terça-feira, 27 de setembro de 2011

VIII ENT cartaz/programa, Bragança 2011

Este Encontro Nacional de Tunos ficará, sem dúvida, marcado pela apresentação da tão esperada obra/estudo sobre a Tuna Estudantil em Portugal.
Se motivos há sempre para ir ao ENT, penso que, este ano, os motivos são redobrados.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Do alto de um banco, para não puxar da cadeira



O autor destas linhas, a par com alguns ilustres tunos da nossa praça, tem pautado parte da sua vida tunante numa vertente que muitos consideram "estranha" ao mester tunante: a memória da Tuna (quando é, afinal, uma outra forma de "tunar").
Não poucas vezes são estes peregrinos acusados de sobranceria e altivez pelo simples facto de, para mal de muitos comodismos e "poderes" instalados, terem tido a veleidade de ousar investigar a Tuna, sua história, sua diegese.
São, pois, olhados, estes quantos, de soslaio.

Se por um lado se lhes louva o mérito (ou doideira) do árduo, e já longo, trabalho, de pesquisa, de investigação ...... por outro, todo esse labor de coligir, verificar fontes, procurar a verdade....... é visto como altamente incómodo, porque trazem à tona factos que puxam o tapete a muito mito, que desalicerçam muitas "verdades", que contradizem inequivocamente muitas práticas, conceitos e "sapientísses", que chegam a por em questão muitas tunas enquanto tal (ou pelo menos muitas das suas práticas e praxis).

Então, quando estes "illuminati" têm a ousadia de accionar o contraditório em fóruns ou blogues............ "-Aqui del Rei!" que já estão a dar numa de sabichões. Outras vezes até o que sabem (muito ou pouco) é posto em causa ou relativizado por alguns, numa tentativa de se porem a salvo de qualquer necessidade de, afinal, concluírem que andaram equivocados.

Mas desenganem-se os leitores mais críticos ou detractores. Os tais "estudiosos" que por vezes dão a impressão de se armarem em omniscientes não têm qualquer intenção que não partilhar o que foram descobrindo e aprendendo, no desinteressado intuito de dar um contributo à comunidade tunante e, deste modo, ajudarem à necessária formação de que a mesma carece.

Não se pense, como muitos acharão (com mais ou menos azia e "dor de côto"), que se nasceu sabedor e entendido.
Tal como muitos dos nossos tunos de ontem, e de hoje, também os ditos erraram e pensaram muitas vezes mal.
Todos eles cresceram como tunos ouvindo "estórias de embalar" em que faziam fé; que reproduziram, que apreenderam e tomaram como certo durante muito tempo.
Todos esses ditos "entendidos" acharam também o mesmo que muitos ainda hoje acham: fosse que era possível cientificamente delimitar o que era música de tuna, de facto; que o contrabaixo e a música clássica não eram de tuna; que a tuna era só música popular; que a tuna era uma tradição de 600 anos; que as tunas eram Praxe......... e outros tantos mitos.
Era a catequese da época, melhor ou pior, conforme o catequista, onde não existiam catecismos e muito menos a facilidade webística de hoje.

Mas o que distingue uns de outros passa por uma questão de atitude intelectual: questionar e querer "tirar a limpo" todos esses"ensinamentos" - alguns dos quais, desde muito cedo, logo foram sucitando dúvida pela sua improbabilidade ou, até, por falta de confrmação documental e inequívoca.

Há 20/25 anos atrás não se tinha acesso ao saber, sobre tunas, como hoje. A Internet era uma novidade ainda pouco difundida e nenhuma literatura existia que fosse de fácil acesso (em português, então, tal como hoje, salvo o Tunas do Marão só publicado em 2005, rigorosamente nada).
Assim,  reproduziam-se, com muito mais facilidade,  contos e as lendas, sempre acrescentados pelo imaginário e deduções romanceadas que foram formando o corpo oral da catequese tuneril, chegando aos dias de hoje como autênticas verdades canónicas.

O problema sempre foi, para alguns de nós, o seguinte: "Mas quem disse e onde estão as provas disso?".
Se durante muito tempo se aceitou, pelo respeito que nos merecia o emissor (muitas vezes um padrinho, um prestigiado veterano, um tuno com mais experiência, etc.), o facto é que a falta de provas, de comprovação, de algo mais do que o fiar-se no que é dito, à medida que os anos passavam, foi sendo o lento acordar para a necessidade de não se aceitar passivamente saberes de que, afinal, todos pareciam saber muito, mas de lábia - e pouco ou nada, de facto.
Também nós errámos, dissemos baboseiras do arco da velha, jurámos a pé juntos idiotices pegadas. Fizemo-lo enquanto aceitámos ser meros reprodutores sem critério, sem questionarmos e arregaçarmos as mangas e não esperar que as coisas nos caissem no colo.

Essa é a grande diferença: uns aceitam sem questionar (e quando mais rebuscado, ou romântico, melhor), outros têm a curiosidade de verificar e saber mais sobre as coisas.
Convém, ainda assim, dizer que não é preciso que todos mergulhem nas bibliotecas e arquivos, só que uma coisa é fiarmo-nos em documentos ou textos de pessoas  que estudaram e pesquisaram seriamente, enquanto outra é acreditarmos em pessoas que apenas falam de cor, sem qualquer sustento documental (sem provas).

Na nossa comunidade, podemos registar, entre outros, 2 tipos de tunos: os que não sabem, mas querem aprender e aqueles que não sabem, não querem aprender e têm raiva a quem sabe.

No caso dos primeiros, partilha-se com eles uma confidência: se sabemos mais foi porque errámos mais e, por isso, pretendemos, com o nosso contributo, possibilitar que outros errem menos e façam melhor.
No caso dos segundos, é quando o discurso acaba por ser um pouco mais ríspido, porque em gente letrada, a cursar o ensino superior, lamenta-se esse tipo de atitude, de quem não sabe e ainda tem orgulho nisso; ou então de quem não sabe e acha, contudo, que nada tem para aprender -e a esses idiotas chamamos, sem rodeios: idiotas.

Não o fazemos de cátedra, mas também não pedimos licença para o fazer. Nada mais ridículo do que legitimar o erro e o equívoco e achar-se natural aceitar isso batendo palmas. Nada mais ridículo do que o saber ficar na posse de alguns, quando é para ser partilhado, porque a todos pertence.
Fazemo-lo pelo gosto de ajudar, pelo gosto do próprio exercício de descobrir, pelo desinteressado desejo de dar algo que pode ser útil - sabendo o quanto foi penoso não termos, no nosso tempo, quem o fizesse por nós.
Fazemo-lo numa atitude de serviço, não como doutorados em tunologia, e que resulta da curiosidade e insatisfação pela falta de respostas credíveis com que sempre nos deparámos no que dizia respeito à Tuna.
O facto de termos nas nossas mãos alguns dados mais que muitos não terão (mas em breve irão ter), apenas nos faz cair na conta de que pouco sabemos face ao que está, ainda, por descobrir.

No próximo ENT, a decorrer em Bragança (2º fim de semana de Outubro), será levantado o véu sobre a tão aguardada obra que pretendemos que esteja no mercado pouco tempo depois.

Não se trata de uma bíblia, mas de uma ferramenta que possa ser útil e, até, despertar o interesse e vontade de outros irem mais longe nesse trabalho.