quinta-feira, 3 de junho de 2010

Anim'Arte -Prémio Especial GICAV 2009.


A 12 de Junho de 2010, o GICAV (Grupo de Intervenção Cultural e Artística de Viseu) levava a cabo mais uma gala anual, a XVIII Gala dos Prémios Anim'Arte. Nestas galas premeia associações, eventos e personalidades de, ou na, região de Viseu, nas mais diversas áreas de intervenção.



Estas breves notas, se me permitem esta pequena vaidade e contentamento, servem apenas para dar conta que o autor destas linhas foi, nesse ano de 2010, agraciado com o Prémio Especial GICAV 2009.

- http://www.faroldanossaterra.net/premios-anim%E2%80%99arte-2009-distinguiram-22-agentes-associativos-e-culturais-do-distrito-de-viseu/
- http://nrmartins.blogspot.com/2010/06/premios-animarte-2009.html

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Uma Parábola (II)

Penso justificar-se (e ele não me levará a mal, certamente), publicar em primeira página, o comentário que ilustre Eduardo Coelho deixou no artigo anterior, o qual é outra  parábola muito bem vista.
Os tunos deste país que também a leiam e reflictam sobre uma estória que tão bem pode ilustrar algumas "facadas" que por aí se vão dando.

E aqui deixo outra - complementar, ou talvez não.


Certo etnólogo corria o país em busca de artefactos raros. De todas as aldeias por onde passara trouxera sempre alguma peça ou mais excêntrica, ou já em desuso, ou mais artisticamente lavrada. Isto,claro, para além de inúmeras histórias e anedotas. Não raro, trazia o palato e as pituitárias inundados de sabores e aromas sabiamente misturados por mãos calejadas de tanta ternura haverem distribuído a rodos.

Frequentemente também trazia nos olhos as expressões de espanto ou ironia (ou até mesmo medo...) perante um maluco da cidade que gostava de velharias e chafaricas que já ninguém usava. Normalmente, até lhe agradeciam por se verem livres dos trastes; por vezes, adquiria as peças por um preço simbólico.

Foi o caso de certo dia ter deparado com um pastor que aproveitava o descanso das ovelhas para trincar alguma coisa. Sobre uma pedra, à laia de mesa, dispusera o farnel que a sua "Maria" lhe pusera no bornal: uns quantos figos secos, um bom salpicão, um quarto de um queijo, um naco de broa. O que lhe chamou a atenção, porém foi a faca que o homem rapou do bolso: uma lâmina de fazer inveja às melhores durindanas de Toledo... e que dizer dos estranhíssimos lavores do cabo? Um primor de artesanato, certamente herdados do fundo da tradição popular mais genuína.

Decidido a adquirir a faca, mesmo que não por um preço só simbólico, o viajante abordou o pastor. Proposta a compra, o dono da faca recusou, "que não a vendia nem por todo o ouro do mundo!"

- Porquê? Ora porquê!... Porque antes de mim já pertencera ao meu pai, que Deus haja... e antes dele ao meu avô... e ao avô do avô do meu avô! Ess'agora!
Apuradas as contas, a faca montava a mais de 300 anos.

- Vossemecê desculpe, tio Zé, mas como é que a sua faca, tendo tantos anos como vossemecê diz, parece que foi comprada ontem?...
- Nanja, não, que eu tenho muita estima nela, ora pois. Num ano, "boto-lhe" lâmina nova; no "oitro", mudo-lhe o cabo.


E colorim, colorado, este conto está acabado.