sábado, 24 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Miragens tunantes em Viseu



Reina, nesta comunidade tunante portuguesa, o mau princípio existente de proclamar Habemus Tunae ainda o fumo nem saíu da chaminé da capela sistina, ainda nem se sabe se o fumo é branco ou preto.
Essa de anunciar previsões que mais não são que prognósticos inócuos (baseados, porventura, na leitura do rasto de algum caracol) só descredibiliza quem anuncia, mas também quem dá tempo de antena.
Pessoalmente, é líquido: ou nasceu, porque já se apresentou como tal, ou não é coisa nenhuma e, então, não merece nem crédito, nem atenção.
Há quem queira protagonismo antes mesmo de ter feito por isso.
Tunas virtuais, tunas-boato, tunas-fantasma são o que são: nada, coisa nenhuma!


Porque hoje estou em Viseu, a gozar estes dias de Páscoa, aproveitava para, a título meramente ilustrativo, perguntar onde param os nacituros seguintes:

Imperial Tuna de Viseu (grupo dissidente da Estudantina Univ de Viseu)Donel Tuna, Tuna Univ. de Viseu (com parto anunciado no ano passado: http://www.portugaltunas.com/index.php?s=noticias&id=2459 )Infinitum, Tuna Mista de Viseu (http://tuna-infinitum.blogspot.com/)
Onde estão esses projectos anunciados com pompa e circunstância?
Pois é: parece-me que muito boa gente ainda não percebeu que, em Tunas, não se anunciam gravidezes, mas sim partos de facto ocorridos e reconhecidos.

Se os projectos ainda estão na incubadora, com suporte de vida, pois que lá fiquem e se anuncie apenas quando estiverem, de facto, em actividade, quando forem vistos e reconhecidos inter-pares.

Recentemente, foi anunciada a criação de uma Quarentuna em Coimbra.
Obviamente que se saúda e aplaude, mas, lá está: o que importa é o que surgiu e não processos de intenção, por melhor que sejam, pois que de boas intenções................ (eu cheio estou, pelo menos) .
Mais uma vez, anuncia-se uma gravidez que nem se sabe se chega a termo.

Não percebo o despropósito!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tu Gitana - Origens e autores do tema


Questionado por um aficionado, sobre a confusão generalizada que pulula na internet sobre a autoria e origem do tema "Tu Gitana", impunha-se um esclarecimento - que achei por bem aqui partilhar também.

O que por aí se diz, à boca cheia, é que o tema tem, como co-autor, os Luar na Lubre - famoso grupo galego de música celta.
Nada mais falso, nada mais erróneo (algo que os próprios nem sequer assumem, ou assumiram - justiça lhes seja feita).
Os Luar na Lubre, neste tema, são apenas intérpretes, nada mais (mesmo se com mais ou menos arranjos introduzidos).

Infelizmente, a ignorância de muito boa gente leva a estes equívocos (já que muitos serão os que apenas conhecem a versão do dito grupo galego).

O Tema Tu Gitana aparece repertoriado num dos 4 cancioneiros portugueses do séc. XVI que nos chegou aos dias de hoje: o Cancioneiro de Elvas.

Em muitos sites se afirma pertencer ao dito Cancioneiro de Vila Viçosa (??!??), obra de que nunca ouvi falar, pois os códices ou cancioneiros medievais que constituem as principais fontes da lírica galaico-portuguesa, e que chegaram até nós, são o Cancioneiro da Ajuda , o Cancioneiro da Vaticana, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, o Cancioneiro das Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Cancioneiro de Elvas e o Cancioneiro de Paris.

A haver referências a um Cancioneiro de Vila Viçosa, trata-se, muito provavelmente , de um cancioneiro popular (como existem tantos), recente (séc. XIX e/ou XX - digo eu), que terá sido a fonte de que se serviu Zeca Afonso, daí a confusão. Assim, se foi a fonte do Zeca, ela não é, ainda assim, a fonte original.

O tema, que é um Vilancio, é de autor desconhecido e redigido em castelhano.
A data precisa do tema é uma incógnita.


a melodia, que hoje conhecemos, e que acompanha a letra, é atribuída ao nosso, bem português, José Afonso (Zeca Afonso), não se sabendo (ou, neste caso, não havendo documentos que ilucidem) da existência da melodia original (ou melodias que terão acompanhado o vilancio).


O Tema é apresentado no disco Galinhas do Mato (1985), o último trabalho editado por Zeca Afonso, que aparece em compilação na edição intitulada As Últimas Gravações1983/1985, lançada em 2007 pela Companhia Nacional de Música, S.A.

O Tema faz parte do repertório do Real Tunel Académico - Tuna Universitária de Viseu desde 1995, vindo a ser gravado em 1998 (CD "TRovas Soltas"), com harmonia (a 3 vozes) e orquestração de J.Pierre Silva (e parte instrumental da introdução em co-autoria com Pedro Coutinho):
Get this widget Track details eSnips Social DNA

Com base nesses arranjos e harmonização, o Chorus CSD de Lisboa passa, também a interpretá-lo, desta feita com arranjo a 4 vozes, conforme se pode "ver" e ouvir (filmagem de 2006):


Espero, assim, que tenham ficado desfeitos alguns equívocos e que, para quem pretende uma informação mais fiável sobre este assunto e, acima de tudo, mais concentrada e ágil, possa ter, este esclarecimento, sido útil .
...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Tunas de Veteranos e/ou Quarentunas



Volto a falar, neste blogue, de Veterania Tunante e Cuarentunas, dado que se me oferecem algumas dúvidas ou questões (pelo menos no plano retórico), as quais sucitam alguns considerandos que gostava de partilhar.
Sabemos que esta tipologia tunante se aplica a um conjunto de pessoas que já foram tunos e que, num modelo muito próprio, regressam às lides tunantes já numa versão "sénior", ou sejam, antigos tunos que, agora, chegam ao patamar de Quarentunos.
A meu ver, e seguindo aquilo que é a origem destes grupos, ou transitam directamente porque a idade também o permite ou existe um hiato entre a militância activa na tuna de origem e, depois, se ingressa num projecto "sénior". mas, uma vez mais, parece-me que o factor idade tem necessariamente de ser o crivo mínimo.

Não entendo, pro isso, como é que temos jovens que nem 30 anos de idade terão e são já "veteranos". Tuna de Veteranos com gente tão nova parece-me um paradoxo. 
Nem sei se um jovem de 35 anos tem pinta de veterano, tendo em conta que nas nossas tunas os integrantes costumam prolongar-se nelas para além do final dos estudos e muitos são so que encontramos na casa dos trinta.


Claro está que, se atentarmos ao exemplo castelhano, realizamos que uma grande parte dos cuarentunos estão bem acima dos 40, sendo que os quarentões acabam por ser, no fundo, os novatos das Cuarentunas. Aí reside, também, o cariz "castiço" (passo a expressão) desta tipologia tunante, pois a graça desses grupos está em ver tunos "velhotes" cheios de juventude, ao contrário do ridículo que é ver-se jovens armados em velhotes!

A nossa comunidade tunante ainda estará demasiado "verde" para perceber algo que, do lado de lá da fronteira, fruto de uma maturidade inquestionável, já reconheceram e tipificaram: que há um limite para ser-se tuno "activo" e que, a partir de uma certa idade (que, casuisticamente, implica um conjunto de limitações de variada ordem: filhos/netos, responsabilidades profissionais, tempo limitado, saúde, etc.) a forma de viver a condição de Tuno deve adequar-se em conformidade. Como diz o meu colega das Aventuras na Tunolândia, "Certo é que em Portugal o fenómeno da Quarentuna só agora começa a dar os seus primeiros passos (...) Também neste apartado, mais quintal menos arroba, estamos "atrasados" face aos nuestros hermanos, ou melhor dito, estamos na continuidade da evolução.", com a diferença que caracteriza a nossa comunidade e nosso Zé povo tunante: nunca copiamos de forma fidedigna o que está bem, porque temos a mania de "inventar", nisso, nem a idade parece remediar o que já parece genético.



terça-feira, 24 de março de 2009

Tunas, Claques e Efeitos XPTO

Um breve debruçar sobre uma questão que, em si, nada tem de discutível, mas que merece atenção pelo uso que lhe é conferido, revestindo-a de arma de arremesso, de pau de dois bicos.

Começa a ser comum, um eco cada vez mais reincidente, ouvir-se falar na influência que supostas claques organizadas têm, em certames competitivos, sobre as decisões do júri. Pelo menos é o que mais se ouve dizer a alguns pacientes de azia crónica ou novos arautos das teorias tunantes da conspiração. Parece ser, agora, o novo argumento para enjeitar as coisas, servir de consolo ou encontrar quem case com a culpa.
Por outro lado, também, amiúde, se ouvem vozes (mais tímidas, neste apartado) a acusar de favorecimento as tunas que apresentam Power-Points e outros adereços com recurso às novas tecnologias e afins.

Onde, e em que, nos ficamos?


Para já, escuso voltar a falar da necessidade de jurados avisados, entendedores não apenas de música, mas também, em igual medida, de Tunas. Isso ajudaria a saber colocar cada coisa no seu devido lugar e estabelecer o que é essencial e acessório.


O fenómeno das claques não deixa, contudo, de aguçar curiosidade, porquanto, principalmente numa altura em que a Tuna já deixou de ter o impacto que teve outrora e a crise entra pelo bolso de todos, nos perguntamo como se arregimenta tanta gente para o efeito - às vezes implicando deslocações a distâncias consideráveis e que são onerosas para a carteira do sempre teso estudante.
Que existam claques espontâneas, nomeadamente nas respectivas academias, é natural, mas é inesperado ver uma tuna que se desloca 100 ou mais Km (mais, neste caso) e leva atrás de si "meio mundo". Louva-sea "affición", mas estranha-se esse ardor.

A pergunta é óbvia: o que move esta gente?
Alguns dirão que são parte da táctica da Tuna apoiada, para vencer o certame.Outros dirão que são o clube de fãs composto maioritariamente pelas mulheres, famílias, amantes, namoradas e, natural, pro isso, que queiram assistir (em alguns casos, dirão algumas "fãs" que é para ter os meninos "debaixo de olho")

O que a mim mais me aborrece, numa sala, não são as palmas mais calorosas dos apoiantes ou aficionados, mas as manifestações que transformam o público em autênticas claques de estádio de futebol, quando se trata de saber estar numa sala de espectáculo  - porque de um "concerto" de trata e não de uma partida de futebol.


Como jurado, já presenciei este fenómeno que me passou totalmente ao lado. Aliás, se prémio houvesse para a melhor claque, algumas mais ruidosas eram liminarmente eliminadas e evacuadas (tal a forma desbragada como algumas se comportam).

Não estou em crer que as claques possam influenciar um jurado isento e sério, até porque o jurado tem uma posição e um contexto diferente (está para avaliar) do público (que está para apreciar o show), público esse que oscila na capacidade de prestar atenção rigorosa a tudo e todos de princípio ao fim.

Sobre claques, valerá explorar, novamente (mas noutra altura) o assunto. São uma lufada de alegria e calor humano, na devida conta, peso e medida.

Sobre projecções (que começam a ser, cada vez mais, um recurso comum), seria bom recordar que o aspecto cénico d eum espectáculo é, também ele, importante. Se há quem não lhe preste, intencionalmente (ou não), atenção não pode, depois, fazer o papel de "prima dona" ofendida só porque há quem pense um espectáculo de forma mais global.

As projecções são, como tantos outros recursos, meros acessórios e adornos que contextualizam e emolduram o quadro. São certamente potenciadores se o produto contido for bom, mas perniciosos e altamente prejudiciais se servem de embalagem a um produto de má qualidade ou estragado (pela óbvia incoerência e o gorar de expectativas criadas pelo recurso usado).

A essência é a Tuna. Tudo o resto é periférico e acessório.

Pena é que, a par com as novas tecnologias, não se pense em aspectos cénicos mais convencionais, em palco. O reproduzir de situações e locais. Variar os adereços ou pequenos cenários,dar moldura ao espectáculo é um mundo por explorar.
Falta dar espaço ao "Tuno-Actor", àquele que representa o que canta (um pouco à semelhança da ópera, mas em versão tuna), mas isso sou eu a pensar prós meus botões!

sábado, 28 de fevereiro de 2009

6 anos de Portugaltunas

O PortugalTunas, portal nacional das Tunas Universitárias Portuguesas, celebra, hoje, 6 anos.
Uma efeméride que assinala, também, meia dúzia de anos a tunar na web e a ser lugar de encontro obrigatório dos tunos e das tunas da nossa Lusitânia.
Podemos ler, hoje, no mesmo, que o portal festeja "...assim também o seu lugar natural e cimeiro na liderança da informação tunante online". Certamente que assim é, dado ser o único, infelizmente.
Podemos dizer infelizmente, não pela falta de qualidade do dito portal, mas porque, como em tudo, os monopólios informativos nunca são desejáveis, quando é a diversidade que enriquece e estimula, também, a qualidade - pese embora nenhuma culpa disso ter o PTunas.

Mesmo se 6 anos são uma gota no oceano temporal, temos de convir que foram de pormaior importância para a comunidade tunante, mais agregada e congregada graças ao PortugalTunas. Seja como espaço de debate, de troca de opiniões e/ou saberes, seja como veículo meramente informativo, a importância do portal é inquestionável e o seu contributo para a comunidade tunante inestimável.

Apesar de, aos longo dos anos, ter ostentado (até há bem ouco tempo, até à actual 3ª versão) uma vasta equipa de colaboradores, o facto é que apenas podemos destacar uma meia dúzia, se tanto, que merecem o nosso aplauso e bem-haja pelo altruísmo e empenho dispensados a este projecto. Falo do José Rosado, do Ricardo Tavares, do João Paulo Sousa, da Joana Rangel e do Helder Pestana - quase, desde sempre, os únicos que deram a cara e trabalharam, de facto, para nos proporcionar um portal que, umas vezes melhor e outras menos bem, foi cumprindo, e cumpre, os propósitos que fazem dele o que é. Aliás, se atentarmos à actual constituição da equipa, são os nomes que se repetem, já que todos os demais, por alguma razão, deixaram de constar ("demais", esses, que, na sua esmagadora maioria, eram ilustres desconhecidos no próprio portal).

Estreada a 3ª versão do PTunas, já com a experiência de 6 anos a "correr la Tunoweb", podem orgulhar-se da obra feita, do caminho percorrido, e soprar as velas com a noção do dever, até agora, cumprido.
Venham outros tantos e muitos mais!

Parabéns!
Aupa PTunas!!!!!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mitos sobre a História das Tunas

Deixo aqui, apenas, alguns excertos, que por aí pululam, sobre a história, origem ou cultura tunantes que não passam de mitos, lendas, de afirmações totalmente romanceadas e sem qualquer rigor ou verdade histórica.

A prática utilizada foi simples: abrir o Google e procurar (como sucede, nestes casos, para pesquisas na net) por "História das tunas" e/ou "Origem das Tunas" e extrair as citações que se seguem (com o site em causa devidamente identificado):

"Certo califa lendário de Tunes (hoje capital de Tunísia), foi considerado “rei” de grupos de ociosos que deambulavam pelas ruas, tocando, em instrumentos de corda, canções populares, ao mesmo tempo que pediam dinheiro ou comida para o seu sustento.Este costume, passando para a Espanha pelo século XVI, foi adoptado por estudantes boémios, a denominarem-se tunos e os seus agrupamentos tunas; e sucessivamente difundiu-se pelo países onde se falava o castelhano, como por Portugal quando do domínio dos Filipes." (in http://tuna.med.up.pt, http://tunadestes.no.sapo.pt/tuna%20no%20lestes.htm e http://cadernos-minhotos.blogspot.com)

Nem Califa, nem meio califa! Não passa de lenda, de romance, uma estória ficcionada. Volto ao Califa mais abaixo.


"Durante a idade média, aliás, o comportamento boémio dos estudantes universitários, que viviam como trovadores e saltimbancos era um fenómeno comum por toda a Europa. A este tipo de estudantes dava-se o nome de Goliardos." (in http://www.estatuna.ipt.pt/,http://tfufp.ufp.pt/historial.htm, Pedro,Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com http://cadernos-minhotos.blogspot.com e http://www.tauc.net/)

Os Goliardos são um grupo bastante restrito, que se desenvolve em torno dos seminários e estudos eclesiásticos, constituído por sacerdotes ou seminaristas "dissidentes" e folgozões. Sobre Goliardos já se escreveu neste blogue, evito, por isso, adensar este artigo.


"Foi no século XVI que se formaram as Tunas como as conhecemos hoje. "
(in http://www.estatuna.ipt.pt/ e http://webapps.fep.up.pt/tafep/site2/index.php?option=com_content&view=article&id=18&Itemid=14 , Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com , http://cadernos-minhotos.blogspot.com e http://www.tauc.net/)

As Tunas, propriamente ditas, formaram-se no séc. XIX. Não havia Tunas no séc. XVI "tal qual as conhecemos"!!! Havia tunos, eram chamados " estudiantes de la tuna" aos grupos de estudantes que tocavam e folgavam, mas como adjectivo e epíteto (como quem chama "delinquente"), e não com a concepção formal e institucional que mais tarde viriam a ter (e assumir).


"Assim, quando o nome sopista deixou de representar a realidade (os estudantes passaram a tocar para se divertirem e não para sobreviverem), tornando-se depreciativo, os grupos de estudantes de tradição sopista começaram a intitular-se Tunas." (in http://www.estatuna.ipt.pt/ , Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com e http://www.tauc.net/)

Falso, pelo acima dito, na anterior citação!



"As Tunas em Portugal surgiram apenas em meados do séc. XIX. Conta-se que um grupo de estudantes de Coimbra se deslocou, um dia, a Espanha e, observando o sucesso que as Tunas por lá faziam importaram a ideia para o nosso país. No entanto, é muito díficil definir qual a Tuna mais antiga do país." (in http://www.estatuna.ipt.pt/ , http://tunadestes.no.sapo.pt/tuna%20no%20lestes.htm, http://webapps.fep.up.pt/tafep/site2/index.php?option=com_content&view=article&id=18&Itemid=14 e Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com )

Conta quem? É facto, bem documentado, que estudantes de Coimbra se deslocavam a Espanha, em comitivas, para participar de eventos (e, assim, teriam contacto com as Estudiantinas locais), contudo Coimbra vê nascer a sua Estudantina, em 1888, em consequência da visita da Tuna de Compostela nesse mesmo ano (e não de outro modo). Quanto a definir a Tuna mais antiga, teremos de saber de que tipo de tuna se quer falar, académica ou universitária. Difícil não é, pelos dados disponíveis, mas pode ser impreciso, porque sempre passível de surgir novo documento que refira existência anterior à Tuna X ou Y.


"(...)a Tuna de Ciências da Universidade do Porto também remonta ao início do séc. XX, entre outras." (in http://www.estatuna.ipt.pt/, Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com e http://www.tauc.net/)

Chego a questionar-me de onde vem tão prolífera mente que inventa factos e ocorrências deste tipo, e se tal é produto de ignorância genética ou intencional. Provem-me, documentalmente, a existência de tal grupo, quando é sabido que, na U.P., o primeiro grupo de faculdade a surgir até nem foi uma tuna, mas sim o Coral de Letras em idos dos anos 60 do século passado.


"Durante a idade média, aliás, o comportamento boémio dos estudantes universitários, que viviam como trovadores e saltimbancos era um fenómeno comum por toda a Europa. A este tipo de estudantes dava-se o nome de Goliardos." (in http://webapps.fep.up.pt/tafep, Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com ,http://tunadestes.no.sapo.pt/tuna%20no%20lestes.htm,  http://cadernos-minhotos.blogspot.com e http://www.tauc.net/)

Como já aqui foi explicado, neste blogue, os Goliardos são uma inspiração, um laivo de romance na estória dos tunos. Não existe nenhuma relação ou descendência directa. Tão pouco os Goliardos eram saltimbancos ou trovadores. É o revivalismo romanceado do séc. XIX que pretende colocá-los na árvore geneológica da Tuna, mas o facto é que não existe qualquer parentesco que não "ideológico", pois os tunos e as tunas, no seu formato tuna-instituição, não são clérigos de conduta desregrada, nem sopistas carenciados que tocam para sobreviver. Tudo não passa do desejo de reavivar e copiar esse romantismo, à boa maneira do séc. XIX, reabilitando o "correr la tuna", mais como teoria do que como prática. Mais abaixo, regresso à questão dos trovadores e saltimbancos.



"Julga-se que o nome Tuna surgiu, porque muitas das tradições sopistas eram baseadas na atitude de um califa, boémio e mulherengo, de Tunes – Tunísia, que levava uma vida trovadoresca. Passava dias e noites a cantar pelas ruas e em grandes tainadas com os amigos e, pela noite, encantava as donzelas de Tunis com serenatas ao som do seu alaúde. Assim, os sopistas tinham sido influenciados por esse califa da Tunísia o que originou que, mais tarde, visto que o nome sopista já não condizia a realidade (os estudantes passaram a tocar para se divertirem e não para sobreviverem) e tornara-se depreciativo, os grupos de estudantes de tradição sopista se passassem a intitular Tunas." (in http://webapps.fep.up.pt/tafep/site2/index.php?option=com_content&view=article&id=18&Itemid=14 ,http://tunadestes.no.sapo.pt/tuna%20no%20lestes.htm, Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com e http://cadernos-minhotos.blogspot.com e http://www.tauc.net/)

Tal como já foi dito, essa colagem carece de prova histórica. Não passa de romance ou história ficcionada. Seria o mesmo que dizer que a PSP que carregou contra os universitários na manifestação X se inspira na polícia universitária de antanho. Provável a teoria do "Thunes" francês, que significava esmola, mas nada a ver com um rei boémio.


"Esta origem remota no mundo Árabe desta tradição secular, a das Tunas, explica porquê que o bandolim desempenha um papel fundamental na sonoridade das Tunas, porque foi inspirado no Alaúde deste Califa." (in http://webapps.fep.up.pt/tafep/site2/index.php?option=com_content&view=article&id=18&Itemid=14, Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com e http://www.tauc.net/)


E eu a pensar que o bandolim tinha origem no "rabat"várabe e chegara à península via Itália (onde nasce, de facto, sob 2 tipos distintos: o mandolino milanês e o bandolim napolitano)!!! Escuso-me a esticar-me em explicações. Quem quiser que leia e aprenda: http://notasemelodias.blogspot.com/2008/08/notas-sobre-instrumentos-cordofones.html


"Assim, muitos defendem que é nos jograis e trovadores da Idade Média que está a origem das Tunas Académicas, que apenas surgiram em Portugal no século XIX, nomeadamente na Universidade de Coimbra e na Universidade do Porto bv." (in http://tfufp.ufp.pt/historial.htm, http://webapps.fep.up.pt/tafep , Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com e http://www.tauc.net/)

Muitos defendem, mas defendem mal! Os trovadores não mendicavam porque mais abastados e de condição social diferente- eram nobres. Nada a ver, portanto, com os sopistas, esses sim os precursores dos nossos tunos. Os jograis e saltimbancos, por sua vez, estão mais perto da condição de sopista, contudo não eram estudantes e faziam dessa actividade profissão (ao contrário do sopista que era, esse sim, como que "mendigo"), pelo que, se não impossível, improvável, pelo menos.


"Certo califa lendário de Tunes (hoje capital de Tunísia), foi considerado "rei" de grupos de ociosos que deambulavam pelas ruas, tocando, em instrumentos de corda, canções populares, ao mesmo tempo que pediam dinheiro ou comida para o seu sustento.Este costume, passando para a Espanha pelo século XVI, foi adoptado por estudantes boémios, a denominarem-se tunos e os seus agrupamentos tunas; e sucessivamente difundiu-se pelo países onde se falava o castelhano, como por Portugal quando do domínio dos Filipes. Mantendo o hábito de deambular, juntaram às canções populares de folclore outras de feição poética e de amor; e por vezes com o cantar também dançavam. Mais tarde, transformaram-se em conjuntos artísticos de universitários, arautos das suas escolas, atitude curiosamente intensificada nas últimas décadas, a ser talvez protesto contra o supérfluo e o desvalor, e porventura por outros motivos a carecerem de estudo sociológico profundo.Além dos instrumentos de corda, a poderem ser numerosos, algumas tunas incorporaram violinos, flautas e recentemente até acordeons. A presença de uma ou mais pandeiretas, peças, aliás, de origem tunisina, é indispensável.
Conclui-se: se ser estudante é ter ânsia em saber e espírito jovem, ser tuno será exaltar em música e canto o ânimo de ser estudante e o vigor da juventude, virtudes a deverem ser permanentes e sem idade !"
(In http://magnatuna.iscsp.utl.pt, aludindo ao discurso do Prof. Dr. Aureliano da Fonseca, na abertura do I Conclave Tunae em 1995)

Para não repetir-me, apenas dizer o seguinte, para esclarecer o que, há pouco, deixei pendente: O termo "Califa" significa literalmente "Representante", e em alguns casos, "Sucessor do Profeta", sendo tanto um cargo político como religioso.Não me parece, por isso, que seja pessoa de andar a liderar pedintes e a fazer de folião. É uma questão de lógica, que diabo! Não se confunda "Thunes", "Thune" ou "Tune" que remetem para esmola e corte dos milagres (uma das origen prováveis do termo Tuna. O argumento do domínio Filipino para justificar a entrada do conceito Tuno/Tuna parece calçar que nem uma luva, mas carece de provas. è como dizer que só quando Javir Solana chefiou a NATO é que nós passámos a conhecer o Flamenco!


"A história das tunas académicas é algo que, ao contrário do que muitos poderão pensar, remonta à Idade Média, senão mesmo antes. Muito pouco se sabe ao certo sobre a evolução e a origem das tunas Académicas, apenas algumas lendas e alguns escassos trabalhos de recolha histórica nos permitem definir, aproximadamente o percurso das Tunas e dos Tunos desde a sua origem." (Pedro Guina in http://www.azoresdigital.com de 20-03-2007 e http://www.jf-nsfatima.pt/)

Não tarda remonta à antiguidade clássica com os tunos a vestirem togas e a tocar harpa!!! Sabe muito pouco quem quer ou quem se fica por aceitar comodamente e sem questionar qualquer boato ou estória que pareça verdade. Diz o ditado que "de livro fechado não sai letrado" e é bem verdade!


"Quando caía a noite e tocavam os sinos de recolha cantavam serenatas às donzelas que queriam conquistar, sendo, muitas vezes, perseguidos pelas polícias universitárias (visto que o recolher era obrigatório para os estudantes). Daí que os sopistas começaram a utilizar longas capas negras para que, envoltos na noite escura, se pudessem esconder dos polícias." (in http://cadernos-minhotos.blogspot.com e http://www.tauc.net/)

Sobre o traje académico, já amplamente se discorreu neste blogue, tal como a razão de ser das longas capas negras(http://notasemelodias.blogspot.com/2007/10/notas-de-cor-sobre-capa-e-batina.html). É bonito, é à boa maneira do romantismo literário, mas não passa disso.



"Em Portugal, as Tunas, surgiram apenas em meados do séc. XIX e existem ainda factos bastante contraditórios sobre o surgimento destes grupos de jovens no nosso país. É já quase considerada uma lenda a história de que um grupo de estudantes de Coimbra se deslocou, um dia, a Espanha e, observando o sucesso que as Tunas por lá faziam, importaram a ideia para o nosso país." (in http://cadernos-minhotos.blogspot.com)

Não existem factos contraditórios, porque factos são isso mesmo: evidências. Existe é muita lenda e mito criados por românticos ou pessoas pouco esclarecidas que redobram de imaginação à falta de saber e conhecimentos mais aprofundados.



São apenas alguns casos, que ilustram, bem, a facilidade com que se usa, sem qualquer critério, o "copy-paste" e, neste caso, como o erro é fartas vezes copiado de uns sites para outros e, de tanto o ser, passa a afigurar-se como verdade incontestada.

Um dos textos mais copiados ou em que se inspiraram muitos outros, cujas citações acima constam, pertence a Nuno Camacho, texto esse publicado no portal www.portugaltunas.com a 29-11-2005.

Lamentável que sejam, muitas vezes, as próprias tunas e Tunos a promover, o erro e a cobrir-se (e cobrir-nos, a todos, enquanto comunidade) de ridículo.

Quem anda/andou no Ensino Superior (neste caso tunos), era já tempo de deixar certas pueris práticas liceais de copiar e colar sem sequer citar a fonte (como é habito nos estudantes menos sérios - e a que se chama plágio), sem questionar, e fundamentar, o saber que propala, e passar a verificar/confrontar fontes diversas (que não apenas as primeiras que encontram na net).



Nota: Todos os sites, foram contactados por mail, ou via "sistema de comentário", e alertados para as imprecisões constantes. Este artigo é escrito mais de 1 mês (no mínimo) sobre a chamada de atenção (verificando-se que nenhum procedeu a qualquer alteração até à data).

Poluídas Águas do Dão

Deparei-me com o seguinte video, acompanhado da respectiva letra, tema sobejamente conhecido, pertencente à Infantuna de Viseu, na página da Associação Académica do ISLA - Lisboa, a saber, Àguas do Dão (de António Vicente).
Interpreta (mal) a Tuna Mista do ISLA de Lisboa

Pena é que haja quem nem sequer se dê ao trabalho de copiar condignamente e adultere, de forma tão...... incauta.
Mais um exemplo de como não existe critério de excelência e qualidade em muitos apartados tunantes; mais grave quando é para reproduzir um tema de outra tuna.

É ver e, principalmente, ouvir a letra:




Letra, segundo a tuna em questão (a que interpus a devida correcção):

Quando Deus criou o mundo
Por bondade brincadeira (por bondade e brincadeira)
Fez o céu, depois a terra
E a seguir a bebedeira (e a seguir a parreira)É a alegria da vida
E a gente sente melhor (que a gente sente melhor)
O vinho é coisa santa
Não o beber superior (não o bebesse o Prior)

Refrão

Ai amor
Onde é que isto vai parar (como é que isto vai parar)
Foram as águas do Dão
Fiquei de pernas para o ar (fiquei de perna p'ró ar)

E quando falta a coragem
Para a garota conquistar (p'rá garota conquistar)
Há sempre uns copos a espera
Que nos podem ajudar
Em tempo de marração

Quando tudo corre mal
Uma noitada nas águas
Levanta logo a moral

Palavras para quê?

domingo, 25 de janeiro de 2009

Alfaiataria Tunante - Documento curioso

Dese já agradecendo ao meu amigo Mário da Cuarentuna La Coruña pelo material que me trouxe, quando esteve pelas nossas terras em Junho passado, partilho esta preciosidade.

É um desenho, um modelo, respeitante ao traje de tuno espanhol, que os alfaiates (alguns) utilizam para conceber o dito traje. Este desenho permite tirar as medidas correspondentes de forma precisa e, obviamente, ajustar a peça pra que esta possa cair "que nem uma luva".

Note-se haver cuidado na zona da axila, permitindo deixar mais pano para suprir a amplitude de braço necessária ao mester de pandeireta. Uma "tesourada" bem pensada, sem dúvida.

Pena que, por cá, ainda não se tenha aplicado esse procedimento às batinas ou afins, para que os nossos pandeiretas actuem de igual forma que os demais colegas de tuna (os invés de ficarem inesteticamente em colete).

sábado, 22 de novembro de 2008

Atituna





Desta feita, o Notas&Melodias irá dar destaque a mais uma Tuna. Poderia abrir este artigo com uma das muitas tunas do nosso panorama tunante, algumas com as quais me identifico particularmente pelos laços de amizade criados ou pela sua exemplar postura e qualidade, mas elas que perdoem por ainda não falar delas (tudo a seu tempo) e, antes disso, até por cortesia, dar primazia às senhoras.

Fenómeno fulgurante no panorama tunante, nomeadamente na sua vertente feminina, a ATITUNA - Tuna Feminina da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade do Porto, merece um olhar atento.

Fundada a 5 de Outubro de 2006, esta tuna é claramente marcada por uma espontaneidade e singularidade muito “sui generis” onde as suas protagonistas parecem reavivar, em si, a febre do boom tunante de outrora, embora com uma maturidade resultante daquilo que o contexto actual, e experiência que mais de 20 anos de fenómeno, foi trazendo à comunidade tunante.

Uma questão de atitude, segundo as mesmas, envoltas num místico e genuíno vivenciar da cultura e tradição académicas, onde é notória a vertente do “correr la tuna”, pela praxis fortemente vincada do seu modus vivendi, onde os seus retiros e convívios internos cimentam um ser Tuna - onde o primeiro objectivo é o gozo próprio dessa condição, mais do que a criação artificial de um grupo com o fim exclusivo de “papar” troféus em certames.

Tive oportunidade de as conhecer, aqui em Lisboa, a minha terra de “exílio”, na qualidade de júri do IV Tradições – certame que acabariam por vencer.
Existem, não posso deixar de o dizer, claras parecenças com outro fulgurante fenómeno tunante: a TDUP. Aliás, segundo sei, a proximidade é grande entre as duas agremiações, e certamente muito terá ganho com isso a Atituna, já que a TDUP é uma mistura de castas nobres com provas dadas no negro mester.

A forma alegre e jovial destas jovens tunantes, a qualidade que apresentam em palco (e fora dele) tem merecido o reconhecimento generalizado, traduzido não apenas em inúmeros prémios arrecadados em certames, mas na simpatia que colhem em todos os quadrantes.

Alguns bons apontamentos vocais com um instrumental bem equilibrado, tornando o todo harmonioso e muito agradável de ouvir. Mas é a forma electrizante, o dinamismo e ritmo incutidos ao seu espectáculo que potencializam toda a qualidade que nelas se reconhece e, nisso, não é alheio, de todo, uma feliz (e certamente pensada) escolha de um alinhamento de temas que cativam, criam empatia e levam ao rubro as plateias, numa sequência em crescendo, coerente e magistralmente oportuna.
Uma coisa é ficar rendido à qualidade musical e artística de uma tuna, mas que não nos arranca da cadeira (mesmo que nos encha as medidas), e outra é reconhecer a existência de uma qualidade acima da média, mas onde cada sorriso, onde a alegria e a alma que trespassa naqueles belos olhos e linguagem corporal – através do canto, da coreografia, dos instrumentos ….. nos puxam para palco.

Não apresentam, em demasia, temas inéditos e o público, também por isso, não se enfada e agradece, porque gostamos daquilo que conhecemos e, mais ainda, de ficar surpreendidos pelas novas roupagens e interpretações dadas a temas com que nos podemos identificar e, até, estabelecer comparação. Mais fácil, por isso, então, de estar mais atento ao que se produz de inédito, quando esse aparece.

Pessoalmente, apenas faria crítica ao logótipo adoptado (reconheci algo muito parecido, ou igual, nuns botões que no outro dia vi numa retrosaria), já que nada identificativo de tuna ou do mester tunante ou mesmo académico, mas isso sou eu a pensar e onde parece ter havido uma adaptação de um desenho alheio (se estiver errado, certamente que elas terão todo o gosto em elucidar-me, e eu em ser elucidado – para a devida correcção).
Já quanto ao seu lema, “Ad Honoris Atitvdis Tvnae factvm est”, julgo que ele traduz a essência daquilo que as marca pela diferença e positiva, mesmo se me parece um latim muito macarrónico e numa sintaxe algo “confusa” (peço mais detalhes, pois poderá ser do meu latim estar, hoje em dia, já algo enferrujado).
Último reparo, para a dificuldade em obter vídeos da Atituna, já que parecem afastadas quer do youtube, quer do Youtunas (o que muito entristecerá os fãs), algo que falha quer no seu site, quer no seu blogue ou Hi5.

Termino endereçando os meus votos de felicidades e redobrados sucessos à Atituna, honrando e dignificando os pergaminhos tunantes de que tão bem têm sido embaixadoras.

Eu, e certamente muitos de nós, continuaremos atentos e a acompanhar o percurso desta jovem tuna, um dos mais recentes bebés da comunidade tunante nacional.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Os 25 anos da Tuna Académica da UTAD

Mais cedo não escrevi sobre o assunto, no desejo de trazer aos meus prezados leitores algo mais do que o assinalar, nu e cru, da efeméride que constituem os 25 anos sobre a fundação daquela que foi a primeira tuna académica a ressugir nos anos 80: a Tuna da UTAD.

Aliás, como já outros portais e blogues tinham referido esta data marcante, decidi aproveitar para tentar perceber e pesquisar um pouco mais sobre o assunto, antes de também, como não podia deixar de ser, dar destaque a este aniversário.

Infelizmente, a distância física que me separa de Vila Real, bem como a escassez de fontes (até mesmo de dados no site da dita tuna), não permitem uma reconstituição fiel da diagese do grupo, tanto quanto gostaria, hoje, de partilhar aqui neste artigo.

Tive oportunidade de conhecê-los, no início dos anos 90, quando, com a Tuna da UCP de Viseu, acompanhei a comitiva que participou nos famosos jogos tradicionais universitários que eram organizados na UTAD (nesse ano de 92 ou 93 - falha-me a memória, de momento - também a Infantuna lá marcou presença).

Nas imediações do Pioledo, lá travei conhecimento com a Tuna Académica da UTAD, numa tarde e noite de festa, com as tunas a fazerem as despesas da animação, a meias com a cerveja a rodos.


Estranhei, na altura, alquelas "gabardines" castanhas, que indiciavam as raízes populares e etnográficas em que assentou a fundação da Tuna Académica da UTAD, mas fora isso, eram um grupo de gente bem disposta e muito simpática, diga-se, só tendo pena de nenhum laço pessoal ter permanecido ( que muito ajudaria, agora, para também servir de fonte histórica).
Num outro blogue tunante é afirmado que a Tuna Académica da UTAD deu o mote à fundação da E.U.C e potenciou o re-arranque da TUP. Parece-me forçada essa afirmação, até porque a Tuna da UTAD, nos seu sprimeiros anos, era um fenómeno a nível micro-geográfico, numa época onde o fenómeno tuna ainda não ganhara embalo (algo que só sucederia com a fundação da E.U.C.- a que muito contribuíu o seu CD "Estudantina Passa") ou expressão regional/nacional assim tão generalizada.

Mas é algo que só os protagonistas desse tempo, na EUC e na TUP, poderão, ou não, confirmar.

25 anos, 25 velas sopradas sobre o reinício das lides tunantes no meio universitário é motivo de júbilo e festejo. Já repararam que muitos dos jovens tunos de hoje, muitos dos que estarão a ler estas linhas, não teriam ainda sequer nascido quando tal momento se deu? Como o tempo voa, como o tempo passa!


1/4 de século sobre a explosão do fenómeno ficando apenas alguma pena por não ter sido devidamente referenciado o caso da Tuna da UTAD no livro "Tunas do Marão", até pelas claras ligações e raízes populares de que esta tuna se revestiu durante os seus primeiros anos.

Fica por esclarecer se estes foram 25 anos ininterruptos, pois que me quer parecer que a Tuna Académica da UTAD teve momentos de menor fulgor que teriam coincidido com a sua dissolução ou suspensão e posterior renascimento por mais que uma ocasião (se estiver errado, agradeço a correcção) não se podendo falar propriamente em 25 anos de existência, mas sim de fundação.

Seja como for, é data e momento que muito nos devem dizer e, por isso, um agradecimento e parabéns aos protagonistas da época (que seria interessante ter num próximo ENT).


Laus Tunae


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Tunas e Prémios Alcoólicos


Não é novo o assunto, pois já por diversas vezes abordado – nomeadamente no ptunas.
Contudo, julgo continuar a merecer atenção e discussão, de forma a propiciar uma devida reflexão.
Deste modo, trago, novamente, à ordem do dia, a questão dos prémios atribuídos à Tuna mais “bebedora” – prémio esse que vai assumindo nomenclaturas diferentes de certame para certame, mas cuja intenção e objecto é o mesmo: valorizar a tuna que mais bebe num determinado espaço de tempo.
Certamente que todos estão cientes de que a imagem da tuna se faz, em muitos casos (não poucas vezes, em claro prejuízo da tuna), por sinédoque, sendo que mais facilmente os rótulos se fixam em torno dos aspectos menos abonatórios do mester tunante, em torno de excessos, muitas vezes pontuais (e que nem serão a regra). Por demasiadas vezes a imagem da tuna ficou inapelavelmente, e irreversivelmente, colada à de arruaceiros bêbados ou jovens estudantes que, ao abrigo da música, perpetram actos e atitudes, subsidiados pelo álcool, que em nada dignificam o mester tunante,a tuna e, obviamente, os tunos.
Vezes sem conta a tuna é apreendida não apenas como estudantes que tocam e cantam (com os seus cordofones), mas como grupo de boémios ébrios que criam desacatos ou fazem figuras tristes – algo prontamente aproveitado pelos detractores da tuna e/ou a comunicação social, marcando, no imaginário da sociedade civil, um rótulo que destitui a tuna daquilo que, de facto é, ou deveria ser.
Pergunto-me se este tipo de prémios traz alguma vantagem, quando um certame parte do princípio que as tunas, para provarem a sua “qualidade”, são “obrigadas” a competir num exercício de beber por beber, ou beber para arrecadar um prémio. Não se estará a trocar a ordem natural das coisas?
Do meu ponto de vista, o certame é um local de encontro onde o convívio leva à festa em torno das trocas e intercâmbios entre participantes, muitas vezes em torno de comida e bebida. O que era algo natural, consequência normal do ambiente de festa e convívio, tornou-se uma “obrigação”, onde os grupos são levados a beber sem conta, como se isso fosse um fim em si mesmo, ao invés de ser um qualquer complemento circunstancial de instrumento/utensílio.
Falo com conhecimento de causa, dado que, num passado já longínquo, também participei, mesmo que apenas por uma vez, num certame com tal prémio a concurso. Se a ideia era ficar mais para lá do que para cá…… sem sombra de dúvida que a maioria passou o equador.

Na ânsia de procurar ser sempre diferente do festival X ou Y, no desejo de “inovar”, inventam-se prémios sem nexo, avaliando não o que é de Tuna, mas a simples resistência ao alcóol ou capacidade de o absorver em tempo recorde.
Obviamente que o dar outro nome, num claro eufemismo que nada esconde, não retira o pernicioso que tal intenção suporta.
A Tuna não é isto, não o deve ser.

Mas desengane-se o meu prezado leitor, se este artigo soa a puritanismo. Nada disso!
Gosto de beber os meus copos, como qualquer um (seja o conteúdo qual for – embora eu prefira vinho, cerveja, uma aguardente velha, cognac ou whisky de qualidade…..com um puro a acompanhar).
Natural, por isso que, num ambiente de são convívio, os tunos se reunam à volta de um néctar e uns petiscos. Ainda assim, como referi, tal surge, ou assim deve ser, de forma natural, não sendo um fim em si mesmo, e muito menos algo artificial que se faça para arrecadar uma qualquer estatueta.
Quando as tunas “forçam” o aspecto etílico, no puro fito de ganhar um prémio, colocam-se nos antípodas daquilo que uma Tuna, que se preze, deve ser (na sua postura e conduta), deixando a espontaneidade no saco, deixando a pele de Tunos para assumirem o abjecto papel de alcoólicos, nada anónimos, e inconsciente teenagers que ainda acham que apanhar uma borracheira ou beber muito, e fazer disso montra, é algo que prova a sua maturidade ou qualquer outra coisa - antes pelo contrário.



Uma coisa é ficar com um grão na asa (ou mesmo sem asa) por beber e outra é beber já no intuito de perder o voo todo (e figurar na lista dos pacientes à espera de um transplante de rim ou fígado).
Beber socialmente não é razão de prémio ou concurso, quando a melhor das recompensas é o convívio estabelecido, onde os copos são parte e não o todo. Premiar o beber sem rei nem roque é premiar a mediocridade e dar razão, e motivos, a todos quantos apontam aquele dedo inquisidor e reprovador que ninguém gosta (porque nem todos fazem do beber a sua razão tunante).
Mas, nisto, a culpa reside tanto em quem promove como nos que aderem. Mas está visto que muitos tunos são capazes de tudo para ter mai sum prémio na vitrine, seja ele qual for.

Sejamos responsáveis, tenhamos o cuidado de perceber o exemplo dado, haja o bom senso de saber ser e estar, sem excessos e sem ortodoxias.

Resta-me, assim, lamentar que se publicite a tuna, recorrendo a este tipo de artifícios que em nada dignificam um grupo couja principal função não é beber, cujo ranking não se mede em graus de alcolémia no sangue, cuja existência não assenta, de todo, no destilar da sua essência.

A Tuna não deve ser reduzida a um incauto participante de um qualquer rally das tascas e merece outro respeito. Há muito por onde premiar a excelência e qualidade das tunas, mas certamente que não é por aí.

E fico-me por aqui. Vou beber uma cerveja fresca cujo o único objectivo é matar a sede e o gosto, sem pretensões de prémios, que sempre me ensinarem que é preferível a qualidade à quantidade.

Alguns Festivais onde isso sucede ou sucedeu:

I Boémio
III APIADÉRE
III Sellium
IX Certamen de Tunas "Ciudad de Albacete
VIII FITU Bracara Augusta
VII FITUAII CELTA
III CELTA
FITAl Pax - Julia
III FITAl Pax - Julia
V Templário
I FITAUMB
VII fESTA - Cidade de AbrantesV Estudantino
FARTUNA (onde o prémio é conhecido por "Marafada")
IV e V Estudantino (pelo menos)

entre outros.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Tunos em Museu de Cera

No México, mais precisamente em Guanajuato - bem no coração do país, fica um museu de cera cuja  particularidade é, nele, apresentar a figura de 2 tunos que ilustram a Estudiantina.
Sendo a Tuna uma tradição centenária na América do Sul (desde a década de 80 do séc. XIX que lá se registam dezenas de exemplares, populares, estudantis, masculinas, femininas....), nada mais natural.


Pena que, por cá, uma tradição que também é centenária (mesmo com os interregnos que conhecemos), não seja também ela assim lembrada.

segunda-feira, 2 de junho de 2008