Se tivesse de classificar o ano tuneril de 2024, diria que,
de certa forma, foi um Annus Horribilis, dado que foram 5 as perdas
ocorridas nas nossas fileiras tunantes.
Mas vamos à rápida crónica cronológica do ano de 2024.
O primeiro destaque,
logo em Janeiro, vai para o 20.º aniversário deste blogue, que começou por se chamar “Tunices”. São 20 anos de partilha de
informações, investigações e opiniões sobre o fenómeno tunante a nível global.
Outra efeméride do mês foram os 30 anos da VicenTuna.
O segundo destaque, já em Fevereiro, vai para o jantar anual
do PortugalTunas, iniciativa que, desta vez, teve lugar na Covilhã, a assinalar
mais um ano de existência e trabalho exemplar em prol da comunidade tunante.
Merece igual atenção o 20.º
aniversário da Tuna
de Veteranos de Viana do Castelo, celebrados com pompa e circunstância.
Com mais 2 certames ficou o mês de Fevereiro arrumado.
Seguiu-se o mês de Março, onde, para além de certames já com
mais de duas décadas, tivemos, logo nos primeiros dias, mais um edição das JIT (Jornada Internacionais de Tunas) e que, como infelizmente tem sido
apanágio, pouco ofereceu em termos substantivos, dado o déficit qualitativo e
de rigor científico, contribuindo, até, para a disseminação de informações
falsas.
O grande destaque vai, naturalmente, para o lançamento de mais um CD, por parte
da Estudantina
Universitária de Coimbra,
sob o título de “Mais Além”. Nunca época onde lançar um trabalho discográfico é já tão
raro, há ainda quem agite positivamente as águas. Uma menção, ainda, ao 30.º aniversário da Tunapapasmisto do Instituto Politécnico de
Portalegre
Abril, por sua vez, é mesmo de “festivais mil”, mas
destacaremos 2 acontecimentos: a partida precoce do André
Oliveira “Vegeta”
(da Hinoportuna) e o concerto comemorativo dos 25 anos da Tuna
Veterana do Porto. Uma referência ainda ao FITUA que
já vai na sua 32.ª edição.
Maio teve como destaque o 30.º aniversário da TFISEL, mas foi um mês ensombrado para a Hinoportuna que viu partir mais um dos seus elementos, com o falecimento
do João Tiago Matos “Ervilha”. Um Annus Horribilis para os
amigos de Viana, não haja dúvida.
Passadas as queimas, chegou Junho e com mais um acontecimento
triste, já que partia mais um membro da nossa comunidade, o Celso
Ribeiro “Trinca-Violas”, da Azeituna. O mês ainda viu a realização do III EITA (Encontro
Ibero-Americano de Tunas Académicas), realizado em Guimarães.
Um ou outro certame mais e entrávamos em Julho com uma novidade relevante: o
lançamento do livro “Os amigos da Tuna” da autoria do João Velez e do João Correia,
um livro infantil que também fará as delícias dos graúdos.
Agosto, mês de férias no mundo escolar, viu sinalizar-se o centenário da Tuna Musical de Anta, uma das mais antigas, em
actividade, no mundo.
Setembro é sinónimo de regresso ao
trabalho e reinício do ano lectivo. Um mês de que não teremos, certamente,
saudades nenhumas. Apesar de se assinalar o centenário da Tuna Musical de Santa Marinha (Vila Nova de
Gaia), sendo mais um exemplar das tunas mais antigas existentes, e de mais
alguns certames, bem como o lançamento do CD da Cientuna - Tuna Feminina de Ciências do Porto, foi a partida inesperada e chocante do Afonso Gonçalves, um jovem tuno da anTUNia, de apenas 21 anos, filho do nosso conhecido tuno
veterano Paulo Saraiva Gonçalves, da Tuna Veterana da Universidade Portucalense.
Se a partida de jovens tunos quarentões
e cinquentões é sempre uma grande perda, quando isso acontece com a segunda
geração, ou seja os nossos filhos, é catastrófico. Bastaria a partida do Afonso
para o ano ser magnum horribilis, porque efectivamente na flor da
idade, com uma vida promissora pela frente, porque tão injusta (como é sempre)
a morte de alguém tão jovem.
Mudando um pouco a conversa, e para fazer de separador neutro
na cronologia, mencionar a nova temporada do programa “Estrelas ao Sábado” (uma
miséria “franciscana”) no qual as nossas tunas têm continuado a desfilar sem
grande brilho (e sem noção desse impacto), diga-se. Mas o que creio muito pouco
prestigiante e digno é andarem nas redes sociais a pedinchar televotos; até
porque nem parece surtir grande efeito, como é um pouco caricato. É de perguntar se quem ali vai quer ser
apurado por mérito artístico ou por populismo de likes.
Mas adiante.
Outubro chegou e com algumas novidades.
Desde logo a criação do CITÂNIA, um novo circuito ibérico de tunas veteranas,
destinado aos grupos do noroeste peninsular. Conquanto não constitua uma forma
de apartheid, será mais uma iniciativa positiva. O tempo dirá das motivações e
solidez da coisa.
Mas o grande destaque vai mesmo para a
digressão conjunta da TUIST
& Azeituna ao Brasil, quer pela dimensão do projecto quer pelo
facto de suceder com dois grupos com nenhuma afinidade geográfica
(Lisboa/Braga), prova de que o mundo tunante é capaz de calcorrear fronteiras e
encurtar distâncias, quando não anda a morder a própria cauda. Também uma nota
para os 114
anos da Tuna de São Paio de
Oleiros, mais uma centenária instituição
a provar que “velhos são os trapos”.
De Novembro temos a lamentar mais uma perda, desta
feita da Inês
R. Muacho, antiga pandeireta da
TAFUÉ, elevando para 5 as perdas sofridas pela comunidade tuneril portuguesa. O mês viu ainda comemoradas a efeméride dos 30 anos da TunaMaria, da Tuna Afonsina,
da Tuna Iscalina e da TFIST. Ainda a referir, com grande sublinhado, o XXVII
Certamen Internacional de Cuarentunas, realizado em León, dada a sua
dimensão incomum (24 tunas e cerca de 600 tunos participantes)
e porque parece ser cada vez mais importante dar a conhecer à nossa comunidade,
sobretudo ao já considerável contingente acima dos 40, que é possível viver a
Tuna sem ser apenas na tuna de origem (havendo formatos criados, precisamente,
para uma vida menos disponível e com objectivos díspares dos grupos estudantis
mais juvenis). O mês encerrou-se com a digressão ao Peru da Tuna da
Universidade Lusíada do Porto e os 25 anos da TUALLE.
Dezembro trouxe-nos uma prenda de Natal agarrada às
comemorações dos 30 anos dos
GaTunos, com o lançamento do seu CD “A
Fuga”.
No que concerne à (in)formação, não houve, este ano,
publicação de livros/trabalhos de investigação por cá (mas houve um aqui ao
lado, embora seja uma obra que vale apenas pelos dados mais contemporâneos que traz)
e apenas a actividade do PortugalTunas, dos blogues do costume e do grupo “Tunas&Tunos” no Facebook foram garantindo algo mais, num mundo de posts
efémeros, tão instagramáveis quanto voláteis (e, por isso, inúteis) . É
mais um ano sem ENT onde nem mesmo a realização de pseudo-iniciativas
similares chegou para suprir esse hiato. Mais um ano
onde reaparecem casos de praxismos, com Tunas desavindas com o organismo
praxista lá do bairro e se vai constatando a enorme perversidade que se se
regista, de norte a sul do país, na mistura de duas realidades não apenas
díspares, mas funcionalmente incompatíveis e ridículas.
Não foi ano de boa memória, há que convir, e esperamos
sinceramente, que o ano de 2025 possa trazer mais, sobretudo em qualidade e
diversidade, e menos tragédias.