Fazer
investigação a partir de periódicos e outras publicações, em Portugal, será das
tarefas mais complicadas e ingratas.
A
investigação sobre Tunas não foge à regra, sendo até, em muitos casos, ainda
mais difícil, tendo em conta que pouco foi desbravado no que concerne ao
levantamento documental de evidências.
Ao contrário do que se sucede, por exemplo, em França e em Espanha, onde, no caso da imprensa, os exemplares estão digitalizados com reconhecimento OCR (reconhecimento de caracteres), em Portugal são raríssimos os casos em que tal sucede (até hoje encontrei menos de uma meia dúzia de periódicos nessas condições).
O
reconhecimento OCR permite a busca por palavras, dentro do documento, poupando
anos de investigação.
Mas a grande vantagem dos dois países acima mencionados é que as estruturas responsáveis pelo acervo disponibilizam igualmente um motor de busca que permite a pesquisa por palavras não apenas a 1 periódico em específico, mas estende a busca a todos os documentos digitalizados existentes, apresentando, depois, as ocorrências por relevância, data, etc.
Em
Portugal, não existem motores de busca desse género, algo incompreensível e, de certo modo, inaceitável.
Em
Portugal, as colecções online, disponibilizadas em PDF, são digitalizações em formato
de imagem, sem reconhecimento OCR. Em alguns casos (como na BNP), nem sequer uma referenciação por localidade (como sucede na Hemeroteca Digital de Lisboa).
Se
é verdade que já é uma enorme vantagem haver documentação online - e não ter de fazer deslocações para aceder
(podendo fazer-se a partir de casa), o facto é que continua a ser necessário
abrir cada exemplar e lê-lo de fio a pavio, à procura do que se pretende.
E
só estamos a falar do acesso online, porque são ainda muitas centenas de
documentos e periódicos que é preciso consultar presencialmente (algo simplesmente inaceitável, hoje em dia, para muitos documentos como são os jornais), num país que
se quer na vanguarda tecnológica (e fez disso política desde o tempo do
Sócrates e do seu Plano Tecnológico, dos seus "Magalhães", quadros
interactivos e afins).
Ora,
o leitor faça esta simples conta de merceeiro:
1
ano tem 52 semanas.
Pegando
num periódico diário (normalmente são 6 exemplares por semana, folgando um dia),
teremos nada menos que ca. 312 jornais para ler (a variar entre a 4 e as 6
páginas - umas vezes menos e outras mais) nesse ano. Estamos a falar de cerca de 1200 a 1800 páginas.
Isto
só para 1 ano!
Basta imaginar a trabalheira que dá, nem que seja para um periódico que só existiu, imaginemos, 10 anos (há-os com maior longevidade e, alguns, com publicação ininterrupta da década de 1870 à actualidade).
Basta imaginar a trabalheira que dá, nem que seja para um periódico que só existiu, imaginemos, 10 anos (há-os com maior longevidade e, alguns, com publicação ininterrupta da década de 1870 à actualidade).
O
leitor imagine o tempo, o esforço e resiliência dispensados a pesquisar por assuntos específicos como são as tunas/estudantinas, ao
longo de milhares de páginas. E, depois, lá se vão umas dioptrias (ler num ecrã de computador desgasta e cansa mais).
Leitura de centenas e centenas de páginas, por vezes sem qualquer retorno (chega a haver periódicos onde nada se encontra em 2, 3 ou mais anos pesquisados) que obriga o investigador a confrontar-se tantas vezes com a frustração (embora também seja recompensado na perseverança, encontrando, não poucas vezes, dados riquíssimos e inéditos).
Leitura de centenas e centenas de páginas, por vezes sem qualquer retorno (chega a haver periódicos onde nada se encontra em 2, 3 ou mais anos pesquisados) que obriga o investigador a confrontar-se tantas vezes com a frustração (embora também seja recompensado na perseverança, encontrando, não poucas vezes, dados riquíssimos e inéditos).
Havendo
várias centenas de periódicos a abranger o período que vai de inícios do séc.
XIX até, pelo menos, 1980 (para não ir mais longe), bem se reconhece a tarefa quase impossível que se
tem pela frente.
E
isto só para Portugal.
Se a pesquisa está facilitada em França e Espanha, há
que também contar com outros países onde o fenómeno Tuna/Estudiantina se
manifestou (alguns com o mesmo problema que o lusitano, diga-se).

Vale
a pena meditar sobre isto, nem que seja para que o trabalho de investigação e
os investigadores sejam mais reconhecidos e, quiçá, um dia, alguém com poder de
decisão faça alguma coisa para mudar o estado actual das coisas.
Entrementes, volto à labuta, que se tornou, há muito tempo a esta parte, diária, de percorrer periódicos.
Entrementes, volto à labuta, que se tornou, há muito tempo a esta parte, diária, de percorrer periódicos.
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