sábado, 31 de dezembro de 2016

Uma Estudiantina espanhola em Torres Vedras (1886)


Aqui reproduzimos a notícia da presença de uma estudantina de emigrantes espanhóis em Torres Vedras, no ano de 1886.







"15 - MARÇO de 1886

Durante o mês de Março desse na de 1886 os trabalhos do caminho-de-ferro foram interrompido por causa do mau tempo que então de fez sentir (JTV, 18-3-1886).

O Carnaval tinha tido lugar no início desse mês, mas os seus festejos não passaram d algumas festas particulares ou do desfile de grupos de mascarados pelas ruas:

“No domingo [7 de Março] appareceu uma mascarada notável, representando um bom typo da localidade, victima permanente do Deos cupido, aos…sessenta e tantos annos de idade. A imitação do rosto, do traje, da maneira de andar e até da falla era perfeita(..).

“Saiu também em carro descoberto uma bem vestida mascarada politica, representando vários vultos notáveis da política indígena.

“Na terça feira [9 de Março] percorreu as ruas da villa uma Estudantina de emigrantes  hespanhoes, vestidos muito bem a caracter. De tarde , apareceu um carro de mascarados com engraçados costumes."

“Tiradas estas quatro exhibições, o resto foi de uma semsaboria atroz, como é costume aqui e em toda a parte”, registando ainda uma “soirée de terça” em casa entre amigos (JTV, 11-3-1886). "[1]




[1] In A VIDA TORRIENSE NOS FINAIS DO SÉCULO XIX, nos caracteres da imprensa local (1885-1890) – 14 e 15. Publicado no blogue Vedrografias [Em linha], consulta de 28-12-2016.

Feliz Ano Novo de 2017


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Cartazes plagiados II

E quando pensávamos que as pessoas estavam alertas para o mau hábito de plagiar, eis mais um exemplo dessa vil prática.
Já em artigo passado tínhamos abordado esta questão dos cartazes com motivos copiados, mas este caso parece ultrapassar os demais, já que a sua quase totalidade é cópia de outros (neste caso do cartaz do XXV FITU do Porto, da Tuna Universitária do Porto, 2011; e da capa do CD da Tuna Académica da Universidade de Évora, lançado este ano de 2016 com o título "Ser desta tuna").




Um cartaz que não é produzido por uma tuna, mas por um grupo de alunos do 3.º ano de turismo da Universidade Lusófona do Porto.

Independentemente dos nobres motivos da iniciativa caritativa (que não está aqui sequer em causa), é lamentável que tal ocorra, especialmente num meio académico demasiado bem informado, ou que assim deveria estar, sobre estes assuntos (partindo do princípio que o plágio não é prática consentida naquela academia).
Plágio é ilegal, convém lembrar.


E, como é dever cívico, as tunas plagiadas foram alertadas para o facto, pois a elas cabe intervir, se assim acharem pertinente.

O mal está feito, e mesmo concedendo que não tenha havido má intenção, estas coisas não são, de todo, admissíveis.
Possa servir de exemplo daquilo que é prática a evitar.




segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Os 25 anos da Infantuna

Não me irei alongar.
Recordar estes 25 anos da Infantuna é um exercício que provoca um certo saudosismo, pois acompanhei de perto os seus primeiros anos, sendo que muitos dos fundadores eram pessoas próximas, colegas de faculdade, ainda hoje amigos.




A Infantuna é uma referência nacional e internacional de bem fazer tunante, cuja qualidade fala por si.

Celebrou, este ano, há poucos dias, os seus 25 anos de actividade com um certame. Um certame que finalmente reapareceu, dado que há já alguns anos que tinha sido interrompido o FITUV.

Diríamos, apenas de passagem, que se estranha a ausência da tuna irmanada, a FAN-Farra Académica de Coimbra, e do Real Tunel Académico - Tuna Universitária de Viseu, sua congénere mais antiga e contemporânea.
Ausências que, ou por incompatibilidade de agenda ou indelicadeza de omissão, não deixam de ser notadas.

Mais do que os muitos prémios, resultantes da sua participação em dezenas de certames, um pouco por todo lado, fica, entre outros, a obra discográfica (com vários CD), a sua Medalha de Mérito da Cidade, a organização dos FITU, a organização de um dos jantares do PortugalTunas, assim como do IV ENT (Encontro Nacional de Tunos), o livro do seu principal fundador, as suas digressões pelo estrangeiro, passagens pela TV, os seus temas originais (cantados por tantas tunas) e a sua intensa actividade artística e beneficente junto das populações.
O único amargo de boca, foi ter sido ignorada pela organização do programa Efferreá, em 1995, pois merecia claramente ter sido selecionada.

Lembrança oferecida às tunas que participaram no I FITUV, em 1992.

Livro de João Paulo Sousa, sobre os 10 anos da Infantuna.
Mascote

Logo do 10.º aniversário.


O IV ENT, organizado pela Infantuna, em 2006.
Discografia da Infantuna (vd. Museu Fonográfico Tuneril)
A garrafa da esquerda foi editada em 2010, por ocasião do VII Jantar do PortugalTunas.
A garrafa da direita foi editada pro ocasião do XX aniversário, em 2011.



Seja como for, são 25 anos de sucesso que cimentaram, acima de tudo, uma fama e um respeitoso reconhecimento de todos; um crédito consensual que não está ao alcance senão de alguns.


Alguns cartazes do FITUV.







Parabéns à Infantuna Cidade de Viseu por tudo aquilo que deu, e continua a dar, a todos, representante de excelência da academia viseense.

Aos amigos que tenho na Infantuna, o meu especial abraço fraterno.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Um original não tão original ( Scalabituna - Lágrimas do Tejo)

Fui recentemente alertado para um tema que, apresentado como original de uma tuna, afinal, não é assim tão original.
Trata-se do designado tema "Lágrimas do Tejo", apresentado e interpretado pela Scalabituna como sendo original seu e que, na verdade, não é.

Aqui está ele:

               
Ora, na verdade a melodia em causa, ou parte substancial da mesma, é correspondente (copiada, portanto) ao 2.º andamento da obra "Os Pássaros do Brasil"  de Kees Vlak (obra tripartida que engloba "Pássaros Coloridos", "Pomba Triste" e "os Pássaros de Carnaval").

Pegar num tema e meter-lhe uma outra letra não transforma a coisa num original. Conviria informarem-se da lei, pois, para todos os efeitos, estão a infringi-la. Direitos de autor são coisa séria.

Afirmar, como o fazem no seu site, que, e passo a citar, "É assim que surgem, por exemplo, temas como o original “Lágrimas do Tejo[1] é algo não apenas falso, como lamentável.





Pior ainda, quando essa tuna foi já avisada disso e prefere inventar argumentos sem nexo, pretendendo que meter uma letra num tema alheio (e acrescentar-lhe outras partes) o transforma em propriedade nossa, passando a ser um original. É falta de senso, de seriedade...........
Não, a melodia não é semelhante, é igual. Trata-se, por isso, de uma versão, de um cover adaptado, mas adaptações não constituem original.
Pretender que se obteve o tema numa digressão ao Brasil (recordamos que é tema composto por um holandês, Kees Vlak, um compositor dos países baixos, falecido recentemente - 1938-2014), não isenta um facto essencial: há importação, cópia portanto.





O tema original está aqui, bastando situarem-se no minuto 4:07 (2.º andamento) do seguinte vídeo (que até podem pôr a tocar ao mesmo tempo que o anterior vídeo):



Plágio significa copiar ou assinar,  uma obra alheia, na sua totalidade ou partes da mesma, sem autorização expressa por parte do autor, alegando que é da sua própria autoria. Plágio é crime, convém lembrar.
Deste modo, mesmo que apenas uma parte do tema seja copiado e o resto criado, não deixamos de estar perante plágio, pelo que incompatível com a ideia de ser um "original", que não é.
É como escrever um qualquer texto e, pelo meio, ter lá algumas frases copiadas sem referência. 
Tudo quanto é copiado sem referência é plágio e um trabalho deixa de poder ser considerado como original.



Uma tuna deve saber respeitar, para se dar ao respeito.
Fica o reparo.

EPÍLOGO

Após a Tuna em questão ter conhecimento deste artigo, postado no FB "Tunas&Tunos", foi possível obter resposta dos elementos da Scalabituna quanto a esta questão.
Desde já saudar os mesmos pela abertura demonstrada.
Ficou assente o seguinte:

1.º A resposta dada em nome da Scalabituna à interpelação do José Duarte não reflectia, efectivamente, a posição oficial da Tuna.
2.º A Scalabituna, reconhecendo o lapso, já rectificou o que constava do seu site.



3.º Reconhece a Scalabituna que, de facto, parte do tema é importado, pelo que não como original seu.

Ficam desfeitos os equívocos e com muito gosto se regista que é uma Tuna que, perante o reparo, sabe mostrar-se digna e com "fair-play".


Da minha parte, tenho a dizer com muito gosto que se há tunas que não respeitam para serem respeitadas, a Scalabituna mostrou, neste caso, uma atitude respeitável e honesta.

Peço, da minha parte, desculpa por quaisquer transtornos ou eventual ideia de ter isto constituído um ataque gratuito, que não foi.




sábado, 3 de dezembro de 2016

O Alfabeto das Tunas

Decorrente da conferência do II TUNx, organizado pela TAFDUP, volto a pegar no assunto dos instrumentos de tuna.
Sabemos que a Tuna é uma tipologia musical que se distingue pelo tipo de instrumentos que utiliza, e que a distingue de outros.
A definição de Tuna contempla, portanto, a noção de ser um grupo de plectro (cordas friccionadas e plectradas), juntamente com o acordeão, a percussão ligeira e as flautas doces.
Essas são as balizas que definem um grupo como Tuna, desde logo (seja de que tipo for). Claro está, e conforme o avançado em "Qvid Tvnae?", as que são de natureza estudantil contemplam ainda a imprescindível pandeireta.
Mas, tal como enunciado na dita conferência, isso não significa que, por uma questão premente de um tema que pede um instrumento alheio a esse leque instrumental, este não possa aparecer excepcionalmente.
O problema é mesmo quando se perverte a coisa e se pretende transformar a própria excepção em regra.
Não vale tudo, lamento, não vale.

Todos sabemos que o alfabeto ocidental comporta 26 letras.
Com esse elenco de caracteres, se escreveram milhares de obras, se produziram milhares de canções, cartas..........
Com esse leque de letras é infinito o n.º de chaves linguísticas que produzimos na oralidade ou na escrita, sem necessitarmos de utilizar caracteres chineses, cuneiformes ou árabes.
E para além daquilo que na nossa língua produzimos, é igualmente possível falar e escrever em inúmeras outras.
E só com esse leque de 26 letras se ganharam inúmeros prémios literários, se escreveram inolvidáveis discursos, tratados, obras científicas.............

Ora a Tuna tem também ela um alfabeto que continua a abrir possibilidades infindáveis, conquanto haja criatividade, arte e engenho, sem precisarmos de recorrer a outras grafias.
Misturar por regra é criar neologismos e pretender deles fazer um novo idioMa, mas acabando por travestir o vocábulo em algo idioTa.

E, tal como acima referi, se pontualmente inserimos caracteres alheios ao nosso alfabeto, são precisamente para um uso muito específico e pontual (como a @ para os endereços electrónicos, por exemplo).
Ora é a regra que cria a identidade, que define, e não a excepção.
Já uma excepção usada com bom-senso é prova de carácter, porque sabe respeitar a regra.


É que, quando não..............corremos o risco de sair asneira (m&%#k@§).