Após algum tempo de paragem – sempre útil para criar algum distanciamento e maior discernimento, de novo me sento no scriptorium para tecer mais uns quantos considerandos (desde já pedindo desculpa aos leitores deste blogue pela ausência – mais prolongada do que esperado).
Esta quadra carnavalesca, a qual passei na minha bela Viseu, proporcionou-me tempo para algumas reflexões sobre o papel da Tuna portuguesa e a função que a mesma foi assumindo, pelo menos de há 1 século e pico a esta parte.
Ouvi, nestes dias, numa estação televisiva, que os festejos do nosso carnaval ("carne vale": vale comer carne, antes das renúncias quaresmais), em muitos pontos do país, estavam a arrepiar
 caminho, reabilitando as suas formas mais primitivas e genuinas , em detrimento desta “globalização” que presta vassalagem ao samba carnavalesco do outro lado do charco. Deste modo, cada vez mais são as manifestações do entrudo bem português e as diversas formas da sua vivência – num claro regresso às origens e retoma das nossas tradições e identidade muito nossas.
 caminho, reabilitando as suas formas mais primitivas e genuinas , em detrimento desta “globalização” que presta vassalagem ao samba carnavalesco do outro lado do charco. Deste modo, cada vez mais são as manifestações do entrudo bem português e as diversas formas da sua vivência – num claro regresso às origens e retoma das nossas tradições e identidade muito nossas.Se assim é, de facto, e há necessidade de não delapidar o que é nosso (sem que isso impeça os corsos e festejos mais similares ao carnaval carioca),
 promovendo a nossa cultura ancestral, não posso esquecer o que aprendi sobre Tunas e o seu papel de proa, no passado, como animadoras, participantes e imagem bem presente nas celebrações efusivas destes loucos dias de jocosa parafernália de sons, partidas e brincadeiras várias. Com efeito, são muitas as referências às tunas de mãos dadas com o Carnaval e, para não ir mais longe, citaria a Tuna do OUP, quando, no seu historial refere "Mais tarde, no Carnaval de 1897, realiza nova digressão a Espanha, apresentando-se em Santiago de Compostela..." (in Site do OUP)
promovendo a nossa cultura ancestral, não posso esquecer o que aprendi sobre Tunas e o seu papel de proa, no passado, como animadoras, participantes e imagem bem presente nas celebrações efusivas destes loucos dias de jocosa parafernália de sons, partidas e brincadeiras várias. Com efeito, são muitas as referências às tunas de mãos dadas com o Carnaval e, para não ir mais longe, citaria a Tuna do OUP, quando, no seu historial refere "Mais tarde, no Carnaval de 1897, realiza nova digressão a Espanha, apresentando-se em Santiago de Compostela..." (in Site do OUP)Onde estão as nossas tunas, nessa que, historicamente, é a época mais propícia ao desfile, à mostra e promoção do “correr la tuna”?
Nota: Recordemos que muitas tunas, nomeadamente em espanha, se fundaram em época carnalesca, como é o caso da Estudantina/Tuna
 Compostelana criada no Carnaval de 21 de Fevereiro de 1876 ou a Tuna de Múrcia em 1932. É facto que, antigamente, as tunas surgiam de forma espontânea para responder a certos eventos, como o Carnaval, extinguindo-se/desmobilizando-se de seguida. Mas não são poucas as que, posteriormente á sua criação espontãnea, acabaram por prolongar a sua existência, institucionalizando-se.
Compostelana criada no Carnaval de 21 de Fevereiro de 1876 ou a Tuna de Múrcia em 1932. É facto que, antigamente, as tunas surgiam de forma espontânea para responder a certos eventos, como o Carnaval, extinguindo-se/desmobilizando-se de seguida. Mas não são poucas as que, posteriormente á sua criação espontãnea, acabaram por prolongar a sua existência, institucionalizando-se.Também por cá, há inúmeras referências à Tuna ligada ao carnaval.
Como certamente sabem, as tunas eram, noutros tempos, em ambos os lados da fronteira, presença assídua dos desfiles de carnaval, bem como nas diversas actividades ligadas a esses dias de permissividade (entremezes, representações, sátiras, saraus, representações, bailes e concertos) onde todos os excessos eram tolerados (no caso das tunas, digamos que seriam “mais tolerados” do que o costume), sendo os tunos os timoneiros das pantomínias e demais expressões das celebrações que antecedem a Quaresma.
Uma altura em que se comia e bebia sob os auspícios de muitos comerciantes mecenas (nomeadamente os das tabernas), se largavam uns trocos aos bonacheirões tunos que estendiam a mão (neste caso os chapéus ou capas) para pedir “ajudas de custo” (já que não tenho conhecimento de haver propriamente laivos de mendicidade à boa maneira sopista de outros tempos).
Recordo com saudade, nesse âmbito, uma ida da minha Tuna até terras de Cuidad Rodrigo.
O facto é que tal não passou desapercebido e, sem o esperarmos, estávamos no salão nobre da cidade, recebidos pelo Alcaide local que nos presenteou com alguns regalos. Daí em diante, passáramos a ser uma das atracções ambulantes dos festejos. Onde fossemos era choverem convites para tocar, comendo e bebendo à borla nos muitos “tascos” que pululam naquelas tão peculiares ruelas.
Regressámos a Viseu cansados, mas satisfeitos por aquela que foi a primeira grande aventura enquanto tuna, e logo à boa maneira tradicional, revestindo aq
Pelo seu carácter irreverente, folião, extrovertido e popular - através da sua música, do seu modo de estar (pelo contacto com a população), não encontro, para mim, lugar mais adequado, do que a época do Carnaval para a nossa Tuna se mostrar e aproximar da sociedade - que não se resume à que compra bilhete ou senta o “dito” num banco de auditório. Por que razão, então, existe tal omissão e vazio tunante nestes festejos?
A Tuna vive demasiadamente confinada a teatros e auditórios, quando seu lugar é, também, na rua, nas
 tascas, sob balcões, varandas e janelas, no meio da praça , disputando amizades ao invés de “mendigar”, por vezes belicosamente, taças e medalhas que ficam à mercê do pó - só para obter “pedigree”).
tascas, sob balcões, varandas e janelas, no meio da praça , disputando amizades ao invés de “mendigar”, por vezes belicosamente, taças e medalhas que ficam à mercê do pó - só para obter “pedigree”).O lugar das tunas é também no contexto beneficente (que é uma das características mais antigas do seu mester).
Voltem as tunas ao Carnaval, deixando-se de alguma “presunção elitista” e "festivalite aguda"! Saiam do salões, auditórios e teatros, que cheiram a mofo, esquecam, por momentos, as competiçõese os profissionalismos excessivos e venham divertir, e divertir-se, venham ser Tunas para o verdadeiro palco: a rua; para o verdadeiro júri: o povo anónimo!!!
 
