sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

TUNA - A história por detrás da tradição, por Eduardo Coelho


Palestra dada pelo amigo Eduardo Coelho, co-autor de "Qvid Tvnae? A Tuna Estudantil em Portugal", durante o 1.º TUNx, organizado pela TAFDUP - Tuna Académica da Faculdade de Direito do Porto, e que decorreu na reitoria da Universidade do Porto, a 4 de Dezembro (2015).




quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

I TUNx Conferência sobre Tunas (2015)

Uma iniciativa a não perder para a malta do Porto e arredores.
Com a presença de 2 grandes especialistas da nossa praça, Eduardo Coelho e Ricardo Tavares, e um programa apetecível.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A ventura da amizade

Tenho mais é que ficar grato pelas palavras que me foram discernidas no blogue "As Minhas Aventuras na Tunolândia".
Quero crer ser merecedor da amizade por detrás do texto e penhoradamente regozijar-me por ter amigos tão distintos e ilustres.
Quanto ao conteúdo, se for metade do que descreve, tenho mais é que humildemente alegrar-me, mesmo se não me sinto merecedor de tamanho libelo.


sábado, 14 de novembro de 2015

No I FITU de Lamego

Foi um belíssimo sábado bem passado em Lamego como parte integrante do júri do I FITU organizado pela Estudantina Académica de Lamego.
E subir ao palco com esta malta, para formar o "TunaJúri", foi de salutar.








sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Tunas com orquestras

Embora não seja novo, temos assistido, cada vez mais, a pontuais, e felizes encontros entre Tuna e Orquestras, conferindo maior beleza a muitos temas, uma sonoridade bem diferente e enriquecida.
Eis alguns exemplos:


Tuna Universitária do Minho, Braga.




TUIST, Lisboa



Quantuna de Coimbra



domingo, 27 de setembro de 2015

O que fundamenta a Tuna - Invenções da "praxe" de Leiria

Estupefacção.
A ignorância e mediocridade do conteúdo dispensam mais considerandos.
"Bem Aventurados os pobres de espírito....."; "Pai, perdoa-lhes que não sabem o que fazem".


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

domingo, 30 de agosto de 2015

Panegírico a João Paulo Sousa

Hoje o meu panegírico destaca o João Paulo Sousa, conhecido no meio tunante viseense por "o mestre" e que, na verdade, dispensa grandes apresentações públicas, porque um dos nomes cimeiros do fenómeno tunante em Portugal e porventura o maior na cidade de Viriato.

Em 1888, integra a Secção de Fados da AAC e ingressa na E.U.C (Estudantina Universitária de Coimbra) em 1989, com a qual grava os discos “Estudantina Passa” (1989) e “Canto da Noite” (1992).
Em 1991, é fundador da Infantuna de Viseu, e membro do Conselho Artístico até 1995, onde é também Presidente da Assembleia Geral.

Autor e compositor, encontramos os seus temas no “Indo Eu”, disco editado pela Infantuna em 1995 (e onde encontramos a sua voz de solista nos conhecidos temas "Ai, Viseu" ou "A Tua Canção"), bem como  nos CD editados pelo Grupo de Fados, “Toada Coimbrã”, onde se destaca o tema “Balada do 5.º Ano Jurídico de 89”, sucesso maior das baladas de despedida, que eleva o seu nome ao Olimpo do imaginário académico.
É Membro de Honra da Tuna de Arquitectura de Valhadolid e foi membro da administração do portal PortugalTunas.
Membro colaborador do Museo Internacional del Estudiante, foi orador no II, III, IV ENT - coordenando a organização deste último -  bem como na V e VIII edições.
Em 2002, lança o Livro “10 Anos de Infantuna” onde ensaia os primeiros estudos sobre o fenómeno tunante.
Tem integrado diversos júris em certames por todo país, sendo presidente do Júri do FITUV, em cuja organização participa desde início.
Natural, por isso, encontrar o seu nome entre os autores do "Qvid Tvnae? A Tuna Estudantil em Portugal", primeira obra nacional sobre o fenómeno, história e evolução das Tunas em Portugal.

Muito mais haveria certamente para dizer, da sua rica e diversificada actividade artística e cultural fora do âmbito das tunas, mas o leitor fica já com uma ideia de estarmos perante outro incontornável da história tunante em Portugal dos últimos 30 anos.

Daria para vários parágrafos contextualizar e explicar o como e quando nos conhecemos. Vai para mais de 2 décadas e atalharia dizendo que, durante longo tempo, éramos algo como "o cão e o gato".
Com efeito, fruto das rivalidades tuneris locais e dos juízos de valor feitos mais na base do "dizem que" ou "parece que", ambos ressentíamos uma certa urticária um para com o outro, isto apesar de, factualmente, nunca termos, nesses tempos idos dos anos 90, privado um com o outro de modo a descartar quaisquer mal entendidos que houvesse.
As rivalidades acirradas entre grupos (ele na Infantuna e eu na Tuna da UCP e Real Tunel) promoveram sempre, deste lado de cá, a ideia de um João Paulo como sendo um sobranceiro "lobo mau" e, certamente, do lado de lá, a ideia de outro sobranceiro garnizé.

Estranho, portanto, que após anos de soslaios juízos mútuos e de, a priori, estarmos irremediavelmente votados a militar em campos opostos (por vezes antagónicos) de actividade tunantesca, viéssemos a firmar uma amizade acima das iniciais e infantis querelas que se alimentavam, no despontar do fenómeno tuneril em Viseu ainda muito imaturo.
Estranho, fundamentalmente, em alguns sectores dos nossos respectivos círculos de amigos e grupos tunantes, onde cada um estava já devidamente rotulado e catalogado. Mas a verdade é que o tempo e a maturidade adquiridas trocaram as emancipações pueris por uma visão mais ecuménica, levando a uma paulatina aproximação entre "facções", dos nossos grupos, sobrepondo-se as amizades que existiam, e eram comuns, às desconfianças e rótulos precipitados ou inadequadamente atribuídos.


E essa aproximação, iniciada nos ENT, teve como epílogo o contexto do "Qvid Tvnae?", quando, com o Ricardo Tavares, e sem hesitar sequer, apontámos, cada qual, a pessoa que melhor completaria a equipa para a aventura de investigar e publicar um livro sobre a origem e evolução da Tuna; o Ricardo com o nome do Eduardo Coelho e, da minha parte o João Paulo.

Uma amizade que traz em si uma importantíssima lição de vida, quanto a emitir juízos de valor dogmáticos sobre outrem, sem o conhecer pessoalmente (coisa que implica tempo, contacto e convívio regulares). Se muitas vezes as primeiras impressões são acertadas, muitas outras são passíveis de redundar em erro. Foi o caso. Ainda bem, contudo, que tal lapso foi remediado e que tenho a honra, privilégio e alegria de ter o João Paulo como um grande amigo; uma amizade forjada a ferro e fogo, e de que muito me orgulho. Por vezes é mesmo bom realizarmos que estávamos errados e espero poder continuamente compensar a nossa amizade por anos de pueril desperdício.




João Paulo Sousa nunca foi uma pessoa consensual, fruto da sua inquebrantável firmeza de convicções, da sua coerência e da sua desarmante  frontalidade (num tempo onde se troca tão facilmente isso por hipócritas meias tintas). Há quem não goste dessa verticalidade, mas muitos, como eu, admiram esses traços de carácter e preferem a honesta franqueza a camaleónicas prestações teatrais, independentemente da forma.
E os grandes homens dificilmente são consensuais; conheço poucos, aliás. E os grandes não têm de ser perfeitos, mas as suas virtudes e qualidade superarem, de longe, as suas imperfeições, como é o caso.

Este meu encómio ao JPS é igualmente um tributo à amizade que se conquista, o reconhecimento do seu percurso como Tuno (quando tal nem sempre é assim visto por outros mais devedores), como figura de proa do negro magistério e um agradecimento muito pessoal por aquilo que também sou, graças a ele.





sexta-feira, 24 de julho de 2015

DEFINIÇÃO DE TUNA (QVID TVNAE)

Sem grandes introitos, apenas salientar que a obra "QVID TVNAE?" (2012) foi muito meticulosa e criteriosa na análise e apresentação da evolução do significado de Tuna/Estudantina, desde as várias teorias sobre a origem do termo, até ao grafado, ao longo dos séculos, nas principais enciclopédias e mais conceituados dicionários ibéricos (generalistas, etimológicos, de musicologia...).

Toda essa análise linguística (semântica e etimológica) rigorosa pode ser encontrada no citado livro (pp.65-84), disponível gratuitamente aqui:
https://drive.google.com/file/d/1HnbZrKgcb7zhwoD9KApuA9UogUvmwLew/view?fbclid=IwAR1q7d6lRQDq5bg6ZfrRnqulW9BvCToWH6K-FRG2njGG4SbezbGaaE_-um4

Daí resultou, ponderando a análise histórica e social em simbiose com o conhecimento empírico dos autores, a seguinte definição que aqui se transcreve:


"Tuna/Estudantina - Tendo surgido inicialmente em Espanha em meados/finais do séc. xix com a designação de estudiantinas, as tunas são agrupamentos musicais tanto de âmbito popular (urbano e rural) como estudantil. São constituídos essencialmente por instrumentos de cordas (cordofones) plectrados, dedilhados e friccionados, acompanhados de acordeão, flautas e percussão ligeira. Nos agrupamentos de cariz estudantil, a pandeireta é ícone histórico indispensável.

As tunas podem apresentar‑se em palco tanto sentadas (em disposição orquestral clássica) como de pé. Interpretam um repertório eclético, do erudito ao popular, acompanhando a execução instrumental com canto (a solo ou em coro), característica mais visível nos agrupamentos estudantis.

As tunas de cariz estudantil, e em especial as do foro universitário, envergam o traje da academia em que se integram ou indumentária própria (usualmente baseado na tradição das tunas do país vizinho e/ou evocativo do património cultural local). São normalmente constituídas por estudantes e antigos estudantes, recebendo a designação de «tunas de veteranos» ou «quarentunas» quando são exclusivamente compostas por estes últimos."[1]








[1] COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA João Paulo - QVID TVNAE? A Tuna estudantil em Portugal - Euedito, 2012, p.84.

sábado, 11 de julho de 2015

A TAUC quanto ao ano da sua fundação


A confusa data da fundação da TAUC.

Nota: este artigo tem actualizações importantes de 03 de Janeiro de 2020, onde também se deve considerar o recente artigo produzido (ver AQUI)

Tem ocorrido, ao longo de anos, um possível equívoco no que concerne à ideia milhares de vezes repetida de que a TAUC foi fundada em 1888.

Nada me move contra a TAUC, fique claro. É uma instituição que muito respeito e admiro.
Contudo, como investigador e curioso do fenómeno tunante, de há 2 décadas a esta parte, foi aquando da investigação e publicação da obra "QVID TVNAE" que tropecei (conjuntamente com os co-autores) em dados que não coincidiam com a versão corrente e amplamente divulgada e que, por isso, necessitavam de revisão e investigação mais aprofundadas (sempre em aberto, note-se).

Vamos lá, então.


Ao contrário do que é propalado, a TAUC não terá nascido, como tal, em 1888, mas alguns anos mais tarde, quando se apresenta formalmente sob a designação TAUC, depois de a antiga Estudantina se ter extinto, fruto, muito plausivelmente, de uma cisão por parte de elementos que quereriam livrar-se daqueles que não fossem estudantes/universitários.
Com efeito, ao que tudo indica, a Estudantina de Coimbra, fundada em 1888, extingue-se abruptamente em 1890, tendo sido a sua última aparição formal em Junho de 1890, por ocasião do casamento de um dos seus principais dinamizadores e primeiro presidente, Artur Pinto da Rocha (que foi um dos fundadores da AAC em 1887).

Houve, em 1891, uma tentativa de ressurgimento da "tuna":

" Corria o ano de 1891 e o boémio Jayme Leal fazia despertar num grupo de rapazes alegres e joviais a simpática ideia da formação de uma Tuna exclusivamente composta de académicos. Esta ideia foi recebida com as mais vivas manifestações de júbilo e entusiasmo por todos os estudantes de Coimbra, e não levou muito tempo a converter-se em realidade. Dentro em breve a Tuna estava fundada, e de dia para dia sentia engrandecer-se por um selecto conjunto de aptidões, que no seu seio se aperfeiçoavam e desenvolviam. "[1]

Nada se sabe, à data, de que tal empreendimento tenha ido avante (mais à frente voltaremos a este ano de 1891, com mais dados), mas note-se a passagem: "... a simpática ideia da formação de uma Tuna exclusivamente composta de académicos.", o que reforça a ideia, já acima avançada, de que se pretendia, na época, algo totalmente diferente da Estudantina de 1888: um grupo só de estudantes, preferencialmente universitários.
O mesmo com "Dentro em breve estava fundada..." o que sempre é diferente de "refundada" ou "reorganizada".

Tal está bem explicado na obra "Qvid Tvnae? A Tuna Estudantil em Portugal" (pp.173-175), a qual também tem por referência a obra dos irmãos Nascimento, "Estudantes de Coimbra em Orquestra - TAUC - 1888-1913" (pp.37-45).
A verdade é que tem sido algo complicado desfazer este imbróglio, por me parecer ter havido, ao longo de anos, uma espécie de "recalendarização", motivada, porventura, pelo desejo de conferir antiguidade, muitas vezes mais com base na interpretação que mais jeito dava dos factos, como sucede a muitas tunas académicas da época do "boom" dos anos 80-90.

Veja-se, a título de exemplo, que o Notícias de Coimbra de 1940[2]  refere, na página 5, que a TAUC irá festejar os seu 50º aniversário, colocando a fundação não em 1888 mas em 1890 (o ano em que precisamente se terá extinto)!!!
António José Soares, em "Saudades de Coimbra, 1934-1949 (Vol. III)"[3]  também refere festejos do 50º aniversário da TAUC ocorrido em Abril de 1940, e que teve participação dos, então, actuais e antigos tunos em sarau promovido no Teatro Avenida.




 
Estranha-se tal, dado que estes informes colidem quer com a ideia da fundação em 1888, quer com as provas documentais que parecem apontar para 1894.
Concedendo, até, que o 50.º aniversário só tenha sido possível ser celebrado no ano seguinte ao que era suposto, não bate certo com 1888.

O ano de 1890 seria precisamente o último ano de actividade da Estudantina de Coimbra, fundada 2 anos antes, pelo que parece haver aqui alguma confusão ao colocar a fundação do grupo no seu último ano de actividade. Esta flutuabilidade de datas reforça a ideia de que, nos anos 40, já se andava "aos papéis" por falta de confirmação dos papéis (leia-se fontes fidedignas e documentais).
Por que razão, os tunos da TAUC, em 1940, apontaram para o ano de 1890?
Em rigor, não sabemos.

O que sabemos é que nos anos de 1891,1892 e 1893 não há, que saibamos, notícia de qualquer actividade ou existência da Estudantina de Coimbra (salvo uma fugaz referência tunante em 1891, e outra em 1892 - que adiante se tratará, e se explicará).
Até prova em contrário, impera o que é lógico: a Estudantina de Coimbra parece ser algo diferente e díspar da TAUC, por mais que esta última se tenha, a partir de determinada altura, assumido herdeira do grupo fundado em 1888 (e a que terá ajudado o facto de, na linguagem comum da época e dos jornais, este tipo de agrupamentos receber tanto a designação de estudantina como tuna, de forma indistinta e, muitas vezes, concomitante).

O que se pode afiançar, com segurança, é que a TAUC, com a estrutura e organização que até hoje foi perdurando, é um organismo que terá surgido apenas em 1894 e que o fez precisamente de forma distinta da experiência da anterior Estudantina (designação não retomada e que evidencia o corte e natureza díspar do grupo).
Isso se comprovará, documentalmente, um pouco mais à frente.


Desenho do maestro Simões Barbas assinada por Rafael Bordalo Pinheiro.
In A Paródia n.º 29, de 01 de Agosto de 1900.



Quando a TAUC é fundada, apenas o seu regente e uma peça do seu repertório (o Hino Académico[4]) "transitaram" da antiga estudantina, a par com o estandarte (reutilização do mesmo que existia em 1888, conforme cliché da época o atesta).

"18 de Março – “Conta já mais de 60 executantes a tuna académica que nesta cidade vai constituir-se, de cuja regência se encarregou o laureado maestro dr. Simões Barbas.
Os ensaios começarão activamente depois das férias de Páscoa numa casa que o sr. Reitor da Universidade tenciona ceder para esse fim.”[5]

Como se pode ler, não se fala em reconstituir, refundar, reorganizar, mas constituir.


Recentemente, fomos encontrar notícia de uma Estudiantina de Coimbra em Salamanca (Espanha), em Abril de 1891 a qual era regida por Simões Barbas. 
O periódico espanhol não dá outros detalhes nem encontrámos, na nossa investigação a outros jornais do país vizinho, referências a esta notícia. Disso demos conta em artigo que pode ver AQUI. 


De 1892, temos um dado curioso que indica a estar a organizar-se  uma Tuna, dirigida por Simões Barbas, expressamente criada (ao que tudo indica) para uma récita em Viseu (e se desfaria em seguida, como era comum).

Commercio do Minho, 20.º Ano, N.º 2946, de 29 de Novembro de 1892, p. 2.


O Defensor do Povo, Ano I, N.º 39 de 01 de Dezembro de 1892, p.3.



O Povo de Aveiro, Ano XI, N.º 588, de 04 de Dezembro de 1892, p. 2.


Neste caso, não encontrámos, à data, nos periódicos viseenses, qualquer notícia dessa idealizada passagem por Viseu de uma estudantina/tuna de Coimbra, o que também leva a crer que tal iniciativa acabou por não ir adiante.

Nota: Num artigo publicado no jornal viseense "A Liberdade", datado de 31 de Janeiro de 1893, fala-se no desejo de ida a Viseu (sem referir quando), da Tuna Académica da Universidade de Coimbra, juntamente com alguns outros estudantes, entre os quais Augusto Hilário, para representar "comedias e scenas comicas". Mas, também aqui, não se encontrou, posteriormente, qualquer artigo a referir tal deslocação ou realização do espectáculo.

O que o leitor facilmente intuirá é que se trata, a terem existido, da formação de grupos efémeros, os quais duraram o tempo do propósito para que foram criados, desfazendo-se em seguida - tal como nos confirmam vários artigos de 1893 e 1894 que a seguir apresentamos. 
Uma coisa é estar-se a organizar (com ensaios e tudo o mais) e outra bem diferente é aparecer e actuar em público (que é o único modo de atestar a existência formal de um grupo).

Do ano de 1893, temos 2 artigos que referem uma nova tuna em formação (e que se estreia em 1894), distinguindo-a de quaisquer outras do género formadas anteriormente.



O Defensor do Povo, Ano II, N.º 147, de 14 de Dezembro de 1893, p.2.


O Defensor do Povo, Ano II, N.º 149, de 21 de Dezembro de 1893, p.2.

Note-se a referência explícita que coloca este novo grupo como algo díspar de quaisquer outros anteriores, tal como temos indicação de que Simões Barbas estava habituado a dirigir tunas (e não apenas a Estudantina de 1888), significando, pois, que teria dirigido (ou tentado dirigir) outros grupos do género - os tais antes citados de 1891 e 1892 (ou mesmo 1893), mas que não terão passado de malogradas tentativas de voltar a ter uma tuna académica, com carácter mais permanente e institucionalizado, na Universidade de Coimbra.
 
Mas revela-se de pormaior importância a passagem que diz "...em nada será inferior á que se fundou ha cinco annos, e que tão agradaveis recordações nos deixou, na sua quasi ephemera duração".
Em 1893, portanto, estava-se a tentar formar uma nova tuna, em nada inferor há que formara 5 anos antes, ou seja em 1888. 
Não parece haver espaço para dúvidas.

Atente-se, uma vez mais, ao que é referido pelo seguinte artigo, datado de Março de 1894, onde não se menciona qualquer refundação, reactivação reorganização ou um retomar da actividade após interregno, mas de "...organisar uma tuna á semelhança da que ha annos aqui se formou...":


Defensor do Povo, Ano II, N.º 173, de 16 de Março de 1894, p.2.

Organizar uma tuna (ou seja criar uma) do mesmo tipo (à semelhança) da que há anos se formou só pode ser entendido como formar uma similar a outra que já não existe (se existisse, era nomeada).

Ainda desse ano, mas num artigo de Dezembro, podemos ler um seguinte excerto dedicado a Simões Barbas, regente da TAUC, no qual se refere expressamente ser esta a 2.ª tuna [formal] por ele orientada:


O Defensor do Povo, Ano III, N.º 249, de 06 de Dezembro de 1894, p.3.


Estamos, ao que tudo indica, perante a formação de um grupo totalmente novo, criado de raiz.
Se assim não fosse, não se falaria em "2.ª tuna" dirigida por Simões Barbas, muito menos se faria distinção entre o grupo de 1888 e este, agora organizado, em 1894.

Pelos dados existentes na citada obra dos irmãos Nascimento, e que pode pecar por defeito (não garantimos que não apareça um documento perdido no arquivo da TAUC a contrariar), comparando o elenco dos membros da Estudantina em 1888-89 com a TAUC formada em 1894 (de que só dispomos dos órgãos directivos), nenhum elemento referido do grupo de 1894 fez parte da formação anterior (isto apesar de alguns serem alunos do 4º ano (como o presidente, Francisco Joaquim Fernandes ou o sub-regente José Cochofel - com anos de universidade suficientes para poderem ter estado na estudantina extinta em 1890).
No elenco detalhado dos membros da TAUC de 1895, nenhum nome coincide com a lista de elementos da antiga Estudantina.
Faltam-nos esses dados para uma comparação mais segura.
TAUC em 1894.

 
Mas olhemos os seguintes excertos que são suficientemente ilustrativos, datados de 1894:

“Devido aos esforços de meia dúzia de rapazes da nossa Universidade acha-se de novo organizada a Tuna Académica, tendo-se realizado na terça-feira passada [10 de Abril] o primeiro ensaio.”[6]

Para sermos sérios e honestos, nada permite inferir da passagem "... acha-se de novo organizada a Tuna Académica" como tratando-se da Estudantina de 1888, até porque nem sequer o termo "estudantina" é usado.
A dúvida surge com o determinante "a" (de a Tuna Académica), como se ele fosse quase pronominal da Estudantina de 1888, quando poderá ser genérico e significativamente sinónimo de "uma" (está de novo organizada "uma" Tuna Académica  - como já existiu).
Pelo menos os artigos anteriormente apresentados comprovam tal.

Seja como for, até a imprensa da época tem de ser lida dentro de um contexto: usava-se indiscriminadamente o termo "Tuna" e "Estudantina" para se referirem à mesma coisa, o que torna difícil perceber exactamente aquilo que o jornalista que redigiu a notícia quereria dizer, e se estava, ou não, a fazer distinção. 

Aliás, a TAUC era igualmente apelidada de "Estudantina"[7] , fosse porque era termo sinónimo, fosse porque ressoava ainda o enorme êxito do grupo de 1888 (uma extensão vocabular que ocorreu, por exemplo, com o termo "batina", que continuou a ser usado para designar a casaca do traje estudantil, embora não se tratando da velha "abatina").

Recordemos, também, que a notícia sai no mês seguinte à que relatou que “Conta já mais de 60 executantes a tuna académica que nesta cidade vai constituir-se, de cuja regência se encarregou o laureado maestro dr. Simões Barbas." que transcrevemos acima, ainda há pouco.
Direcção da TAUC em Valadolid, apelidada em Espanha,
como usual era, de "Estudiantina". Fonte: Nuevo Mundo. 4-4-1900.

Outra citação:

“Apresenta-se hoje [13 de Maio] pela primeira vez a tocar na Universidade em obséquio ao sr. Reitor, a tuna académica, dirigida pelo sr. dr. Simões Barbas.”[8]

Se a referida apresentação de dia 13 de Maio ao reitor teve lugar não sabemos.
Mas concedemos que assim tenha sido. O facto é que é apenas em Maio de 1894 que a TAUC vê a luz do dia como tal.
Com efeito, em finais de Maio (dias 26 e 27) dá concerto em Aveiro (este, sim, com notícia de que se realizou).
Tudo isso pode ser confirmado na obra citada, nas páginas 44-46 da versão digital[9], cujo endereço aqui está (e pode ser livremente descarregada) AQUI.

Um outro artigo, desta vez de 1895, a propósito da deslocação da TAUC a Viseu, refere claramente que "Não é a primeira vez que a academia de Coimbra visita a de Vizeu, a antiga tuna academica tambem se fez ouvir naquella cidade e um curso do 5.º anno juridico já ali foi tambem dar a sua tradiccional recita de despedida.".

Fala-se na "antiga" tuna", por oposição à esta "nova" (isto num espaço que dista de uns 5 anos). 
Por que razão tal, se fosse a mesma agremiação que apenas tivesse sofrido um interregno?


O Defensor do Povo, Ano III, N.º 256, de 03 de Janeiro de 1895, p.3.



Outro dado nos chega pelo periódico conimbricense "Resistência" que, em 1903, reproduz uma notícia de um outro jornal (o "Novidades") dizendo que a notícia e cronologia  estão errados. Contudo, não adianta mais sobre o assunto, não esclarecendo o que é que está errado (se a data de realização do jantar, se é o programa ou se é o 10.º aniversário). Não tendo sido exercido contraditório por parte do periódico, não temos como tecer outros quaisquer considerandos que não seja hermeneuticamente estabelecer a plausível ligação aos demais dados anteriormente apresentados.


Resistência, 9.º Ano, N.º 813, de 05 de Julho de 1903, p.2.


São os factos à data, passíveis de sofrer alterações mediante novos factos documentados.
Já fui atacado por alguns tunos da TAUC por expor o que acima escrevi, mas são os dados que existem e não podem ser ignorados.
Os factos podem não ter graça nenhuma, bem sabemos.







[1] NASCIMENTO, António José S.e NASCIMENTO, José António S. – Estudantes de Coimbra em Orquestra: Tuna Académica da Universidade de Coimbra (1888 1913). Coimbra: Bubok Publishing S.L., 1.ª ed., 2010, pp.42 e 43 (versão impressa), p.41.
[2] Notícia de Coimbra, edição de 12 de Abril de 1940.
[3] Quem não possui, está à venda: http://www.bertrand.pt/ficha/saudades-de-coimbra-i-i-i-1934-1949?id=38988 (são 3 volumes).
[4] Que aliás era tocado por quase todas as tunas estudantis.
[5] NASCIMENTO, op. cit.
[6] NASCIMENTO, op. cit.
[7] Situação que se prolongou até inícios do séc. XX, sobretudo na imprensa do país vizinho que referia qualquer Tuna portuguesa como "estudiantina" ou "tuna portuguesa".
[8] Nascimento, op. cit.
[9] Página 43 da versão impressa.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Tuna em Torres Novas

Um pequeno apontamento sobre uma tuna de cariz popular, neste caso de Torres Novas, a Tuna Torrejana,  datada de inícios do séc. XX.


Torres Novas - República - A EXPOSIÇÃO 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Qvid Tvnae - Entrevista na Radio Alma Lusa


No próximo domingo (já amanhã), estarão, na Hora Tunante os autores de QVID TUNAE? A Tuna Estudantil em Portugal.
Não percam mais um programa onde se irá abordar esta inédita obra que estuda e explica a origem e evolução desta grande tradição musical no nosso pais. Hora Tunante, das 19h as 21 hora de Portugal, na Rádio Alma Lusa.

Clique na imagem para aceder ao site da rádio e emissão em directo.