sábado, 22 de novembro de 2008

Atituna





Desta feita, o Notas&Melodias irá dar destaque a mais uma Tuna. Poderia abrir este artigo com uma das muitas tunas do nosso panorama tunante, algumas com as quais me identifico particularmente pelos laços de amizade criados ou pela sua exemplar postura e qualidade, mas elas que perdoem por ainda não falar delas (tudo a seu tempo) e, antes disso, até por cortesia, dar primazia às senhoras.

Fenómeno fulgurante no panorama tunante, nomeadamente na sua vertente feminina, a ATITUNA - Tuna Feminina da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade do Porto, merece um olhar atento.

Fundada a 5 de Outubro de 2006, esta tuna é claramente marcada por uma espontaneidade e singularidade muito “sui generis” onde as suas protagonistas parecem reavivar, em si, a febre do boom tunante de outrora, embora com uma maturidade resultante daquilo que o contexto actual, e experiência que mais de 20 anos de fenómeno, foi trazendo à comunidade tunante.

Uma questão de atitude, segundo as mesmas, envoltas num místico e genuíno vivenciar da cultura e tradição académicas, onde é notória a vertente do “correr la tuna”, pela praxis fortemente vincada do seu modus vivendi, onde os seus retiros e convívios internos cimentam um ser Tuna - onde o primeiro objectivo é o gozo próprio dessa condição, mais do que a criação artificial de um grupo com o fim exclusivo de “papar” troféus em certames.

Tive oportunidade de as conhecer, aqui em Lisboa, a minha terra de “exílio”, na qualidade de júri do IV Tradições – certame que acabariam por vencer.
Existem, não posso deixar de o dizer, claras parecenças com outro fulgurante fenómeno tunante: a TDUP. Aliás, segundo sei, a proximidade é grande entre as duas agremiações, e certamente muito terá ganho com isso a Atituna, já que a TDUP é uma mistura de castas nobres com provas dadas no negro mester.

A forma alegre e jovial destas jovens tunantes, a qualidade que apresentam em palco (e fora dele) tem merecido o reconhecimento generalizado, traduzido não apenas em inúmeros prémios arrecadados em certames, mas na simpatia que colhem em todos os quadrantes.

Alguns bons apontamentos vocais com um instrumental bem equilibrado, tornando o todo harmonioso e muito agradável de ouvir. Mas é a forma electrizante, o dinamismo e ritmo incutidos ao seu espectáculo que potencializam toda a qualidade que nelas se reconhece e, nisso, não é alheio, de todo, uma feliz (e certamente pensada) escolha de um alinhamento de temas que cativam, criam empatia e levam ao rubro as plateias, numa sequência em crescendo, coerente e magistralmente oportuna.
Uma coisa é ficar rendido à qualidade musical e artística de uma tuna, mas que não nos arranca da cadeira (mesmo que nos encha as medidas), e outra é reconhecer a existência de uma qualidade acima da média, mas onde cada sorriso, onde a alegria e a alma que trespassa naqueles belos olhos e linguagem corporal – através do canto, da coreografia, dos instrumentos ….. nos puxam para palco.

Não apresentam, em demasia, temas inéditos e o público, também por isso, não se enfada e agradece, porque gostamos daquilo que conhecemos e, mais ainda, de ficar surpreendidos pelas novas roupagens e interpretações dadas a temas com que nos podemos identificar e, até, estabelecer comparação. Mais fácil, por isso, então, de estar mais atento ao que se produz de inédito, quando esse aparece.

Pessoalmente, apenas faria crítica ao logótipo adoptado (reconheci algo muito parecido, ou igual, nuns botões que no outro dia vi numa retrosaria), já que nada identificativo de tuna ou do mester tunante ou mesmo académico, mas isso sou eu a pensar e onde parece ter havido uma adaptação de um desenho alheio (se estiver errado, certamente que elas terão todo o gosto em elucidar-me, e eu em ser elucidado – para a devida correcção).
Já quanto ao seu lema, “Ad Honoris Atitvdis Tvnae factvm est”, julgo que ele traduz a essência daquilo que as marca pela diferença e positiva, mesmo se me parece um latim muito macarrónico e numa sintaxe algo “confusa” (peço mais detalhes, pois poderá ser do meu latim estar, hoje em dia, já algo enferrujado).
Último reparo, para a dificuldade em obter vídeos da Atituna, já que parecem afastadas quer do youtube, quer do Youtunas (o que muito entristecerá os fãs), algo que falha quer no seu site, quer no seu blogue ou Hi5.

Termino endereçando os meus votos de felicidades e redobrados sucessos à Atituna, honrando e dignificando os pergaminhos tunantes de que tão bem têm sido embaixadoras.

Eu, e certamente muitos de nós, continuaremos atentos e a acompanhar o percurso desta jovem tuna, um dos mais recentes bebés da comunidade tunante nacional.