sábado, 31 de março de 2012

QVID TUNAE? (já nas bancas).


Finalmente à venda a 1º obra editada sobre o fenómeno, origem e história das Tunas Estudantis em Portugal, bem como a 1ª no mundo sobre a globalidade do fenómeno em Espanha e diáspora ibérica, bem como outras latitudes onde este tipo de grupos chegou.

 Da década de 70 do séc. XIX a 1995, mais de 100 anos de história e estórias de uma cultura e património singulares, em cerca de 380 páginas.
 Eduardo Coelho, Jean-Pierre Silva, Ricardo Tavares e João Paulo Sousa assinam esta obra, prefaciada por António Nunes (historiador), Rafael Asencio González (investigador) e Armando Carvalho L. Homem (historiador).

terça-feira, 20 de março de 2012

Tunas, Fome e Beneficência


Quantos concertos ou actuações em favor de causas nobres e altruístas, sem receber um tostão e/ou entregando toda a receita a instituições sociais, cada Tuna realizou ao longo da sua história?

Qual a percentagem desse tipo de actividade no seu sempre preenchido calendário?

Quantas actuações em favor desse tipo de causas foram recusadas em detrimento de festivais?

Quantos certames em que cobram entrada têm entregado o lucro a uma instituição de solidariedade?

Quantas Tunas, por iniciativa própria, promovem, através dos seus espectáculos, a recolha de bens em favor dos mais desfavorecidos e necessitados?



Temos, é facto, muita Tuna generosa e muitos Tunos sensíveis.
Temos assistido, é certo, nestes últimos anos, a diversos eventos de solidariedade onde muita Tuna nem pensa 2 vezes e se faz presente, num gesto de bondade que até merecia maior destaque e adesão do que a disputa e publicação de estatuetas.

Mas o facto é que todas essas participações constituem mais a excepção do que a regra.
Se atentarmos à génese da Tuna, podemos dizer que, no que respeita a prioridades, estamos numa inversa proporcionalidade, quase que nos antípodas daquilo que era a actividade das Tunas na suas origens e o que hoje praticam.
 Nas origens, a Tuna marcava a sua actividade em 2 tipos distintos de acontecimentos: o Carnaval, que era a época, por excelência das Tunas (as tunas resultantes do boom, nunca privilegiaram tal) e os concertos de solidariedade (para além de um ou outro para grandes eventos comemorativos).
Na imprensa da época (O Século, A Capital, Diário de Notícias, Comércio do Porto), temos dezenas e dezenas de relatos de concertos dados em favor da “Caixa dos Estudantes Pobres” (fundo de apoio aos estudantes desfavorecidos), a crianças em asilos, ou apoio a hospitais.
Era prática comum esse cuidado com os mais necessitados e a existência de formas associativas que zelavam pelos estudantes mais carenciados.
É o caso, por exemplo, das famosas Associações Filantrópico-Académicas, como em Coimbra. Évora, Lisboa.....). Sobre a que existia em Coimbra, podemos ler, a determinada altura,  nas famosas Memórias do Mata-Carochas, que:







"Quando chegava ao conhecimento da Associação que algum companheiro «andava à lebre», mandava-lhe pequena quantia e logo abria uma subscrição, sem nunca declinar o nome do «caçador». Era assim:
Um pegava no gorro, abeirava-se dos grupos ao cavaco e dizia:
«Oh, coisas; deitai aqui o que quiserdes.» Toda a gente dava, isto é, largava dentro do gorro o que queria ou podia.
Feita a colecta, embrulhava-se a quantia em um papel; espreitava-se o tipo e logo que era encontrado o portador, descia o gorro pela cara abaixo, mascarando-se, e entregava-lhe o embrulho sem balbuciar palavra; se o sujeito tinha ponto certo, depositava-se no lugar para lhe ser entregue e, logo que saía o portador, entrava outro a vigiar a pontualidade da entrega, de forma a não haver burla ou ladroeira do depositário.
O «caçador» não sabia quem lho dava e os académicos não sabiam para quem davam, mas sabiam a que fim se destinava." (in http://penedosaudade.blogspot.pt/2011/11/andar-lebre.html).



Mas nenhum outro episódio mobilizou tanto as Tunas e os organismos académicos como em 1909, quando se tratou de recolher fundos em favor dos “indigentes do Douro” (assim referidos na imprensa) .

Nesse fatídico ano de 1909, resultante de más colheitas e intempéries, grassa uma fome extrema na região do Douro, com inúmeras mortes por inanição. Em Março desse ano, dá-se, inclusive, o famoso motim dos vinicultores do Douro.
O país mobiliza-se como nunca se vira e multiplicam-se os concertos de beneficência, com todo o tipo de agrupamentos artísticos a solidarizarem-me para o que foi considerado uma enorme catástrofe humanitária na altura (embora fome houvesse não apenas no Norte). Note-se que é tanto mais grave que o famoso jornalista Adelino Mendes (que muitas crónicas escreve sobre as condições de vida na região norte, nessa altura) chega a redigir um livro, sobre essa experiência, cujo título não podia ser mais ilustrativo: “Terras Malditas”.
Só em Lisboa, há registo de espectáculos quase diários para recolha de bens e fundos.Tuna Académica de Lisboa, Tuna Comercial, Tuna da Politécnica, dos Liceus, orquestras, bandas militares, filarmónicas…….  tudo se arregimenta para contribuir. O mesmo sucede noutras urbes, como em Coimbra (também amplamente noticiado).
D. Manuel II chegará mesmo a visitar o Norte em Julho de 1909 (dias 3 e 4).
O Jornal O Século, falando sobre uma dessa iniciativas (concerto organizado pela TAL), é esclarecedor:


" É hoje que se realiza, no theatro da Trindade, o sarau promovido pela Tuna Académica de Lisboa, em beneficio dos famintos do Douro (...) para de algum modo alliviar as crudelissimas angustias por que estão passando tantos desgraçados n'uma região do nosso paiz  descaida da sua antiga prosperidade nos horrores d euma lancinante mizeria...." (1ª página de 16 Fevereiro de 1909).


Aliás, para além de quermesses, leilões, rifas, donativos, matinés, saraus, bandos precatórios, levados a cabo por iniciativa popular ou de garemiações diversas, convém não esquecer que, quase sempre, estas grandes mobilizações nacionais (como a de 1909) se deveram à acção da Imprensa (que lançava estas campanhas).
Desde que se institucionaliza a Tuna, nomeadamente em Portugal, que a mesma está associada à beneficência, como a documentação no lo confirma, ao passarmos os olhos pelos jornais e revistas de finais do séc. XIX. O apoio a estudantes em carência verifica-se de Norte a Sul, com as Tunas do Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e tantas outras (Viseu, Figueira, Braga, Castelo Branco…..) a demonstrarem enorme sensibilidade para com os estudantes em apuros, a concentrarem esforços em darem concertos cuja receita viesse em socorro dos colegas que passavam mal.

Era de fome, meus caros leitores, que se tratava. Não era já a falta de dinheiro para sebentas, para rendas, para vestuário……………. era já nem pão terem para matar a fome (e recordemos que a base da alimentação, nessa época, era o pão. Em França, por exemplo, só para podermos imaginar como seria por cá, o consumo médio de pão  no início do séc. XX era de 900 gr por dia, para um consumo de 80 gr. na actualidade).
Nota: Mais tarde,  no inverno de 1909, serão as cheias a martirizar ainda mais a população, como a grave inundação verificada na Régua.
Passamos por uma grave crise onde já se dão sinais inequívocos de que muitos dos nossos estudantes estão a sentir as primeiras dificuldades (digo primeiras, porque ainda têm que vestir, telemóvel, algum dinheiro no bolso, computador e outros acessórios diversos).
Muitos, como sabemos, abandonam os estudos por não haver dinheiro para rendas e propinas e, por isso, regressam a casa dos pais (contrariamente ao que se passava antigamente, onde nem dinheiro tinham para regressar ou o regresso significava continuar a passar fome, mas trabalhando nos campos ou fábricas).
Seja como for, há muito boa gente a precisar de ajuda, porque já há fome. Já temos famílias onde os pais tiram literalmente da boca para darem aos filhos.



A Cáritas teve, só à sua conta, e este ano civil, um preocupante aumento de 96% de pedidos de ajuda.
E enquanto isso sucede, enquanto já temos estudantes a abandonarem estudos, a comerem menos e/ou menos bem, com dificuldade para comprar livros ou pagar fotocópias, continuam muitos cegos a querer aumentar o nº de clubes da 1ª liga ou a gastarem as suas cinergias em certames para ver quem é melhor, esquecendo o seu próximo a viver pior.
Não se apazigua a alma por se fazer 1 concerto de solidariedade de quando em vez  (e muitas vezes porque pedem, e não por iniciativa própria sequer), cumprindo o “dever” e passando o resto do tempo como se nada fosse.


O gesto generoso mais verdadeiro é aquele que exige algum sacrifício. Pouco valor tem dar aquilo que não nos faz falta (mesmo se dá jeito a quem recebe). Valia há em dar o que faz falta - e nas Tunas bem sabemos o que seria sacrifício (e digo-o com evidente ironia).
Mas, e porque não se trata de fazer a apologia quaresmal, bem podiam as Tunas associarem os seus certames todos a causas nobres, de apoio concreto a instituições, a pessoas, a famílias.
Nos certames que cobram entrada, a receita destinar-se aos desfavorecidos e, nos certames de entrada gratuita, poder haver recolha de donativos, num reabilitar das antigas quermesses. Pedir não é pecado, antes roubar.



Quando as Tunas se esquecem dos demais, só pensam em passear, festivais, gozar, comer e beber (e, como lemos aqui ou acolá, apanharem umas valentes pielas)………. estão a roubar, inequivocamente, à cultura e pressupostos nos quais assentou a génese das Tunas em Portugal, da sua cultura e sensibilidade social, dos valores, da sua matriz.


Faz falta esse retorno aos primórdios e à gratuidade e generosidade que ocupavam a quase totalidade do mester tunante de antanho.
Sabemos que há muita tuna e tuno generoso, mas não pode sê-lo quando o “rei faz anos” só para “descarga de consciência”.


Vivemos muitos anos de “vacas gordas”, mas esse tempo foi-se e parece que o filme se repete.
Saibam as Tunas de hoje imitar a grandeza das que as antecederam há mais de um século, pensando menos no seu currículo e mais em fazer feliz quem de facto precisa.

Se bem olharmos, é até uma enorme oportunidade para reaproximar as Tunas do povo, para restaurar ou reedificar a imagem do estudante e do tuno que, como bem sabemos, foi perdendo crédito ao longo dos anos.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

VIII ENT e Qvid Tvnae?

Foi apresentado oficialmente a obra "Qvid Tvnae? A Tuna Estudantil em Portugal", durante o 8.º Encontro Nacional de Tunos que decorreu em Bragança, nos passados dias 7, 8 e 9 de Outubro (2011).
Os autores explicaram o percurso e processo de feitura do livro, o que esperar dele, passando em revista o que nele poderão os leitores encontrar.
Um livro a dar resposta a muitas questões, desfazendo mitos e narrativas romanceadas.
A primeira grande obra sobre Tunas Académicas que se edita em Portugal.

A obra passará a estar à venda online no site da Euedito (clicar na imagem)

Disponível gratuitamente aqui:
https://drive.google.com/file/d/1HnbZrKgcb7zhwoD9KApuA9UogUvmwLew/view?fbclid=IwAR1q7d6lRQDq5bg6ZfrRnqulW9BvCToWH6K-FRG2njGG4SbezbGaaE_-um4

















segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Apresentação do QVID TUNAE no XXVI FITU do Porto

Apresentação do livro "QVID TVUNAE? A Tuna Estudantil em Portugal", na sede da Associação dos Antigos Orfeonistas do OUP, no passádo sábado dia 13 de Outubro, integrada no XXVI FITU.
Com presença de 2 dos quatro autores (Eduardo Coelho e Ricardo Tavares) e com apresentação do Prof. Doutor João Caramalho Domingues.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

No XX Aniversário do RTA- TUV

São 20 anos que se assinalaram no passado dia 26 de Novembro (2011). O tempo passa, mas as amizades, as verdadeiras, essas,  ficam.






















segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Manifesto Tunante (Manifestvm Tvnae)

Em decorrência dos episódios lamentáveis que têm vindo a ser perpetrados na academia portuense, nasceu um manifesto que é especialmente dirigido ao Tunos e Praxistas de bem e de bom-senso.
Não deixe de o ler, e subscrever se nele se revir.



CLIQUE:


sábado, 8 de outubro de 2011

Tuna também é património cultural imaterial





A Tuna é ela também Património Cultural Imaterial, embora sem o reconhecimento oficial de tal, dado ser um fenómeno onde os seus grupos não estão sob uma mesmo estandarte que possa promover esta cultura e elevá-la ao reconhecimento foram da sua secular tradição (tal como já sucede com o Fado, por exemplo).

terça-feira, 4 de outubro de 2011

VIII ENT - Programa & Inscrições


http://www.facebook.com/event.php?eid=285211988156127&ref=ts

Data: 7, 8 e 9 de Outubro
Local: Bragança

Inscrição

Podem efectuar a inscrição e consultar o programa em http://rtub.alunos.ipb.pt/
Podem ainda consultar o blog em http://8entbraganca.blogspot.com/



Qualquer duvida podem contactar por e-mail: realtuna@ipb.pt ou realtunab@gmail.com, ou ainda os contactos telefónicos 934063102ou 932891126.


Programa

Sexta-feira, 7 de Outubro de 2011

18:00h - Recepção, registo e entrega de documentação aos primeiros Tunos participantes (Centro Académico do IPB) - aberto até Sábado às 19h

19:00h - Jantar de Recepção na cantina dos Serviços da Acção Social do IPB
21:30h - Concertos Teatro Municipal de Bragança (Bandas a defenir)

00:00h - Festa Académica em bares e discotecas da cidade de Bragança



Sábado, 8 de Outubro de 2011

11:00h - Recepção, registo e entrega de documentação aos Tunos participantes (Centro Académico do IPB)

12:00h - Almoço na cantina dos Serviços da Acção Social do IPB
14:00h - Abertura solene do encontro - Auditório Dionísio Gonçalves (ESA)
- Presidente da Câmara Municipal de Bragança
- Presidente do Instituto Politécnico de Bragança
- Magister da Real Tuna Universitária de Bragança


14:30h - Apresentação do livro sobre o fenómeno Tunante em Portugal, escrito pelo Grupo CoSaGaPe

" 100 Anos de História da Tuna Estudantil portuguesa, numa abrangência cultural que extravasa fronteiras. A pesquisa, estudo, compilação e sistematização nunca anteriormente feita em Portugal, que resulta numa obra compreendida entre 1870 e 1995, ilustrando todo o fenómeno e suas idiossincrasias. "

16:30h - Intervalo
16:45h - Ensaio geral (Workshop em que misturam: ensaio, direcção musical, direcção vocal e os diversos intrumentos de tuna)

19:45h - Jantar

21:00h - Tertúlia aberta
23:30h - Concerto
00:30h - Festa Académica em bares e discotecas da cidade de Bragança


Domingo, 9 de Outubro de 2010

12:30h - Almoço na cantina dos Serviços da Acção Social do IPB;

14:30h - Palestra sobre Cordofones (António Pacheco, docente do curso de música do IPB)
16:00h - Considerações Finais
17:00h - Sessão Plenária de encerramento de 8º ENT (com votação para a escolha da Organização de 9º ENT) - Auditório Alcino Miguel (ESTiG)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

VIII ENT cartaz/programa, Bragança 2011

Este Encontro Nacional de Tunos ficará, sem dúvida, marcado pela apresentação da tão esperada obra/estudo sobre a Tuna Estudantil em Portugal.
Se motivos há sempre para ir ao ENT, penso que, este ano, os motivos são redobrados.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Do alto de um banco, para não puxar da cadeira



O autor destas linhas, a par com alguns ilustres tunos da nossa praça, tem pautado parte da sua vida tunante numa vertente que muitos consideram "estranha" ao mester tunante: a memória da Tuna (quando é, afinal, uma outra forma de "tunar").
Não poucas vezes são estes peregrinos acusados de sobranceria e altivez pelo simples facto de, para mal de muitos comodismos e "poderes" instalados, terem tido a veleidade de ousar investigar a Tuna, sua história, sua diegese.
São, pois, olhados, estes quantos, de soslaio.

Se por um lado se lhes louva o mérito (ou doideira) do árduo, e já longo, trabalho, de pesquisa, de investigação ...... por outro, todo esse labor de coligir, verificar fontes, procurar a verdade....... é visto como altamente incómodo, porque trazem à tona factos que puxam o tapete a muito mito, que desalicerçam muitas "verdades", que contradizem inequivocamente muitas práticas, conceitos e "sapientísses", que chegam a por em questão muitas tunas enquanto tal (ou pelo menos muitas das suas práticas e praxis).

Então, quando estes "illuminati" têm a ousadia de accionar o contraditório em fóruns ou blogues............ "-Aqui del Rei!" que já estão a dar numa de sabichões. Outras vezes até o que sabem (muito ou pouco) é posto em causa ou relativizado por alguns, numa tentativa de se porem a salvo de qualquer necessidade de, afinal, concluírem que andaram equivocados.

Mas desenganem-se os leitores mais críticos ou detractores. Os tais "estudiosos" que por vezes dão a impressão de se armarem em omniscientes não têm qualquer intenção que não partilhar o que foram descobrindo e aprendendo, no desinteressado intuito de dar um contributo à comunidade tunante e, deste modo, ajudarem à necessária formação de que a mesma carece.

Não se pense, como muitos acharão (com mais ou menos azia e "dor de côto"), que se nasceu sabedor e entendido.
Tal como muitos dos nossos tunos de ontem, e de hoje, também os ditos erraram e pensaram muitas vezes mal.
Todos eles cresceram como tunos ouvindo "estórias de embalar" em que faziam fé; que reproduziram, que apreenderam e tomaram como certo durante muito tempo.
Todos esses ditos "entendidos" acharam também o mesmo que muitos ainda hoje acham: fosse que era possível cientificamente delimitar o que era música de tuna, de facto; que o contrabaixo e a música clássica não eram de tuna; que a tuna era só música popular; que a tuna era uma tradição de 600 anos; que as tunas eram Praxe......... e outros tantos mitos.
Era a catequese da época, melhor ou pior, conforme o catequista, onde não existiam catecismos e muito menos a facilidade webística de hoje.

Mas o que distingue uns de outros passa por uma questão de atitude intelectual: questionar e querer "tirar a limpo" todos esses"ensinamentos" - alguns dos quais, desde muito cedo, logo foram sucitando dúvida pela sua improbabilidade ou, até, por falta de confrmação documental e inequívoca.

Há 20/25 anos atrás não se tinha acesso ao saber, sobre tunas, como hoje. A Internet era uma novidade ainda pouco difundida e nenhuma literatura existia que fosse de fácil acesso (em português, então, tal como hoje, salvo o Tunas do Marão só publicado em 2005, rigorosamente nada).
Assim,  reproduziam-se, com muito mais facilidade,  contos e as lendas, sempre acrescentados pelo imaginário e deduções romanceadas que foram formando o corpo oral da catequese tuneril, chegando aos dias de hoje como autênticas verdades canónicas.

O problema sempre foi, para alguns de nós, o seguinte: "Mas quem disse e onde estão as provas disso?".
Se durante muito tempo se aceitou, pelo respeito que nos merecia o emissor (muitas vezes um padrinho, um prestigiado veterano, um tuno com mais experiência, etc.), o facto é que a falta de provas, de comprovação, de algo mais do que o fiar-se no que é dito, à medida que os anos passavam, foi sendo o lento acordar para a necessidade de não se aceitar passivamente saberes de que, afinal, todos pareciam saber muito, mas de lábia - e pouco ou nada, de facto.
Também nós errámos, dissemos baboseiras do arco da velha, jurámos a pé juntos idiotices pegadas. Fizemo-lo enquanto aceitámos ser meros reprodutores sem critério, sem questionarmos e arregaçarmos as mangas e não esperar que as coisas nos caissem no colo.

Essa é a grande diferença: uns aceitam sem questionar (e quando mais rebuscado, ou romântico, melhor), outros têm a curiosidade de verificar e saber mais sobre as coisas.
Convém, ainda assim, dizer que não é preciso que todos mergulhem nas bibliotecas e arquivos, só que uma coisa é fiarmo-nos em documentos ou textos de pessoas  que estudaram e pesquisaram seriamente, enquanto outra é acreditarmos em pessoas que apenas falam de cor, sem qualquer sustento documental (sem provas).

Na nossa comunidade, podemos registar, entre outros, 2 tipos de tunos: os que não sabem, mas querem aprender e aqueles que não sabem, não querem aprender e têm raiva a quem sabe.

No caso dos primeiros, partilha-se com eles uma confidência: se sabemos mais foi porque errámos mais e, por isso, pretendemos, com o nosso contributo, possibilitar que outros errem menos e façam melhor.
No caso dos segundos, é quando o discurso acaba por ser um pouco mais ríspido, porque em gente letrada, a cursar o ensino superior, lamenta-se esse tipo de atitude, de quem não sabe e ainda tem orgulho nisso; ou então de quem não sabe e acha, contudo, que nada tem para aprender -e a esses idiotas chamamos, sem rodeios: idiotas.

Não o fazemos de cátedra, mas também não pedimos licença para o fazer. Nada mais ridículo do que legitimar o erro e o equívoco e achar-se natural aceitar isso batendo palmas. Nada mais ridículo do que o saber ficar na posse de alguns, quando é para ser partilhado, porque a todos pertence.
Fazemo-lo pelo gosto de ajudar, pelo gosto do próprio exercício de descobrir, pelo desinteressado desejo de dar algo que pode ser útil - sabendo o quanto foi penoso não termos, no nosso tempo, quem o fizesse por nós.
Fazemo-lo numa atitude de serviço, não como doutorados em tunologia, e que resulta da curiosidade e insatisfação pela falta de respostas credíveis com que sempre nos deparámos no que dizia respeito à Tuna.
O facto de termos nas nossas mãos alguns dados mais que muitos não terão (mas em breve irão ter), apenas nos faz cair na conta de que pouco sabemos face ao que está, ainda, por descobrir.

No próximo ENT, a decorrer em Bragança (2º fim de semana de Outubro), será levantado o véu sobre a tão aguardada obra que pretendemos que esteja no mercado pouco tempo depois.

Não se trata de uma bíblia, mas de uma ferramenta que possa ser útil e, até, despertar o interesse e vontade de outros irem mais longe nesse trabalho.

sábado, 20 de agosto de 2011

Toca Paco Sabanda!

Só me faltou levar o CD do Paco Bandeira, mas não encontrei.
Bonita festa, entre amigos. Parabéns, "Sabanda".



sábado, 2 de julho de 2011

Monumento ao Tuno - Santiago de Compostela

Por mera curiosidade histórica e cultural, trago notícia do Monumento Al Tuno, nomeadamente das figuras que compõem essa já famosa escultura, situada no campus universitário de Compostelana.
Agradeço a amabilidade do meu amigo Mário, da Cuarentuna La Coruña, que me cedeu este, e outro material, que aqui irei colocando, sempre que pertinente.
Não sendo o único existente, esta escultura é certamente das mais conhecidas do mundo tuneril.



Aqui transcrevo, em versão portuguesa, ao texto referente ao monumento:

Por motivo do II Certamen Internacional de Tunas, celebrado em Santiago de Compostela durante os dias 17, 18 e 19 de Novembro de 1980, organizado pela Reitoria da Universidade de Santiago e a Associação de Antigos Tunos, sendo Reitor o catedrático de anatomia patológica, o Magnífico e Excelentíssimo Dr. D. José María Suárez Nuñez, e presidente da Associação de Antigos Tunos o Dr. D. Fernando Vietes Faya, inaugurou-se, no campus universitário, o primeiro Monumento ao Tuno (dizemos primeiro e único porque não há notícia de que exista outro).

O grupo escultórico, que representa uma cena de serenata, com figuras de tamanho real, está realizado em granito galego e é uma obra do escultor D. Fernando García Blanco (aluno predilecto do grande escultor galego D. Francisco Asorey).

As figuras que compõem a escultura pertencem aos seguintes membros da Associação de Antigos Tunos:

Guitarra: Rafael Milán Calenti  - actualmente acessor jurídico da Junta da Galiza. Membro fundador da Associação A.T. Foi organizador do primeiro Ajuntamento ("Xuntanza") de Tunos Compostelanos que reuniu, na cidade de Santiago, tunos pertencentes a mais de 20 gerações.

Cantante: José Luis Bernal López - humorista, periodista radiofónico e colaborador de TV. Foi apresentador, junto com Luis del Olmo e Silvia Tortosa, do Iº Certamen de Tunas e coordenador, e apresentador, do 2º com Guadalupe Enríquez. É membro fundador da A.T.T.

Mandolina: Dr. D. Fernando Vietes Faya  - professor de medicina, dermatólogo. Membro fundador, e primeiro presidente, da A.T.T.

Pandeireta: Benedicto BarreiroMigues - personagem mítica que pertenceu às tunas de finais dos anos 30 e as continuou acompanhando até há poucos anos.

Texto de José Luis Bernal (FARRUCO)
in Canta la Tuna - Cancioneiro, de Domingo Rojas Cantera e Javier Iglesias Ramos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

No XIX FITUV (Infantuna) 2010

Um fim de semana memorável.
Participando no Festival dos amigos da Infantuna, parece que rejuvenesci 20 anos.

Com os companheiros de sempre do Real Tunel, mas também com os amigos da TDUP, especialmente o meu querido Ricardo Tavares ("Sabanda"), com o Paulão da EUC, o João Paulo Sousa................ e os muitos amigos da Infantuna. 
Tuna é isto: um constante reencontro e vivência das amizades que a música une.