quinta-feira, 14 de julho de 2016

Tuna Compostelana de 1888 - membros e figuras.





Embora já aqui se tenham publicado diversos artigos, com documentos sobre a Tuna Compostelana, que visitou Portugal em 1888 (Lisboa, Porto e Coimbra), focamos o olhar sobre os componentes dessa mesma tuna, destacando duas personagens de relevo da mesma: o presidente, Manuel Otero Acevedo (1865-1920),  e o regente, José Gómez Veiga "Curros" (1864-1946) .

Os documentos abaixo apresentados apresentam o elenco do grupo que se deslocou a terras lusas, bem como um conjunto de imagens sobre os referidos tunos que a orientavam.

De notar que a totalidade dos retratos de Manuel Otero Acevedo, conhecidos até à data,  são portugueses, o que não deixa de ser curioso.


Num só artigo, e num só local, todo o acervo, até agora conhecido, de imagens existentes sobre a Tuna Compostelana de 1888. 

José Gómez Veiga Curros , regente da Tuna Compostelana, 1886.
(Fonte: Blog "descubrindoasnosasmusica", artigo de 6 de Março 2014)

Da revista Café con Gotas (Museo Internacional del Estudiante)




Tuna Compostelana
(Revista Café con Gotas, 2ª época, N.º 9, de 22 Janeiro de 1888, p.177)

Tuna Compostelana em Coimbra (Via Latina), Fevereiro de 1888.



 Manuel Otero, presidente da Tuna Compostelana
(A Illustração Portugueza, 4.º Anno, N.º 32, de 20 de Fevereiro de 1888,p.8 e p.12)
O Presidente da Tuna Compostela,  Manuel Otero,
(Diário Illustrado, 17.º anno, Nº 5340, de 21 Fevereiro de 1888, p.1)


A Tuna Compostellana em Lisboa
(ANTT-Jornal 'O Século', 21 de Fevereiro de 1888_c0001)


Pormenor do elenco dos componentes da Tuna Compostelana
(ANTT-Jornal 'O Século', 21 de Fevereiro de 1888_c0001)


Tuna Compostelena em Lisboa, 1888
(Revista Pontos nos iis, 23 Fevereiro, p. 476 e 477 - Hemeroteca Municipal de Lisboa)


Pormenor das figuras dirigentes da Tuna Compostelana de 1888
(Revista Pontos nos iis, 23 Fevereiro, p. 476 e 477 - Hemeroteca Municipal de Lisboa)
Tuna Compostelana, 1888
(Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro, 11º Anno, Vol. XI, N.º 331, de 01 Março 1888)

Tuna Compostelana ,
(Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro, 11º Anno, Vol. XI, N.º 331, de 01 Março 1888 pp.51-52)
Pormneor do elenco da compostelana
(Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro, 11º Anno, Vol. XI, N.º 331, de 01 Março 1888 p.52)
Manuel Otero Acevedo, fotografado pela Photographia União, no Porto, em 1888
(Foto que se encontra na Casa de la Troya, em Santiago de Compostela)
Estudante português ao lado de Manuel Otero Acevedo presidente da Tuna Compostelana.
Foto tirada no Porto, em 1888
(Enncontramo-la na Casa de la Troya, em Santiago de Compostela)
Revista Occidente, 11º Ano, Vol. XI de 1 de Março
Revista Pontos nos iis, Ano IV, 19 Fevereiro 1888, p. 145


Tuna Escolar Compostelana em 1888
(Fonte: Site "lacasadelatroya.com")


Investigação pessoal no âmbito do CoSaGaPe


quarta-feira, 13 de julho de 2016

Estudantina (Académica) Portuense em 1888





Evidências da criação de uma Estudantina Portuense, de cariz estudantil, em jornais do Porto e Viseu de 1888, como forma de retribuir aos colegas espanhóis (da Tuna Compostelana) a sua visita nesse mês de fevereiro e março.

Investigação de 2011, no âmbito do CoSaGaPe, com referência em "Qvid Tvnae? A Tuna Estudantil em Portugal", nas páginas 214-215.

A Estudantina Portuense, 1888
( Jornal O Século, 02 de Março, p.3 - Arquivo Nacional Torre do Tombo)

Estudantina Portuense,
O Commercio de Vizeu, 04 Março 1888, III Anno, Nº 172



A Tuna Portuense vai a Vigo
(Jornal O Século, 14 de Março de 1888, p.3 - Arquivo Nacional Torre do Tombo)

Estudantina Portuense (civil), 1888, em O Comércio do Porto


Alguns documentos sobre a existência de uma estudantina portuense, de cariz popular (ao que tudo indica), também apelidada de "Estudantina dos Irmãos Antunes".
Investigação pessoal, no âmbito do CoSaGaPe.

Estudantina dos irmãos Antunes,
O Comércio do Porto 01 Março 1888 p.2

Estudantina Portuense no Príncipe Real,
O Comércio do Porto 07 Março 1888 p. 3

Estudantina Portuense no Teatro Príncipe Real,
O Comércio do Porto 09 Março 1888 p. 3

Estudantina Portuense dos irmãos Antunes,
O Comércio do Porto 11 Março 1888 p. 2

Estudantina Portuense,
O Comércio do Porto 13 Março 1888 p. 2

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Teimar no erro como virtude

Caricato o tipo de explicações que a teimosia dá, para consagrar como virtude um erro.

"Está errado, sabemos que está errado, mas gostamos porque tem significado histórico para nós", nisso se resume a posição da Tuna Médica de Lisboa.

A questão prende-se com o "lema" que consta do listel do logótipo "Vinum et Musica Lastificant Cor", para significar que o vinho e a música alegram o coração. Contudo contém um erro, na palavra "lastificant".

Pode parecer de somenos, mas de "lastificant" para "laetificant" (alegram) vai um enorme fosso, desde logo porque "lastificant" nem existe.
Que seja um lapso inicial, concedemos. Que conhecendo o mesmo nada se faça, parece-me incoerente.




Um erro que facilmente seria corrigido, mas parece estranhamente difícil. 
Incompreensível, portanto que uma classe médica, tão conhecida pela exigência e rigor, conviva tão facilmente com o erro e, até, o queira transformar em virtude por força de explicativos tão mediocremente esgrimidos.




Tunas Populares - Um fenómeno pouco valorizado



O fenómeno das estudantinas/tunas de cariz popular está, como as suas congéneres estudantis, inserido no amplo fenómeno das orquestras de plectro que se difundiram por toda a Europa e pelo mundo, a partir do primeiro quartel do séc. XIX.
São, no nosso país (pelo menos), o mais importante fenómeno de democratização da música erudita e do acesso aos instrumentos antes reservados a bolsas mais fartas e a quem tivesse sustento para estudar música.
A obra de referência sobre tunas populares
Salvo poucos etnomusicólogos, como José Alberto Sardinha, a larga maioria dos sociólogos  e musicólogos ignorou olimpicamente este facto e o impacto que as tunas tiveram, no seu papel cultural, social e musical em Portugal.
Como refere J. A. Sardinha (2005), citado em "Qvid Tunae?" (2011), «...estas formações foram porta de entrada de repertório erudito na tradição oral popular portuguesa[1]

Não há como negar a importância destas orquestras de plectro, de cariz popular, rural e urbano, cuja existência se conta às centenas por todo o país (não havendo quase aldeia ou vila que não tivesse a sua, chegando a haver tunas rivais numa mesma aldeia) e que impulsionaram e representaram um movimento musical ímpar que nem mesmo o fenómeno das filarmónicas terá suplantado.
E foi desse processo de aculturação que se desenvolve aquilo a que se acabará por chamar de "música popular" (tantas vezes, por ignorância, colocado no campo oposto à música dita "erudita" ou "clássica"):


"Durante esse processo, estes agrupamentos foram‑se metamorfoseando em, cruzando com, influenciando e sendo influenciadas por grupos congéneres, como as tocatas dos ranchos folclóricos, acolhendo no seu seio instrumentos estranhos ao modelo original, nomeadamente as violas de arame[2], cavaquinhos e guitarras portuguesas, e, bem assim, toda uma panóplia de instrumentos de percussão regional – sarroncas, púcaros, bombos, tarolas, tamboris, castanholas, adufes, reco‑recos, triângulos, etc.

Por outro lado, os bandolins começaram a aparecer nas tocatas ao lado dos instrumentos tradicionais. A este fenómeno de entrecruzamento não é alheio o facto de quase sempre os executantes da tocata darem uma mãozinha à tuna, e vice‑versa. Assim, tanto o repertório tradicional passou para as tunas como o contrário: os corridinhos começam a ser tocados como «chotiças»[3]; as chulas, como valsas; aparecem os «viras‑valseados», as contradanças e os «balancés», as quadrilhas, os dobrados (pasodobles) e toda uma série de ritmos «novos», que rapidamente ganham foro de «tradicionais» sendo incorporados no fundo musical dito «popular». " [4]

Aqui se deixam algumas imagens e fotos de tunas de cariz popular rural e urbano de finais do séc. XIX e inícios do XX (sem repetir as que já publicadas no artigo dedicado a pré-existências populares).



Bilhete Postal - Tuna Comercial de Lisboa, 1903-04
Publicado na Ilustração Portuguesa Is25, p. 13, de 25 de Abril de 1904 e citado em Qvid Tvnae?, p. 208

Tuna Travanquense, fundada em finais do séc. XIX, aqui em 1909
(Publicado por João Duarte no blogue travancacomhistoria.blogspot.pt)

Bilhete Postal - Tuna Comercial de Lisboa, ed. 1911
Foto publicada também no jornal O Século, de 14 de Outubro de 1906, p. 12,
e em QVID TVNAE?, p. 209

Estudantina Nicolino Milano (disfarçados de tunos espanhóis) no Carnaval de Lisboa,
Ilustração Portugueza, 1ª Ano, Nº 71, de 13 de Março de 1905, p. 294
(Hemeroteca Municipal de Lisboa). B

Grupo Manuel Passos Freitas, Funchal (Madeira), 1918.
(Acervo do Museu de Etnologia de Lisboa)

Grupo musical de amadores apresenta em Cuba, Alentejo, uma tuna masculina de inspiração estudantil.
(Ilustração Portuguesa n.º 698, de Julho de 1919, p. 15)

Postal Ilustrado Nº 17- Serenata Thomarense, junto à porta do Convento de Cristo
(Collecção da Havaneza de Thomar, ca. 1905)

Tuna Amadores de Música Passos de Freitas,
Illustração Portugueza, II Série, Nº 678, de 17 Fevereiro de 1919, p. 138
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Associação de Empregados Comércio de Santarém,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 414, de 26 Janeiro de 1914, p.127
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Cartaxerse (Cartaxo),
 Illustração Portugueza, II Série, Nº 600, de 20 Agosto de 1917, p. 159
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna da Associação dos Caixeiros Leirienses,
 Ilustração Portugueza, 2ª série, Nº 907, de 07 Julho de 1923, p.12
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna de Alfaiates, durante a 1ª guerra mundial, ca. 1918
(In hblogue valadodosfradesfotos.blogspot)
publicado em QVID TVNAE?, p. 241 

Tuna de Aradas (Aveiro), ca. 1910 (Acervo de David Paiva Martins)

Tuna de Bandolins da Casa do Povo da Camacha 1947
 (In site bandolins-madeira.net) publicado em QVID TVNAE?, p. 242

Tuna de bandolins do Laranjal, Santo António do Funchal (Madeira), 1938
(Photographia – Museu Vicentes, in bandolins-madeira.net)

Tuna de Benfica do Ribatejo,  1915
(in blogue benficadoribatejo.blogspot.pt)

Tuna de Benfica do Ribatejo, ca 1920
(in blogue benficadoribatejo.blogspot.pt)


Tuna de Empregados do Comércio de Beja, 1906
(Jornal O Século, 10 de Dezembro, p.5 - Arquivo Nacional Torre do Tombo)
publicado em QVID TVNAE?, p. 240

Tuna Peroselo (Penafiel), ca. 1910

Tuna de Redondo, 1903 (Coleção particular Luís Mocho)

Tuna do Atheneu Commercial de Lisboa,
 Ilustração Portugueza, II Ano, Nº 85, de 19 de Junho de 1905, p.523
(Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Tuna do Club Ginástico Portuguez do Rio de Janeiro,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 429, de 11 Maio de 1914, p.598
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna dos Caixeiros de Guimarães, c. 1900
(Recolha de Manuel Soares)

Tuna Empregados Comércio Penamacor (ca. 1919)

Tuna Empregados de Comércio de Loanda,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 445, de 31 Agosto de 1914, p.269
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Louletana,
Illustração Portuguesa, II Série, Nº 388, de 28 Julho de 1913, p.127
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)

Tuna Riomaiorense (Rio Maior), ca. 1920
(Fernando Duarte in "História de Rio Maior")


Tuna Orfeão de Silvalde (São Tiago de Silvalde - Aveiro), ca. 1920

Troupe Freitas Gazul, 1893
(Revista - O António Maria Vol. IX, de 23Fevereiro)
publicado em QVID TVNAE?, p. 205

Troupe Gounod, 1894
(O António Maria, 28 Dezembro, p.174)
publicado em QVID TVNAE?, p. 205

Tuna do Ateneu Comercial, 1905, Someiro,
Revista Occidente,  Vol. 28, nº 960, p. 189
(Hemeroteca Municipal de Lisboa).
publicado em QVID TVNAE?, p. 209

Tuna do Atheneu Comercial de Lisboa, 1906
(Brasil-Portugal - Lisboa - A. 8, vol. 8, nº 190, 16 Dez., p. 344)
publicado em QVID TVNAE?, p. 210

Tuna Orquestra da União dos Empregados de Comércio do Porto, ca. 1912
(O Tripeiro nº 6, Ano XI de Outubro 1955 p. 172).

Tuna Orquestra da União dos Empregados do Comércio do Porto, 1912
 Illustração Portugueza Nº 330, 17 Junho, p. 785
(Hemeroteca Municipal de Lisboa)
publicado em QVID TVNAE?, p. 226

Tuna de senhoras, 1907, com cliché de P. Marinho
(Brasil-Portugal. - Lisboa. - A. 9, vol. 9, nº 194, 16 Fev., p. 28-29)
publicado em QVID TVNAE?, p. 211

Investigação pessoal, 2016




[1] José Alberto Sardinha, em entrevista a João Pedro Oliveira, DN (12 de Setembro de 2005).
[2] Nas suas múltiplas designações regionais: braguesas, amarantinas, campaniças, toeiras, beiroas, bandurras, da terra, etc.
[3] Corruptela popular de schottische (escocesa).
[4] COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA João Paulo - QVID TVNAE? A Tuna estudantil em Portugal - Euedito, 2011, pp.301-302.

sábado, 9 de julho de 2016

Actriz morre em palco perante Estudantina de Salamanca (Porto, 1908)

Em festival promovido pelo centro académico do Porto em honra da Estudantina de Salamanca, a actriz (já retirada) Emília Eduarda (muito consagrada na época) falece repentinamente, mal acabara de declamar uma poesia, perante a estupefacção dos estudantes portuenses e espanhóis e de todo o público ali presente.

O Século, 01 de Março de 1908 (ANTT)