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sexta-feira, 23 de julho de 2021

Entre Booms Tunantes

Nos, até agora, 4 programas do "Filhos do Boom", da PTV, a pergunta "Consideras o boom de finais dos anos 1980, inícios dos 90 como o mais importante na história tuneril portuguesa (desde o séc. XIX), nomeadamente em termos estudantis?" foi feita a todos os entrevistados.

Obviamente que, para alguns deles, a resposta é tendencialmente afirmativa, pois é a realidade que melhor conhecem.

Mas será mesmo assim? Foi mesmo o mais importante momento da história da tuna estudantil?

Então vejamos:

O designado "boom" de finais de 1980 e até, grosso modo, 1995, pode rapidamente ser visto em números. Estamos a falar de um pouco menos de 300 tunas fundadas entre 1983 e 1995, sendo criadas cerca de mais 120, até ao ano 2000, segundo "Qvot Tvnas" (2019), com muitas delas e extinguirem-se pelo meio (20 até 1995 e 40, de 1995 a 2000).

Estamos a falar de uma época onde o n.º de habitantes em Portugal anda nos 10 milhões de habitantes e o n.º de escolas e universidades, e respectivos alunos, é incomparavelmente maior que há um século e pico. Uma época onde as mulheres já têm pleno acesso à escola, convém recordar. O rácio tem de entrar nas contas, pois são coisas, até certo ponto, mensuráveis.

 


Ora, o 1.º boom tunante em Portugal é algo que ocorre entre meados de 1880 até, sensivelmente, 1916, numa altura em que a população oscila entre os 5 milhões em 1890 e os 6 milhões em 1911, grande parte dela analfabeta e, portanto, sem acesso à escolaridade sequer (reservada quase só rapazes).

Ora, nessa fase, e mesmo depois, há tunas académicas (estudantis, portanto) em todas as capitais de distrito e em algumas cabeças de concelho, sendo um fenómeno que atravessa níveis de ensino (ao contrário do 2.º boom), havendo tunas desde os colégios (a partir dos 11-12 anos), passando pelos seminários, liceus e centros de instrução, até ao Ensino Superior (presente apenas em Coimbra, Lisboa e Porto).

Nessa época, do virar do séc. XIX para o XX, não havia as actuais facilidades de comunicação. As deslocações eram difíceis, o acesso à informação era apenas pelos jornais (para os poucos que saiam ler), não havia rádio nem TV, nem web a difundir tunas, e muito menos discos à venda a impulsionar o fenómeno (e festivais de tunas como temos hoje, nem por sombras). Tudo que havia eram os saraus, récitas e concertos em sala (com actuações mais sazonais do que com a periodicidade da tuna recente). Mas não é menos verdade que também as tunas faziam digressões no território nacional e além fronteiras, com um impacto enorme.

No espaço de poucos anos, desde 1888 e apesar das limitações comunicativas, o n.º de tunas estudantis dispara exponencialmente.

Se falarmos da Tuna como fenómeno geral (alargado à sociedade civil, então a coisa toma proporções inimagináveis: entre fins do séc. XIX e a década de 1960, quase cada povoação portuguesa tinha a sua tuna, por vezes mais que uma. Nas cidades há-as em grande número).

Portanto, o "boom" dos anos 1980-1995 foi realmente o mais marcante da história tuneril portuguesa?

Se falarmos no âmbito estritamente universitário, claramente que sim. No espaço de menos de 2 décadas (1980-1995-2000) o n.º é impressionante, mas gozou de um contexto favorável (o dobro da população, liberalização do ensino universitário e n.º de instituições, mulher emancipada, escolaridade obrigatória até ao 6.º ano, melhores condições económicas....). Mas, por outro lado, note-se que em outros graus de ensino (colégios/liceus) nem uma mão cheia de tunas surgiram.

E é precisamente olhando ao rácio N.º de estudantes/escolas do 1.º boom Vs esse mesmo n.º do 2.º, que será, no mínimo, questionável pretender que 1980-1995 (ou até 2000) foi mais importante dentro da história da tuna estudantil portuguesa.

Repare-se que, em 1910,  temos pouco mais de 95 mil alunos (distribuídos por todos os graus de ensino), contra cerca de 2,4 milhões em 1996 (segundo ALVES, Luís Alberto Marques - História da educação, uma introdução. FLUP, 2012 e os dados da Pordata). Em termos de proporção e de contexto, pondo em perspectiva os dados, alguma prudência deve assistir a afirmações cabais.

Foi  realmente mais importante o 2.º boom? 

Não estou certo que o tenha sido, mas é de reconhecer que foi, sem dúvida igualmente importante, e especialmente importante para nós que vivemos isso como protagonistas (o que influenciará muitos que também o foram).

 

sexta-feira, 5 de julho de 2019

QVOT TVNAS - Censo de Tunas Académicas em Portugal (1983-2016)

Edição de Abril de 2019 (embora lançado apenas entre Maio/Junho), esta é uma obra pioneira no que se refere a censos de Tunas, seja a nível nacional quer mesmo a nível internacional.


Pioneira pela metodologia e rigor, mas igualmente, no caso de Portugal, porque se trata do primeiro recenseamento objectivo e exaustivo da evolução do chamado "Boom de Tunas", preenche uma lacuna que há muito precisava de resposta: conhecermo-nos melhor em termos de expressão numérica (uma ferramenta que permite olhar e compreender o fenómeno sob vários prismas) e acabar com números atirados ao calhas.










Nota: Uma pequena gralha na Nota Introdutória que refere 458 Tunas referenciadas, quando são 459.


O livro estabelece um estudo meticuloso do quando, quantas e que tipo de Tunas académicas existiram em Portugal entre 1983 e 2016.
Com 459 Tunas inventariadas (455 delas fundadas a partir de 1983), chega-se a 2016 com 284 grupos activos, tendo ficado pelo caminho 175 que, entretanto, desapareceram.
É tudo isso que se pode descobrir, passando os olhos por tabelas, gráficos e textos que contextualizam, e que possibilita perceber como aqui chegámos.

















Rigoroso e transparente, apresenta a lista de todas as tunas repertoriadas, os respectivos anos de fundação e, no caso de muitas, de extinção ou suspensão de actividade, num levantamento por cidades e regiões, bem como por tipologia (masculinas, femininas e mistas).

Um contributo para a preservação da memória e para futuros estudos sobre as Tunas académicas em Portugal, mas, também, demonstração cabal de que não basta fazer listas de tunas e chamar-lhe "Censo" (como sucede com certos "Censos Mundiais de Tunas", cuja metodologia e dados apresentados são, no mínimo, de duvidosa competência), pois não basta coligir informação tirada da net às 3 pancadas, mas saber também tratá-la, conferi-la e compará-la com fontes diversificadas, sem medo de apresentar as fontes e os dados para o leitor os poder conferir (a isso se chama honestidade, transparência e credibilidade).

Abaixo apresentamos a entrevista publicada na revista Legajos de Tuna, N.º 5 (Ano III, de Junho de 2019), pp.106-107: