É um livrinho (tamanho A5, literalmente, com 42 páginas) que pretendia servir para esclarecer sobre a importância histórica das Tunas e demonstrar serem um fenómeno bem identificado temporalmente, comprovado historicamente e, igualmente, social e culturalmente relevante.
É um livro da autoria do Professor Doutor Dionísio Vila Maior, então director musical (maestro) da Infantuna de Viseu (entidade que edita o dito opúsculo), lançado em 2005.
Se parte do propósito (sublinhar a importância cultural e social da Tuna) parece alcançado, ainda que muito baseado no "acho que" e sem qualquer outra base que não o conhecimento empírico do autor, já a parte que pretende demonstrar as remotas e ancestrais raízes da Tuna e a sua brasonada proveniência medieval é um fiasco científico absoluto (que seria corrido a zero em qualquer avaliação escolar).
É certo que os principais e mais credíveis trabalhos sobre a história e evolução da Tuna ainda não tinham sido publicados ou eram de difícil acesso (como a obra "Estudiantinas Chilenas, de 1995), mas trata-se de um estudo feito por um docente universitário, alguém com um doutoramento e, por isso, com uma maior responsabilidade no que concerne à metodologia, investigação criteriosa e cruzada, bem como a imperativa busca/selecção de fontes diversificadas (mergulhar em periódicos, visitar acervos, desbravar arquivos...), ao invés de fazer um mero exercício de poltrona.
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Metade do livro procura estabelecer falsas filiações da Tuna. |
Na verdade, toda essa parte de contextualização histórica mais não é do que (re)copiar, (re)dizer o que que já vinha da tradição espanhola herdeira dos mitos construídos e propalados desde o tempo do SEU (Sindicato Espanhol Universitário), narrativas fictícias cuja intenção era reescrever a história da Tuna, conferindo-lhe pedigree medieval, atribuindo-lhe uma áurea de secular e hidalga tradição que pusesse em destaque a Espanha grandiosa e milenar sonhada pela propaganda franquista.
Repete, portanto, essas falsas filiações medievais, falsas ligações a goliardos, trovadores, sopistas e quejandos, resultando num trabalho científica e historicamente medíocre, pejado de erros e imprecisões, carente de respaldo documental e investigativo.
Uma obra sem qualquer utilidade para a investigação tuneril (antes pelo contrário), mas que existe e se deve mencionar, para depois se ignorar.