Estamos ainda longe, de podermos considerar a IA
(inteligência Artificial) como uma ferramenta credível para trabalhos
académicos.
E porque sabemos que no Ensino Superior são vários os alunos
que, ao longo dos anos, fizeram trabalhos, teses e artigos sobre Tunas (de
forma mais ou menos indirecta)… e porque certamente continuarão a ser
produzidos tais trabalhos é que quisemos, de forma sucinta e sem recorrer a
versões profissionais pagas, saber se as ferramentas gratuitas de IA eram uma
mais-valia para fazer trabalhos sobre Tunas sem ler ou estudar patavina do
assunto.
E porque qualquer trabalho que aborde tunas tem sempre uma
contextualização histórica e explicativa das origens é que questionámos 2
serviços dos mais conhecidos.
A pergunta era simples: “Trace a origem e história das Tunas
Académicas [recorrendo a fontes credíveis consultáveis online].”
 |
No ChatGPT, quase nada corresponde aos factos históricos. Depois diz que é preciso fazer consultas adicionais, mas não fornece qualquer orientação digna desse nome. |
 |
Nesta outra versão do ChatGPT, o resultado é quase idêntico, com excepção das fontes que não pedimos. É uma sucessão de erros e falsidades históricas em que, ainda hoje, muitos caem por militante ignorância e economia de intelecto. |
Os resultados foram simplesmente decepcionantes. Salvo o caso
do Gemini, que ainda conseguiu ir buscar
alguma coisa à Wikipédia (de que parte do texto foi por nós actualizado) e ao
site da Estudantina de Castelo Branco (a um texto já antigo, da lavra do
Ricardo Tavares) que, ainda assim, estão algo desactualizados, o resto é a
pobreza “franciscana” nas fontes. O texto do Gemini é, ainda assim, o melhorizinho
dentro do mau que é produzido artificial e incompetentemente, mas nem esse
escapa a uma avaliação negativa.
 |
Embora com menos erros, afirmar que a 1.ª tuna académica foi a TAUC (e 1888 é quando nasce a Estudantina de Coimbra) e que só a partir daí nascem as demais é falso. Tunas Académicas já as havia. A TAUC será a primeira tuna de feição universitária (a actual TUP é fundada em 1890, mas ainda não havia Universidade no Porto) |
Já antes tínhamos colocado uma pergunta mais simples e genérica, "O que são Tunas?", com os mesmos resultados medíocres e erróneos.
Tendo em conta que a maioria dos livros mais recentes e
credíveis estão em “Open Space”, nomeadamente nos livros da Google,
no Academia.edu ou no Issu.com (entre outros), não se
percebe a “inteligência” desta IA que parece o paradigma da preguiça e
ineficiência.
Esqueçam o ChatGPT e quejandos!
Na hora de fazerem trabalho
científicos para a escola/faculdade, esqueçam a inteligência que não seja a
inteligência natural, a inteligência humana optimizada pelo estudo e leitura,
pelo espírito crítico e empirismo isento.
Lembrem-se: mesmo depois da chegada do aspirador, a vassoura continua por cá e é muito mais utilizada e fiável.
NOTA: Não usámos versões pagas, provavelmente com melhores ferramentas e capacidades. Sabemos igualmente que a IA dá bons resultados em áreas muitos comuns e generalizadas e terá mais dificuldade em assuntos mais restritos e especializados. Seja como for, critica-se o facto desta ferramenta, supostamente inteligente, mostrar tão pouca na hora de seleccionar fontes (omitindo informação existente e acessível na própria Net).
Lista de Fontes acessíveis online:
1- COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA, João Paulo - QVID TUNAE? A Tuna Estudantil em Portugal. CoSaGaPe, 2011-12.
2- SILVA, Jean-Pierre - A Grande Tuna Feminina de Alfredo Mântua - Breve Contributo Documental (1907-1913). CoSaGaPe, Lisboa, 2018.
3- SILVA, Jean-Pierre & COELHO, Eduardo - QVOT TVNAS? Censo de Tunas Académicas em Portugal, 1983-2016. CoSaGaPe, Lisboa, 2019.
4- SILVA, Jean-Pierre - A França das Estudiantinas - Francofonia de um fenómeno nos séc. XIX e XX. CoSaGaPe, Lisboa, 2019.
7- SILVA, Jean-Pierre - A Estudiantina Fígaro em Portugal (1878) e no Brasil (1885 e 1888). CoSaGaPe, Lisboa, 2023.
8- SILVA, Jean-Pierre - Portugal, Um Museu vivo da tradição tunantesca - Legajos de Tuna, n.º 1 - Revista, Ano 1, de Junho de 2017, pp. 35-39.
9- SILVA, Jean-Pierre - Museu Fonográfico Tuneril de Portugal. Legajos de Tuna n.º 2 - Revista, Ano 1, de Dezembro de 2017, pp. 51-55.
10- SILVA, Jean-Pierre - De Estudiantina a Tuna - Breves apuntes de una Historia lusitana. Legajos de Tuna n.º 4 - Revista, Ano 2, de Dezembro de 2018, pp. 6-13.
13- MARQUES, Rui Filipe
Duarte - TUNAS EM PORTUGAL, ESPAÇOS DE CONSTRUÇÃO,
NEGOCIAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA MÚSICA. Um estudo sobre a Tuna
Souselense. Universidade de Aveiro, 2019.
14- ASENCIO GONZÁLEZ, Rafael - Las Estudiantinas del Antiguo Carnaval Alicantino - Origen, contenido
lírico y actividad benéfica (1860-1936). Cátedra Arzobispo Loazes, Universidad de
Alicante, 2013.
15- MARTÍNEZ DEL RIO, Roberto; ASENCIO, Rafael [et al.] – Tradiciones en la antigua
Universidad: Estudiantes, matraquistas y tunos. Alicante: Ediciones Universidad de Alicante, 2004.
16- RAMÓN RICART, Andreu – Estudiantinas Chilenas.
Origen, desarrollo y vigencia (1884 1955). Santiago de Chile: Ed. Fondart, 1995.
17- RENDÓN MARIN, Hector – De liras a cuerdas. Una
historia social de la música através de las estudiantinas, 1940 1980. Medellín: Universidad Nacional de Colombia,
2009.
21- TRUJILLO, José Carlos Belmonte - Los Sones de la Estudiantina. Universidad de Extremadura. Cáceres, 2022.