domingo, 13 de junho de 2021

15 Anos de Aventuras

 

Merecem uma especial atenção os 15 anos do blogue "As Minhas Aventuras naTunolândia", já que se trata de um espaço de intervenção tuneril único e singular.

Num tempo em que já quase não existem blogues de/sobre tunas (trocados por outras plataformas de divulgação), termos, de forma ininterrupta, 15 anos de "Aventuras" é, por si só, um feito assinalável.

Mas seria redutor apenas celebrar o somatório de anos em linha, pois o reputado blogue é um repositório de reflexões, análises e críticas de quem conhece o fenómeno tuneril como poucos (ou ninguém), e que, para além do conhecimento e participação empírica, também o estuda e perspectiva, dando ao Ricardo Tavares uma reconhecida e irrefutável propriedade nos assuntos que aborda, e ao leitor uma visão do fenómeno sob um prisma díspar e diferenciador, face a "mais do mesmo" que por aí pulula.

Passar em revista as muitas e muitas dezenas de artigos publicados é (re)descobrir a nossa história recente, sob a escrita arguta e assertiva de quem questiona, de quem promove a reflexão e a necessária auto-regulação que, por vezes, tantos omitem por falta do necessário distanciamento e ponderação.

Mesmo se por vezes é preciso saber ler nas entrelinhas, oferece um manancial de propostas de debate que visam confrontar-nos com o que somos, de onde vimos e como se desenham os caminhos a percorrer, não deixando de centrar os assuntos no essencial, nem de apontar opções que merecem ser consideradas ou (re)pensadas.

É por isso, e muito mais, que congratular o blogue e seu autor é da mais elementar justiça pelo serviço que tem prestado à comunidade tunante.

Num tempo onde poucos se dão ao trabalho de pensar sobre as coisas, haver quem o faça e partilhe é um bem inestimável... a estimar.

Parabéns e longa vida!

segunda-feira, 7 de junho de 2021

As Tunas Académicas não são apenas as Universitárias!

 Não são apenas, nem sequer eram, em Portugal nomeadamente, as mais representativas.

Tuna Académica é uma tuna de estudantes, uma tuna escolar, que pode abranger qualquer grau de ensino.

As primeiras a surgir aparecem em colégios e liceus (ainda sob a designação de "estudantina"). Só com a fundação da Estudantina de Coimbra em 1888 (e das estudantinas de escolas superiores em Lisboa e Porto), a partir de 1888, se dá a institucionalização definitiva da Tuna Académica que passa a abranger todos os graus de ensino (estando já plenamente consolidada no meio civil - onde são anteriores às estudantis).

As Tunas Académicas não nasceram para os estudantes honrarem as suas academias. Isso é lirismo e romance de cordel barato. Nascem da vontade de os estudantes fazerem música, darem-se em concerto e poderem passear. Representar a academia a que pertence é consequência e não finalidade. E se quiséssemos conferir plausibilidade a essa afirmação, teríamos de dizer que, a ter acontecido, teriam sido os os agrupamentos de finais do séc. XIX e inícios do XX, que lideravam verdadeiras embaixadas académicas nas suas digressões (levando professores, jornalistas, colegas, grupos de teatro, ginástica, fados, poetas...), nomeadamente ao estrangeiro. As que existem agora, são, quase todas (senão mesmo todas), grupos que se formaram e existem sem autorização da instituição nem subordinação à mesma (nem sequer para o uso do logótipo e nome), ou seja ninguém as incumbiu de representar coisa nenhuma, sendo que, em termos muito práticos, representam, genericamente, os estudantes da comunidade (ou a si própria em termos estritos).
No citado "boom dos anos 1980-90" muitas instituições apoiaram e quiseram explorar esse capital propagandístico gratuito (quase), mas raríssimos são os casos em que o grupo tem personalidade jurídica conferida e estabelecimento formal de protocolo com direitos e obrigações.

Tunas Académicas são as tunas de colégios, liceus, escolas superiores e universidades (bem como de externatos ou níveis de ensino mais precoce - sendo casos raros). Tuna Académica não é exclusivo de Tuna Universitária e está totalmente errado confundir ambas (mesmo se, na actualidade e desde o "boom da década de 1980-90", são-no esmagadoramente de esse âmbito).

Fica o reparo.