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domingo, 30 de setembro de 2012

O livro Tunas E Tunos - pequeno em tudo.

É um livrinho (tamanho A5, literalmente, com 42 páginas) que pretendia servir para esclarecer sobre a importância histórica das Tunas e demonstrar serem um fenómeno bem identificado temporalmente, comprovado historicamente e, igualmente, social e culturalmente relevante.


É um livro da autoria do Professor Doutor Dionísio Vila Maior, então director musical (maestro) da Infantuna de Viseu (entidade que edita o dito opúsculo), lançado em 2005.

Se parte do propósito (sublinhar a importância cultural e social da Tuna)  parece alcançado, ainda que muito baseado no "acho que" e sem qualquer outra base que não o conhecimento empírico do autor, já a parte que pretende demonstrar as remotas e ancestrais raízes da Tuna e a sua brasonada proveniência medieval é um fiasco científico absoluto (que seria corrido a zero em qualquer avaliação escolar).

É certo que os principais e mais credíveis trabalhos sobre a história e evolução da Tuna ainda não tinham sido publicados ou eram de difícil acesso (como a obra "Estudiantinas Chilenas, de 1995), mas trata-se de um estudo feito por um docente universitário, alguém com um doutoramento e, por isso, com uma maior responsabilidade no que concerne à metodologia, investigação criteriosa e cruzada, bem como a imperativa busca/selecção de fontes diversificadas (mergulhar em periódicos, visitar acervos, desbravar arquivos...), ao invés de fazer um mero exercício  de poltrona.

Metade do livro procura estabelecer  falsas filiações da Tuna.

Na verdade, toda essa parte de contextualização histórica mais não é do que (re)copiar, (re)dizer o que que já vinha da tradição espanhola herdeira dos mitos construídos e propalados desde o tempo do SEU (Sindicato Espanhol Universitário), narrativas fictícias cuja intenção era reescrever a história da Tuna, conferindo-lhe pedigree medieval, atribuindo-lhe uma áurea de secular e hidalga tradição que pusesse em destaque a Espanha grandiosa e milenar sonhada pela propaganda franquista.

Repete, portanto, essas falsas filiações medievais, falsas ligações a goliardos, trovadores, sopistas e quejandos, resultando num trabalho científica e historicamente medíocre, pejado de erros e imprecisões, carente de respaldo documental e investigativo.

Uma obra sem qualquer utilidade para a investigação tuneril (antes pelo contrário), mas que existe e se deve mencionar, para depois se ignorar.