sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Legajos de Tuna n.º 2 - Museu Fonográfico Tuneril. Promover e preservar a memória.

Capa da 2.ª edição da revista


Documento completo:
https://issuu.com/legajosdetuna/docs/legajos_de_tuna._n___2



PORTUGAL

Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 51

Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 52

Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 53

Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 54

Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 55







quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Memórias Radiofónicas - Tuna, a "Menina da Rádio".

Hoje pode parecer banal. Há uns anos, contudo, não apenas era raro, como raros os programas exclusivamente dedicados a Tunas. 

Foi com o "Noite de Tunas", em 1993, produzido pelo Ricardo Tavares, que surge o primeiro programa radiofónico inteiramente dedicado às tunas. Uma iniciativa pioneira, mas igualmente arriscada, isto quando sabemos que, até 1993, inclusive, a discografia disponível era escassa (salvo meia dúzia de discos vinil dos anos 6o/70, existiam, de acordo com os dados do MFT - Museu Fonográfico Tuneril, cerca de 13 títulos editados - e nem todos, porventura, disponíveis ali à mão).

Desbravado o caminho, e com o crescimento do fenómeno e da discografia disponível, a Tuna passou a poder marcar mais vezes presença na telefonia.
Em meados dos anos 1990, e até com o sucesso da Mulher Gorda (do álbum "Serenatas das Fitas", da E.U.L.), a Tuna foi, durante algum tempo, a "menina da rádio".
Pegando na letra do fado do estudante, para falar da tuna nas ondas hertezianas, poderíamos cantar:
"[va] gosto à gente ouvi-l[a], até,
na radio-telefonia"

Hoje, na verdade, é raro ouvir-se uma tuna na rádio, tal como raros os programas dedicados a tunas. Salvo erro, só mesmo o "Capas Negras", em Tomar, sobrevive como tendo um programa exclusivamente sobre Tunas.



Eis a lista de alguns desses programas:



- "Noite de Tunas"[1], na Rádio Festival – Porto (94.8 FM), no ano de 1993, produzido pelo Ricardo Tavares;
- "Noite de Tunas", na Rádio Regional de Aveiro (96.5 FM) e realizado por João Oliveira(com a colaboração de José Simões Pereira e Lili Santos Luís – redactor da revista Fórum Estudante);
- "Noites de Ronda" no Radioclube de Matosinhos (91.0 FM), programa da responsabilidade de António Jorge, com emissões regulares igualmente aos domingos à noite;
- "Capa e Batina", na Rádio Renascença, produzido, realizado e editado por José Araújo – programa de âmbito mais abrangente e não exclusivamente dedicado à tuna, mas que incluía na respectiva playlist temas interpretados por tunas;
- "Passa Tunas" na Rádio Universitária do Minho (99.5 FM), a cargo do , Ivan Dias (antigo elemento da EUC);
- "Capas Negras", na Rádio Cidade de Tomar (90.50 FM), da responsabilidade de José Rosado (Tuno da Templária).
- "Hora Tunante", na Rádio Alma Lusa (Gland - Suiça), da responsabilidade do casal Nuno Simões e Lúcia Cardoso Simões.
      - "Voz Académica", na Rádio Iris(91,4 FM), embora não                               exclusivamente sobre tunas, a ela dedica grande espaço, da                         responsabilidade de Ana Ameixa e Rute Cotrim.


In Revista "FORUM ESTUDANTE", 1996,
inteiramente dedicada às Tradições Académicas.

A propósito do 1.º programa de rádio dedicado a Tunas, aqui fica o testemunho do seu autor, Ricardo Tavares:





[1] O «Noite de Tunas» foi mais tarde reeditado, com o mesmo formato, na Rádio Universitária do Minho (99.5 FM), contando com o mesmo produtor, realizador e editor do programa original, e com a colaboração de Norberto Moreira e Joaquim Mendes (ambos do Grupo de Jograis Universitários do Minho – Jogralhos). 

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Era escusado, em Bragança (ou outro sítio)



O vídeo foi originalmente publicado na página de FB da RTUB (Real Tuna Universitária de Bragança).
Encurtámo-lo, para centrar e focar o assunto em causa.


Não se percebe que uma tuna, seja ela qual for, se apresente com tunos despidos daquela maneira. Não encontramos justificação para tal, nem mesmo praxes internas.
Por maior salutar que seja a irreverência estudantil, ela deve ser feita com graça e dentro de limites, precisamente para que seja irreverência e não outra coisa qualquer menos apropriada ou menos digna.
Há exageros e exageros. Neste caso, foi exagerado exagero.


Por melhores que sejam as intenções e efusiva seja a alegria, cremos que deve haver um mínimo de decoro e urbanidade perante o público (seja ele qual for), de forma a dignificar não apenas o grupo, mas a imagem das Tunas em geral.

Fica o reparo, para devida ponderação.

A RTUB é uma tuna com já largos anos de existência e uma história que muito respeitamos, daí o reparo para este percalço que destoa.


domingo, 15 de outubro de 2017

Tunologia e Tunólogos

Existe, actualmente, um amplo conjunto de publicações sobre o fenómeno das tunas/estudantinas, que resultam de estudo e investigação assentes em metodologia rigorosa.
Há, portanto, um acervo já considerável de estudos, análises, artigos e bibliografia produzidos por diversos autores que têm, usualmente, em comum a sua vivência como tunos, que lhes serve de ponto de partida.

Apesar do objecto de estudo em causa abranger diversas áreas do saber (musicologia, sociologia, etnomusicologia, história, ou mesmo do ponto de vista literário/linguístico...), o estudo estrito do fenómeno complexo que são as tunas não está, até agora, categorizado numa dessas várias áreas.


Com efeito, a Tuna pode ser lida sob todas essas perspectivas, mas difícil se torna catalogar tal, quando estamos perante o estudo, e estudiosos, centrados exclusivamente nesse assunto.

Quando os estudos produzidos não exploram nenhuma dessas áreas em específico, mas como um todo (porque multidisciplinar), coloca-se o problema de arrumar esse tipo de estudo numa categoria já existente (quando também acaba por caber noutras, conforme o prisma utilizado).

Mas é necessária alguma formação académica específica, para se estudar a Tuna?
Os factos demonstram que não. Temos gente das mais diversas áreas de formação (médicos, engenheiros, historiadores, musicólogos, etnólogos, pessoas formadas em literatura, advocacia ...) que produziram estudos e obras sobre o fenómeno tuneril.

O que importa é que o produzido assente nas transversais normas de um trabalho científico, numa metodologia académica de rigor (ou em várias em concomitância, conforme a natureza do trabalho)  que sustente a credibilidade dos trabalhos. E, para isso, à partida, qualquer pessoa com formação académica, onde tenha adquirido competências e saberes sobre como investigar e produzir trabalhos científicos, estará habilitada a tal.

O que está ainda em falta é colocar o devido rótulo, mesmo que informal, ao estudo específico da Tuna, bem como aos que se dedicam a tal actividade.
Longe de nós pretender substituirmo-nos aos dicionaristas e filólogos, cremos, contudo, ser hora de reconhecer, sem pretensões ou presunções, quem se dedica a conhecer e a dar a conhecer a Tuna, assim como o objecto dessa dedicação. 
Se damos o nome de Tuno a quem exerce o mester de tocar e cantar numa tuna, é mais do que justo que quem, também, se dedica ao estudo da Tuna, e contribui para o seu conhecimento, promoção e preservação da sua memória colectiva, possa receber uma designação própria.

Ficam, portanto, aqui, como sugestão, 2 definições informais:

Tunologia - ciência que tem como objecto o estudo da Tuna.


Tunólogo - pessoa que se dedica à tunologia; investigador/estudioso que faz investigação sobre a Tuna e cujo o trabalho, e domínio destas matérias, é reconhecido e credibilizado como tal.














sábado, 9 de setembro de 2017

Tunas em locais de culto

Será breve este artigo.
Não é novidade que, em muitos locais de culto, se tem tornado hábito realizarem-se concertos.
Até aí, à partida, pouco ou nada a adiantar.
Contudo, conviria relembrar que esses espaços são locais de culto, os quais obedecem a regras nem sempre observadas pelos próprios párocos, ou seja à revelia do que as normas canónicas determinam.
O contexto são as igrejas e templos católicos (dominantes nos países de matriz tuneril).
As igrejas são espaços sagrados onde a música que nelas se deve ouvir deve obedecer ao propósito para a qual as mesmas existem.
Fados, tunas e outros grupos, com repertório que não seja sacro ou litúrgico não deveriam ali poder ter lugar.
As igrejas não são, há que o dizer com todas as letras, salas de concerto. A haver concertos, que sejam dentro do âmbito, adequado ao local (sem isso significar beatismos), respeitadores e alinhados com a espiritualidade que se exige.
Existem, no meio tuneril, alguns eventos que passam por apresentação num local de culto (lembro-me, assim se repente, de Múrcia, onde, do programa do Barrio del Carmen, faz parte a visita à Iglesia del Carmen). O que não entendo nem concebo, de todo, é que as tunas não apresentem, ali, um repertório litúrgico (como sucedeu diversas vezes com a minha tuna, há uns anos) e, ao invés, executem temas profanos totalmente descontextualizados do local.



Obviamente que quem, primeiro, tem responsabilidade nisso é a hierarquia eclesiástica, mas não iliba as tunas da devida ponderação e discernimento.
Recentemente, a Azeituna apresentou um concerto na Sé de Braga, gravado em CD, de temas litúrgicos. Portanto, as tunas não estão impossibilitadas de, mediante o contexto e local, adequar repertório.

Mas custa-me ainda mais assistir (nomeadamente pelos vídeos publicados na net), a tunas que se apresentam num local de culto com chapéus na cabeça.
Um desrespeito de todo o tamanho de quem não sabe sequer respeitar a etiqueta, quanto mais os bons modos.

Algumas paróquias e sacerdotes têm necessariamente repensar esta questão (respeitando o que está previsto na lei canónica e demais indicações de quem manda no assunto), tal como as nossas tunas terem mais presente a necessidade de coadunar não apenas o repertório, mas, essencialmente, a postura, a um local de culto, seja-se crente ou não.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Seja de pé ou sentada, é Tuna.

Já houve quem fosse desclassificado, off the record, por a sua 1.ª fila ter tocado sentada, decorrente da curiosa ideia de que isso era contra-natura, de que era contra a tradição.

Em Espanha, nos dias de hoje, dificilmente se concebe uma tuna (ou parte dela) tocar sentada, desde que, nomeadamente a partir do franquismo, se estilizou o paradigma da tuna a tocar de pé (que importámos aquando do boom dos anos 80, pois, até aí, a tunas apresentavam-se sentadas).

Entre nós, para alguns, será igualmente estranho (para outros mais atentos, não), porque quase caiu em desuso e muitos nunca assistiram ou observaram tal disposição (embora existam no nosso meio académico). 
Contudo, isso não significa que tenha deixado de ser válido e lícito.
Vai para 30 e poucos anos que, com o boom, veio a moda de tocar de pé, como faziam já os espanhóis, abandonando por completo o modelo até aí vigente (mas quase, já, desconhecido).
Mas apesar do facto da esmagadora maioria das nossas tunas tocarem de pé, não significa isso que seja dogma e muito menos possa ser tido como uma tradição exclusiva ou característica hermética da Tuna.


Tuna de Veteranos da Corunha (in FB da tuna)


Nada há que determine que a tuna não possa tocar sentada, fique claro.
Salvo as arruadas carnavalescas ou algum desfile (que estão na génese das estudantinas canavalescas que dão, depois, lugar às formações tuneris estáveis), desde os primórdios (séc. XIX) que as tunas davam os seus concertos sentadas, em composição orquestral. Foi sempre esse o seu DNA e paradigma (que ainda perdura, embora quase extinto no foro escolar), fruto do tipo de espectáculo (e repertório), cuja postura sentada se coadunava melhor a esse propósito.
Não há registo de, ao longo de todas essas décadas, haver qualquer menção de que só se podia tocar sentado. Não se percebe, pois, que tenha havido, ou eventualmente possa ainda haver, quem pretenda que só de pé as tunas podem actuar.

Tuna Académica do Liceu de Évora em 1991
(In TALE 100 história e tradições, de Adília Zacarias e Isilda Mendes, 2012)

Tuna  da Associação dos antigos tunos de Coimbra
(In blogue "Guitarra de Coimbra (Parte I)", publicação de 09 Julho de 2005)

Sessentuna, Tuna da AAOUP, 2004.
(In http://aaoup.up.pt/sessentuna.php)

TAUC em 2017
(in https://tunauc.wordpress.com/)


TDUP, 2015
(In canal do youtube da TAISEL)


Ainda hoje subsistem tunas e estudantinas (em Portugal e no estrangeiro) que há mais de 100 anos continuam a tocar sentadas.


Tuna Mouronhense, com mais de 100 anos, já.

Estudiantina Chalon, fundada em 1896 (com mais de 120 anos, portanto).
(In http://www.info-chalon.com)

Cercle Royal des Mandolinistes  - Estudiantina de Mons, Bélgica.
(in Qvid Tvnae, 2012)

Estudiantina albigeoise (Midi-Pyrénées), França, fundada em 1929.
(In http://www.ladepeche.fr/)
L'Estudiantina de Ciboure, fundada em 1912.
(In http://www.sudouest.fr)
Estudiantina Bergamo, Itália, fundada em 2009.
(In Youtube)


Portanto, seja de pé, seja sentada, seja um misto das duas posturas, nenhuma tuna é menos Tuna por qualquer uma dessas opções, ao contrário do que entenderam alguns sandeus com excesso de zelosa ignorância, há uns anos (e porventura ainda entendem alguns mais distraídos).






sexta-feira, 21 de julho de 2017

Duas Tunas lusitanas dos EUA, 1934

Conhecia-se já a existência de tuna/estudantina nos EUA, com origem em Nova Iorque, a qual visitou Portugal em 1927[1].
O artigo que abaixo se partilha fala-nos de outras duas: uma tal "Tuna Cunha" e uma outra, a "Tuna Escolar Brito Pais". Esta última, segundo a descrição, é certamente uma tuna juvenil e sabemos ser mista (como era comum ocorrer em tunas compostas por mais jovens).


Diário de Notícias, New Bedford (EUA), de 28 de Novembro de 1934, p.5








[1] COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA João Paulo - QVID TVNAE? A Tuna estudantil em Portugal - Euedito, 2012, p.248.

Uma Tuna Escolar em Cabo Verde, 1925

Já Qvid Tvnae (2012) referia a existência de tunas estudantis pela diáspora portuguesa, mas aqui fica mais um dado novo sobre uma Estudantina em Cabo Verde, através de um jornal publicado nos EUA (destinado à comunidade portuguesa).

A Alvorada, New Bedford (EUA), Ano VII, N.º 1809, de 04 de Abril de 1925, p.4

Uma Estudantina em Goa, 1897

Já Qvid Tvnae (2012) referia a existência de estudantinas pela diáspora portuguesa, mas aqui fica mais um dado novo sobre uma Estudantina em Goa (ìndia)[1], através de um jornal publicado nos EUA (destinado à comunidade portuguesa).


União Portugueza. São Francisco (EUA), de 02 Dezembro 1897, p.2






[1] Capital do Estado Português da Índia a partir de 1510 e integrada no estado indiano após tomada pela armas ocorrida em 1961.


CLAVELITOS (Dame el clavel), história de um hit intemporal

"Clavelitos" é o melhor exemplo de um tema que, nada tendo a ver com o mundo académico estudantil, ficou irremediavelmente associado às Tunas quando foi incorporado no repertório das mesmas, na década de 1950 do século passado.





Valsa composta em 1949 pelo músico e compositor Genaro Monreal Lacosta (1894-1974), tem letra de Galindo Lladó ( 1904-2000) e é normalmente utilizada como tema de serenata. 
Clavel significa cravo, pelo que "clavelitos" são cravinhos, vermelhos (da cor de morango) neste caso.




Originalmente, o tema designa-se "Dame el clavel", mas vingou "clavelitos", que é usado repetidamente no refrão. Foi inicialmente adoptado pela Estudiantina de Madrid, nos anos 1950, e replicado pelas demais da capital.

É o tema mais tocado e conhecido no meio tuneril espanhol e, porventura, no mundo inteiro.

Para isso, muito contribuiu o facto de ter feito parte do disco editado pela Estudiantina de Madrid (Tuna de Distrito), "Cuando los tunos pasan", em 1958, e que se tornou um êxito instantâneo (o tema tem por solista António Albaladejo Herreros "Tano") - até porque estamos perante o 1.º disco de tunas gravado no pós guerra civil (desse disco faz parte um outro tema famoso: "La tuna pasa").
Com o tema a passar nas rádios, é fácil imaginar o alcance que tal tema logrou.






A sua primeira partitura foi publicada em 1959, em Madrid, pela editora "Momento Musical", contribuindo para a sua rápida adopção por parte de inúmeras orquestras e grupos.





Não menos importante para a sua divulgação foi o facto de fazer parte de diversas trilhas sonoras no cinema: “Escucha mi canción” (1958), onde Joselito eterniza o tema, e “La casa de la troya” (1959), entre outras, que internacionalizam o tema.






segunda-feira, 26 de junho de 2017

QVID TVNAE em Tese de universidade alemã (Musik der portugiesischen Tunas)


Musik der portugiesischen Tunas (A Música das Tunas Portuguesas)

Já não é inédito, contudo não deixa de ser gratificante para os autores portugueses do Qvid Tvnae, verem-se referidos em trabalhos académicos, especialmente no estrangeiro.

Uma tese de licenciatura na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt (Alemanha) de Lisa Helbig (2014), cuja sinopse pode ser encontrada clicando AQUI (a tradução automática permite, ainda assim, perceber).




Para quem domine o idioma germânico, a obra também se pode adquiri na Amazon: https://www.amazon.de/Musik-portugiesischen-Tunas-Lisa-Helbig/dp/3656894736

sábado, 24 de junho de 2017

Tuna/Estudantina - Real Centro Filarmónico Cordobés - Eduardo Lucena, 1905

Um achado que se partilha e que certamente agradará ao Rafael Asencio González ("Chencho" para os amigos), ele que é um estudioso do assunto, com obra editada.






Fonte: A Arte Musical, Anno VII, N.º 148, de 28 de Fevereiro de 1905, p. 1 a 4.







Tuna do Colégio Arriaga de Lisboa (1907)

Programa da festa escolar no antigo Colégio Arriaga[1], em 1907, onde se pode ler que possuía uma Tuna, a qual se apresenta toando a "Marcha Arriaga", a valsa "Voix de la Brise" (composição de 1889 de Guiseppe Bellenghi), a famoso intermezzo "Cavallaria Rusticana" (de Pietro Mascagni, 1890),  o pasa-calle "El Morenito" (do portuense Eduardo Fonseca, 1893) e a valsa "Vénus" (de H. D. Ramenti ?), encerrando a sua participação novamente com a "Marcha Arriaga".
Apesar de muitas voltas dadas, nada mais conseguimos, à data, apurar dessa tuna escolar, que não o edifício onde funcionou.


(BNP-Lambertini, Vol.3)
(BNP-Lambertini, Vol.3)



Libreto do Colégio, então dirigido por Eugénio Moniz, ca. 1896
Eugénio Moniz, director do Collegio Arriaga.
O Tiro Civil, II Anno, N.º 95, de 24 de Dezembro de 1896, p. 1




Nota histórica sobre o edifício


Nos anos 20 e 30 do séc. passado, o Colégio Arriaga esteve instalado na parte principal do edifício do Palácio dos Condes da Ribeira Grande, sito Rua da Junqueira (Belém), muito frequentado por alunos vindos do Ultramar. Posteriormente, em 1936, também ali se instala, noutra parte do edifício, o "Colégio Novo Portugal", seguindo-se, em 1939-40, o "Liceu D. João de Castro" (foi também o primeiro liceu misto de Lisboa, mais tarde denominado de "Liceu Rainha D. Leonor" - actual escola secundária, situada na freguesia de S. João de Brito), e o "Liceu Rainha D. Amélia" (rebaptizado, em 1974, como "Escola Secundária" e transferida, em 2002, para a Rua Jau, no Alto de Santo Amaro).

Fachada do Colégio Arriaga
In ANTT (http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=1216201)


Segundo os dados consultados[2], o Palacete da Ribeira Grande é um edifício barroco edificado em princípios do séc. XVIII pelo 2.º Marquês de Nisa, Dom Francisco Luiz Balthazar António da Gama (1636-1707), que foi general de cavalaria, governador e capitão-general do Algarve, conselheiro de Estado de Dom Pedro II e de Dom João V. O palacete foi ampliado pelo 8.º Conde e 1.º Marquês da Ribeira Grande, Dom Francisco de Salles Maria José António de Paula Vicente Gonçalves Zarco da Câmara (1819-1872), par do reino e alferes-mor do reino e do castelo de São Brás, em Ponta Delgada. Encontra-se, infelizmente, devoluto há mais de uma década, ainda à espera de classificação pelo IGAP (e para qual estaria prevista a instalação de uma unidade hoteleira de 5 estrelas e um Museu de Arte Contemporânea).

Palácio da Ribeira Grande em 1935 - Rua da Jinqueira 62-78; Travessa Conde da Ribeira
Espólio de Eduardo Portugal, in AML
Fonte: http://lisboadeantigamente.blogspot.pt/2015/10/palacio-ribeira-grande.html







[1] Não tendo sido possível (nem quisemos fazer disso prioridade) aferir a fundação do dito colégio, sabemos que já em 1894 existia, pois, nesse ano, forma uma equipa de futebol. (in http://www.casapia-ac.pt/momentos.pdf [Em linha], consultado a 22 de Junho de 2017.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Certame com Tunas em 1908

Não são incomuns os certames com tunas em épocas mais recuadas[1], embora fossem bastante raros em Portugal.[2]
Este caso, que aqui trazemos, inscreve-se no âmbito dos tradicionais Jogos Florais, antiquíssima tradição muito em voga em finais do séc. XIX e inícios do XX.
Também podiam ocorrer no dia dedicado à Batalha das Flores (no Carnaval).




(BNP-Lambertini, Vol.4) 

(BNP-Lambertini, Vol.4

(BNP-Lambertini, Vol.4
















[1] COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA João Paulo - QVID TVNAE? A Tuna estudantil em Portugal - Euedito, 2011, p.246.
[2] Em França, por exemplo, os concurso de estudiantinas (que se contavam às muitas centenas por todo o território e colónias do magreb) eram muito comuns até à 1ª grande guerra (1914-1918), havendo divisões/ranking conforme a qualidade.

domingo, 18 de junho de 2017

Tuna Valladolid-Coimbra no Coliseu dos Recreios (Lisboa), 1902


Uma tuna de Valhadolid, que se deslocou a Coimbra entre 16 e 20 desse mês, oriunda de Lisboa, seguindo depois para o Porto.[1]
Da sua passagem por Coimbra será o postal que tratámos em artigo recente.

Os presentes documentos demonstram essa sua primeira escala em Lisboa, actuando no Coliseu dos Recreios.

De salientar e sublinhar a participação da Tuna do Liceu Central de Lisboa (regida por Carlos Canedo), e de dois elementos da Tuna da Escola Politécnica de Lisboa, um deles o famoso Alfredo Mantua (maestro daquela tuna e também regente da Grande Tuna Feminina).


BNP-Colecção Lamberti, Vol.2

Diário Illustrado, 31.º anno, N.º 10396, de 13 de Fevereiro de 1902, p.1

Diário Illustrado, 31.º anno, N.º 10397, de 14 de Fevereiro de 1902, p.2



A "Tuna Valladolid-Coimbra" aparece referenciada em vários periódicos portugueses castelhanos e, segundo Qvid Tvnae (2012) a designação que adopta (em jeito de nome de linha de combóio) ilustraria o carácter efémero destes agrupamentos, indicando que teria sido especificamente criada para uma deslocação a Coimbra, em retribuição da visita que a TAUC fizera àquela cidade, desmobilizando a seguir.


Contudo, parece que, com os dados de que dispomos actualmente, tal tuna não era uma formação pontual e fugaz, mas um grupo de carácter permanente que começou precisamente em 1902 (no dia 10 de Fevereiro está em Gijón, segundo Félix Martin Sárraga - Géneros musicales interpretados por las Tunas y Estudiantinas según la prensa de la época [1900-1958] 2017, p. 2). 
Basta, para isso, vermos que a sua bandeira ostenta o ano de 1902 como data de fundação, e que temos constância da sua actividade nos anos seguintes.
A designação "Valladolid-Coimbra" terá sido, precisamente, para reforçar o motivo e destino principal da sua vinda a Portugal, um cognome (apodo), por assim dizer.


A narrativa feita pelos próprios espanhóis pode AQUI ser consultada.


Estandarte da Tuna Escolar de Valladolid, também conhecida por "Tuna Vallisoletana",
Tem , por dimensões, 238 x 140 cm, e é feito em guache sobre seda. Tem um formato vertical e apresenta, 
sobre as cores da bandeira espanhola, o escudo de Valladolid e um conjunto de ramos,  livros e pandeireta dominado, no  centro, por  um tuno que recebe a fita de uma dama, tendo  por pano de fundo fundo toda a Tuna diante da fachada  da Universidade. 1902 atesta o ano de fundação da tuna.

A Tuna Escolar de Valladolid, ca. 1903
Imagem publicada em  Tvnae Mvndi em 15-12-2015

Tuna de Valladolid em 1906
In http://abcfoto.abc.es/temas/tunas-2251880/














[1] O Século, xxii Ano, n.ºs 7.229 e 7.232, 16 e 19 de Fevereiro de 1902, respectivamente, citado em Qvid Tvnae (2012).