dionísio Vila Maior, responsável musical da Infantuna, em entrevista dada aquando da 
                  presença da Infantuna no Rio Grande do Sul, Brasil, em 15-10-2014.
                  Retirado do vídeo constante no Youtube e publicado pela TV Campus

Surpreende porque não se esperaria tal de alguém que, para todos os efeitos, tem formação académica, sendo detentor de um doutoramento (e prefere exibir-se como "Professor universitário" - ao invés de, por exemplo, se apresentar, com simplicidade, como maestro da tuna - condição na qual ali está) e, por isso, sabendo que as informações veiculadas devem ser suportadas por investigação documentada, factual e inequívoca. 

O emissor, em 2008, lançou um livrinho (pequeno em dimensão e conteúdo), sob a designação de "Tunos e Tunas - Uma realidade histórica e historicamente determinada" cujo intuito era demonstrar a importância da Tuna. O problema é que, num exercício superfial e sem o rigor que se exigia, cai na esparrela de repetir clichés (tipo "copy-paste") da Tuna fundada em tempos medievos e coisa e tal.

Só que, entretanto, realizaram-se vários ENT, temos o site Tvnae Mvndi, o Museo Internacional del Estudiante, o grupo FB "Tunas&Tunos", o PortugalTunas e, note-se, foi publicada, em 2011-12 a obra "Qvid Tvnae" que desmonta, inapelavelmente, o mito a Tuna fundada no séc. XII ou XIII, que desmente a ligação a goliardos, sopistas e quejandos!

Uma obra, essa sim, suportada em investigação séria, documentada, comprovada e baseada em evidência; e a qual demonstra que a Tuna surge apenas no séc. XIX sob a designação de "estudiantina".

Ora, não é, de todo, expectável, que, em 2015 (e tendo sido remetido um exemplar ao tuno em questão), voltemos a narrativas ficcionadas, pejadas de erros e imprecisões científicas/históricas.
Só não reconhece o erro quem lida mal com o contraditório ou se acha imune à ignorância. Em ambos os casos, nada disso abona favoravelmente. "Vanitas vanitatum..." diz o chavão.

E uma coisa são conversas de café, mas outra é dar entrevista para a comunicação social. O grau de responsabilidade por aquilo que se diz é totalmente diferente.

A Tuna não tem nada a ver com Goliardos (que nem terão tido expressão na Península Ibérica) Trovadores, Jograis ou Carmina Burrana (que, já agora, é uma colectânea de textos em latim, latim macarrónico, versos em alemão vernacular com vestígios de proto-francês - nada de inglês, portanto). Recuar, então, ao séc. IX (em que nem universidades existiam sequer, nem tão pouco goliardos. ..) é totalmente fantasioso.

Termina-se como se começou, com surpresa e incredibilidade pelas declarações feitas. 

Adenda de 28 Setembro de 2016: foi, entretanto, endereçado um exemplar do Qvid Tvnae ao autor das afirmações.


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