domingo, 5 de agosto de 2018
A COLABORAÇÃO ENTRE INVESTIGADORES É FUNDAMENTAL
sábado, 14 de julho de 2018
A palavra Tuna (andar à tuna) - Primeira referência num dicionário.
Aliás, o mesmo risco corre a comunidade Hispano-americana (dado que, como é natural, lê preferencial, e quase exclusivamente, o que vem publicado na língua de Cervantes - onde esta informação está omissa).
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Vocabulario Portuguez e latino (Volume VIII de T-Z) de 1713. Rafeal Bluteau Edição impressa de 1721, p. 32. |
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Vocabulario Portuguez e latino (Volume 08 de Ta Z). Bluteau, Rafael (1713). Edição impressa de 1721. |
Apresentamos, de seguida, a parte desse dicionário que apresenta o significado de maganear (e família), na edição portuguesa de 1728, que expressa o sentido de "andar à tuna", com uma carga pejorativa (andar "à boa vida" nas tavernas, com prostitutas; ser pessoa de má índole, pouco recomendável pela vida libertina que leva):
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Vocabulário Portuguez e Latino, Rafael Bluteau - volume 5, 1728, p. 245. |
Em 1789, consta do Dicionário da Língua Portugueza (sucedâneo dos anteriores dicionários portugueses).
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Diccionario da Lingua Portugueza (Reformado e Accrescentado por António Moraes Silva). Tomo II, L-Z. Lisboa, 1789. |
No ano de 1831, temos o 2.º tomo do Diccionário da Língua Portugueza de Moraes Silva, que contém a palavra Tuna e Tunante. Nada de novo, senão que o termo "tunante" expressa mais claramente o que já tínhamos referido: andar vadiando e comendo o que pode com enganos e dolos.
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Diccionário da Língua Portugueza. Moraes Silva. Tomo II, F-Z. Lisboa, 1831. |
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Diccionário da Língua Portugueza. Moraes Silva. Tomo II, F-Z. Lisboa, 1831, p. 847. |
No Brasil, em 1832, no Diccionário de Língua Brasileira, de Luiz Maria da Silva Pinto, o significado aponta igualmente para a vadiagem, vida de ócio, ou seja "andar à tuna", sendo que "Tunante" vai no mesmo sentido sinónimo: embusteiro, vadio.
A novidade é que o fruto/planta Figueira da Índia passa a ter a designação de "Tunal"
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Diccionario da língua brasileira. Pinto, Luiz Maria da Silva, 1832. |
No ano de 1843, o Diccionário Academia Usual (da Real Academia Española), p. 723, não apresenta novas singificâncias, mas surge com o término "Tunanton", como sinónimo de "tunante" (aquele que anda à tuna).
No ano de 1849, surge também a palavra Tuna, associada à vadiagem a ser mandrião e a palavra Tunante como aquele que "tuna", ou seja que é mandrião, embusteiro, vadio, vagamundo, miliante (parasita, até). É o que podemos ler no Novo Diccionário da Língua Portugueza, obra de Eduardo Faria.
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Novo Diccionário da Língua Portugueza por Eduardo Faria . Vol. III. Typographia Lisbonense. Lisboa, 1849. |
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Novo Diccionário da Língua Portugueza por Eduardo Faria .Vol. III. Typographia Lisbonense. Lisboa, 1849, p. 470. |
Um outro significado, bem conhecido em Portugal, sinónimo de "andar à tuna" é o de "vida airada" (sem preocupações, na "boa vai ela". Assim ainda se entendia, por exemplo, sobre os estudantes de Coimbra que, e passamos a citar:
"... vivendo por tanto fora da clausura e da communidade dos Collegios, entregavam-se à vida airada, à tuna, nome talvez derivado dos nocturni grassatores, que andavam provocando rixas com os burguezes, fiados na impunidade de um foro privilegiado [Foro Académico]"
(In Theophilo Braga - História da Universidade de Coimbra. Tomo I. Lisboa, 1892, p. 83.)
Não maçamos mais o leitor com a história da palavra tuna nos dicionários, bastando que, caso esteja interessado, consulte a obra "Qvid Tvnae?", onde o toda esse caminho está devidamente catalogado até aos dias de hoje.
Portanto, e resumindo, a palavra Tuna, ainda antes de surgir em qualquer dicionário em língua espanhola com o sentido de "andar à tuna", de "vida vagamunda" .... já tinha surgido em dicionário português, e com significativa frequência em vários outros vários dicionários portugueses e do Brasil .
Certamente que um artigo redigido sob o título "É em 1890 que palavra Estudantina surge, num dicionário, associada a grupos musicais de estudantes.", estaria incorrecto. Incorrecto porque surge primeiro em Espanha esse significado. Portanto, para evitar que o título induzisse em erro, colocar "em Portugal" ou "num dicionário português" seria essencial, independentemente do público alvo.
O mesmo se aconselha aos artigos publicados por nuestros hermanos, sobre uma realidade geográfica específica.
sexta-feira, 20 de abril de 2018
Disparates minhotos sobre a origem das Tunas
Uma
breve intervenção para uma dura crítica à entrevista dada por João Barbosa (Magister
da TUM) ao site "leve-se" (ver AQUI),
no rescaldo do XXVIII FITU Bracara Augvsvta.
Nessa entrevista, saltam imediatamente aos olhos uma sucessão de falsidades e erros que, já mesmo em 2018, são inaceitáveis (dado estarmos a falar de tunos que frequentam/frequentaram cursos superiores e que, sobre a sua actividade, têm obrigação de estar melhor informados).
O
entrevistado afirma que a origem das tunas está mal documentada, algo que é
totalmente falso, além de absurdo de se afirmar. Pelo menos em Portugal, desde o
lançamento da obra "QVID
TVNAE? A Tuna Estudantil em Portugal", publicada em 2011-12 que há
factos documentados (para não ir a publicações espanholas). Mas também na web
existe informação suficiente (nomeadamente no portal "PortugalTunas", nos blogues "Notas
e Melodias" (Notas Históricas - A Tuna em Portugal - I,
II
e III),
"Além Tunas", "As Minhas Aventuras
na Tunolândia", no site "Tvnae
Mvndi", na revista "Legajos
de Tuna", nas muitas informações veiculadas nos ENT (Encontro Nacional de Tunos)
ou, até, na página de FB "Tunos&Tunas" que deveriam permitir, até
ao mais leigo, evitar dar tão monumentais calinadas (ainda mais superlativas
quando é um responsável de uma tuna de referência a propalá-las em 2018).
Depois,
o entrevistado afirma que as tunas surgiram nos séc. XVIII e XIX em Espanha,
algo que é falso, pois o fenómeno apenas se inicia a partir de meados do séc.
XIX.
Mas
pior ainda é vir com a conversa que os primórdios da tuna remontam aos séc. XI
e XIII ligada aos sopistas, fazendo prova de uma inegável capacidade de copiar narrativas
ficcionadas ouvidas a outros tantos ignorantes.
É
de ficar de boca aberta com a facilidade com que as pessoas falam daquilo que
desconhecem, contribuindo para mais "fake news" e a continuidade de
mitos sem qualquer fundamentação.
Na página de FB do "Leve-se", um título enganoso a que se soma um erro de português de palmatória (não se escreve "tá", mas "está" - do verbo estar). |
Obviamente que o próprio entrevistado nem sequer sabe o que são sopistas, ao caracterizá-los como "estudantes que escapavam dos internatos à noite para irem às tabernas".
Pena
que a ignorância não doa, pois que qualquer pessoa minimamente culta sabe que
sopistas não eram apenas estudantes e que essa coisa de escapar de internatos
não tem pés nem cabeça (e que os sopistas nada têm a ver com Tunas).
Afirmar que tunas são pequenas famílias que procuram algo mais que aulas e completar um curso é prova de quem não tem, de facto, um conhecimento mínimo para abordar estes temas, pelo que deveria ter-se abstido de sobre eles se pronunciar.
Ainda
uma referência (embora não directamente do âmbito tuneril) para a falácia do
traje Tricórnio, também ele uma fabulação total, alicerçado sobre uma narrativa
ficcionada que foi fazendo caminho, de tal forma que é quase como vender gato
por lebre.
Quem
sabe ler o artigo do historiador e maior especialista em trajes e protocolo
académicos (Prof. Dr. António Nunes), sob o título de "Notas
ao Tricórnio ficcionado", abra alguns horizontes críticos, contrapondo
a razão à barbárie da ignorância militante que, acriticamente, é absorvida e
repetida.
Termino
como comecei.
Não
é admissível que, em 2018, se digam tantos disparates sobre a origem e história
da Tuna, sobretudo quando se é tuno (e ainda mais quando se ocupa um cargo de
relevo), face á quantidade de informação disponível.
Se
há preguiça em consultar, em ir à net saber sobre tunas (sobre o que os
investigadores/especialistas fazem e publicam), então haja a mesma coerência e
use-se da mesma preguiça para não responder ao que não se sabe nem quis saber.
quarta-feira, 14 de março de 2018
Estudiantina Española Fígaro em partitura
segunda-feira, 12 de março de 2018
Estudiantina Española Fígaro em Constantinopla - Turquia (1886)
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Diário de Notícias (RJ - Brasil), Anno II, N.º 322, de 25 de Abril de 1886, p.1 |
sábado, 24 de fevereiro de 2018
Estudiantina Fígaro na Hungria -1884
sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
Museu Fonográfico Tuneril - Visita guiada.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
Legajos de Tuna n.º 2 - Museu Fonográfico Tuneril. Promover e preservar a memória.
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Capa da 2.ª edição da revista |
Documento completo:
https://issuu.com/legajosdetuna/docs/legajos_de_tuna._n___2
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Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 51 |
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Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 52 |
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Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 53 |
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Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 54 |
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Legajos de Tuna n.º 2, Dezembro de 2017, p. 55 |
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Memórias Radiofónicas - Tuna, a "Menina da Rádio".
Desbravado o caminho, e com o crescimento do fenómeno e da discografia disponível, a Tuna passou a poder marcar mais vezes presença na telefonia.
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José Rosado no seu programa "Capas Negras", inteiramente dedicado às Tunas. |
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In Revista "FORUM ESTUDANTE", 1996, inteiramente dedicada às Tradições Académicas. |
CLIQUE NO LINK:
terça-feira, 31 de outubro de 2017
Era escusado, em Bragança (ou outro sítio)
Fica o reparo, para devida ponderação.
A RTUB é uma tuna com já largos anos de existência e uma história que muito respeitamos, daí o reparo para este percalço que destoa.
domingo, 15 de outubro de 2017
Tunologia e Tunólogos
O que importa é que o produzido assente nas transversais normas de um trabalho científico, numa metodologia académica de rigor (ou em várias em concomitância, conforme a natureza do trabalho) que sustente a credibilidade dos trabalhos. E, para isso, à partida, qualquer pessoa com formação académica, onde tenha adquirido competências e saberes sobre como investigar e produzir trabalhos científicos, estará habilitada a tal.
Se damos o nome de Tuno a quem exerce o mester de tocar e cantar numa tuna, é mais do que justo que quem, também, se dedica ao estudo da Tuna, e contribui para o seu conhecimento, promoção e preservação da sua memória colectiva, possa receber uma designação própria.
sábado, 9 de setembro de 2017
Tunas em locais de culto
O contexto são as igrejas e templos católicos (dominantes nos países de matriz tuneril).

quarta-feira, 9 de agosto de 2017
Seja de pé ou sentada, é Tuna.
Entre nós, para alguns, será igualmente estranho (para outros mais atentos, não), porque quase caiu em desuso e muitos nunca assistiram ou observaram tal disposição (embora existam no nosso meio académico).
Contudo, isso não significa que tenha deixado de ser válido e lícito.
Vai para 30 e poucos anos que, com o boom, veio a moda de tocar de pé, como faziam já os espanhóis, abandonando por completo o modelo até aí vigente (mas quase, já, desconhecido).
Mas apesar do facto da esmagadora maioria das nossas tunas tocarem de pé, não significa isso que seja dogma e muito menos possa ser tido como uma tradição exclusiva ou característica hermética da Tuna.
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Tuna de Veteranos da Corunha (in FB da tuna) |
Não há registo de, ao longo de todas essas décadas, haver qualquer menção de que só se podia tocar sentado ou só de pé.
Depois passou-se a tocar de pé porque os executantes tocavam mais de ouvido, havia preponderância na execução de acordes (a acompanhar o canto) e não tanto de naipes solistas como numa orquestra (e como era a configuração das tunas em geral), para lá de exigir menos adereços em palco (cadeiras) e facilitar a actuação em espaços com menos recursos.
Tuna Académica do Liceu de Évora em 1991 (In TALE 100 história e tradições, de Adília Zacarias e Isilda Mendes, 2012) |
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Tuna da Associação dos antigos tunos de Coimbra (In blogue "Guitarra de Coimbra (Parte I)", publicação de 09 Julho de 2005) |
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TAUC em 2017 (in https://tunauc.wordpress.com/) |
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TDUP, 2015 (In canal do youtube da TAISEL) |
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Tuna Mouronhense, com mais de 100 anos, já. |
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Estudiantina Chalon, fundada em 1896 (com mais de 120 anos, portanto). (In http://www.info-chalon.com) |
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Cercle Royal des Mandolinistes - Estudiantina de Mons, Bélgica. (in Qvid Tvnae, 2012) |
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Estudiantina albigeoise (Midi-Pyrénées), França, fundada em 1929. (In http://www.ladepeche.fr/) |
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L'Estudiantina de Ciboure, fundada em 1912. (In http://www.sudouest.fr) |
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Estudiantina Bergamo, Itália, fundada em 2009. (In Youtube) |