segunda-feira, 30 de julho de 2007

Uma Aventura Bloguista.

Não podia deixar de, neste espaço, falar de um blog muito singular que elejo como blog de referência para reflexão do fenómeno das tunas. Falo, obviamente do blog

http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.com/


Um espaço que aborda diversas questões sobre a comunidade tunante, num olhar crítico e pertinente, que reflecte com profundidade a Tuna.
Não apenas de informação (que informa, mas também forma), este blog denuncia, também situações que merecem atenção, na defesa de uma tradição e traços distintivos que devem caracterizar a Tuna enquanto tal, em oposição a simulacros da mesma.
Por detrás deste espaço está o Ricardo Tavares, o bem conhecido “Sabanda” do portugaltunas, um insigne Tuno, um amigo que considero um dos mais creditados Tunólogos da nossa praça, profundo conhecedor do fenómeno tunante .
A par com a sua actividade como tuno (cujo o currículo é riquíssimo e ilustrativo do seu quilate), é um reputado investigador a quem muito deve a Tuna e os tunos, dado que são poucas as referências que temos na nossa comunidade de pessoas que, como ele, dedicam parte do seu tempo a pesquisar, investigar e coligir dados.
O blog em questão tem sido um oásis no deserto de ideias, cultura tunante e académica em Portugal, já que uma grande parte do conhecimento sobre a historia do fenómeno está, actualmente (e infelizmente), em poucos detentores (os poucos que se dedicam a perceber e compreender o contexto da sua prática tunesca), à falta, por enquanto (porque ela irá surgir), de bibliografia recomendada para a nossa lusa realidade .
Vale a pena a leitura assídua e atenta, não apenas por ser um deleite intelectual, mas também pela qualidade da redacção e o que ela veicula.

Sem dúvida um espaço ímpar que merece nota máxima pelas notas!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Federação Nacional de Tunas Académicas/Universitárias

Deixo, aqui, as notas que serviram de base para a minha intervenção sobre a constituição de uma Federação/Associação Nacional de Tunas Académicas/Universitárias, na mesa redonda em que participei no V ENT de Lisboa, organizado pela Tusófona.
São apenas notas soltas, baseadas no que já escrevera neste blogue, a que juntei vários trechos e citações de outros ilustres colegas que também versaram sobre o assunto.


A constituição de uma Federação Nacional de Tunas Académicas/Universitárias 


Prós e contras,
Enquadramento Académico,
Viabilidade e fundamentação.


V Encontro Nacional de Tunos
Lisboa, 13 de Outubro de 2007




Começo por agradecer o convite que me foi dirigido pela organização do V ENT, na pessoa do Jorge Cunha, para estar aqui presente, partilhando o meu parco saber e deixar algumas ideias e opiniões sobre o tema em discussão, e aproveito para saudar os meus colegas e amigos de painel – companheiros de muitas reflexões e estudo sobre o fenómeno Tuna, ilustres Tunos da nossa praça, Dr. Ricardo Tavares e Dr. João Paulo Sousa

Falar de Federação ou Associação Nacional de Tunas parece ser, hoje, um assunto bem mais pacífico do que o era há algum tempo atrás. Pacífico no sentido em que são já muitos os que compreendem o porquê de defender este modelo como meio para atingir um fim.
Abordado no I ENT de Évora, de que não há registos ou conclusões escritas, foi assunto relegado para a conversa à boca pequena, tendo em conta que o nosso país ainda vivia a efervescência e rescaldo do boom tunante.
Trago a terreiro um post deixado no PortugalTunas, que faz já menção sobre este assunto, embora, daí para cá, tudo tenha ficado em “águas de bacalhau”:


"Encontro Nacional de Tunas Portuguesas
Tem surgido em diversos fóruns de tunas portuguesas e em «conversas de café», a ideia da organização de um Encontro Nacional de Tunas Portuguesas, dando assim a oportunidade de debater assuntos pertinentes do panorama nacional tunante. Existe também a ideia da tentativa de criação de um órgão nacional representativo das tunas portuguesas, formando assim uma associação/federação académica que pode-se de alguma forma proporcionar uma organização e orientação às tunas do nosso país.
Sinceramente penso que este encontro nacional poderia ser benéfico, nem que fosse pelo salutar convívio que iria criar
Quanto à criação do tal órgão nacional, poderia ser uma das questões a analisar, pois como sabemos, cada tuna tem a sua própria identidade e tradições, quer ao nível da praxe, do traje, etc. No entanto não deixa de ser uma ideia deveras interessante e que poderias trazer coisas muito benéficas ao nosso meio. Deixo esta opinião para reflexão e divulgação da ideia."
(Publicado por: Ricardo Godinho 13-01-2003 in www.portugaltunas.com)

Assente que está, já, alguma poeira, arregimentam-se muitas vozes para colocar em cima da mesa a pertinência, ou não, de um organismo que possa representar os interesses de um colectivo ainda muito individualizado em enclaves umbilicais.

Com duas décadas volvidas sobre a erupção tunante, é-nos possível deitar um olhar mais panorâmico sobre a actual comunidade que nos diz respeito e perceber que a mesma cresceu e deu bons frutos, a par com outros tantos desvios, a par com um joio que começa a ganhar forte pretensão em ser prioridade de cultivo nas mãos de quem vai lavrando e fazendo safra neste negro magistério.

Se podemos falar em fenómeno tunante, não é menos verdade que nele se tem a tendência de misturar uma quantidade de espécies similares, mas que se configuram, efectivamente, como epifenómeno, como desvio e contrafacção do produto original.

Assiste-se a um regresso ao mito bíblico da Torre de Babel, com uma multiplicidade de linguagens que, no nosso caso, muitas vezes, impedem um real aproximar e definir de pontos comuns, que não sejam apenas linhas secantes que comungam de superficiais e acessórias práticas ou hábitos.

O “nacional-porreirismo” que impera, o modo de pensar em circuito fechado (de si para si, com os outros a servir o mim), o facilitismo e imediatismo que grassam, têm levado a um abandono progressivo de certos valores sociais, os quais, consequentemente, beliscam um conjunto apreciável de pressupostos tidos como intocáveis e basilares do modo de pensar, viver e apreender o conceito de cidadania académica, o conceito de tuna, de ser tuno, do que se prefigura como tradição.

“Assim, o compromisso tunesco, os “votos” do mester tunante – na aceitação das regras do jogo, no dar continuidade…… foram substituídos pela prática da “alfaiataria”, do corte e costura, fazendo a tuna por medida, à medida, sabor e gosto do cliente, no exercício tão na moda do “fazer o que nos dá na gana real”.
Para camuflar tudo isso, para eufemisar ou disfarçar uma atitude que, bem sabemos, não é inocente (quando muito, em raros casos, apenas de infeliz ignorância, a que se soma a orgulhosa teimosia que não quer reconhecer estar equivocado), atiraram com a história da “evolução”, como se inovar tivesse, neste caso, de implicar a descaracterização e desvirtuar do conceito Tuna, em nome do progresso.”
(in http://notasemelodias.blogspot.com/)

Recordemos as figuras menos abonatórias perpetradas por “ditas” tunas, nomeadamente na televisão, fazendo a apologia da javardiçe, da bebedeira, da sapatilha como evolução do traje, da tuna que usurpa a identidade alheia…………; tudo isto com a agravante de servir de sinédoque perniciosa em que se toma o todo pela parte – que é sempre a menos desejável.
Olhemos para as excessivas vezes em que registámos condutas impróprias, em cima e fora dos palcos, a falta de postura e aprumo dos tunos, da imagem e mensagem que foram passando ao longo destes anos, pintando a Tuna como um conjunto de foliões desordeiros, bêbados e pouco cívicos.

Verificaremos que foram inglórios os esforços que muitas tunas tiveram em tentar preservar uma identidade e imagem fidedignas daquilo que deveria ser uma Tuna, quando bastava que apenas uma deitasse tudo a perder a troco de 5 minutos de fama na TV, por exemplo. A colagem dos aspectos menos desejáveis do estudante universitário e da praxe aos tunos, e às tunas, parece ser, agora, uma preocupação, mas que vem como consequência e, quiçá, já tardia e irremediável.
É, pois, de atentarmos à ideia feita que a sociedade civil tem acerca das tunas. Ela basta-nos para perceber que algo vai mal.
Podemos defender-nos com a enorme qualidade musical que se regista, em crescendo, de há uns anos a esta parte; podemos escudar-nos nos eventos festivaleiros (alguns com 20 anos de perseverança) que movem multidões; com o número de discos vendidos; com a grande procura para eventos diversos (da festa de aldeia, ao casamento, passando pelos grandes palcos e eventos oficiais); as digressões…………………………………..
Podemos sempre eufemisar e apaziguar a questão, especialistas que somos em justificar e desculpar tudo e todos, ou então em imitar o falso mito da avestruz de cabeça na arreia.

A nossa comunidade tunante é, cada vez mais, uma manta de retalhos, uma sobreposição de burgos, cuja soma de parcelas tem resultado numa contínua subtracção de identidade e divisão de princípios.

Cada qual entende o conceito Tuna conforme lhe dá mais jeito, cada qual inventa, continuamente, a Tuna, o ser tuno. Cada qual tenta escrever tradição, sem nunca ter aprendido, de facto, a ler e escrever, pensando dominar a língua só porque a fala.
Reinventa-se a história, ficciona-se a mesma, até, reinterpreta-se, a metro, tudo quanto diz respeito a Tuna, ignora-se propositadamente aqui e ali, cola-se a cuspe e espera-se que, se não houver muitas ondas, o tempo confira chancela e selo de conformidade.
Já nem só a martelo se quer passar o gato por lebre, como também se quer fazer passar um atestado de menoridade intelectual, apresentando xarope de groselha como sendo um vinho de nobres castas (premiado em concursos internacionais).

Proliferam as pseudo tunas, proliferam os desvios, proliferam imagens que rotulam e bitolam, por baixo, a nossa comunidade e os poucos que resistem vêem-se na eminência de ver consagrado como legal aquilo que em parte alguma o seria.
Lembra, um pouco, a rábula jocosa dos Gato Fedorento, em que o Ricardo Araújo, imitava o Professor Marcelo Rebelo de Sousa: não é permitido, mas pode-se fazer, não acontecendo nada a quem o faça, apesar de ser ilegal.

“(…)- Falta de formação e informação sobre o que é a Tuna e o que é ser Tuno; tendo como consequência, para além dessa volatilidade
- A tentativa de subsunção ao fenómeno das tunas e ao mundo por si criado de agrupamentos que não reúnem as mais básicas premissas genéticas e civilizacionais inerentes, nem sequer ao nível de um “qualquer mínimo denominador comum”;
- um certo experimentalismo com base no conceito do “vale tudo”;
- a ausência de noções básicas do fenómeno compensada por uma tendência de auto legitimação sem quaisquer bases históricas ou de tradições.”
(João Paulo Sousa, in “A estructura organizativa das Tunas académicas portuguesas – Da horizontalidade à verticalidade”. IV ENT de Viseu – 2006)

O conceito de tuna, as pedras basilares em que assenta esta tradição - importada, é preciso recordar; tem sido continuamente delapidado, desvirtuado e subvertido ao sabor das conveniências, ao ritmo dos caprichos de quem pensa ter um reino na barriga.
Aquilo que se podia garantir como identificativo e orientador, que balizava e orientava como norma, tem sido desgastado por contínuas intempéries causadas pela ignorância ou pela má-fé de alguns quanto que reclamam para si o direito de fazer como lhes apetece.

“Neste nosso mundo, à falta de um balizamento profilático e de uma cultura mais solidamente cristalizada (à medida que se ia construindo), o fenómeno tunante foi tomando contornos, em muitos quadrantes, de epifenómeno .
O ressurgimento tunante deparou-se com uma profunda alteração social, com as gerações seguintes menos sensíveis a questões de praxis, cultura e vivência, mais balançada para o imediatismo, o descartável e pouco dada ao respeito por tradições, substituindo a cultura do legado e aprendizagem, pelo neo-tunantismo, a invenção umbilical e a satisfação do seu próprio ego, isto em termos tunantes.”
(in http://notasemelodias.blogspot.com/).

Esse suposto direito encontrou lugar e terreno fértil na contínua omissão e laxismo das demais tunas e tunos. Estou em crer que tal se deve, em grande parte, ao facto de larga fatia desta comunidade ser empírica no viver deste mester, sabendo pouco ou nada sobre o que é Tuna ou ser Tuno, julgando que uns anos a correr mundo e a tocar lhe conferem o saber e juízo que só se obtêm num exercício mais intelectual, reflexivo e socrático.

“Muitos dos mais velhos, dos decanos “re-fundadores” da Tuna em Portugal, certamente gastos no esforço de edificar a Tuna, julgaram que bastaria o exemplo e a memória dos seus “feitos”, para serem tidos por linhas mestras e servirem de litmotiv e “código” – legado a ser transmitido geracionalmente.
Confiou-se, em demasia, no bom senso, e também bom gosto, dos que se seguiram, com os resultados que hoje se vêem; factura que está a criar um deficit e uma inflação, no mínimo, preocupantes.
O desrespeito e autismo daqueles que fazem do passado um estorvo, encontrou solo fértil no comodismo e conformismo de muitos. “ 
(in http://notasemelodias.blogspot.com/).

Não se tendo cultivado o hábito e rito do legado, da tradição “oral”, da formação contínua (na procura do sentido do “correr la tuna”), não se tendo cultivado a auto-regulação, cujo primeiro filtro e patamar passaria, por exemplo, pelo apadrinhamento; sem o encontro de lugares comuns e transversais que confiram uma objectiva identidade e sinais visíveis da mesma, deixou-se uma brecha de tamanho maior, proveitosamente explorada por oportunistas e espertos camaleões que são hoje uma realidade com feições de pandemia.


“A actual “rede” tunante, com que se desenha o mapa de tunas neste nosso pedaço peninsular é de malha tão larga que cria vazios tão grandes quanto à vezes ignorados. Disso se aproveita o esperto e oportunista, nele caem também os incautos e ignorantes (com a atenuante de não se poder culpar o ingénuo néscio), criando desvios que vão ganhando precedente e, por falta de ligação entre os pontos, ganhando espaço por uso capião e inércia dos que consentem, num nacional porreirismo que acentua a pálida imagem do conjunto.
Não existe quem se sinta, per si, legitimado para intervir, muito menos existem mecanismos de regulação e salvaguarda efectiva do património e identidade tunante (por mais pequeno que ela ainda seja), dando figura de legítimo ao erro crasso, pernicioso e pandémico”. 
(in http://notasemelodias.blogspot.com/)

Não se cuidou da tuna no seu todo, não se cuidou da sua imagem, não houve prudência em perceber que o erro individual se paga, não poucas vezes, pelo colectivo, remetendo par ao mesmo saco justos e pecadores. Este engenhoso, e intrincado, ping-pong, tem permitido deixar a culpa sempre solteira ou dividi-la – dilui-la mesmo, por todos, sem que ninguém respondesse, de facto, pelas suas acções (quando estas lesavam, directa ou indirectamente terceiros – mesmo que só na imagem genérica do todo, da classe, da comunidade).

Não havendo respeito pela tradição passada no exemplo, pela oralidade, pelo testemunho, como herança ……… dificilmente se aceitam regras, condutas e princípios, por colidirem com o individualismo (que não se confunde com identidade) de cada um, com a possibilidade de fazer o que bem aprouver à sua real gana.
Olha-se para o país vizinho já não como exemplo a seguir, no que de comum deveria ser mantido, mas sim como o modelo a partir do qual divergir para vincar o nosso nacionalismo, como se o mester tunante fosse uma questão de nacionalidade.

“Temos, actualmente, cerca de 3 centenas de tunas, num país de reduzido tamanho e cultura tunante, sendo pois de esperar que muito se tenha concebido a martelo de ferreiro, travestido e delapidado o que de genuíno existia (por mais “insignificante que a muitos olhos parecia, mas que era, e é, a alma e pedra angular do conceito Tuna), virando, por vezes, as costas, quiçá por um excesso de nacionalismo, ao exemplo do país vizinho, pátria das tunas, de onde copiámos e adoptámos o conceito. “
(in http://notasemelodias.blogspot.com/).

Não se torna, pois, possível erigir e aplicar um conjunto de patamares comuns, observados por todos, porque não existe nada que posa regular legalmente este actual vazio cheio de boas intenções.

Assim, surge a ideia da associação ou federação.

Entende-se por federação (ou associação nacional – como conjunto de associações) uma forma de “governo” onde os seus membros possuem uma certa independência e autonomia interna, mas obedecendo todos a uma constituição única e comum. Este tipo de organização seria, como refere Maximiano (1992), uma “combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos comuns”.
Esta organização seria um utensílio ao serviço da comunidade tunante, com vista às metas e objectivos de qualquer organização assim definida: sobrevivência e crescimento, defesa e promoção da identidade e valores comuns aos associados. Segundo o Prof. João Bilhim, esta entidade social, deve gozar de fronteiras delimitadas que funcionam numa base relativamente contínua, estabelecendo relações de cooperação, acções formalmente coordenadas e funções diferenciadas que defendam os interesses e o bem comum, sobrepondo-se ao interesse individual.
Neste esforço de vivência em grupo, este organismo terá as funções de legislar, administrar e garantir o cumprimento da lei (segundo o modelo tripartido, herdado da Revolução Francesa), além de garantir uma efectiva fiscalização pela auto-regulação inter-pares (teoria dos freios e contrapesos).
O modelo federativo deverá ter em conta, também, o desenho institucional que melhor defenda os interesses e características da sua tipologia. Poderá adoptar um modelo centralizador, com cada membro associado a transferir os poderes para o organismo governativo (modelo adoptado pelos Estados Unidos) ou um modelo descentralizado com a atribuição dos poderes aos associados pelo organismo central (como sucede, por exemplo, no Brasil), segundo a teoria dos modelos centrípetos e centrífugos de Wladimir Rodrigues Dias (“O Federalismo Fiscal na Constituição”), em que se visa um modelo assimétrico na sua órbita de competência – com o associado a usufruir de amplo poder e autonomia irrestrita, ou uma maior simetria entre os membros, na sua configuração institucional.
Seja qual for o modelo adoptado, importa é sublinhar a importância, a meu ver, de associar vontades, sensibilidades e traços comuns numa esfera estanque o suficiente para criar objectividade e algum discernimento na actual mescla difusa e confusa em que se enleou este nosso fenómeno, ou seja criar uma relação de confiança e paridade entre tunas distintas além dos limites da rede interna.


Falar em Federação ou Associação Nacional, implica, previamente, uma reorganização e um repensar a tuna nos seus moldes estruturais.
A quase totalidade das nossas actuais tunas apresenta um formato sem qualquer revestimento jurídico. Uma larga fatia deste bolo tunante tem uma dimensão “departamentalizada”, assumindo-se como apêndice das associações de estudantes/académicas ou instituições de ensino que representam, pelo que sem qualquer real autonomia em termos legais e financeiros.
Aqui esbarra a tuna quando se fala em federação. Será esse, quanto a mim, o primeiro obstáculo a transpor pelas tunas, ou seja revestirem-se do foro jurídico, criarem autonomia e cortarem amaras nesse plano.

“O problema coloca-se, na instituição de tal estrutura, pela configuração e moldura legal das nossas actuais tunas, ou seja o seu reconhecimento como personalidade jurídica. Grande parte das nossas tunas não estão registadas como associação ou dependem de estruturas associativas académicas/universitárias (associações de estudantes, instituições de ensino superior, etc.), daí que o primeiro passo fosse repensar essa componente, tal como foi referido pelo ilustre Dr. João Paulo Sousa no IV ENT de Viseu”. 
(in http://notasemelodias.blogspot.com/).


É certo que, em muitos casos, não será fácil, tendo em conta a dependência criada das associações ou instituições em que a tuna se insere, a modos de departamento. Existe o normal receio em assumir outros encargos e responsabilidades que tão convenientemente eram remetidos para outrem. As ligações e parcerias estabelecidas, muitas vezes com proveito recíproco, tendem apor alguma dúvida sobre as reais vantagens do término dessa relação dependente ou simbiótica, mas são essenciais para reconfigurar a tuna e abrir-lhe novos horizontes.
Além disso, tal separar das águas neste domínio não tem forçosamente de ter como consequência o fim das relações de cooperação entre instituições, apenas coloca ambas num mesmo patamar e munem a tuna de outras valências que lhe possibilitam uma maior independência.

Só posteriormente se poderá, então, urdir algo em que todos os implicados se apresentem, de facto, inter-pares.
Mas se hoje, uma vez mais, este é tema de reflexão num ENT, penso estar na hora de nos deixarmos apenas de boas intenções e de prosápia, quando a actual situação nos pede acção, nos impele a tomarem-se medidas que possam beneficiar a comunidade e dar-lhe fronteiras

"É um processo complexo, mas que mais complexo se torna quanto mais se deixa adensar e avolumar a actual situação, sob risco de se deitar tudo a perder." 
(in http://notasemelodias.blogspot.com/).


Mas quais as vantagens e a razão de um organismo supra-tunas?
Mas o que se pretende com uma Federação?

Esta ideia, já implementada no país vizinho, reside no facto de muitas tunas estarem sensíveis a um galopante deteriorar do conceito e imagem da Tuna.
Como refere o Dr. Ricardo Tavares, tal sucede em consequência da “falta de um critério medianamente unificado que se reflecte na actividade tunante e, também, pela falta de representatividade geral da Tuna na sociedade em geral” (in http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.com/).

Se falamos em Federação é porque nos preocupa preservar um conjunto de valores, ideais, conceitos e praxis que elegemos como essenciais, basilares e realmente identificativos (e distintivos) de Tuna. Se falamos em Federação, ou equiparado, é porque julgo que é o modelo que melhor convém e serve os objectivos de quem se quer rever num contexto onde possa assentar a sua legitimidade e ver defendidos, de modo explícito, os valores que o norteiam, onde sinta, verdadeiramente, que o seu caminho é comum a outros. No fundo, é a procura de pátria, com área geográfica, língua, “governo” e traços característicos aos quais se quer pertença; o desejo de pertença a partir do qual se legitima a individualidade de cada um.
Para tal, importará responder e definir:

- O que se considera Tuna e o que não se considera Tuna, mediante um conjunto de indícios que deverão ser válidos por aqueles que pretendem aderir a este formato – mesmo que tal não seja, como é de esperar, por outros;
- Os mecanismos e normativos que permitirão o reconhecimento inter-pares e criaram outros tantos para regular esse reconhecimento;
-Que práticas, posturas e modus operandi devem ser comuns aos signatários e quais as formas de fiscalizar e fazer cumprir essas mesma práticas;

Esta moldura organizativa deverá promover uma contínua reflexão sobre conjunto de perguntas às quais a mesma procurará responder e estabelecer linhas de acção, remediação e formação:

- Privilegiamos a componente espectáculo ou a representatividade, privilegiamos o ser tuna ou o parecer como tal?
- Fomos cumpridores do estabelecido pelos organizadores dos Festivais?
- Formatamos o nosso Festival com um programa adequado, com regras claras e aplicação coerente das mesmas e, por outro lado, que postura adoptamos quando se nos apresenta a possibilidade de participar num evento que “infringe” determinado aspecto do nosso código e regras comunitárias (federativas)?
- O comportamento/postura dos nossos componentes credibilizou o nosso grupo e a Tuna em geral?
- Existe a preocupação em nos regermos por critérios comuns (acerto de critérios) e adoptarmos medidas unitárias na defesa do interesse geral?

O actual panorama tunante tem levado muitas vozes a fazerem-se ouvir, preocupadas que estão com

- O crescimento de um conjunto de práticas que são vistas como exógenas e prejudiciais ao fenómeno, ou cuja natureza cria dúvidas da sua validade;
- A contínua perca de identidade e prestígio da instituição tunante, e a falta de mecanismos que promovam e defendam essa mesma instituição.
- A falta de regras que balizem e confiram credibilidade à Tuna, a distingam objectivamente de grupos que o não são (mas que assim se apelidam).
- A falta de representatividade da comunidade tunante, nomeadamente na defesa dos princípios tidos por transversais, na promoção de uma formação e informação fidedigna que seja referência inequívoca sobre o que se afigura como genuíno e próprio da Tuna.

“Este quadro de factos e factores trará certamente dúvidas e problemáticas que não existiam nos estados anteriores já citados. Que certamente não poderão ser convenientemente resolvidos pelas estruturas horizontais antes referidas. E aqui podemos estar mesmo à porta duma segunda revolução do “Negro Mester” (considerando a Institucionalização como a primeira).
E chamo-lhe revolução porque poderá envolver a mudança em alguns aspectos da sacrossanta independência formal e material de cada um dos grupos, desde já deixando como ideia fundamental o facto de entender que essa identidade pessoal e individual de cada um deles será essencial e motivo fundador da defesa que se pretende de valores comuns. Ora seria quase pleonasmo dizer que uma defesa individual é muito menos eficaz que uma defesa plural ou colectiva. Uma defesa que tem, portanto, de partir do princípios que nos unem e não daqueles que nos separam.
Este segundo grau organizativo tem sido timidamente discutido quer entre nós quer pelos nossos vizinhos espanhóis, que, neste apartado, têm muito mais espartilhos e dificuldades pela muito maior sedimentação histórica de determinados princípios, que, se fossem por nós adoptados, levariam a cisões absolutamente incomportáveis.” 
(João Paulo Sousa, in “A estructura organizativa das Tunas académicas portuguesas – Da horizontalidade à verticalidade”. IV ENT de Viseu – 2006)

Certas vozes levantar-se-ão, certamente, contra aquilo que apelidarão de tentativa de castrar e manietar as tunas, sobre o que poderá ser visto, e entendido, como o desejo de controlar e impor uma certa visão e formato.
Descansem os mais dados aos direitos e liberdades constitucionalmente consagrados na lei.
Não existe qualquer laivo de censura ou controle partidário da tuna, como sucedido na Espanha de Franco.

“A questão da perda da soberania de cada Tuna: esta entidade não se substitui aos direitos e obrigações individuais de cada tuna, nem interfere na sua vida diária, apenas intervindo a solicitação dos seus membros ou em matérias de interesse geral. Além do mais a actividade da mesma será restrita ao objecto constante da sua constituição bem como ao programa eleitoral que forçosamente os seus órgãos apresentarão nas ocasiões apropriadas. E sendo necessariamente democrática, está sempre sujeita, em última instância, às decisões da sua Assembleia-geral.
A questão da função de reconhecimento: tem-se impugnado a legitimidade para uma instituição desta natureza poder proceder (ou não) ao reconhecimento de uma entidade como tuna. Assim será caso isso conste dos seus estatutos, e, por isso, dependa da vontade dos seus membros. Mas mesmo que assim fosse, tal facto não implicaria que tal reconhecimento tivesse força obrigatória geral fora dos seus membros nem implicaria a discriminação necessária dos excluídos. Assim como o não reconhecimento não implicaria que o grupo nessas circunstâncias não pudesse continuar a viver o seu livre direito de associação. Apenas que, para a comunidade dos membros dessa entidade, não seria reconhecida como tal. Aliás, não se vê de onde pode provir uma dúvida desta natureza: por exemplo, a Federação Nacional de Folclore, reconhece ou não os Ranchos folclóricos conforme eles cumprem ou não uma série de requisitos pré estabelecidos. Quem se quiser federar sabe, à partida, quais os requisitos a preencher. Não o querendo fazer, querendo ser diferente, também não poderá exigir fazer parte desse grupo. E se existem muitos ranchos federados na FNF, certamente existirão outros tantos que o não são. E não é por isso que deixaram de existir.
E quanto a esta matéria, mesmo com apelo ao conceito do “mínimo denominador comum”, na definição das características básicas necessárias para esse reconhecimento, não se pode querer deixar de as definir, e, por outro lado, se urrar e clamar por parasitarem entre nós grupos que não deveriam fazer parte desta cultura.
A questão da Representatividade: Parece existir um temor exacerbado que alguém fale em nome de todos ou nos possa representar em determinadas circunstâncias. Mas essas são, precisamente, circunstâncias certas e determinadas: as previstas estatutariamente e para os fins aí constantes. E nesses fins não estará, certamente reclamar de um prémio mal entregue num festival, discutir se um convite foi feito a A e devia ter sido feito a B, se um contrato para uma apresentação foi ou não “roubado” por uma tuna à outra, ou ir solicitar patrocínios para um evento organizado por um dos seus membros em prejuízo de outro.
Bem pelo contrário, o aparecimento e intervenção dessa instituição apenas se faria a solicitação da (s) interessada (s), e, nomeadamente, até, quando houvesse interesse em as proteger dos riscos da assunção de uma qualquer atitude em nome individual e que pudesse vir a ser gravosa. E mais, quando em questões entre tunas, estaria em situação particularmente privilegiada para dirimir conflitos e efectuar a necessária conciliação.” 
(João Paulo Sousa, in “A estructura organizativa das Tunas académicas portuguesas – Da horizontalidade à verticalidade”. IV ENT de Viseu – 2006)


Numa sociedade de direito, existem regras; regras essas que visam garantir que os direitos de um não atropelem os de outrem, que visam que, através do cumprimento de deveres comuns, se garanta uma real liberdade e convivência em sociedade – em oposição à libertinagem e anarquia onde cada qual tece direitos e deveres conforme o sabor das conveniências.
Além disso, a implementação de um organismo supra-tunante, não é uma imposição, mas sim uma proposta só aceite por quem quer.
e quem chega a uma tuna tem consciência de que a mesma se rege por determinadas regras e práticas a serem observadas pelos seus elementos, nada mais natural que tal suceda entre tunas – entre tunas que aceitam as regras do jogo e por elas se regem e auto-regulam.

Em Espanha, temos o exemplo do Consejo Nacional de Tunas que, desde Novembro de 2005, associa várias tunas, elas mesmas reconfiguradas em pessoas colectivas de direito privado, ou seja tunas que se constituíram (ou se registaram) como associações.
Doze tunas fazem parte deste organismo:

Tuna de Arquitectura Técnica de Granada, Tuna de Ciencias de Barcelona, Tuna de Ciencias de Granada, Tuna de Derecho de Albacete, Tuna de Farmacia de Barcelona, Tuna de Ingenieros Agrónomos y Montes de Córdoba, Tuna de Ingenieros de Telecomunicación de Valencia, Tuna de Magisterio de Málaga, Tuna de Medicina de Badajoz, Tuna de Medicina de Córdoba, Tuna Universitaria de Deusto e Tuna Universitaria de Santander.

Num universo de centenas de tunas, obviamente que diremos que a sua representatividade parece ser pouca ou nenhuma, contudo há que perceber que, tal como para o nosso caso, não se pretende arregimentar tudo e todos aos magotes.
O organismo, tal como defendo, deve satisfazer as necessidades dos seus aderentes, não se preocupando tanto com os que ficam de fora. Como disse, não se pretende impor o modelo a todos, mas apresentar uma opção válida para os que nele se revejam.
O Conselho Nacional de Tunas, em Espanha, organiza parte da sua actividade com recurso à WEB, com um fórum, onde participam – para além das tunas citadas, mais uma trintena de outras tunas (para lá de tunos a título individual) que permite a agilização de processos e uma comunicação mais efectiva e eficaz inter-pares (assembleias gerais, troca de informações, debates….).

Apesar de serem ainda poucas as tunas, e não necessariamente as mais prestigiadas ou seculares (embora algumas o sejam), importa é perceber que as tunas envolvidas reconhecem a força que deriva da sua soma, do conjunto, e se sentem escudadas umas nas outras, sendo que se garante, nessas (concorde-se ou não) com uma coerência transversal, no modo de pensar, viver e transmitir o legado do negro magistério, bem como nas vantagens daí advindas no que toca à promoção e defesa dos pressupostos que comungam irmana e solidariamente.
Não se queira, contudo, retirar a ideia malfazeja de que existe a intenção destas tunas intencionarem um escudo musical, pois que não é a pretensa maior ou menor qualidade musical que rege e norteia as mesmas, ou serve de “pedigree” para pré-requisito de entrada neste Consejo – tal como o não deverá, nem poderá, ser no nosso caso.

Assim, existem dois aspectos, desde logo com uma sugestão de resposta profiláctica, que podem servir o interesse da tuna, nomeadamente os associados:

“…quem é ou não é tuna desde logo e depois a força que o conjunto das mesmas pode eventualmente deter na sociedade onde se insere.”
(Ricardo Tavares, in http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.com/).

Ao contrário do que parece suceder por cá, sobre algo que ainda, e só, existe no plano de vontades e boas intenções, nuestros hermanos não criaram qualquer movimento de repúdio perante a criação deste Conselho Nacional, dado que, como por cá deve ser entendido, este não é instrumento emissor, mas um meio de recepção e troca entre os que livremente aderem. É claro que isso implica a aceitação de regras.
Uma Federação Nacional implicará sempre duas posições, quem nem têm de ser belicosamente opostas. Em primeira instância um organismo que implica a aceitação e cumprimento de regras definidas e objectivas (que ditam um perfil a ter ou adoptar) e, noutro plano, a não associação que implica, apenas, ficar de fora, pois que não se tem a utopia de que todos se revejam num mesmo projecto; organismo que não tem por missão ou intencionalidade passar a mensagem de que só este congrega tunas, sendo as restantes…”outra coisa”. Este organismo garante coerência e transversalidade, garante reconhecimento inter-pares, mas entre os seus componentes, pois que ele se destina aos seus signatários, e não para catalogar os demais.
Como disse, poderá haver quem não se reveja numa federação ou nas regras da mesma, mas tal não impede, desde logo, a sua formação, sob princípios legítimos, claros e aceitáveis face à realidade tunante em que nos inserimos.

“O facto de estar composta por doze tunas hoje em nada diminuí a sua legitimidade, à falta de outra experiência anterior, pois candeia que vai à frente alumia duas vezes. Mais que isso, quem não se quer alinhar sob as condições acima enumeradas, pode sempre criar uma outra associação representativa e isso não me parece que cause mais fracções do que aquelas - inúmeras - existentes quando está cada Tuna por si mesma. Num fenómeno cultural de séculos como é a Tuna espanhola, chegar a 2005 e ver um Conselho Nacional de Tunas parece quase um atraso secular face ao que acontece por cá, deste lado da fronteira. Mas não o é, apenas significa o resultado quase fatal precisamente dessa história de séculos de Tuna, para lá de resultado obvio do actual cenário espanhol.
Ora, seria suposto que as doze primeiras tunas fossem tunas de referência no âmbito musical ou até mesmo face ao seu prestígio. Acontece é que reparamos bem, não é esse o caso porque em Espanha a defesa do fenómeno não assenta somente numa ou noutra premissa particular de cada tuna mas antes num ponto de contacto maior: a defesa da tuna enquanto instituição cultural ela mesma.”
 (Ricardo Tavares, in http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.com/).

É certo que, por este lado, de cá, da fronteira, continua a sentir-se o espectro do governo único e do receio de institucionalizar o fenómeno, em detrimento do cariz “amador” e espontâneo das tunas, mas convenhamos que a actual situação que vivemos tem, ela mesmo, despoletado reacções em vários quadrantes que reconhecem a necessidade de por algum travão nesta anarquia para a qual parece caminhar a Tuna.
ob pena de tudo se diluir, por efeito da suposta e desejável, heterogeneidade, julgo ser sensato a criação de um organismo que não apenas possa suprir as necessidades daqueles que o subscreverem, como também servindo de modelo exemplificativo e inspirador para as demais.

Julgo ter dado, já, as razões e argumentos que fundamentam a necessidade de um organismo deste tipo, o qual é uma consequência do estado a que chegamos; o qual se assume como meio para chegar a um fim; o qual deve ser visto, também, como medida profilática no futuro, tentando precaver o mesmo e, também, ser uma forma de defender aquilo que pode ser julgado como “ que resta de saudável neste corpo tunante” (sem que isso signifique qualquer atitude elitista e sobranceira, pois, como disse, é algo que serve quem o subscreve e não uma medida contra os demais).

Mas como configurar uma Federação ou Associação Nacional?

Como já referido, julgo que as tunas interessadas deverão encetar o primeiro passo rumo ao seu reconhecimento como personalidade jurídica, dado que o panorama actual das tunas tem adoptado modelos diferenciados que poderão, em alguns casos, colidir com o formato federativo, uma realidade muito bem retratada e descrita pelo Dr. JoãoPaulo Sousa, na sua alocução, no último ENT realizado em Viseu.

“Estrutura Clássica: aquela em que democraticamente é eleito um dos veteranos, o qual, tendencialmente sozinho, tem a responsabilidade da coordenação a diversos níveis: artístico, administrativo, protocolar, diplomático, jurisdicional, comercial e até do aprovisionamento.(…)

Estrutura Dependente: Aquela que podendo conter características do modelo anterior ou posterior, tem como característica básica e diferenciadora o facto da sua organização estrutural estar mais ou menos dependente de uma entidade externa à própria Tuna, normalmente uma Associação de Estudantes, sendo típico, neste caso, o caso da estreita ligação da original Tuna da UTAD à respectiva A.E., ou a um Organismo Académico sectorial, caso este em que dou os exemplos da Estudantina Universitária de Coimbra, inserida na Secção de Fado da A.A.C. ou da Tuna Universitária do Porto como grupo integrante do Orfeão Universitário do Porto, o que aliás até é sintomático no fenómeno do ressurgimento das Tunas na década de oitenta do século passado como hoje as conhecemos, por confirmar o elemento comum da ausência de meios para trilhar desde inicio um caminho autónomo.

Existe ainda uma terceira variante deste modelo em que o reporte é efectuado directamente à administração da Instituição a que a tuna em causa se encontra ligada.
Nestes casos, além das problemáticas suscitadas pela normal vivência da Tuna, haverá ainda que somar as derivadas dessa “capitis diminutio” (aqui entendida como redução de capacidade de livre autodeterminação), nomeadamente a necessidade de coordenação e subordinação a essas entidades, a falta de autonomia absoluta para livre desenvolvimento das actividades pretendidas (quantas vezes as prioridades dessas instituições não coincidem ou divergem mesmo radicalmente das pretendidas pela tuna), o risco da ingerência por parte de jovens políticos em formação não habituados a recusas ou de organismos de praxe académica geral tantas vezes tentados a interferir onde não têm qualquer legitimidade para tal. No último caso mencionado, refira-se ainda o risco acrescido da instrumentalização da tuna enquanto actividade extra curricular susceptível de atractividade a novos alunos ou de espectáculo gratuito e de conveniência da “casa” para tal bastando um toque da “Cabra” à primeira chamada de qualquer bedel.
Obviamente este poder existe quando o próprio grupo não cria alternativas à “semanada”, ao subsídio anual atribuído ou à dependência logística de uma sala de ensaios ou de um autocarro para as deslocações(…)

Estrutura Associativa: Este modelo traduz a assunção das formas civilisticamente reconhecidas de associação privada de indivíduos com o fim de prossecução de objectivos lícitos e não contrários à lei, aos usos ou aos bons costumes. Tem a vantagem primordial por possibilitar a aquisição de uma personalidade jurídica autónoma – ou seja, a susceptibilidade de ser titular de capacidade jurídica e judiciária e como tal ter direitos e obrigações próprias. Assim, tal figura passa a diferenciar-se da soma dos direitos e obrigações dos seus membros, passando a ser uma pessoa jurídica colectiva, strictu sensu."
(João Paulo Sousa, in “A estructura organizativa das Tunas académicas portuguesas – Da horizontalidade à verticalidade”. IV ENT de Viseu – 2006)


Tendo em conta que, e apesar de vivermos num país de dimensões reduzidas, tem sido prática comum o viver em burgos mais ou menos estanques (apesar da maior abertura que se tem vindo a registar), muitos deles patrocinados pelo bairrismo regional (basta ver que é possível falar-se em “Tunas à moda do Porto, Coimbra, Lisboa….), o qual, por sua vez, é já advindo de rivalidades de estimação em termos de praxe académica, torna-se difícil implementar um modelo que, quanto a mim, poderia ter algum fundamento, ou seja a departamentalização federativa.

O modelo federativo pode assentar numa relação e representatividade directa - um formato clássico, ou ser o órgão gestor e catalisador de organismos regionais.
Se o primeiro modelo se afigura como o que mais facilmente se consegue implementar, e possivelmente ser mais eficaz, não deixo de pensar que a heterogeneidade deste mosaico nacional poderá ser palco de uma contínua esgrima de interesses regionais, daí que o primeiro formato que me ocorreu foi a da criação de associações de carácter geográfico por distrito, cidade ou região, dado que, muitas vezes, a real dificuldade está em esbater as arestas locais entre tunas “concorrentes”.
Foi minha primeira preocupação o olhar para a necessidade de criar transversalidade entre vizinhos para depois se pensar em algo mais global - uma ideia que também seduziu o meu caríssimo colega e amigo Dr. Ricardo Tavares, se bem que, como questionou o não menos amigo Dr. João Paulo Sousa, no último ENT, “seria possível sentar à mesma mesa e pôr de acordo grupos com conhecidas rivalidades locais, como os que conhecemos nos dias de hoje, por exemplo nas cidades de Lisboa, Coimbra ou Porto, mas a que muitas outras poderiam ser acrescentadas? E não sendo isso possível, mesmo que num único caso, a constituição do “conselho” regional, não estaria uma vez mais afectado o pretendido carácter nacional da organização?”

Assim, obter-se-ia um “governo” nacional cujos órgãos participantes seriam representativos e a voz de uma determinada realidade geográfica (podendo ser o representante local, escolhido rotativamente no seu burgo). Este primeiro “filtro” teria a vantagem do evitamento de algum congestionamento, embora reconheça que o formato poderá tornar-se mais confuso pela logística que implica e por poder retardar qualquer medida mais premente e urgente.
Por esse motivo, julgo que o modelo directo é aquele que melhor poderá servir os interesses comuns e agilizar procedimentos.

Quando, com alguma ponderação, passamos revista aos potenciais signatários de tal formação, não deixam de nos assaltar certas dúvidas: que tunas, actualmente, poderiam figurar em tal formato?
Não se correo risco de tal modelo poder excluir, à partida, tunas que reconhecemos como tal, só porque não se revestiram de personalidade jurídica, a da associação de direito privado?
Sobre isso, responde o Dr. João Paulo Sousa, que uma vez mais cito:

"… os seus sócios fundadores teriam necessariamente, por imperativos legais, de ser já eles próprios associações e assim encontrarem-se dotados de personalidade jurídica, para outorgar a respectiva escritura pública de constituição. Mais deviam ser os restantes interessados na adesão encorajados a adoptar tal forma até a esse momento, o que excluiria, à partida, e desde logo, algumas das mais prestigiadas tunas portuguesas. No entanto, mesmo para aquelas que assumem a estrutura clássica e dependente ao início referidas, a adesão em momento posterior também seria possível desde que os Estatutos não esqueçam esta possibilidade e obrigatória necessidade, sob pena de ficarem á partida excluídos muitos daqueles que são verdadeiramente dos nossos.” 
(in “A estrutura organizativa das Tunas académicas portuguesas – Da horizontalidade à verticalidade”. IV ENT de Viseu – 2006)

Importa é que, independentemente de tudo, haja medidas que possam conter e suster a galopante perda da imagem que muitos de nós desejam para a Tuna, que muitos de nós defendemos como legado recebido, ao contrário daqueles que apelidam esta sensibilidade e preocupação como uma tentativa de definir o nosso modelo e a nossa vontade.
Enquanto muitos olham a tuna como produto do seu labor, outros olham-se como depositários e retransmissores de uma tradição que, embora se vá enriquecendo com o que de melhor lhe trazemos, não deixa de ser uma praxis que tem raízes anteriores a nós e que merecem, pelo menos, um inteligente respeito.
Ser tuno é algo que antecede a própria tuno, como tão claramente exposto e justificado na conferência do ilustre Rafael Asencio Gonzalez, , sobre a história do fenómeno tunante em Espanha, (conferência proferida na Universidade de Jaén em Maio de 2006).Reside, aí, um dos problemas que tem levado, no “efeito de bola de neve” a uma reinterpretar do fenómeno e do conceito tão diversificados quanto a imaginação e número de “alistados”, daí a importância de olhar, também, para a necessidade de formação e informação credível, objectiva e idónea, como um dos objectivos deste congregar de sensibilidades.

Por tudo isto, e perante factos a que não podemos virar a cara, como em demasia se tem feito, há que munir-nos de utensílios que nos salvaguardem da inércia e incapacidade de agir (entenda-se “distinguir” e evitar colagens) perante acontecimentos que lesam, a meu ver, mais quem cumpre do que quem prevarica (já que a estes falta vergonha, humildade e inteligência para um bom senso e discernimento que visem o bem comum):


“…mas também ajudou a percebermos que todos os problemas graves que iam indignando a comunidade tunante (pelo menos aqueles que se sentiam assim, porque há os “sem sal”: autênticos apáticos e abstencionistas), se ficavam pelo mero registar de reclamações e discordâncias. Nem mesmo quando, até recentemente, se sugeriu que as tunas se abstivessem de convidar uma outra, que prevaricara dolosamente, tal não surtiu o efeito generalizado, como aconteceria no país vizinho, onde as hostes cerrariam fileiras de imediato.” 
(in http://notasemelodias.blogspot.com/)

Defendo uma estrutura tunante que agregue um conjunto de tunas que tenham em comum a mesma matriz e valores, que partilhem do mesmo modo de pensar e viver a Tuna, onde depositem a esperança de uma comunidade mais forte e credível, pelo menos das que assim escolherem associar-se.
Tal propósito poderá encontrar eco num enunciado de propostas e metas a atingir, que o Dr. João Paulo Sousa tão paulatinamente sublinhou:

1. Promoção do fenómeno das Tunas enquanto um todo e com uma realidade cultural própria e única, sua divulgação e defesa perante a sociedade civil e entidades públicas;

2. Criação, organização e manutenção em estado acessível de uma base de dados e de um Museu, com Biblioteca, Fonoteca e Videoteca, para conservação de todo o acervo produzido e relativo às Tunas;

3. Criação de estrutura de mediação ou arbitragem voluntária (não obrigatória, dependente do acordo das partes quanto à aceitação desse foro jurisdicional, mas com compromisso de aceitação sem reservas das decisões aí tomadas) quanto a matérias do exercício da actividade tunante ou a ela correlativas;

4. Apoio técnico generalizado aos seus membros em matérias como a economia, contabilidade, consulta jurídica, acessória musical, aquisição de bens e serviços e outros;

5. Ser um foro de discussão e debate entre os seus membros, e promover o fortalecimento das relações entre todas as tunas académicas portuguesas;

6. Fomentar o intercâmbio e as relações internacionais com grupos congéneres;

7. Fomentar a difusão, conservação e estudo da música universitária, em especial da que é executada por tunas;

8. Reagir a todos os atentados injustificados que afectem o bom-nome da Tuna Académica Portuguesa ou dos seus membros e integrantes, intervindo junto das entidades em questão;

9. Criação e manutenção de listagens actualizadas das tunas académicas existentes bem como de um cancioneiro das peças executadas pelas tunas académicas portuguesas;

10. Exercício de uma função de “Lobbying” junto das entidades públicas e privadas e comunicação social, em defesa dos interesses gerais dos seus membros e da tunas em geral.


Que tal desafio implicará cisões, muita comichão e alguma secessão, disso não tenho dúvidas, mas esse processo mostrará, também, quem é quem. Implicará certames reconhecidos de outros que o não são (conforme quem organiza e participa, conforme, até, o seu regulamento e aplicabilidade do mesmo), implicará muitos azedumes, mas é um preço a pagar para repor alguma ordem na casa, separar definitivamente o trigo do jóio, devolver à Tuna o que lhe pertence e define.
Afirmo que poderá causar algumas fricções porque somos um povo naturalmente dado a este tipo de reacções, bastando ver que, por coisas menores, já assistimos a “lutas” e “pugilato verbal” webísticas, no portugaltunas, tão concorridas quanto insípidas (isto quando outros assuntos, bem mais importantes, se ficam por um quase inexistente debate).
Cada qual é livre de se associar, cabendo aos vindouros aceitar as regras do jogo, se assim o entenderem, num contexto e estrutura já bem mais, e melhor, definidos e balizados onde, a par com direitos e regalias, se cumprem, efectivamente, deveres (os pressupostos que conferem legitimidade entre iguais, de que falei no último ENT em Viseu: Conceito de Tuna Académica/Universitária).

Uma associação ou federação nacional de tunas trará, em minha opinião, enormes vantagens que poderão passar não apenas por apoio técnico, jurídico, logístico e, até financeiro, mas também por aconselhamento, pelo arbitrar de diferendos, pela promoção (imagem pública) e formação dos associados.
A desvantagem, que imediatamente salta à vista, está bem contida nas palavras do Dr. Alberto sardinha, quando refere a perda da espontaneidade e graça do “correr la tuna”,mas é preferível perder um pouco nesse aspecto (fundamental, é certo), do que perder tudo, como tem vindo a suceder, aos poucos, mas inexoravelmente.
O que mais temo é que possa vir a ser uma solução adoptada, quando a mesma já não solucionar coisa alguma, se deixarmos protelar a questão.



A todos os que tiveram o interesse e paciência de me ouvirem, desde já, o meu bem-haja!


J. Pierre Silva (Outubro de 2007)

sábado, 2 de junho de 2007

CoSaGaPe - Os autores do "Qvid Tvnae?"

O CoSaGaPe não é mais do que uma feliz coincidência de vontades e amizades estabelecidas em consequência do mester tunante de cada um de nós e a forma de ver, pensar e reflectir o fenómeno tunante.
Esta “Bancada dos Maretas”, assim apelidada aquando do II ENT na Guarda, tomou forma em 2005, resultante de uma conversa que tive com o meu ilustre amigo Ricardo Tavares, também conhecido no meio tunante por Sabanda, quando trocávamos impressões sobre o desejo mútuo de escrever algo sobre a Tuna em Portugal.
Cedo concluímos que, perante tão vasta tarefa e titânica empresa, nada era mais prático e “económico” juntar esforços, pontos de vista, saberes e experiências.
Mas se cedo decidimos aliar vontades, também cedo percebemos que precisaríamos do contributo de outros, possibilitando o multiplicar de competências, saberes e o necessário dividir de tarefas.
Os nomes foram unânimes e imediatos, até porque naturais e óbvios: Eduardo Coelho (Conquistador) e João Paulo Sousa (TunoGasto), que prontamente acederam e juntaram à causa.
Nascia o CoSaGaPe (fusão dos nossos cognomes tunantes) com o objectivo de lançar uma edição de autor sobre a Tuna Académica/Universitária em Portugal, tendo em conta não existir nenhum estudo aprofundado e exclusivo sobre esta realidade, em Portugal.
Mas se congregar vontades e pessoas nem foi difícil, mais complicado seria o que, daí em diante, o grupo iria enfrentar.
É certo que a distância física dos componentes era, à partida, um factor tido em conta, mas se isso era uma dificuldade já contabilizada, mais difícil era o trabalho de campo que partia, grosso modo, do zero absoluto.
Recolher materiais, pesquisar fontes, descobrir agulhas em autênticos palheiros (bibliotecas, arquivos distritais, arquivos de imprensa escrita, leitura de uma imensa literatura que não apenas sobre tunas (esta última, quase toda em castelhano), na procura de dados, datas, factos, certezas que pudessem ajudar-nos a apresentar um resultado descritivo o mais fidedigno e historicamente correcto possível.
A contar com isso, obviamente, as nossas vidas pessoais.
Moroso, pois, este trabalho que, como ponto de honra, teve o desejo de ser o mais criterioso e completo possível (sem menorizar a necessidade de não ser exaustivamente extenso – o que se traduziria por um calhamaço que afastaria leitores e implicaria custos elevados).

Com muitas paragens pelo meio, o trabalho tem-se fixado, nestes últimos anos na recolha do maior número de informações possível sobre diversos aspectos e assuntos que pretendemos focar. Moroso, fastidioso e monótono, por vezes, exigindo grande ginástica pessoal de todos, para trazer à luz do dia uma obra que possa ser um contributo preciso para a preservação e informação sobre o fenómeno tunante em Portugal.

Contámos, também, numa fase mais recente, com o contributo de dois amigos com largo saber e créditos firmados, reconhecidos tunólogos, presentes no último ENT em Viseu. Falo do Rafael Ascencio (“Chencho”) e Roberto Martinez (“Tachi”), cujo trabalho e observações têm sido de pormaior valia.

Este grupo, cimentado por uma sincera amizade, não se averba com detentor da sapiência tunante e muito menos como colégio de mestres, fique já desfeito qualquer equívoco, dados alguns comentários que por vezes pululam a opinar sobre tunos que só escrevem. Mas assume-se, isso é claro, como uma união de vontades em descobrir e estudar mais aprofundadamente o fenómeno tunante, sendo por isso natural que, quem mais está informado melhor esteja posicionado para argumentar e opinar sobre a matéria, e ao menos com base em argumentos que não são voláteis ou romanceados.
Daí não ser de estranhar que, à falta de mais gente interessada e empenhada nestes aspectos, tenhamos sido presença habitual nos ENT, embora esteja certo que, se mais tunos houvesse a interessarem-se por estas matérias, mais teríamos a ganhar e a aprender.

Os meus companheiros de viagem são tunos que dispensam qualquer apresentação, conhecidos que são no mundo tunante pela sua postura, saber e experiência, com créditos mais que firmados, que nem o seu ímpar currículo é preciso chamar à baila para atestar óbvia legitimidade para encarnar este projecto.

Juntar, coligir e organizar uma informação dispersa, em muitos casos totalmente desconhecida e possibilitar que seja apresentada de forma organizada e estruturada é um serviço que se presta à comunidade tunante, e com todos beneficiarão.
Mas porque é uma empresa à larga escala, há que dar tempo ao tempo e esperar pacientemente, dado que estou certo que todos desejam, a começar por nós, algo que possa satisfazer a curiosidade e vontade de saber mais sobre tudo o que respeita à história do nosso mester.


domingo, 27 de maio de 2007

Conta-me como foi - Upgrade

Porque tem sido o blogue também um espaço de partilha de memórias, e quiçá influenciado pela fabulosa série da RTP1, passa o blogue a designar-se "Tunisses - Conta-me como foi", porque é também de uma narrativa tunante que se trata, a da Tuna em geral e a minha em particular também. 



quarta-feira, 2 de maio de 2007

Polifonia nas Tunas

Hoje é para falar de polifonia que abro a estante e pego na pluma.
Por certo que é uma brasa que puxo à minha sardinha, já que me acompanhou ao longo de toda a minha vida.
Mas não é para falar de coros ou agrupamentos corais, propriamente ditos, que escrevo estas linhas, mas sim para lançar um breve olhar sobre a produção vocal no meio tunante, sua evolução e actual situação.
Como bem sabemos, entende-se por polifonia (termo de origem grega) o canto de várias vozes, com linhas melódicas distintas num a mesma peça ou composição. Temos, pois, polifonia, quando todas essas vozes ocupam igual importância na peça executada, já que se a peça der predominância a uma voz, em detrimento das demais, teremos, então, de falar em homofonia ou melodia acompanhada.
Surgidas na Idade Média, as primeiras formas de polifonia encontram no contraponto (escrita polifónica) renascentista uma nova “forma” que eleva o canto e o abre a novos horizontes para atingir laivos de excelência no Barroco.
Assim, desde o primitivo organum (ou diafonia), esse cantar em vozes superpostas, até às composições mais recentes, passando pelas harmonias movimentadas do séc. XIX e técnica dodecafônica no século passado, muito caminho tem o “canto a vozes”.

Quando se pega neste conceito de polifonia e nas tunas…………………… vemos que muito caminho há, ainda, a percorrer.
Pessoalmente, pese embora a definição comum de tuna ser a de um conjunto de cordofones, julgo ser a voz o “instrumento” mais importante em grupos que cantam e tocam.
No caso das tunas, que é o que aqui interessa, vejo, com alguma tristeza, que o trabalho vocal está amplamente por desbravar, sendo dada uma exagerada importância ao aspecto instrumental, em detrimento do vocal.
Na minha óptica, o instrumento serve para acompanhar a voz (isto em grupos que cantam e tocam), sendo que para fazer brilhar o instrumentos, de forma destacada, existem os designados “instrumentais”.
Ora, causa-me alguma “surpresa”, quando vejo prémios ao Melhor Instrumental ou à “Melhor Peça Vocal” (prémio raro), como se, depois de cumpridos estes itens (em que as tunas trabalham mais seriamente e qualitativamente estes dois aspectos, para apresentarem peças desse âmbito) o restante repertório das tunas se ficasse pela mediania (nem muito vocal, nem muito instrumental), numa espécie de “media res” a metro.
Ainda assim, daquilo que vou ouvindo, desde que comecei o meu negro mester, é dada uma maior importância ao trabalho instrumental, sendo que as vozes, conquanto estejam afinadas e se faça um simulacro de harmonização.
Aliás, o mais comum é ouvirem-se trabalhos vocais, trabalhados sobre a base instrumental, deixando pouca margem de manobra, numa harmonia resultante de sobreposições pouco criativas.
Com efeito, como é o instrumento aqule que ocupa mais as atenções (pelo menos na preparação dos temas), é a partir da melodia do tema que tudo é construído e, só depois, eventualmente trabalhado vocalmente. Noutros casos, assistimos a um processo em que as linhas melódicas instrumentais e vocais andam a par, criam paralelismo, respeitando-se numa harmonia simples, mas demasiadas vezes entediante e comum.
Há algum tempo atrás, quando falava sobre este assunto, houve quem me dissesse (do alto da sua cátedra), que uma Tuna não é um Coro.
Pelo contrário, é um coro, só que não um coro a cappella, um coral como entendemos os grupos que interpretam música vocal sem qualquer acompanhamento instrumental (ou quando muito um instrumento, usualmente piano ou órgão). A Tuna, como grupo de pessoas que cantam é, por força disso mesmo, um coro, tal como um rancho não é apenas quem dança, mas também quem toca e canta.
Numa tuna, não apenas temos uma componente orquestral ou instrumental, mas também a componente vocal que veicula a mensagem poética dos temas.
Se tanto trabalho é realizado em termos instrumentais (várias linhas melódicas para bandolins e outros instrumentos, ritmos diferenciados entre guitarras e cavaquinhos ou entre percussões, etc), de forma a criar riqueza e diversidade, por que razão tal não é empreendido em termos de naipes vocais?
Veja-se que, quando falo em polifonia nas tunas, já não me refiro apenas ao trabalho já mais comum de 3 naipes vocais (grosso modo, já se ouve bastante disso), mas sim a 4 ou mais vozes.
Não falo em criar uma “peça vocal”, mas sim em começar-se a ouvirem temas que apresentem, naturalmente, a mesma riqueza vocal, tanta quanto a que tem, actualmente, em muitas tunas, a instrumental.

Nem sempre as tunas podem contar com os seus virtuosos em termos instrumentais, isso é, obviamente, limitativo e todos sabem disso, pois quantas vezes não ouvimos tunas que não conseguiam reproduzir fielmente, este ou aquele tema, por falta de determinados elementos nucleares?
Já com vozes é aspecto menos passível de suceder, já que os naipes, usualmente, são 3 ou 4 (prefiro 4), e constituídos, por norma, por mais de 2 ou 3 pessoas cada. Basta, por isso, um discreto acompanhamento instrumental para qualquer tema brilhar.

O sucesso de alguns temas vocais fala por si: “Sherzo” da TUP, “Indo Eu” da Infantuna, “Casa Portuguesa” da TDUP, “Gitana” do Real Tunel de Viseu, mas podia falar de muitos mais da mão de uma EUL, TUIST, etc. que aliam as duas componentes de forma equilibrada e bem conseguida.
O que importa salientar é que a Tuna não se pode ficar por um meio-termo, tendencialmente a pender para o aspecto instrumental. Foi por via de muito bater nessa cega tecla dos instrumentos que se deram as primeiras incursões “à terra da invenção” e do experimentalismo tunante, em que alguns incautamente descalçaram a bota cheios do seu umbigo e neo-tunantismo de ¾ de mês.
Há muito por explorar em termos vocais, no arranjo de peças para vozes, no trabalho de simbiose entre orquestração e harmonização vocal.
Não vou esconder a minha costela coral, mas menos escondo que o que mais gosto de ouvir, nem é propriamente uma missa Pro Defuntis, um Te Deum de Bruckner ou um Requiem de Mozart que mexem comigo (pois são composições criadas já a pensar no aspecto da harmonia vocal). O que, de facto, me surpreende e me prende, são as harmonizações de temas comuns, mais ou menos conhecidos, cuja harmonização feita sobre estes lhes veste uma roupagem diferente e permite um novo olhar sobre o tema, uma nova abordagem, uma recriação que, por vezes, até os torna.............melhores.

Harmonizar não é simples, pelo menos quando se quer algo de qualidade, com 4 vozes (pelo menos – mas isso seria já um passo), que não passe por decalcar a ideia de acorde. Mas se todas as composições, contassem, já, com uma primeira abordagem, mesmo que simples, a 3 vozes, criando um hábito, uma exigência mínima em termos vocais, muito evoluiria a produção musical das tunas, mais rico ficaria o seu espólio, mais ricos ficaríamos todos, mais ganharia o público.

Não sou um “expert” na matéria, apenas um curioso, mas sei por experiencia própria que, quando um tema é urdido com um primeiro enfoque na harmonia vocal, tal implica alterações instrumentais, nomeadamente nos acordes que uma viola executa, para só escolher um instrumento mais “simples”. Aquilo que, usualmente se cantava e tocava, numa determinada passagem, com 2 acordes, passa a necessitar, muitas vezes, do recurso a mais acordes (para acompanhar esse trecho. Já o contrário (que é o que mais se verifica) não sucede, dado que os acordes (e continuo a ter por exemplo os acordes) pré-determinados limitam o resto, pelo que, muitas vezes, as linhas melódicas têm, imperativamente, de se encontrarem na mesma nota (sob pena de destoar).
Tomei como exemplo uma viola e seus acordes. Mas basta generalizar a instrumentos de solo e verificar que, quando têm de executar sobre uma harmonização vocal já definida, isso implica outra ginástica e, por norma, uma busca de algo mais complexo (pelo menos no jogo de articulação entre os vários instrumentos e, destes, com as vozes), mais trabalhado e pensado (para não se reduzirem a decalcarem as vozes, por exemplo).

Nada obsta continuarem a existir peças instrumentais e temas a cappella, pois isso enriquece e cria diversidade, mas um dos caminhos que vislumbro, para a Tuna se expandir musicalmente, é um mais sério trabalho vocal a par com os instrumentos (algo que é já uma hábito mais comum nas tunas do país vizinho, pro exemplo.

Quando as vozes de uma tuna se exigirem a qualidade de um coro, se olharem como instrumento primordial (que exige, fundamentalmente, afinação), rivalizando em qualidade com os instrumentos, teremos tunas mais completas, com instrumentos a acompanharem as vozes, ao invés delas correrem correm “atrás do prejuízo” ou fazerem figuração secundária (quando não são meras figurantes).

(Texto de 2007)

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Cancioneiro Tunante português - Uma inexistência

Hoje, já com duas décadas volvidas desde o reinício da aventura tunantesca em Portugal, no contexto do Ensino Superior, constata-se, com alguma pena, que o bairrismo e a cultura do enclave impediram, em demasiados casos, que se pudesse, hoje, falar de um repertório comum na comunidade tunante lusitana, de um património transversal no respeitante a temas que deveriam ser olhados como pertença colectiva.

Claro que não estamos a falar em determinar um alinhamento musical centralizador, mas sim na existência de um lugar comum, de um espólio ou acervo musical que fosse transversal a todas as tunas; o que não impediria a continuidade da existência de inúmeras composições que se ficam pelas suas tunas de origem.

Falta um cancioneiro nacional, repositório e memória da produção mais significativa das nossas tunas.

Se é verdade que existem bastantes temas que acabam por ser do conhecimento geral, como os lugares comuns da E.U.C ("Afonso", "Assim mesmo é que é".....), entre outros, não é menos verdade que existe um certo "pudor" em executar temas de outrem, até mesmo em festivais ou encontros em que esse outrem nem participa sequer.


Ainda existe muito o chavão "não tocamos esta porque é da tuna X ou "a Tuna Y já a toca".

Penso que está na hora de nos deixarmos de fronteiras e pormos em comum um legado que é suposto chegar a todos e ser tido como algo a promover de forma corporativa, até como meio de divulgar e preservar algo mais do que a soma de parcelas.

Ainda recentemente, no ENT de Lisboa, estávamos uns quantos foliões a cantar e a tocar, depois da tertúlia e, gastos os temas do costume, acabou-se por fazer incursão, nomeadamente os mais velhos, pelo cancioneiro espanhol.
Já outros temas das nossas tunas nacionais acabavam por ficar a meio, por desconhecimento de letra e/ou acordes ou ficavam 2 ou 3 que sabiam (com os demais a olhar).


Se temos uma riqueza ímpar, quanto à diversidade da produção das nossas tunas, isso acaba, também, por trazer uma grande dispersão, quer por falta de divulgação, quer também pelos motivos a que já acima mencionados.

Já quando falamos de "nuestros hermanos", temos de convir que, apesar de menos "produtivos", eles conseguem estar horas a passar em revista dezenas de temas que são comuns a todos, seja-se da Galiza, de Barcelona, Madrid, Málaga ou Valência - fazendo, por exemplo, algo que a nós nos é impossível: juntar numa mesma tuna, tunos provindos de outras, sem precisarem propriamente de "ensaios".

Se os podemos acusar de um "do mesmo ao mesmo, através do contrário", de alguma falta de elasticidade, de uma constante reinterpretação dos mesmo temas (um "vira o disco e toca o mesmo/parecido"), já nós, que nos "orgulhamos" da nossa vasta produção de originais (ou de sublimes "covers"), acabamos por, inversamente, deixar cair no esquecimento, muito do que de bom por cá fazemos, pois normalmente os temas duram enquanto as tunas que os subsidiam existem (não há, pois, troca e partilha, não há o costume de incluir e partilhar o que os outros fazem, e fazem bem).

Se há lugar para a nossa vaidade, para o contentamento de termos algo nosso a apresentar, deveríamos, do mesmo modo, ter a plena noção de que o partilhar de repertórios tende a sublimar a excelência e a aproximar as tunas - com isso ganhando a comunidade..


Uma comunidade tunante, como tal, não se distingue apenas por traços comuns na vivência e na forma ou essência, mas também pelo produto musical da mesma, e aí é que ainda não se criou a desejada transversalidade e lugar comum.

Hoje em dia, com a facilidade que as novas tecnologias possibilitam, para termos acesso ao produto musical das nossas tunas, falta apenas a vontade de dar esse passo em frente, deixando-nos de puritanismos e de um, por vezes, ortodoxo individualismo.


Há muitos, e bons, temas que poderiam figurar num cancioneiro comum, como mais um meio de aproximar sensibilidades, criar laços e estabelecer, musicalmente, uma comunidade que toca e canta no mesmo tom.

Se muitos dos temas que deles conhecemos nos chegaram e são acervo transversal por lá (Espanha), é porque apostaram forte na preservação e promoção do seu cancioneiro, não colocando obstáculos a que tunas se sucedam em palco e executem o mesmo tema, embora com arranjos ou interpretações ligeiramente diferentes.

No nosso caso, apesar dos registos fonográficos, muitos e belos temas nossos acabarão por cair no esquecimento, porque um tema só sobrevive se continuar a ser interpretado por outros.

Os temas só se imortalizam se forem tocados, continuamente tocados e revisitados ao longo das gerações, ao longo das tunas, algo que não tem que ser feito propriamente em palco.


Falta um levantamento que possa salvaguardar o que de bom se tem feito, que possa fazer memória futura, que seja um modo de promover a qualidade e ser registo fiel do percurso da Tuna Portuguesa.

Nesse âmbito, seria, até, pertinente, ir em busca de temas anteriores a este boom, de que haverá partituras perdidas ou registos esquecidos num fundo de um qualquer baú empoeirado, reavivando um pedaço da nossa história tunante, trazendo à tona o que as tunas de antanho produziam.

Uma adenda importante, já que se falou em partitura: sabemos que a quase totalidade dos temas criados não possuem partitura. Mesmo atendendo ao amadorismos dos primórdios, seria importante que as tunas fizessem registo, pelo menos dos seus temas originais (mesmo que apenas  a melodia, para começar), nesse suporte.

Se há já quem esteja a labutar sobre o fenómeno tunante, para trazer à luz do dia uma edição de autor sobre a Tuna Portuguesa, penso também ser um desafio aliciante esta jornada, para além de útil e urgente, que poderia suscitar noutros tunos a vontade de contribuírem, também, para o enriquecimento do nosso acervo e património.


Fica lançado o repto!


sexta-feira, 2 de março de 2007

Chapéus (não) há muitos

Importa esta nota, para fazer notar alguns aspectos que, julgo eu, merecem, pelo menos, alguma reflexão e introspecção.
Falo do traje de Tuna, mais precisamente de dois trajes de duas tunas beirãs, os quais são distintos da capa e batina.
Mas antes de mais, há que fazer um parêntesis.

Em Portugal, diga-se o que se disser, o traje de tuna, o das Tunas Universitárias/Académicas (e só estas) é a capa e batina, tendo em conta o contexto, a tradição e ligação óbvia e natural à academia.
É certo que, há uns anos a esta parte, deu-se uma febre de secessão do traje académico, com a instalação de bairrismos que, quanto a mim, nada trouxeram de útil, antes pelo contrário, em alguns/muitos…. na maioria dos casos, apenas se revestiram de ridículo de todo o tamanho, para além de uma total incoerência e desrespeito por uma tradição secular nacional.

Com a proliferação de dezenas de novos panos, com N academias ou instituições de ensino superior a optarem por se vestirem de forma diferenciada, abandonando o traje nacional, dito erroneamente “de Coimbra” (erróneo, porque foi declarado traje nacional pelo próprio governo) e, muitas vezes, optando por indumentárias tão díspares quanto ridículas (fundamentalmente na argumentação encontrada para suportar a sua legitimidade histórico-etnográfica).

Com esse panorama teve de se digladiar a Tuna, principalmente toda aquela que acolhia no seu seio alunos provindos de várias instituições superiores, cada qual com seu traje. A solução encontrada, nestes casos, obrigava à adopção de um traje próprio de tuna que esteticamente apresentasse os seus elementos de igual forma.
O que muitos não terão, quiçá, compreendido é que, apesar de ser traje próprio à Tuna (não herdado directamente da tradição académica), ele mantém o mesmo carácter e significado, assumindo-se de igual papel e simbologia – apenas se trocava o pano, ficando o resto.

Este considerando prefacial para dizer que sou daqueles que defende o correcto uso do traje, o seu uso no seu todo, conforme manda a lei.
Sou defensor da capa e batina, contudo fiz caminho numa tuna que se viu obrigada a nova roupagem, pelos motivos acima expostos, algo bem diferente de outros casos onde a justificação apenas encontra argumentos na real gana que deu a alguém…… só para ser diferente (na mesma linha do que sucedera com a capa e batina e os “novos” trajes académicos).

As duas tunas beirãs em causa possuem, quanto a mim, dois dos mais belos trajes, senão os mais belos, de tuna do país. Um homenageando o Infante D. Henrique, o outro figuras também elas ímpares da história nacional e local como João de Barros ou Vasco Fernandes.
Dois traços da indumentária ressaltam à vista como remetendo directamente para as figuras e época homenageadas: O chapéu com turbante, a relembrar o Infante; o barrete e gola folhada (esta, comum na época evocada) a relembrar João de Barros (com a particularidade do barrete ainda remeter para Grão Vasco). O resto do pano, grosso modo, é uma aproximação ao traje epocal, adaptado à realidade do mester tunante.

Tudo isto para dizer o quê?

Para dizer que, de há uns anos a esta parte, ambas as agremiações deixaram de ser vistas com as ditas peças, as que mais directamente caracterizavam e “justificavam” a dita homenagem pelo traje, tendo em conta que, nos primeiros, o chapéu “turbantado” já não, ou muito raramente, é visto há tempo, tal como, nos segundos, o barrete parece que foi banido.
O que me parece caricato é que, num dos casos, mesmo aquele que queira trajar a rigor, com o dito na cabeça, é chamado à atenção para o não fazer, como se fosse ele a estar em falta, mesmo quando não há registo de qualquer referendo ou decisão legal para banir a dita peça do traje (uma decisão que, a meu ver, teria de contar com a presença não apenas dos actuais, mas daqueles que instituíram e legaram a praxis e o traje)

Pergunto-me que diria o nosso país se, por exclusiva auto-recreação, o nosso governo decretasse retirar da nossa bandeira, sei lá…., a esfera armilar ou o escudo com as 5 quinas, ou abolisse mesmo o vermelho só porque, sei lá….é a cor da bancada da oposição!

É um reparo que merece ser tido em linha de conta, não apenas porque falos de aspectos que são características e parte da identidade das tunas em questão, não apenas porque esteticamente é rico em simbologia, significado e beleza, mas porque é um legado e uma tradição que foi assumida aquando da instituição e opção da representatividade do traje e, por isso, deveria ser respeitada, promovida e perpetuada.

Bem sei que não dá jeito para mostrar o último penteado da moda, não fica bem com óculos escuros ou não é adereço muito prático, mas, como diz o chavão: Dura Praxis Sed Praxis (uma frase que muitos terão, certamente, repetido centenas de vezes nos seus tempos de faculdade).
Não há qualquer ortodoxia neste reparo, pois é óbvio que não estamos a falar no pontual não uso da dita peça em determinados momentos, mas é peça que faz parte do traje e isso deveria ser visível, pelo menos, em cima de palco ou em alturas de maior solenidade.
Pessoalmente, defendo que se deve sair de casa trajado a rigor. Se, depois, no local, é para ser sem capa, colete ou jaqueta….. cada ocasião e contexto ditará ao bom senso o que determinar, mas mais vale ter e não precisar do que o contrário.

O traje não faz o monge, mas nenhum monge assim é reconhecido sem ele, tal como o padre não celebra sem se paramentar de acordo com a lei canónica. Além disso, não se trata de um pormenor, dado que trajar a rigor é, também, o explicitar de uma postura e atitude da condição de tuno, perante a tuna, sua história, identidade e, mais do isso, perante os outros, perante aqueles a quem diz, através do seu traje, recordar e homenagear tal ou tal figura.

São duas grandes tunas, que apenas pecam por, neste aspecto, se descuidarem um pouco. Nada que não nos aconteça a todos, daí que estou seguro que voltaremos a ver ambas a deliciar-nos, não apenas pela sua música, mas também pela imagem fidedigna e coerente que transmitem a quem vê, ouve e aprecia!

“Chapéus há muitos!”, dizia Vasco Santana, mas os destas tunas não são uns quaisquer; são traje, senhores, são traje!


sábado, 4 de novembro de 2006

I Reunion Nacional de Tunas Universitárias, Abril 1986

Um documento de enorme valor histórico.



Exposição "Recuerdos de Estudiantina"


Apesar de já ter terminado, pareceu-me pertinente não deixar cair no esquecimento esta inicitiva.
Ficam, por isso, os dados sobre esta tão importante mostra histórica do fenómeno tunante da vizinha Espanha:



Entre los días Días 30 de septiembre a 14 de octubre de 2006 (con el siguiente Horario: de 19 a 21 horas) y siendo la Inauguración el día 30 de septiembre (entre las 19,30 y las 22,30 horas) tendrá lugar en la Sala de Exposiciones CajaSur-Reyes Católicos (C/ Reyes Católicos, 6. Pleno centro de la ciudad para los no iniciados) de Córdoba la Exposición "Recuerdos de Estudiantina", organizada por la Tuna de la Facultad de Medicina de la Universidad de Córdoba. La Exposición, cuya realización se enmarca en el conjunto de los actos preparados para celebrar el 25 aniversario de la refundación de la Tuna Galena Cordobesa, tiene el siguiente diseño que paso a copiaros por si tuviérais interés en su lectura:


DISEÑO EXPOSICIÓN RECUERDOS DE ESTUDIANTINA

PAREDES
SALA A (VIDA ESTUDIANTIL E HISTORIA GENERAL DE LA TUNA)

PARED 1 (VIDA ESTUDIANTIL):

1. “A Guerrilla council of war in a spanish posado.- The picture in the royal collection” (Joseph Nash), 1828.
2. “Cabrera estudiante”, s.a, s.f (mediados siglo XIX).
3. “Etudiants de la tuna.- Dessin de Gustave Doré”. Le Tour du Monde 1870.
4. “Etudiants de la tuna donnant une sérénade.- Dessin de Gustave Doré”. Le Tour du Monde 1870.
5. “Laboremus” (cuadro de Nicolás Mejía). Almanaque de La Ilustración Española y Americana 1881.
6. “Costumbres de antaño.- Fiestas y ceremonias para la toma del grado de doctor en la Universidad de Salamanca” (A. Soler). La Ilustración Ibérica 1885.
7. “Los estudiantes de antaño” (García y Ramos). Blanco y Negro 1893.


PAREDES 2 Y 3 (CORRER LA TUNA):


1. “Estudiantina”, boceto de E. García (sin fecha, alrededor de 1890).
2. “Estudiantina”, A. Gisbert (sin fecha, alrededor de 1886).

PAREDES 4, 5, 6, 7 Y 8 (CLASES DE ESTUDIANTINAS 1850-1936):

Pared 4 (definición general tipos de estudiantina):

1. “Madrid.- El carnaval en Madrid”. La Ilustración Española y Americana 1870.
2. “El carnaval – Ayer” (Durand). La Ilustración Española y Americana 1871.

Pared 5 (Estudiantinas universitarias general): Permisos, programas, tarjetas, bonos pan...

Estudiantina Torre del Oro de Sevilla de finales del s. XIX.

1. Documentación Estudiantina Torre del Oro de Sevilla:
· Programa de la actuación de la Estudiantina en el Teatro Zorrilla el domingo 25 de junio de 1893
· Permiso del Ayuntamiento de Sevilla para que la Estudiantina salga las noches de carnaval a dar serenatas siempre que no se turbe con desorden alguno el reposo del vecindario. Firmado por el Alcalde el día 12 de febrero de 1893.
2. Documentación Estudiantina Torre del Oro de Sevilla:
· Besa las manos con repertorio completo del año 1896.
· Programa del concierto ofrecido en honor de la prensa sevillana por la Estudiantina y el Orfeón Sevillano en el Salón Capellanes el día 23 de diciembre de 1892.
· Programa del concierto ofrecido por la Estudiantina en el Teatro Eslava el día 17 de agosto de 1891.
3. Documentación Estudiantina Torre del Oro de Sevilla:
· Programa del concierto ofrecido por la Estudiantina en el Teatro Conde Duque el día 1 de junio de 1893.
· Dos recibos de la suscripción para las víctimas de África y Santander organizada por El Noticiero Sevillano, fechados los días 11 y 12 de noviembre de 1893.
· Tarjeta de visita de la Estudiantina.
· Vale por media hogaza de pan del año 1895.


Pared 6 (Estudiantinas Universitarias-Exposiciones Universales):

1. “Diversas escenas del viaje de la Estudiantina Española”. La Ilustración Española y Americana 1878.
2. “Serenata en la Plaza de la Ópera, el 7 del actual”. La Ilustración Española y Americana 1878.
3. “París.- La Estudiantina Española tocando aires nacionales en el jardín de las Tullerías, el 6 del actual”. La Ilustración Española y Americana 1878.


Pared 7 (Estudiantinas Orquestas Profesionales):

1. Cartel anunciador de la actuación de la “Estudiantina Fígaro” en el Booth´s Theatre de New York el 3 de febrero de 1880.
2. Partitura “La Giralda (Recuerdo de Sevilla)” Marcha Paso Doble ejecutada por La Estudiantina Española Fígaro”, de E. López Juarranz. Ediciones Mousques Montevideo, sf (segunda mitad s. XIX).
3. “La Estudiantina Española de Valparaíso (de una fotografía remitida por don Francisco Griño)”. La Ilustración Artística 1891.


Pared 8 (Estudiantinas Comparsas de Carnaval):

1. “La Estudiantina Práxedes” (Mecachis). Blanco y Negro 1897.
2. “La Lira de Oro” (Xaudaró). Blanco y Negro 1900.
3. “En Espagne.- L´Estudiantina murcienne quedant dans les rues de Madrid pour les inondés (Dessin de M. Vierge, d´aprés le croquis de notre correspondant)”. 1879.


PARED 9 (GENERAL ESTUDIANTINAS 1850-1936, textos I y II):

Texto I:

1. “D. Ildefonso Zabaleta / D. Joaquín de Catañeda. Presidente y Vicepresidente de la Estudiantina Española en París”. La Ilustración Española y Americana 1878.
2. “París.- Paseo de la Estudiantina Española por los boulebares.- (Croquis de nuestro corresponsal en París, D. J. Mesa)”. La Ilustración Española y Americana 1878.

Texto II:

1. “Estudiantina”, Emil Waldteufel (siglo XIX).
2. “La Estudiantina Pasa”, Ildefonso Alier Editor (hacia 1920).
3. “Polka de L´Estudiantina sur Le Voyage de Suzette opérette en 3 actes, de León Vasseur”, Choudes Fils Editeur, París, sf (s. XIX).
4. “La Tuna de Alcalá, zarzuela en dos actos, libro de Luis Teledor y Francisco de la Cruz, música de José Ribas y Marcos Redondo”, Ildefonso Alier Editor, Madrid, sf (1927-28).
5. “La Ventera de Alcalá” (“canción del estudiante”), partitura para orquesta, s.f. (hacia 1930).


PARED 10 (GENERAL ESTUDIANTINAS 1850-1936 texto III / TUNAS SEU):

General Estudiantinas 1850-1936 texto III:

1. “Carnaval en Madrid” (J. Llovera). 1879.
2. “Le carnaval a Séville.- Une sérénade dans les rues”. Le Monde illustré 1884.
3. “Roma.- La Via della Pilotta en los días de carnaval” (Estudio por Ferrant). La Ilustración Española y Americana 1894.
4. “El Carnaval en las calles” (Méndez Bringa). Blanco y Negro 1897.
5. “Una broma picante” (Emilio Sala). Blanco y Negro 1902.
6. “La Estudiantina Portuguesa” (Lozano Sidro). Blanco y Negro 1924.
7. “Cinematógrafo de la semana. Estudiantinas” (Sileno). Blanco y Negro 1924.
8. “Una escena de la fiesta callejera en el Madrid del siglo XIX (cuadro de Lucas)”. Blanco y Negro 1932.
9. “El Carnaval de este año” (Sileno). Blanco y Negro 1932.
10. “Spanish students al Madrid collecting money for sufferers from the floods”. The Illustrated London News 1891.
11. “Madrid. El segundo día de carnaval. Curso de estudiantinas y comparsas”. ABC 3 de marzo de 1908.


Tunas SEU:

1. Singles tuna. Se incluye el primer vinilo publicado de tuna ( “Cuando los tunos pasan”, de la Estudiantina de Madrid, Philips 1958).
2. Publicidad coñac soberano años 50.
3. “Clavelitos” y “When (ven)”, Colección Claro de Luna nº 29 y 89, 1959.
4. “Estudiantina Portuguesa” (de “La hechicera en palacio”), ed. Música del sur, s.f. (hacia 1950).
5. “Cancionero La Tuna”, ediciones Bistagne nº. 31, 1962.
6. Cancionero “La Tuna”, ediciones Bistagne nº. 219, 1967.


SALA B (CÓRDOBA)


PARED 1 ( CÓRDOBA 1852-1936):

1. Panel de fotos de Tunas y Estudiantinas cordobesas.
2. “Granada.- La Real Sociedad Filarmónica Cordobesa que ha dado dos conciertos en el Palacio de Carlos V (Alambra) con motivo de las fiestas del Hábeas (De fotografía de Señán y González, de Granada). La Ilustración Artística 1904.
3. “La Acción de España en Marruecos (visita del Real Centro Filarmónico a Marruecos). Mundo Gráfico 1928.
4. “La Estudiantina Madrileña en su visita a Córdoba”. Blanco y Negro 1924.


PARED 2 (CÓRDOBA 1852-1936 / TUNA SEU CÓRDOBA):

1. “Fiesta de la Cultura. El Concurso de Estudiantinas”. Diario de Córdoba del 25 de febrero de 1914.
2. “El Real Centro Filarmónico Eduardo Lucena de Córdoba”. El Heraldo de Antequera, número extraordinario agosto 1915.
3. Fotos Tuna del SEU de Córdoba, LP y 4 singles del año 1961.
4. Tres singles Rondalla Parroquial de San Lorenzo del año 1963.


PARED 3 (TUNAS Y ESTUDIANTINAS CORDOBESAS):

1. Becas (con foto) de las Tunas y Estudiantinas cordobesas
2. Discos, cintas y cds.
3. Material diverso de las Tunas y Estudiantinas cordobesas.


PARED 4 (TUNA DE MEDICINA DE CÓRDOBA):

1. Precedentes: Fotos Tunas de Medicina 1974 y Diploma de la Medalla de Plata de la Cruz Roja del año 1980.
2. Tuna de Medicina 1981: Beca enmarcada, carteles de los certámenes organizados por la tuna (provincial del 84 y nacional de Medicina del 98), fotografías y recortes de prensa de su trayectoria. Vitrina de trofeos.


MESAS EXPOSITORAS


SALA A


MESA 1: Pliegos de cordel y teatro

1. “Lletra nova consolatoria, exortatoria y laudatoria dels señors estudiants, composta per un de ells, tres días antes de ferse frare”. Estampa dels Hereus de Joan Jolis, Barcelona. S.f. (primera mitad siglo XIX).
2. “Los once amores nuevos que tuvo un estudiante en Salamanca”. Madrid, sucesores de Hernando. S.f. (primera mitad siglo XIX).
3. “El quien vive!! Ó el duende. Pieza en un acto”. Imprenta de Llorens, Barcelona. S.f. (primera mitad siglo XIX).
4. “Los estudiants de Cervera, quadro de costums, en dos actes y en vers. Lletra de D. Serafí Pitarra”. Imprenta de Jaime Jepús, Barcelona 1871.
5. “Lo estudiant magich ó l´ánima del senyor Libori”. Por José Lluch calle de la Librería, Barcelona, 1846.
6. “Auto de Repelón”, Juan del Encina, s.l, s.f., (siglo XVIII).
7. “Saynete Nuevo el caudal del estudiante”. 1790.
8. “La Estudiantina ó el diablo de Salamanca, comedia en tres actos y dos cuadros, original y en verso, por don Pedro Calvo Asensio y don Juan de la Rosa González”, Imprenta á cargo de C. González: calle del Rubio, Madrid, 1851.
9. “El Estudiante Endiablado, ópera cómica en un acto y en verso con motivo del cuento de Espronceda El Estudiante de Salamanca, letra de Rafael Ginard de la Rosa y Ángel de Laguardia, música del maestro A. Vidal y Llimona. Estrenada con extraordinario éxito en el Teatro Martín el 30 de septiembre de 1895”, Imprenta de la Propiedad Intelectual, Madrid, 1895.
10. “El Estudiante de Alcalá, zarzuela en un acto y en verso original de Manuel Cuartero, música del maestro Apolinar Brull, estrenada en el Teatro Martín el 24 de septiembre de 1887”, Enrique Arregui Editor, Madrid, 1887.


MESA 2: Láminas, objetos y libros


1. “La Estudiantina” (Pedrero). Nuevo Mundo 1899.
2. “Estudiantina” (Miret). Blanco y Negro 1919.
3. “Cromo publicidad Sastrería Francesa de Félix y Compañía”, sf (finales s. XIX)
4. “Cromo publicidad Chocolates Amatller”, sf (alrededor 1930).
5. “Postal tunos”, sf (1900 a 1920)
6. “Muñecos tuno” (uno de alrededor de 1945, otro de los 50, y otro Kinito).
7. “Jarra tuna”, 1962.
8. “Cancionero del SEU” (años 50).
9. “La Tuna éxitos inolvidables para guitarra”, ed. Música del sur nº. 14, 1973.
10. “La Tuna de Alcalá” (patitura para orquesta), I: Alier editor (hacia 1930).
11. “La Flor del Pazo” (partitura para orquesta), I. Alier editor (hacia 1930).
12. Libros Vida estudiantil e historia de las Universidades (en la siguiente relación se citan sólo algunos a modo de ejemplo):
· J. García Mercadal: Estudiantes, sopistas y pícaros . Col. Austral, Ed. Espasa-Calpe Argentina, Buenos Aires, 1954.
· Fermín Sacristán: Estudianterías . Tip. de la Revista de Archivos, Madrid 1910.
· Joan Amadés: Els estudiants . Imprenta Pulcra, Barcelona 1974.
· Manuel Rubio Borrás: Motines y algaradas de estudiantes en las universidades de Barcelona y Cervera, y curiosas noticias acerca de la vida escolar. Casa editorial Estudio, Barcelona 1914.
· Joaquín Montaner: El Estudiante de Vich. Tipografía Occitania. Barcelona 1929.
· AAVV: Tradiciones en la Antigua Universidad. Estudiantes, matraquistas y tunos. Cátedra Arzobispo Loazes de la Universidad de Alicante. Alicante 2004.
· Eduardo Aunós Pérez: El libro del mal estudiante. Ediciones Helios, Madrid 1919.


MESA 3: libros de Tuna (en la siguiente relación se citan sólo algunos a modo de ejemplo)


1. Emilio de la Cruz Aguilar. Libro del buen tunar. 1ª edición 1967. Imnasa, Madrid.
2. Emilio de la Cruz Aguilar: Chronicas de la tuna . Colección Marginalia, Ed. Civitas, Madrid 1986.
3. Emilio de la Cruz Aguilar: Chronicas tunantescas segundas . Colección Marginalia, Ed. Civitas, Madrid 1993.
4. Emilio de la Cruz Aguilar: La tuna . Ed. Complutense, Madrid 1996.
5. Jaume Perdigó Estbanell: La tuna pasa ... . Ed. Propia, Barcelona 1996.
6. Germán Cid: Libro de trovadores de este siglo. Imprime Universidad Autónoma de Madrid, Ed. Tuna de Magisterio de Segovia, Segovia 1995.
7. Ismael López Muñoz y Luis García Matilla: Historia de una Tuna. Ed. Santillana. Col. La Forja. Madrid 1962.
8. Josep Bertrán: Viaje al fin del mundo con la tuna y sin un duro. Col. Lerna literaria, Ed. Lerna, Barcelona 1997.
9. Javier Rivero Esteban "El moro": El tunante lagunero. Edita Tuna de derecho de la Universidad de la Laguna, 1997.
10. José Nieto Iglesias: ¿Qué es la Casa de la Troya? (testimonio del hijo de "Nietiño"). Ediciones Partenón, Madrid 1982. (Fot. Págs. Interesantes).
11. Domingo Rojas Cantera y Javier Iglesias Ramos. Canta la Tuna. Detritus. Santiago de Compostela 2000.
12. Mario Ramos e Guilhermino de Mattos. Em terras de Espanha. Coisas sobre a viagem do Orfeon e da Tuna Académica da Universidade de Coimbra. Ed. Lumen. Coimbra 1923.
13. Baldomero Cores Trasmonte. A tuna de Santiago. Fundación Caixa Galicia, 2001.
14. Lorenzo Nosvelli. I cento anni della tradizione mandolinistica vogherese nel 35º di attività della Società Mandolinistica Estudiantina Vogherese. Cooperativa Editoriale Oltrepo. Voghera 1983.
15. Joao Paulo Sousa. 10 Anos de Infantuna, contributo para a memoria de um fenómeno. Palimage Editores. Viseu 2002.
16. Temístocles Sánchez Moñino. Curioso oficio el de tuno, un hecho diferencial. ... y 29 historias más. Edición propia. Murcia 2003.


SALA B


MESA 1:

1. Partitura “Mazurca a mis amigos”, Eduardo Lucena, s.f. (siglo XIX).
2. Partituras “Capricho Andaluz”, “¡Duerme... Madre!” y “¡Mi Córdoba!” de C. Martínez Rücker, Sánchez Gama e Hijo Editores de Música, Córdoba.
3. Álbum 6 discos de pizarra del Real Centro Filarmónico Eduardo Lucena, Regal 1929.
4. A. Caballero Guadix, Rutas Románticas, apuntes de historia del Real Centro Filarmónico Eduardo Lucena, Imprenta de la casa de socorro-hospicio, Córdoba, 1930.
5. “Salutación a Cádiz” del Real Centro Filarmónico Eduardo Lucena en su presentación para los carnavales del año 1926, Imp. Y Pap. Moderna, Córdoba 1926.
6. Luis Palacios Bañuelos, Historia del Real Centro Filarmónico de Córdoba "Eduardo Lucena", coed. Caja Provincial de Ahorros de Córdoba y Cajasur, Córdoba, 1994.
7. Discos Tunas y Estudiantinas Cordobesas



Para os interessados, fica, então, a nota.