Vamos recordar um episódio em torno de um texto publicado que foi centro de uma, então, badalada polémica e que, de certa forma, marcou o início de uma clara diferenciação entre investigação séria e isenta, e aquela que está ao serviço de concepções ideológicas.
O texto
em causa foi originalmente urdido em
2012[1],
pelo Eduardo Coelho, com o objectivo de, resumidamente, dar a conhecer a Tuna
Portuguesa à comunidade hispano-americana. Quando, em Outubro de 2016 (ainda
éramos colaboradores de Tvnae Mvndi), o texto foi publicado, então com uma
actualização de dados feita por mim, no site de Tvnae Mvndi (em resultado
da colaboração que os investigadores portugueses já lhe vinham a prestar[2]),
surgiu a celeuma.
Com
efeito, qual não foi o nosso espanto, ao verificarmos que o texto tinha sido
"revisto", sendo que o Sr. Félix O. Martín Sárraga decidira, à
revelia, introduzir-lhe dados seus, referências suas (alterando o texto
original, portanto) e, pior de tudo, inserir dados sobre tunas portuguesas que careciam
de prova e confirmação.
Apoiado no pseudo Censo Mundial de Tunas, de Tvnae Mvndi (2012), avançou, em texto alheio, que existiam, à data, 339 tunas em Portugal (censo que, originalmente, até refere 340), sendo 84 delas tunas do Porto.
Quando pedimos para sermos elucidados (como é lógico entre pessoas que colaboravam), escusou-se prestar esclarecimentos, recusou fornecer explicações, alegando que não podia partilhar dados, por estarem sob sigilo: porque a lei não permitia partilhar a lista de tunas com que ele chegou aos números avançados.
O problema agudizou-se porque, nessa altura, a associação Tvnae Mvndi[3] tinha um protocolo com o PortugalTunas(que também realizara um Censo em Portugal, em 2013), celebrado em 2015. Quando o PortugalTunas, face aos dados avançados, também pediu dados, para conferir os números do dito censo... veio igual recusa, veio igual argumento falacioso (porque a lei, nem cá nem em Espanha proíbe a partilha de simples listas de existências) e as mais esfarrapadas justificações (motivando a denúncia do acordo entre as partes).
Deu-se, nessa altura, a cisão entre os investigadores portugueses e a dita associação.
Obviamente
que foi essa a questão que levou a que fosse empreendido o criterioso e
rigoroso trabalho de investigação histórica que se traduziu no 1.º Censo
tuneril português de existências, ou seja, saber exactamente quantas tunas
académicas existiram, a cada ano (de que tipo, onde...), entre 1983 e 2016, e que
surgiu, como livro, em 2019: QVOT
TVNAS.
O QVOT TVNAS veio clara e cabalmente demonstrar que o dito "Censo Mundial de Tunas", de Tvnae Mvndi, não tinha qualquer rigor ou credibilidade, quanto aos números apresentados sobre Portugal, deixando evidente que a metodologia usada, a ser a mesma para os demais países, só podia desacreditar todo o seu conteúdo e o respectivo autor. Sobre isso, aliás, se chegou aqui a escrever.
Obviamente
que o epílogo se deu poucos anos mais tarde, com os mais reputados
investigadores hispano-americanos a deixarem de colaborar com a dita associação[4],
retirando-lhe a base sobre a qual também procurou construir a sua imagem[5]; reputados investigadores em clara colisão com a ideologia que usava critérios metodológicos contrários
às boas práticas que a investigação histórica rigorosa, isenta e credível exige, pretendendo impor, urbi et orbi, um conceito e definição de "Tuna" contrários às evidências documentadas.
Já António Aleixo dizia:
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
[1] Publicado nos blogues Notas & Melodias e Além Tunas e serviu, depois, de base para as conferências a+resentadas durante o II Congreso Iberoamericano de Tunas, em Múrcia, 2014.
[2] Com vários artigos e troca de dados e informações.
[3] Associação composta, na prática, por apenas 2 sócios efectivos e por uns quantos sócios honorários.
[5] Aos ombros de gigantes, com efeito, qualquer um parece alto.
1 comentário:
"O problema agudizou-se porque, nessa altura, a associação Tvnae Mvndi[3] tinha um protocolo com o PortugalTunas(que também realizara um Censo em Portugal, em 2013), celebrado em 2015. Quando o PortugalTunas, face aos dados avançados, também pediu dados, para conferir os números do dito censo... veio igual recusa, veio igual argumento falacioso e as mais esfarrapadas justificações (motivando a denúncia do acordo entre as partes)."
Apenas uma correcção à passagem em cima:
Foi o PortugalTunas que denunciou o acordo supracitado, terminando o mesmo nesse momento - e não ambas as partes. Aliás, num processo tratado pela parte do PortugalTunas com toda a lisura e descrição e, pelo oposto, com uma total falta de elegância do outro lado - que apenas registamos, nada mais havendo e desde então, a dizer sobre quer o tema, quer sobre essa mesma parte.
Poderá parecer um pormenor mas é importante - até porque existe prova documental do que afirmo - que fique claro: O PortugalTunas denunciou o protocolo em causa, não a outra parte.
Abraços.
RT
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