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sexta-feira, 30 de maio de 2025

PodcasTuna - um programa fora da caixa.

Estreou há 2 semanas um podcast único e inédito no mundo. Será , ao que tudo indica, o 1.º podcast produzido inteiramente por IA (Inteligência Artificial). Neste caso, um podcast em português (mas com legendas noutros idiomas) todo ele dedicado às Tunas/Estudantinas.

PodcasTuna é o seu nome e, pela amostra, está feito com critério e rigor (certamente fruto da utilização de programas que usam fontes fechadas e criteriosamente seleccionadas).


Uma emissão semanal (de curtíssima duração) que é transmitida exclusivamente no Youtube, todos os domingos às 15h00.

Cremos mesmo que podemos dizer que é um daqueles programas a não perder!

domingo, 16 de julho de 2023

30 Anos de Mulher Gorda.

 Cumprem-se 30 anos sobre o enorme fenómeno que foi “A Mulher Gorda”, nos anos 1990.

O tema é uma recolha feita pela Tuna da UTAD (a primeira a tocá-lo) na região transmontana, sendo que cabe à Tuna de Letras da Universidade do Porto ter sido a primeira a gravá-lo e torná-lo conhecido junto da comunidade académica e tunante nortenha.

O tema atravessou meio país e veio parar às mãos da Estudantina Universitária de Lisboa que, em 1993, fez dele um hit nacional.

 

  Teledisco gravado em 1993, por ocasião da entrada para o Top+

Que impacto teve tal tema na sociedade e na promoção das nossas tunas? Deixo-vos o que escrevi em 2017, na página de FB do Doc.Tuna:

“Junto da população em geral, teve certamente impacto, mas acima de tudo para construir um estereótipo de tuna nem sempre........abonatório.

Não deve haver tuna alguma que, em resultado do sucesso da "gorda", nesses anos, não tenha ouvido do público um "- Toca a mulher gorda!".

Casos houve em que o público se estava literalmente a borrifar para o virtuosismo da tuna, se ela não tocasse a "mulher gorda" o povo já não ficava contente.

O tema terá contribuído para publicitar as tunas, mas resta saber se isso foi, de facto, benéfico a longo prazo. Se é um enorme sucesso na época, o tema é o oposto à real qualidade da tuna que o tornou famoso: a Estudantina Universitária de Lisboa, a qual é imensamente superior em termos artísticos (já o era nessa época) à qualidade musical e literária do tema em si.

Mas a verdade é que nem sempre vingam os temas de requintado recorte musical e literário; nem sempre são sucesso os temas tocados com grandes arranjos e virtuosismo. Por vezes, é mesmo o tema menos "cotado" que sobressai.

O povo achou graça a esta (como acha graça a Quim Barreiros - e note-se que respeito por inteiro esse gosto, porque também aprecio q.b.) em detrimento de outros temas com muito mais qualidade, contidos no disco "Serenata das Fitas".

O tema acabou por ser associado e colado às tunas (embora a sua origem e contexto nada tenham a ver com elas), criando no imaginário colectivo uma ideia de tuna que não corresponde exactamente a uma matriz "mulher gordiana" (embora não seja mentira termos tido sempre muitas tunas que são meros "solidó", umas exímias a tocar campaínhas de porta, outras em produzir cacofonias ou ficando-se pelo "arrebimbómalho").

Quanto a ter contribuído para o crescimento do meio tunante, não creio, de todo, que o tema tenha tido esse condão.

Mas que temos muitas tunas à imagem da "mulher gorda" (e que não passam disso), lá isso temos. Sempre tivemos, infelizmente.

Qualquer tuna toca a "mulher gorda". Tunas com mais unhas, como a EUL, tocam muito mais e melhor que apenas isso; e temos, felizmente, muita Tuna de qualidade a prová-lo.

Seja como for, "A Mulher Gorda" tornou-se um hit, para sempre associado às tunas.”

 

"Serenatas das Fitas" em formato vinil (LP), 1993.

"Serenatas das Fitas" em formato CD, 1993.
"Serenatas das Fitas" em formato K7, 1993.
"Serenatas das Fitas" em formato K7, em reedição de 1994 com nova capa.

Foi uma fase da Tuna portuguesa, uma época de descoberta e experimentação, de procura de um modelo próprio onde a Tuna ainda era muito influenciada sua pelo seu legado popular (e gerando-se confusões quanto a esse legado). O tema acabou sendo adoptado pela maioria das tunas de então (quer por graça, quer porque era fácil de executar, quer porque o público pedia), as quais, em muitos casos, foram acrescentando ou substituindo algumas quadras (com mais ou menos bom gosto).

“Serenatas das Fitas” é um dos álbuns mais icónicos da Tuna portuguesa, muito por força de “A Mulher Gorda”, um tema que, contra todas as expectativas (e vontades, direi) se tornou a peça central do disco (cujas imagens acima foram extraídas do MFT – Museu Fonográfico Tuneril), e contra a qual os demais temas constantes, embora superiores, não puderam rivalizar em fama.

Quem manda é o público ouvinte e, por vezes, em contra-corrente ao que são os padrões mínimos de bom gosto.


sábado, 7 de janeiro de 2023

20 Anos de PortugalTunas

Uma efeméride de pormaior importância no mundo tuneril, especialmente na comunidade portuguesa. São 20 anos de PortugalTunas!

Nunca um website se afigurou tão destacado e com tamanha importância no mundo das tunas.

O layout do portal, ainda com os separadores do "fórum" e o da "tunosfera", hoje desactivados.

Nestes 20 anos de existência, muitos sites e páginas nasceram e desapareceram, sobretudo espaços de discussão (que estavam na moda em inícios deste século) como o tunos.com, entre outros, e que milhares de utilizadores animavam. E também o PortugalTunas teve o seu fórum, um dos espaços mais concorridos do portal (que tantos, ainda hoje, recordam com simpatia e nostalgia) que propiciou acesos e profícuos debates, promovendo que tunos se conhecessem, trocassem saberes, dúvidas, questões e, até, se lançassem em aventuras investigativas. Um fórum que, passada a moda, foi desaparecendo, sem com isso arrastar o portal para a agonia.

O PortugalTunas sobreviveu a todas essas centenas de páginas de tunas, de fóruns, de portais e portaizinhos efémeros pela sua capacidade de saber acompanhar os tempos e, acima de tudo, porque criava e/ou difundia conteúdos de qualidade, de rigor e de interesse informativo, regidos por critérios editoriais que não abanavam mediante arrufos, comezinhas reivindicações ou pueris caprichos.

Um espaço que primou, sempre, por informar com rigor e seriedade, com base num trabalho honesto, coerente e desinteressado, mesmo se, como é normal, com erros e lapsos pelo caminho, como é natural em quem tem a ousadia de fazer, arriscar e inovar (pois só não erra quem nada faz).


O trabalho do PortugalTunas é difícil de medir, pela quantidade de actividades que promoveu ou a que se associou (isto sem falar de todo o labor que não teve visibilidade, mas foi determinante), fosse colaborando com eventos fosse dando apoio a iniciativas diversas ou através de parcerias com instituições, portais e organizações.
É fácil relembrar a mais recente: a criação do PTV (PortugalTunas TV) e as emissões que ajudaram a passar o tempo de pandemia, que nos acossou durante 2 anos, mas muitas outras houve em que o seu papel foi igualmente determinante, muitas vezes como mero porto de abrigo e facilitador (os ENT, por exemplo).

Foram muitos os que passaram pelas fileiras do PortugalTunas, colaborando em diversificadas funções (de administração, de apoio técnico, de reportagem, de redacção de notícias, de criação de conteúdos, de colaboração diversa...), sempre sob a orientação dos seus dois timoneiros e fundadores: José Rosado e Ricardo Tavares, figuras cimeiras e incontornáveis da própria história tuneril portuguesa.

Foram igualmente uns quantos que, tendo o PortugalTunas em comum, acabaram por ir criando novos espaços e desenhar novas iniciativas que foram complementando a oferta do portal, pelo que directa ou indirectamente ligadas ao mesmo.

O PortugalTunas está directa ou indirectamente associado à criação de novas iniciativas, além das colaborações estabelecidas formalmente e dos eventos que vem apoiando ao longo dos anos.

Hoje, o portal do PTunas já não é aquele espaço diariamente visitado por milhares, porventura nem sequer já tão unanimemente (re)conhecido e estimado como outrora, mas isso em nada diminui o seu papel e importância. O problema não está, pois, no portal em si, mas, infelizmente, está, sim, numa mudança de paradigma onde se reinstalou uma certa apatia e desinteresse que, durante anos, o PortugalTunas tem sabido contrariar como ninguém.

Duas décadas são, só por si, um feito notável de resiliência e perseverança; um exemplo de verticalidade e rigor que resiste a ventos de umbilicais bolhas e achismos, a ventos de desinteresse pelo que fomos, somos e queremos ser como comunidade. 



A comunidade tuneril portuguesa muito deve ao PortugalTunas, aliás aplica-se-lhe perfeitamente a frase de  Winston Churchill: "nunca tantos deveram a tão poucos" e o Além Tunas, obviamente, não podia deixar de se associar a esse penhorado reconhecimento e agradecimento pelo papel e contributo incontornável, e preponderante, que o PortugalTunas teve, e tem, na história recente da Tuna em Portugal. E se temos tido o "Preço Certo", há 20 anos, o PortugalTunas tem sabido dar a Tuna certa, ao longo destas duas décadas.

Parabéns!

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Estudiantinas e Tunas, uma propriedade pública.


Não deixa de ser estranha a questão que se tem vindo a levantar em algumas geografias tuneris sobre a suposta pertença exclusiva de "Tuna" ao meio académico.
Com efeito, corre tinta, em abundância, sobre a teoria de que  "Tuna" é coisa exclusiva de estudantes. Mais: que é coisa exclusiva de universitários.

Por outro lado, essa mesma corrente de pensamento, acha normal que tunas que não sejam universitárias usem a denominação "estudiantina", até mesmo as que nem estudantis são.

Ora, meus caros, isso assume um paradoxo absoluto. E já o abordámos aqui, em Fevereiro passado.

Antes de mais, convenhamos que "Estudiantina" e "Tuna" são dois nomes para uma mesma realidade. São factos históricos e documentados indesmentíveis (grupos houve que, no passado, até ostentaram, concomitantemente, ambas as designações).

Paradoxo, porque se há um termo que é, pela sua natureza e origem, identificativo  e remete, directamente, para o meio académico/estudantil, é precisamente a denominação "estudiantina", a qual, originalmente, designava (e designa) grupo de estudantes e, mais tarde, os grupos musicais compostos desses mesmos estudantes.


Por que razão, então, os "puristas" admitem o uso de "Estudiantina" a grupos que podem nem ter estudantes nas suas fileiras, mas, depois, afirmam, peremptoriamente, que "Tuna" é coisa exclusivamente académica (ou, numa visão ainda mais fundamentalista, exclusivamente de foro universitário)?

Responderão que, como ainda no séc. XIX o meio popular copiou e se apropriou da designação "estudiantina", então os estudantes cambiaram para outra designação: Tuna (para identificar grupos estritamente académicos e diferenciá-los dos populares).

Só que esquecem, esses "puristas", que também a designação "Tuna" sofreu do mesmo processo, e isso desde a segunda metade do séc. XIX, ou seja, ambas as designações "Estudiantina" e "Tuna" foram, quase simultaneamente, adoptadas e apropriadas pelas classes populares. Aliás, em Portugal, por exemplo, o termo "Tuna" enraíza-se mais rapidamente do que noutros países. Com efeito, ainda o termo "Estudiantina" era vulgarmente utilizado em inícios do séc. XX, em Espanha e outros países, e já em Portugal tinha  como que desaparecido (e já só havia "Tunas").

Mas olhemos a outro aspecto deste paradoxo: sabe-se que os estudantes adoptaram o termo "Tuna" para distinguirem as suas "estudiantinas" das que eram compostas por populares ou falsos estudantes.
Adoptaram um termo que remetia directa e exclusivamente para o meio académico? Não!

O termo "Tuna" que, simplificando, designava originalmente esmola/dinheiro, está muito ligado ao que é conhecido por "correr la tuna", ou seja à vida ociosa e vagabunda de quem vivia de expedientes para se governar (arranjar sustento). 

Ora esse "correr la tuna", e as próprias pessoas a que se dava o cognome de "tunos", não era coisa exclusivamente de estudantes. A maioria nem o seria, porventura.
Claro está que nos chegam essencialmente exemplos de estudantes, dado o prestígio e o romantismo criado em torno de uma figura que gozava de privilégios e de fama, mas a verdade é que o termo "Tuna" nunca foi exclusivo do foro académico.

Portanto, quando os estudantes adoptaram o termo "Tuna", não se apropriaram de uma designação que não lhes pertencia em exclusivo? Não copiaram uma designação que em termos da filologia, não tem qualquer relação com estudantes, de algo que não tem foro  estritamente académico?

Então, por que razão temos "puristas" a reclamar "pureza de tuna"? Estamos novamente a reeditar os velhos tempos da "pureza de sangre"?
Com que legitimidade os "puristas" defendem a "Tuna" como coisa universitária, ignorando a história e património de tunas/estudiantinas com mais de um século de existência ininterrupta?

É muito estranho, para não dizer incoerente, portanto, que se defenda que "Tuna" é do universo exclusivo do meio académico (e que alguns radicais pretendem circunscrever ao meio universitário), mas se abandone o termo que, historica e significativamente é, até, o mais correcto e genuíno, para designar grupos musicais estudantis.

Não tem qualquer fundamento, nem faz qualquer sentido, com efeito.

Que importa que existam tunas populares chamadas "Tunas" (e que existem há mais tempo que qualquer tuna universitária)? 
É essa a preocupação ou não será, na verdade, o facto de haver tunas a fazerem-se passar por universitárias não o sendo? Então a questão não é o uso de "Tuna", mas de quem se disfarça daquilo que não: universitária/académica.
Por alguma razão as tunas académicas utilizam designações adicionais (de faculdade, académica, universitária, etc.) para se identificarem.

Significa que existem tunas que não são académicas, que não são universitárias, de faculdade, de distrito.... mas que são tunas, porque são grupos de cordofones.

Parece-me, a mim, muito mais inconsistente que haja estudantinas compostas por não estudantes, dado que a própria designação estudantina implica uma natureza académica, e mesmo assim, até nesse caso, basta adicionar "académica", "universitária" ou outra, para se distinguir perfeitamente a natureza do grupo e diferenciá-lo de um qualquer oriundo de outro meio.

Já a teoria de que "Tuna" é exclusivo dos universitários, e de que só deveria designar grupos universitários, é algo ridículo, porque colide com a história, com os factos documentados da existência de tunas académicas, dos mais variados níveis de ensino, desde o séc. XIX (e até hoje).

Temos pena que a história de alguns seja muito curta (ou a queiram encurtar; ou mesmo deturpar), mas o facto é que temos estudiantinas populares com mais de 100 anos ainda existentes (com essa designação encontramo-las em França, Bélgica...), assim como tunas populares ou de liceu, também elas centenárias, a atestar que há certas teorias discriminatórias que não têm pés nem cabeça.

A história das "estudiantinas/tunas" não se começou a escrever e a validar há meia dúzia de décadas. 
Tem mais de um século de património e não podem alguns ter a presunção de (re)fazer a história, escolhendo apenas o que convém, obliterando tudo aquilo que lhes puxa o tapete.
Rigor e metodologia não se apregoam, mas exemplificam-se com isenção e honestidade intelectuais.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A TUNA EM PORTUGAL - PRÉ-EXISTÊNCIAS ESTUDANTIS

A TUNA EM PORTUGAL - PRÉ-EXISTÊNCIAS ESTUDANTIS


Se em anterior artigo tratámos de pré-existências de cariz popular, desta feita tratamos de evidências estudantis anteriores às já detectadas em "Qvid Tvnae?", que vêm confirmar o que a citada obra já indicava.
Com efeito, se podemos apontar, grosso modo, o ano de 1888 como o que marca a institucionalização da Tuna estudantil em Portugal, já bem antes se registava a existência de grupos deste género, quer de cariz popular quer académico.
No anterior artigo refere-se a existência de uma estudantina de académicos da UC por volta de 1868-69, confirmando que, tal como no país vizinho, estes agrupamentos (por vezes com designações diversas: troupes, academias....) eram de natureza volátil (com especial actividade no carnaval, desmobilizando-se depois), mas bem mais comuns do que se julgava.

Damos à estampa alguns dados, que o blogue Guitarra de Coimbra V publicou em primeira mão sobre o assunto, com evidências documentais preciosas.


"Realiza-se hoje neste teatro o espetáculo anunciado a favor das vítimas andaluzas. O programa não pode ser mais atraente: concerto de bandolins pela estudantina académica do sr. Jayme de Abreu[1]; a comédia em três atos "Os músicos"; concerto de guitarras[2]; e recitação de poesias por Ferreira da Silva, Pinto da Rocha[3] e Eugénio de Castro." [4]

Fonte: Octávio Sérgio/A. M. Nunes in Guitarra de Coimbra V (Cithara Conimbrigensis), artigo de 12 Janeiro 2016.


"Notícia de uma estudantina de escolares da UC, de existência efémera, que em setembro/outubro de 1884 saiu de Coimbra para o Minho e desceu em jornadas pedestres até ao Algarve. O diário de viagem, com anotações e desenhos seria um documento de inestimável valor. Será que se encontra esquecido no meio de papeis de algum dos herdeiros?
Além de organizar caçadas e peditórios, este grupo fazia serenatas e organizava entradas musicais nas terras visitadas, com momentos de canto e teatralizações (dança em coluna/círculo/cadeia, diálogos recitados e cantados, crítica social e ditos cómicos).
Não se pode afirmar que tenha havido uma relação direta entre este tipo de estudantinas portuguesas/espanholas e os grupos de populares que ainda hoje se organizam pelo carnaval no Baixo Alentejo (Amareleja, Barrancos), alvo dos estudos da antropóloga Dulce Simões. Mas a colocação dessa hipótese não é descabida. Esta estudantina de 1884 deve ter deixado fortes marcas no imaginário."


Correspondência de Coimbra, n.º 73, 3.ª feira, 16.09.1884
(pesquisa de José Nascimento)
Fonte: Octávio Sérgio/A. M. Nunes in Guitarra de Coimbra V (Cithara Conimbrigensis), artigo de 19 de Abril 2016




"Notícia de imprensa sobre as estudantinas de escolares que entre março e junho animavam as ruas da alta de Coimbra trazendo às janelas e varandas muitos curiosos. A febre das estudantinas serenateiras vinha de trás mas foi incrementada no primeiro semestre de 1880 devido à programação associada ao tricentenário de Camões que em junho desse ano foi jubilosamente celebrado. Em janeiro de 1880 tinha sido constituída uma comissão de estudantes, presidida por A. Henriques da Silva, de que era relator o músico, compositor, estudante de Direito e regente do Orfeon Academico João Marcelino Arroyo. Em março já estava devidamente ensaiada e pronta a começar as rondas pela alta (quando parasse de chover) uma estudantina de guitarras, violas de arame, violões, rabecas e flautas e violoncelos. Alguns dos instrumentistas agregados a este formação primaveril eram os guitarristas José Júlio de Oliveira, Calheiros (?), Matos Silva e Campos (?).
Uma destas estudantinas tinha cerca de quarenta instrumentistas (alguns dos quais asseguravam vozes e coros), exibia guitarras, violões, violas de arame, flautas, rabecas e violoncelos e era regida por um "Sr. Guerra"[5], cuja identificação não conseguimos apurar. Esta estudantina era iluminada por archotes, fazia paragens para interpretar repertório instrumental e canções de homenagem às portas das autoridades locais e levava por junto cerca de duzentos curiosos.
Algumas destas formações participaram na serenata fluvial que em 26 de maio encheu o Mondego com músicas, bandeirolas multicolores e balões venezianos."



 O Tribuno Popular, n.º 2531, de 12.05.1880

Fonte: Octávio Sérgio/A. M. Nunes in Guitarra de Coimbra V (Cithara Conimbrigensis), artigo de 27 de Março 2016







[1] Jayme de Abreu, mais conhecido por Jayme Peralta ou Jayme da guitarra, natural de Fornos de Algodres, fez em Coimbra o liceu e a Faculdade de Direito/UC. Executante de bandolim e de guitarra, cantor de fados e serenateiro. Manteve durante a década de 1880 a direção de uma estudantina com a qual deu concertos e serenatas de rua. O seu estilo performativo foi imitado por Augusto Hylario.
[2] Instrumentistas não identificados. Nas décadas de 1880-1890 os grupos de guitarras de concerto incluíam frequentemente três a quatro guitarras com diferentes tamanhos e encordoamentos e um número variável de violas francesas.
[3] Artur Pinto da Rocha, estudante jurista natural do Brasil, viveu longos anos em Coimbra, tendo-se repartido por múltiplas atividades. Foi presidente do primeiro Orpheon (dado a verificar) e da TAUC, ator amador no Teatro Académico, membro da Sociedade Filantrópica e declamador. Regressou em Brasil onde exerceu atividade forense e onde recebeu a sua TAUC no verão de 1925.
[4] O Tribuno Popular, n.º 3021, de 28 de Janeiro de 1885
[5] Admitindo que era estudante, nos livros de matrículas referentes ao ano letivo de 1880-1881 encontra-se Silvano Alberto Gomes GUERRA, natural de Valongo de Milhais, concelho de Murça, distrito de Vila Real, a frequentar o 3.º ano da FD/UC, que talvez possa ser o nosso regente. Agradecemos ao Adamo Caetano mais esta colaboração.

domingo, 18 de abril de 2010

Pseudo-sapientes a falar de tunas

Não sei se ria ou se chore, perante a atitude de certos pseudo-sapientes que acham que o saber se fundamenta no "parece-me" ou no "acho que". Quando a presunção incauta e irresponsável assenta na falta de estudo sério, obviamente que o resultado é o que se vê (ou lê, neste caso).

Bem sabemos que a Wikipédia é uma fonte falível de informação. Tanto lá encontramos informação credível como textos repletos de erros, dado que o seu conteúdo deriva da participação dos utilizadores. A falta de uma política de revisão séria dos conteúdos colocados e a de colaboradores/administradores que possuam formação nas áreas abordadas leva-nos a olhar para esta "fonte" com extremos cuidados. Parece que o mesmo se pode dizer de certas Wiki páginas, como é o caso da que é alvo deste reparo da nossa parte.

É pois na Wikipágina da Univ. Fernando Pessoa que se encontra o artigo em causa:
http://cmultimedia.ufp.pt/index.php/M%C3%BAsica_Popular, o qual se apresenta sob o título "Música Popular".

É datado de 2007 e escrito por um tal Carlos Cardoso.


De salientar que o texto faz parte de um conjunto mais vasto de produções, sob o título "Tradições Académicas", artigos produzidos na disciplina de Comunicação Multimédia no ano lectivo 2007-08. Também neles se verificam os mesmos erros a atitudes inqualificáveis de ignorância e incompetência, mas que escusamos, por hora, esmiuçar (lamenta-se, isso sim, a publicação de trabalhos com tão pouco rigor e perguntamos que critérios avaliativos presidem aos mesmos).

Classificar o conteúdo do artigo não é tarefa fácil, se quisermos manter alguma ecologia intelectual, mas não é menos verdade que não deixa de nos dar volta ao fígado a sucessão de palermices, roçando a estupidez.
De seguida, um breve olhar sobre o conteúdo:


"Música Popular
A Música Popular é muito utilizada pelas tunas hoje em dia, devido ao facto de a geração de hoje ter como gosto o género musical alternativo. Considera-se Música Popular Alternativa a música de bandas ou artistas portugueses contemporâneos, intérpretes mas principalmente autores de temas originais, da área da música popular ou tradicional, mas com pouco reconhecimento comercial e mediático, e cujas vendas se verificam sobretudo no formato "cassete". Consideram-se ainda como parâmetros para esta classificação, a exposição mediática principal ao nível das rádios locais e as actuações ao vivo condicionadas ao formato de baile.
A Música popular é a música feita pelo povo, fazendo parte das suas raízes históricas. É a evolução natural, na era da globalização, da anteriormente chamada música folclórica, que seria a música de um povo transmitida ao longo das gerações. "



Esta explicação é de deixar a boca aberta. Mais ainda esta classificação de Música Popular Alternativa. Não sei onde se desencantou essa nova teoria, mas não a encontro em nenhuma obra de referência da musicologia ou etnomusicologia. O argumento comercial do reconhecimento e exposição mediática é tão ridículo que só pode ser trailer de uma tragicomédia. A própria definição de Música Popular deixa muito a desejar.
Quem não sabe deveria ter o bom-senso de se documentar, antes de se armar em sabichão.
Lastimável!



"O Nascimento da Música Popular
O nascimento da musica popular deu-se durante o ducado de Guillaume IX d`Anquitaine, o avô de Eleanor, surgiu por inspiração dele uma classe de poetas líricos e músicos chamados de “Trovadores”. Esta nova maneira de fazer música, contrariava profundamente a maneira tradicional dos compositores da época para os quais a música e a poesia deviam só ser escritas para Deus, sobre deus e só em latim. O louvor uníssono à deus, estava rompido, tanto no tema como na linguagem. Por esta razão e por ter fama de mulherengo, foi excomungado pelo Papa. Seguindo essa inspiração familiar vivenciada pelo seu avô e pelo seu pai, Eleanor foi o elemento de difusão da nova maneira de fazer música para o povo, que falava de amor e da natureza , na lingua deles. Enquanto durou o casamento com Louis VII, ela continuou a apoiar os Trovadores, recebendo-os na Corte de França.
Esta nova música que era de alguma forma revolucionária para os padrões franceses da época, começou imediatamente a ser aceita pelo povo. Eleanor ajudava financeiramente os jovens artistas, procurando agradar os nobres que os recebessem em qualquer cidade da Europa onde fossem. Foi nesta época que surgiram os músicos viajantes, que cantavam em troca de alimento e pousada, em busca de possíveis patronos. Quando esteve casada com Henry II da Inglaterra não perdeu tempo em traduzir a nova maneira de cantar o amor cortesão, estimulando novas criações da língua bretã. Novamente o sucesso foi instantâneo, tanto na nobreza como nas classes mais populares da sociedade. Os filhos de Eleanor e Henry Iinão só cantavam temas dos trovadores como compunham pequenas peças musicais. Nesse particular, destaca-se o Príncipe Richard. Todos os trovadores que passavam pelo reinado eram convidados a cantar na Corte, inclusive o famoso Bernart de Ventadorn. Apesar se eleanor nunca ter tocado qualquer instrumento musical e nem se ter notícia de qualquer composição feita por ela, foi uma das mais importantes personagens musicais de toda a Idade média e da música no Ocidente. Sem o seu interesse e empenho em patrocinar a música e as artes de uma maneira geral, a música popular seria certamente bem diferente nos dias actuais. Eleanor colocou a música nas mãos de pessoas comuns, permitindo-lhes expressar seus sentimentos e temas que eram importantes para as suas vidas. "



Ora começamos já com uma contradição com o anteriormente dito. Se a música popular deriva da produção espontânea do povo (que reproduz, adapta, cria corruptelas, etc.), como é possível que ela nasça de forma tão individualizada, por mão de um(a) iluminado/a que, depois, serviu de modelo ao resto do mundo?

Depois fala-se em "nova música, revolucionária para os padrões da época", como se, antes disso, o povo não cantasse, tocasse e criasse, mas só estivesse restrito a música religiosa. Mais ainda, e aí a estupidez ganha contornos de acefalia aguda, pretende-se dar a entender que a música popular é um formato, uma tipologia devidamente demarcada que é exportada de França, que é copiada e se dissemina pela Europa fora.
Gostava, contudo, que esse tal sabichão que escreve estas patranhas, me esclarecesse sobre o tipo de música dessa época, o tipo de composição literária e me desse exemplos disso mesmo, nomeadamente quando aplicado a tunas.

Parece-me que não percebeu bem, isso sim, os conceitos de música profana e litúrgica, e muito menos é versado no estudo das formas musicais e literárias medievas, mas, contudo, avança com estes teoremas ficcionados.
Depois, mistura música popular e trovadores, num claro exercício de ignorância, de quem não conhece os conceitos de música erudita em contraponto com as composições profanas (muitas delas, num primeiro tempo, corruptelas de composições sacras) e as hierarquias e códigos sociais/culturais da época.

E vai, assim, de fazer de Eleanor a patrona da música popular, a que a coloca nas mãos das pessoas comuns. Faz lembrar a Raínha Santa, com as rosas - só que Santa Isabel era santa e não consta que conhecesse tunas (nem ela, nem ninguém nessa altura).
Haja paciência, para tamanha falta de decoro intelectual.



"A origem da Música Popular nas Tunas
A origem da Música Popular nas Tunas terá acontecido no ano de 1212, em Espanha, surgido o primeiro "Studium Generale" que seria o antecessor das actuais Universidades. Pouco tempo depois, D. Diniz manda construir os Estudos Gerais de Lisboa (1285) que, devido a diversos problemas entre a população e os estudantes foram transferidos pouco depois para Coimbra - surgindo a primeira Universidade Portuguesa (com esta designação). Aos Estudos Gerais que foram sendo criados acediam jovens de todo o país e mesmo de outros países vizinhos. Assim surgem, em Espanha, os Sopistas, predecessores dos actuais Tunos. Os Sopistas eram estudantes pobres que, com as suas músicas, simpatia e brincadeiras percorriam casas nobres, conventos, ruas e praças em troca, muitas vezes, de um prato de sopa (daí o seu nome - sopistas) ou de uma moeda que os ajudasse a custear os estudos. Quando caía a noite e tocavam os sinos de recolha cantavam serenatas às donzelas que queriam conquistar, sendo, muitas vezes, perseguidos pelas policias universitárias (visto que o recolher era obrigatório para os estudantes). Daí que os sopistas começaram a utilizar longas capas negras para, na noite escura, se poderem esconder dos polícias. Os Sopistas, eram conhecidos por transportarem sempre consigo um garfo e uma colher de madeira, o que lhes permitia comer em qualquer lado. Assim, quando se formaram as primeiras Tunas, ainda com muitas tradições sopistas, os símbolos adoptados (essencialmente em Espanha) foram, justamente a colher e o garfo de madeira. "



Depois de ler, atentamente, este parágrafo, acabo na mesma como o comecei: sem saber, afinal, qual a origem da música popular nas tunas, porque tal não é respondido.
O que li foi uma inócua tentativa de fazer uma diegese genealógica de sopistas e tunos, numa sucessão de erros e falsidades uma vez mais derivados do copy-paste sem critério; de muita informação errónea e equivocada, que pulula na net: as tais estórias da carochinha que todos professam dogmaticamente sem procurar, sequer, verificar da sua validade.
Começava por relembrar que, no caso de Portugal, é o Papa Nicolau IV que, através da Bula STATU REGNI PORTUCALIAE (1290), confere, então, a Lisboa o tão ansiado estudo geral, sendo nesse mesmo ano confirmado o estudo, em Carta promulgada por El- Rei D. Dinis: “ Dada em Leiria a 1 de Março. Por mandado d´El - Rei a notou Afonso Martim. Era de 1328.” (1290).
Quanto à música popular e às tunas, dizer que, no séc. XIII, não existem tunas, muito menos sopistas, e muito menos tunos. Seja como for, gostava que o douto autor do texto me esclarecesse da tipologia e características dos temas interpretados por esses sopistas e tunos, já agora. Sobre estas "histórias" que não passam de contos, leia-se "A Aventura das 5 Mentiras Tunantes Nacionais" ou ainda "600 Anos de Pseudo-Tradição Tunante".
Parece-me que, afinal, tem o literato Carlos Cardoso muito pouca propriedade em matéria de musicologia, etnomusicologia e tunologia e que ainda vive dos expedientes fixados no mito e nas estórias ficcionadas. Sugeria que ponderasse pesquisa de literatura especializada para uma profiláctica reflexão crítica.

Quanto à explicação sobre o uso das longas capas, mais uma vez estamos perante a imaginação fértil da iliteracia, o ficcionar do "ouvi dizer" (já era hora de sair do país do faz de conta). Não sei onde foi buscar essa teoria. Se está no direito de inventar, pelo menos que o faça de forma plausível. Sobre o assunto, sugiro a leitura do artigo Notas de Cor sobre a Capa e Batina.
Seja como for, parece-me lamentável que os leitores sejam induzidos em erro, ao "prometer-se-lhes" esclarecer da origem da música popular nas tunas e, depois, nada explique ou ilustre, nada exponha de tangível. Por uma questão pedagógica, e para desfazer qualquer equívoco sobre essa errada teoria de ligar tunas e música popular, sugeria a leitura do artigo "A Aventura do Mito Popular".
"O Aparecimento das Primeiras Tunas


A primeira Tuna formou-se em Coimbra, a partir da visita da Tuna de Santiago de Compostela e depois da Tuna de Salamanca e foi chamada Tuna Académica de Coimbra ou Estudantina Universitária de Coimbra."



Ora, aqui, estava à espera de algo mais do que citar, apenas, a Estudantina de Coimbra, já que o título diz falar das primeiras tunas. Não tem mais tunas para apresentar?
Desde já, fique o omnisciente Carlos Cardoso seguro que a Estudantina de Coimbra (só anos depois, adopta o nome de TAUC e resta por provar inequivocamente que se trata do mesmíssimo grupo) não é a primeira tuna em Portugal, mas sim a primeira a nascer em âmbito universitário, mesmo se não era composta, exclusivamente, por estudantes da U.C. (um dos motivos que leva a estudantina a extinguir-se em 1891).
Por outro lado, a Estudantina de Coimbra nasce em resposta à vista da Tuna Compostelana, e não de Salamanca (lamentável a falta de precisão histórica!).
Para quem tem a veleidade e presunção de publicar na Wiki página da sua instituição de ensino, seria bom que estudasse melhor a lição (e que quem coordenou o trabalho dessa disciplina fizesse outro tanto). Nem todos são papalvos que fazem do copy-paste e da mediocridade intelectual a sua metodologia; nem todos assobiam pró lado quando lhes atiram arreia para os olhos.
"Exemplos

A caminho de Viseu
Indo eu, indo eu,
A caminho de Viseu, [Bis] 


Encontrei o meu amor,
Ai Jesus, que lá vou eu! [Bis] 


[Refrão]
Ora zus, truz, truz,
Ora zás, trás, trás,
Ora chega, chega, chega,
Ora arreda lá pr’a trás! 


Indo eu, indo eu,
A caminho de Viseu,
Escorreguei, torci um pé,
Ai que tanto me doeu! 


[Refrão]
Vindo eu, vindo eu,
Da cidade de Viseu,
Deixei lá o meu amor,
O que bem me aborreceu! 


Letra e música: popular; (canção infantil, canção de roda) "



Ora, só podia o artigo terminar com "chave de ouro", com a "pièce de résistance".
O tema popular "Indo Eu a Caminho de Viseu" (que o autor chama de "A Caminho de Viseu") é escolhido como paradigma da música popular nas tunas. 
Só não percebi se o é desde o séc. XIII. Pode dizer o grande académico Carlos Cardoso de quando é datado, aproximadamente, o tema?

Que eu saiba, só as tunas viseenses têm por costume cantar esta canção e, com excepção da Infantuna que, recentemente, lhe fez um belíssimo arranjo - pela mão do Dionísio V. Maior- e incluiu no seu reportório, sempre foi entoado de modo informal.

Que outras de fora o cantassem, sempre que rumavam Viseu, é natural, mas daí a fazer do tema ícone popular nas tunas...... parece-me claramente exagerado. Além disso, Tunas, em Viseu (exceptuando o caso da Estudantina Viseense de 1895 - que não consta que o tocasse ou cantasse, pois nem se sabe se o tema já existiria na altura), só há 2 décadas, pelo que não percebo esta infeliz escolha.


CONCLUINDO


Se a intenção era falar de Música Popular, não vejo, nem percebo, a inclusão de Tunas (pelo menos sem sem estabelecer uma ligação a tinas populares, cujo repertório, ainda assim, era bem mais lato).

Quando muito, poderia dizer-se que também as tunas incorporam no seu repertório música popular. Agora, colocá-las como expressão da mesma é lacunar e errado. Se o artigo é sobre Música Popular, onde estão as referências rurais e urbanas, os grupos, os instrumentos, as características, as tipologias musicais?

Se a intenção era falar sobre a Música Popular nas Tunas, não se percebe o título do artigo (Música Popular), além de que não explica coisa alguma.
Se o pretendido era falar sobre Tunas, errou completamente a tabuleta!

O facto é que nem faz uma coisa nem outra e o que faz é coisa nenhuma!
É lamentável, e vergonhoso até, que estudantes do Ensino Superior passem esta imagem de medíocre falta de rigor e saber. É isso que aprendem na faculdade? Duvido (e, por isso pergunto-me como chegaram ao Ensino Superior), mesmo se algum ônus da culpa recaia sobre quem coordenou esse trabalho no ãmbito da dita disciplina de comunicação multimédia.

Ao que tudo indica, o autor, Carlos Cardoso, não só empalidece a imagem dos alunos da Univ. Fernando Pessoa, instituição que merece todo o respeito - algo que o pseudo-sapiente não teve em conta - mas do estudante em geral, e do tuno em particular.

Ao que parece, estudante (ou ex-aluno) em comunicação multimédia, estou seguro que terá contrato num qualquer órgão de comunicação social sensacionalista.
Termino o artigo pedindo, desde já, desculpa, pelo tom acertivo impresso nesta intervenção, mas, actualmente, com os meios informativos disponíveis, quando se trata de pessoas supostamente letradas, quando se trata de promover a excelência e o rigor sobre uma cultura e história que todos deveriam conhecer melhor - a Tuna (de que fazem, ou dizem fazer, parte), já farta ver tanta palermice e falta de exigência académica e científica.


Que já exista o mau hábito de ler sites de tunas com patetices deste género é uma coisa, mas fazer disso facto credível com direitos de publicação numa Wikipédia de uma consagrada Instituição de Ensino..................

Ninguém está isento do erro (até porque a verdade pode ser sempre contradita por novas descobertas investigadas), mas haja o bom-senso de, ao escrever, fazer o esforço por estudar, investigar e documentar-se (e confrontar fontes) o melhor possível, de modo a que, mesmo passível de erro ou correcção futura, se mantenha a idoneidade e credibilidade de quem escreve.

Neste caso, não me parece desculpável que, existindo dados credíveis e acessíveis, se cometam tantas argoladas.

Quem não sabe pergunta e "quem não tem competência não se estabelece!".