terça-feira, 27 de setembro de 2011

VIII ENT cartaz/programa, Bragança 2011

Este Encontro Nacional de Tunos ficará, sem dúvida, marcado pela apresentação da tão esperada obra/estudo sobre a Tuna Estudantil em Portugal.
Se motivos há sempre para ir ao ENT, penso que, este ano, os motivos são redobrados.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Do alto de um banco, para não puxar da cadeira



O autor destas linhas, a par com alguns ilustres tunos da nossa praça, tem pautado parte da sua vida tunante numa vertente que muitos consideram "estranha" ao mester tunante: a memória da Tuna (quando é, afinal, uma outra forma de "tunar").
Não poucas vezes são estes peregrinos acusados de sobranceria e altivez pelo simples facto de, para mal de muitos comodismos e "poderes" instalados, terem tido a veleidade de ousar investigar a Tuna, sua história, sua diegese.
São, pois, olhados, estes quantos, de soslaio.

Se por um lado se lhes louva o mérito (ou doideira) do árduo, e já longo, trabalho, de pesquisa, de investigação ...... por outro, todo esse labor de coligir, verificar fontes, procurar a verdade....... é visto como altamente incómodo, porque trazem à tona factos que puxam o tapete a muito mito, que desalicerçam muitas "verdades", que contradizem inequivocamente muitas práticas, conceitos e "sapientísses", que chegam a por em questão muitas tunas enquanto tal (ou pelo menos muitas das suas práticas e praxis).

Então, quando estes "illuminati" têm a ousadia de accionar o contraditório em fóruns ou blogues............ "-Aqui del Rei!" que já estão a dar numa de sabichões. Outras vezes até o que sabem (muito ou pouco) é posto em causa ou relativizado por alguns, numa tentativa de se porem a salvo de qualquer necessidade de, afinal, concluírem que andaram equivocados.

Mas desenganem-se os leitores mais críticos ou detractores. Os tais "estudiosos" que por vezes dão a impressão de se armarem em omniscientes não têm qualquer intenção que não partilhar o que foram descobrindo e aprendendo, no desinteressado intuito de dar um contributo à comunidade tunante e, deste modo, ajudarem à necessária formação de que a mesma carece.

Não se pense, como muitos acharão (com mais ou menos azia e "dor de côto"), que se nasceu sabedor e entendido.
Tal como muitos dos nossos tunos de ontem, e de hoje, também os ditos erraram e pensaram muitas vezes mal.
Todos eles cresceram como tunos ouvindo "estórias de embalar" em que faziam fé; que reproduziram, que apreenderam e tomaram como certo durante muito tempo.
Todos esses ditos "entendidos" acharam também o mesmo que muitos ainda hoje acham: fosse que era possível cientificamente delimitar o que era música de tuna, de facto; que o contrabaixo e a música clássica não eram de tuna; que a tuna era só música popular; que a tuna era uma tradição de 600 anos; que as tunas eram Praxe......... e outros tantos mitos.
Era a catequese da época, melhor ou pior, conforme o catequista, onde não existiam catecismos e muito menos a facilidade webística de hoje.

Mas o que distingue uns de outros passa por uma questão de atitude intelectual: questionar e querer "tirar a limpo" todos esses"ensinamentos" - alguns dos quais, desde muito cedo, logo foram sucitando dúvida pela sua improbabilidade ou, até, por falta de confrmação documental e inequívoca.

Há 20/25 anos atrás não se tinha acesso ao saber, sobre tunas, como hoje. A Internet era uma novidade ainda pouco difundida e nenhuma literatura existia que fosse de fácil acesso (em português, então, tal como hoje, salvo o Tunas do Marão só publicado em 2005, rigorosamente nada).
Assim,  reproduziam-se, com muito mais facilidade,  contos e as lendas, sempre acrescentados pelo imaginário e deduções romanceadas que foram formando o corpo oral da catequese tuneril, chegando aos dias de hoje como autênticas verdades canónicas.

O problema sempre foi, para alguns de nós, o seguinte: "Mas quem disse e onde estão as provas disso?".
Se durante muito tempo se aceitou, pelo respeito que nos merecia o emissor (muitas vezes um padrinho, um prestigiado veterano, um tuno com mais experiência, etc.), o facto é que a falta de provas, de comprovação, de algo mais do que o fiar-se no que é dito, à medida que os anos passavam, foi sendo o lento acordar para a necessidade de não se aceitar passivamente saberes de que, afinal, todos pareciam saber muito, mas de lábia - e pouco ou nada, de facto.
Também nós errámos, dissemos baboseiras do arco da velha, jurámos a pé juntos idiotices pegadas. Fizemo-lo enquanto aceitámos ser meros reprodutores sem critério, sem questionarmos e arregaçarmos as mangas e não esperar que as coisas nos caissem no colo.

Essa é a grande diferença: uns aceitam sem questionar (e quando mais rebuscado, ou romântico, melhor), outros têm a curiosidade de verificar e saber mais sobre as coisas.
Convém, ainda assim, dizer que não é preciso que todos mergulhem nas bibliotecas e arquivos, só que uma coisa é fiarmo-nos em documentos ou textos de pessoas  que estudaram e pesquisaram seriamente, enquanto outra é acreditarmos em pessoas que apenas falam de cor, sem qualquer sustento documental (sem provas).

Na nossa comunidade, podemos registar, entre outros, 2 tipos de tunos: os que não sabem, mas querem aprender e aqueles que não sabem, não querem aprender e têm raiva a quem sabe.

No caso dos primeiros, partilha-se com eles uma confidência: se sabemos mais foi porque errámos mais e, por isso, pretendemos, com o nosso contributo, possibilitar que outros errem menos e façam melhor.
No caso dos segundos, é quando o discurso acaba por ser um pouco mais ríspido, porque em gente letrada, a cursar o ensino superior, lamenta-se esse tipo de atitude, de quem não sabe e ainda tem orgulho nisso; ou então de quem não sabe e acha, contudo, que nada tem para aprender -e a esses idiotas chamamos, sem rodeios: idiotas.

Não o fazemos de cátedra, mas também não pedimos licença para o fazer. Nada mais ridículo do que legitimar o erro e o equívoco e achar-se natural aceitar isso batendo palmas. Nada mais ridículo do que o saber ficar na posse de alguns, quando é para ser partilhado, porque a todos pertence.
Fazemo-lo pelo gosto de ajudar, pelo gosto do próprio exercício de descobrir, pelo desinteressado desejo de dar algo que pode ser útil - sabendo o quanto foi penoso não termos, no nosso tempo, quem o fizesse por nós.
Fazemo-lo numa atitude de serviço, não como doutorados em tunologia, e que resulta da curiosidade e insatisfação pela falta de respostas credíveis com que sempre nos deparámos no que dizia respeito à Tuna.
O facto de termos nas nossas mãos alguns dados mais que muitos não terão (mas em breve irão ter), apenas nos faz cair na conta de que pouco sabemos face ao que está, ainda, por descobrir.

No próximo ENT, a decorrer em Bragança (2º fim de semana de Outubro), será levantado o véu sobre a tão aguardada obra que pretendemos que esteja no mercado pouco tempo depois.

Não se trata de uma bíblia, mas de uma ferramenta que possa ser útil e, até, despertar o interesse e vontade de outros irem mais longe nesse trabalho.

sábado, 20 de agosto de 2011

Toca Paco Sabanda!

Só me faltou levar o CD do Paco Bandeira, mas não encontrei.
Bonita festa, entre amigos. Parabéns, "Sabanda".



sábado, 2 de julho de 2011

Monumento ao Tuno - Santiago de Compostela

Por mera curiosidade histórica e cultural, trago notícia do Monumento Al Tuno, nomeadamente das figuras que compõem essa já famosa escultura, situada no campus universitário de Compostelana.
Agradeço a amabilidade do meu amigo Mário, da Cuarentuna La Coruña, que me cedeu este, e outro material, que aqui irei colocando, sempre que pertinente.
Não sendo o único existente, esta escultura é certamente das mais conhecidas do mundo tuneril.



Aqui transcrevo, em versão portuguesa, ao texto referente ao monumento:

Por motivo do II Certamen Internacional de Tunas, celebrado em Santiago de Compostela durante os dias 17, 18 e 19 de Novembro de 1980, organizado pela Reitoria da Universidade de Santiago e a Associação de Antigos Tunos, sendo Reitor o catedrático de anatomia patológica, o Magnífico e Excelentíssimo Dr. D. José María Suárez Nuñez, e presidente da Associação de Antigos Tunos o Dr. D. Fernando Vietes Faya, inaugurou-se, no campus universitário, o primeiro Monumento ao Tuno (dizemos primeiro e único porque não há notícia de que exista outro).

O grupo escultórico, que representa uma cena de serenata, com figuras de tamanho real, está realizado em granito galego e é uma obra do escultor D. Fernando García Blanco (aluno predilecto do grande escultor galego D. Francisco Asorey).

As figuras que compõem a escultura pertencem aos seguintes membros da Associação de Antigos Tunos:

Guitarra: Rafael Milán Calenti  - actualmente acessor jurídico da Junta da Galiza. Membro fundador da Associação A.T. Foi organizador do primeiro Ajuntamento ("Xuntanza") de Tunos Compostelanos que reuniu, na cidade de Santiago, tunos pertencentes a mais de 20 gerações.

Cantante: José Luis Bernal López - humorista, periodista radiofónico e colaborador de TV. Foi apresentador, junto com Luis del Olmo e Silvia Tortosa, do Iº Certamen de Tunas e coordenador, e apresentador, do 2º com Guadalupe Enríquez. É membro fundador da A.T.T.

Mandolina: Dr. D. Fernando Vietes Faya  - professor de medicina, dermatólogo. Membro fundador, e primeiro presidente, da A.T.T.

Pandeireta: Benedicto BarreiroMigues - personagem mítica que pertenceu às tunas de finais dos anos 30 e as continuou acompanhando até há poucos anos.

Texto de José Luis Bernal (FARRUCO)
in Canta la Tuna - Cancioneiro, de Domingo Rojas Cantera e Javier Iglesias Ramos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

No XIX FITUV (Infantuna) 2010

Um fim de semana memorável.
Participando no Festival dos amigos da Infantuna, parece que rejuvenesci 20 anos.

Com os companheiros de sempre do Real Tunel, mas também com os amigos da TDUP, especialmente o meu querido Ricardo Tavares ("Sabanda"), com o Paulão da EUC, o João Paulo Sousa................ e os muitos amigos da Infantuna. 
Tuna é isto: um constante reencontro e vivência das amizades que a música une.















terça-feira, 23 de novembro de 2010

Melodias gastas



Há já algum tempo que estava para escrever sobre este assunto (este e outros mais), mas o tempo tem sido pouco, a disposição nem sempre muita e alguma preguiça, também, à mistura, reconheço.


Tem voltado à berlinda, a questão dos repertórios/alinhamentos que são apresentados em certames e demais espectáculos e que, de ano para ano, continuam inalterados ou, então, cujos temas sofrem pequenos liftings - mas que nada mexem no escalonamento.

Por que razão assim sucede?


Por que razão andam as nossas Tunas sempre a tocar o mesmo anos a fio?

Serão factores de vária ordem, diga-se:


1.º Os temas vão dando prós gastos e continuam a ser suporte para vencer certames;
2.º A Tuna não tem quem "faça" outros (e aqui não significa fazer originais) ou só pensará nisso quando o desgaste do alinhamento a isso obrigar (o que leva, por vezes, a longas travessias no deserto);
3.º Acomodamento ao que está feito e receio em voltar ao "sofrimento" de laborar novos temas - e todo o trabalho desgastante que isso dá (e para quê, se o actual repertório está sabido e dele ainda se tiram dividendo?).
4.º  O grupo mantém um núcleo fixo o que não impede a execução (e os que entram, entram na onda), até mesmo dos temas mais complicados.
5.º  Os Júris dos certame vão rodando, pelo que mesmo apresentando os mesmos temas na edição seguinte de um festival (ou 2 ou 3 edições depois), não se corre o risco dos jurados acharem "mais do mesmo".


São alguns dos factores que levarão a que um mesmo alinhamento dure mais que pilhas Duracel. 
Obviamente que quando ele é muito bom, não nos cansamos de ouvir repetidas vezes............... mas há limites. 
Uma coisa é dar para tournées de 3 a 4 anos (e já é muito), outra é, passados 5 ou mais, voltarmos a ouvir a mesma Tuna com o mesmíssimo (ou quase) alinhamento.
A pergunta que aqui já fiz (quando abordei o tema do repertório) foi: "Mas o que andam a fazer nos ensaios ao longo destes anos todos? É vira o disco e toca o mesmo?".

Não haja dúvida que, nos muitos (mas muitos mesmo) casos, em que isso sucede, não consigo explicar para que raio servem os ensaios, se andam 4 e 5 anos, todas as semanas, a ensaiar rigorosamente o mesmo (principalmente quando, note-se, após todo esse "treino" ainda vemos erros e argoladas).
Significa isso que uma tuna deve abandonar o seu repertório passados 3 ou 4 anos?
Não, por certo. Deve é alterá-lo e renová-lo. Os grandes sucessos do passado serão sempre bem-vindos se metidos singularmente (os quais podem ir rodando) no meio dos novos temas.
Pessoalmente, não percebo como as tunas não trabalham coisas novas, enquanto o seu repertório vai rodando.

Considero puro desperdício uma tuna andar anos a fio, nomeadamente nos ensaios, a bater no ceguinho .

Muitas vezes, as tunas vão adicionando ao conjunto já rodado, um tema novo. Obviamente que se louva, mas sabe a pouco, a muito pouco, na perspectiva que venho aqui explicando. 
Renovar deve ser uma aposta contínua e não uma empreitada ocasional. Renovar (também sinal de pujança, e dinamismo) é não ficar acomodado e querer oferecer ao público coisas novas; é estabelecer novos patamares, novas conquistas.......é pôr a tuna em andamento.

Claro está que os alinhamentos deixam de ser também viáveis, obrigando a renovações forçadas, quando, "subitamente", alguns elementos saem ou se véem impossibilitados de continuar assiduamente. Muitas vezes, a tuna deixa de contar logo com aqueles instrumentistas virtuosos em quem assenta aquele arranjo, aquele instrumental. Outras vezes, é o fabuloso solista que deixa a tuna orfã (porque à sombra daquele portentoso cantor, ela se foi esquecendo de preparar alternativas ou a sucessão).
Esta é uma daquelas situações que leva à necessidade de, quando menos se queria, ter de repensar toda a estratégia e, como anteriormente disse, começa muitas vezes aí a longa travessia no deserto (só terminada quando entra uma nova fornada de talentos- algo cada vez mais raro nos dias de hoje).

Outras vezes é o facto de a Tuna deixar de arrecadar prémios festival após festival, concluindo, com isso, que é hora de mudar.

A saturação dos próprios tunos também é factor que levará à mudança, mas, não poucas vezes, tem de haver um motivo mais forte (como o de não arrecadar prémios durante "demasiado" tempo), porque tunas há onde se nota essa saturação, mas que se vai "aguentando", porque os resultados festivaleiros ainda vão escamoteando o "descontentamento" latente (até do público seguidor da tuna).
O certo é que se nos cria um certo desencanto, quando vemos grandes certames que continuam a apostar no circuito fechado, convidando as mesmas tunas repetidamente, as quais, também repetidamente (e ano após ano) vêm apresentar mais do mesmo, sempre o mesmo.
O que é bom é bom, mas, à força de insistir no mesmo, não há como evitar o tédio, a monotonia e a sensação que, muitas vezes, são precisamente as tunas de maior renome - e que, por norma, possuem mais "recursos" humanos e experiência, as que menos são empreendedoras neste apartado.

Fossem os Júris dos certames mais ou menos fixos (como sucede com o CIRTAV, por exemplo, com um grupo fixo de 3 elementos e um que roda todos os anos) e certamente que as tunas evitariam fazer mais do mesmo anos a fio, sob pena de serem preteridas na avaliação por outras mais empreendedoras e dinâmicas (conquanto tivessem qualidade, obviamente).
Mas até por consideração ao público que, grosso modo, é usualmente assíduo, as tunas deveriam ter em atenção a necessidade de criar surpresa, de mostrar trabalho contínuo.
Pena que os grandes certames não apostem noutras tunas que possam trazer alguma variedade. Quiçá isso obrigasse algumas "habitués" a mudar alguma coisa, a entenderem que se lhes pede algo mais do que a eterna repetição até ao tédio.


Se atentarmos, por exemplo, ao caso dos Coros (e já só falo dos amadores), vemos uma diferença abissal, com estes a terem repertórios vastos de Natal, de Páscoa, de música sacra, profana (e, neste capítulo, tendo ainda a divisão entre música barroca, renascentista, popular, etc.), litúrgica, entre outras, num repertório que ultrapassa as muitas, muitas dezenas de temas.
Obviamente que não têm a componente instrumental, mas é facto que também não têm nem metade, muitas vezes, das actuações que as tunas têm, em que quase não existem certames com prémios a concurso (daí que nem sequer têm esse "incentivo") e, no entanto, estão continuamente a trabalhar coisas novas (depois actualizando os temas que pretendem para determinada apresentação ou época).
Raramente se assiste a um coro a repetir o mesmíssimo repertório em edições sucessivas de encontros corais ou de concertos em que participa frequentemente.

Mas nas tunas isso não sucede. Raramente se distingue um repertório de certame de outro que seja para a festa da aldeia ou um outro qualquer concerto ou espectáculo. Não poucas vezes, o repertório principal é "pau para toda a colher" (mesmo que entremeado com um ou outro tema de reserva).
O facto é que a enorme evolução qualiativa das nossas Tunas entrou numa certa estagnação, onde as mesmas vivem dos dividendos.

Vão surgindo coisas novas muito boas, mas continuam a ser fortutitas - não chegando para concluirmos com satisfação "estrearam um repertório novo", "trazem supresa e novidades".

Todos gostamos de ouvir os grandes sucessos, aqueles que povoam o nosso imaginário tunante e que definem, não poucas vezes, a afeição que temos por certos grupos, contudo têm sempre melhor sabor se consumidos ocasionalmente, tal como um bom Conhaque, que só tem aquele "je ne sais quoi", se bebido em ocasiões especiais, e ao fim da refeição; não, certamente, se bebido diariamente a todas as refeições e a acompanhar todos os pratos.

Seja o repertório como a Ementa do dia de um restaurante: mudando diariamente, mas sem nunca esquecer as especialidades da casa, sob pena de enfadar o estômago, enfastiar o apetite ou levar à preferência pelo botequim lá do lado que até nem é tão requintado, mas oferece mais variedade, também a preços convidativos.
O que não falta por aí são temas para adaptar, para incorporar, a par com um ou outro que um qualquer inspirado tuno componha.
Não se fiquem, pois, as nossas tunas, a contemplar o trabalho feito, porque o caminho faz-se caminhando.


Nota a posteriori: O blog do meu amigo "Aventuras", hoje publicado, complementa superiormente o que este artigo reflecte. Aconselho, por isso, também, a leitura do artigo A Aventura da Hibernação Creativa

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

No XV TAFUL

Cá por "Lisbonne", uma noite para ir às tunas.









segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Grafia tunante - A letra dos temas nas tunas



Serve o presente artigo para uma pequena reflexão, à consignação da organização e jurados dos nossos certames.
Num festival tudo se tenta avaliar, com parâmetros para a musicalidade, afinação, colocação da voz, harmonia, instrumental, pandeiretas, bandeira.......e por aí adiante.
Pois.......... mas onde está uma avaliação criteriosa das letras que são cantadas, neste caso dos temas inéditos, dos originais das tunas?

Reparem que não existe regulamento algum que peça, antecipadamente, às tunas para entregarem as letras dos temas, de modo a poderem ser, também elas, alvo de avaliação por parte dos júri; algo que merecia, quanto a mim, um maior cuidado, entrando esse aspecto nas contas.
Não estou a defender a criação de um novo prémio (mesmo se, em rigor, faz tanto sentido quanto os demais), mas o facto é que um tema é tanto mais rico e melhor quanto mais harmoniosa a simbiose entre letra e música.
Quantos temas não são mediócres do ponto de vista literário, apesar de bem urdidos musicalmente? Quantas vezes o contrário também não sucede?
Mas atenta o júri à composição literária dos temas? Tem ele (o júri) esse cuidado, com acesso às letras (elas que, por vezes, não são assim tão fáceis de perceber ao vivo, in loco)?
Temo que não, estou seguro que não (mesmo que digam o contrário na desculpa que ouvem o conjunto).

Temos composições de altíssima qualidade, do ponto de vista poético que, lamentavelmente, não são reconhecidos nesse apartado, em detrimento de mediocridades que são elevadas à categoria de ícones musicais mais pela moldura do que pelo conteúdo.

Fica a reflexão.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uniformidade do trajar em Tuna

Serão breves estas linhas, porque importa, isso sim, que elas suscitem reflexão, mais do que se revestirem de conselho ou coisa parecida.


Sendo o espectáculo de uma tuna um todo, aliando a componente musical e a de teor visual (cénica/coreográfica), é facto que muitas das nossas tunas ignoram um aspecto que considero ser importante: a uniformização da indumentária.

Não poucas vezes (quase sempre, para ser verdade), assistimos a tunas cujos elementos não trajam de igual modo.
Não falo apenas em trajes diferenciados, mas em modos díspares de trajar um mesmo pano.

Uns com capa ao ombro, outros usando-a descaída, outras sem capa; uns em colete, outros de batina, outros, ainda, só em camisa……. de tudo um pouco, diga-se.

Se a praxis do trajar é algo, por norma, tão caro aos académicos, neste caso aos tunos, pergunto-me se o palco se constitui como “terra de ninguém”, onde não vigora outra lei senão a que cada indivíduo se impõe a si mesmo.


Percebemos, perfeitamente, que as funções de cada tuno, em palco, não são iguais. Obrigar um pandeireta a bailar com capa traçada não se reveste de lógica alguma. Contudo não se percebe quando tunos com a mesma função (os violas, por exemplo) não trajam igual.

Percebemos que existem algumas dificuldades de natureza prática, que criam, por si só, a necessidade de algumas excepções, mas é facto que, em muitas outras ocasiões e situações, tais “excepções” não são “legíveis”.


Existindo o traje como uniforme (e veja-se que uniforme/uniformizar/uniformidade são vocábulos de família directa), seria profícuo que o modo desse se trajar fosse uma mais valia para a tuna, no modo estético e visual como esta passa a sua própria imagem.

São precisos critérios que definam, nas nossas tunas, em cada uma, o modo de apresentação. Salvo as devidas excepções, que todos percebem, todos os tunos devem apresentar uma harmonia visual quanto ao traje, ao modo de o envergar.

E note-se o ridículo e abjecto que é ve ruma tuna com 10 elementos em que quase todos trajam de forma diferente, uns com calças de ganga e capa, outro com traje de caloiro, outros com traje completo, outros assim assado.
Sim, temos ainda muito disso por cá num verdadeiro desfile de "Passa ao Calhas".
Perguntamos. essas tuna snão se enxergam ou alguém tem pudor de lhe fazer reparo?


A tuna só tem a ganhar quando tem brio na imagem que apresenta. Assim houvesse esse cuidado e a tuna e o próprio traje sairiam, assim, mais respeitados e enriquecidos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Patrono das Tunas


(Texto de 2010).

Não deixa de ser estranho, e sobre isso já tinha reflectido várias vezes, que a arte tunante, com mais de um século de história, desde os remotos tempos das bigórnias e estudantinas até hoje, nunca tenha eleito um santo patrono.
Em Portugal, poderíamos anuir que, sendo a Tuna uma cultura importada (adoptada e adaptada), seria normal que , a haver padroeiro/a,  seria precisamente o/a mesmo/a que em Espanha, daí que seria escusado procurar um nos anais dos santos lusitanos.

Mas, pasme-se (ou não), nunca os nuestros hermanos elegeram qualquer patrono da sua arte tunante (nem eles nem os tunos da América Latina), pelo que todos os tunos do mundo estão "orfãos" de santo protector - pelo menos que se saiba.


Alguns seriam possíveis, desde a escolha, mais ou menos óbvia de Santa Cecília, padroeira dos Músicos e da Música em geral, mas também dos tocadores de instrumentos de corda, embora, em boa verdade, uma larga maioria dos tunos nunca foram ou são (ou serão) músicos de facto.
Também, em termos de romantismo histórico (e apenas isso), poder-se-ia apontar Santo Aleixo, protector dos Mendicantes (mendigos), mas parece algo forçado.


Estando, actualmente, a Tuna quase entendida como configuração musical de estudantes do Ensino Superior, caberia São Tomás de Aquino, protector dos Universitários, mas que fazer com as tunas de liceu (como a de Évora) ou as inúmeras que são populares e são também tunas?
Além disso, as tunas começaram por ser agrupamentos de estudantes, sem distinção de grau.
Assim penso que o São Tomás de Aquino não se adequa plenamente.
Então, assim sendo, quiçá Santa Brígida, padroeira dos Escolares. Pois..., mas escolares não se definem como também sendo músicos, ou seja não é uma qualidade inata a qualquer estudante e, depois, já nem todos os tunos são escolares. Caberia grosso modo, mas é demasiado generalista para a especificidade do mester tunante.


Sobrariam, do vasto leque de padroeiros, a Santa Catarina de Bolonha, padroeira das Artes e o São Gregório Magno, padroeiro dos Cantores. A tuna é uma forma de arte, pelo que se enquadra, mas é apenas uma das muitas existentes. O São Gregório até teve honras de tema no CD da FAN-Farra de Coimbra, mas era por analogia ao "gregoriar alcoólico" (vomitar = gregoriar). Além disso, os tunos não são unicamente cantores (as tunas começaram por serem apenas grupos que executavam peças instrumentais), nem me parece muito pertinente a ligação alcolémica (seja a este ou outro qualquer padroeiro cervejeiro ou etílico - como os há também).

Bem vistas as coisas, todos, ou quase, poderiam assumir-se como candidatos, mas encontramos neles tanto de adequado como de desajustado.


Mas há ainda um grupo possível, quiçá mais adequado.

S. Genésio (de Roma), S. Julião (de Mans) ou S. João Hospitalário, todos eles patronos dos músicos ambulantes.
Outro possível seria S. Benedito José Labre, padroeiro dos mendigos e viajantes, era chamado de "Vagabundo de Deus" ou ainda "O Cigano de Cristo". Alimentava-se apenas de pão e ervas, passando a noite ao relento, rezando e meditando.


O que julgo, ainda assim, apresentar-se como mais forte candidato, até pela sua ligação histórica aos estudantes e tunos é São Tiago Maior (de Compostela)

S. Tiago, padroeiro da cidade que primeiro viu formalizar-se uma estudantina/tuna, e patrono dos peregrinos ( ligação de podemos estabelecer aos músicos ambulantes, sempre em "peregrinação", mas também aos mendicantes - os quais também peregrinavam ao longos dos caminhos de São Tiago e na própria cidade, em torno da catedral). Além disso, a inequívoca ligação da cidade, e seu patrono que lhe dá nome, à Universidade e Colégios Mayores, ou seja aos estudantes (desde os sopistas, capigorrones e afins), desde há centenas de anos e, destes, os muitos do "correr la tuna".


Por outro lado, é já uma tradição a romagem das tunas, pelo menos do lado de lá da fronteira, a Santiago, como que "baptismo" obrigatório. Todas, ou quase todas, se sentiram impelidas a lá ir, pelo menos uma vez, "banharem-se" naquele ambiente tão próprio. Todas, ou quase todas, sentiram a necessidade de, em Santiago, receber como que uma benção histórica, visitar a urbe que viu nascer, formalmente, a 1ª tuna/estudantina, de facto.
Mas também muitas Tunas portuguesas se contam às dezenas, dezenas que responderam a esse apelo da tradição, que sentiram ser uma local especial de passagem, de visita, de banho de tuna - de que a Casa de la Troya é fiel depositária dessas mesmas peregrinações tunantes, guardiã da memória e do misticismo estabelecido em torno da história  e memória da Tuna.


Será essa a razão pela qual São Tiago, independentemente de qualquer conotação religiosa (até porque não lhe consta qualquer atributo ligado à música, ou aos estudos - embora fosse ensinante/apóstolo), será a figura que melhor se perfila para honras de patrono tunante, seja espanhol, sul-americano ou português (e que acaba por sé-lo, embora, ainda, não oficialmente).


Finalmente, e num plano não religioso, poderíamos apontar, por exemplo  Pedro Abelardo, o mais importante filósofo e teólogo do séc. XII, ilustre professor da tradição escolástica, sendo-lhe atribuído o ónus de ter, com os seus ensinamentos "revolucionários", criado os alicerces do ensino universitário. Além disso o seu goliardismo e famosas, e belíssimas, composições à sua amada Heloísa ressoam séculos fora.


Qvid Juris?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

IV CIRTAV 2010 (Rescaldo)

Mais um certame, no qual tenho tido a enorme honra de presidir, ano após ano, ao jurado.
Mais um fim de semana que se torna um verdadeiro oásis na minha agenda.

Bom tempo, um ambiente magnífico e grandes tunas com grandes tunos como é apanágio deste certame de referência.

A registar que, pela primeira vez, não coube no meu traje, tendo sido necessário alargar o botão dos calções.


Aqui ficam algumas recordações.